Equinox escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 6
Capítulo 86


Notas iniciais do capítulo

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— Os dois entraram em casa e eu segui atrás deles, ao lado de meu marido. Agora ele estava perto de mim? Agora não precisava mais, eu já tinha machucado Seth, mas era bom que ele ficasse por perto eu não queria machucar mais ninguém. Não estava realmente magoada porque Edward não me impediu, eu não gostaria de machucá-lo também. O que era bem possível, mesmo que ele pudesse se recuperar.

‘Seth sentou-se no sofá e Carlisle subiu as escadas rapidamente para buscar o que precisava em seu escritório para tratar dele. Eu sentei ao seu lado o que não o incomodou.  Carlisle voltou poucos segundos depois trazendo algumas talas. Por um instante eu imaginei que poderia ter sido pior se não fosse apenas uma fratura e Seth tivesse sangrado. Eu não sei como eu iria reagir, mesmo que o sangue dele não é tão puro como dos montanhistas na caçada, cujo cheiro foi quase irresistível. Eu ficaria muito aborrecida comigo mesma se derramasse seu sangue.

‘Ele se fazia de forte, mas era evidente que estava sentido dor. Seth se encolheu quando Carlisle amarrou outra tala em seu braço:

‘Desculpe! Desculpe! – eu disse apressada sabendo que não poderia articular outro pedido. Ele afagou meu joelho despreocupadamente com a mão boa e disse para eu não me apavorar, pois logo ele estaria bem. Em meia hora ele estaria totalmente restabelecido, não era tão ruim quanto poderia ser. Ao menos eu não o mordi, ele disse despreocupadamente.

‘Os ‘lobisomens’ não reagem como os humanos à mordida, para eles o veneno é fatal.

‘Tremi com a ideia e escondi meu rosto com as mãos. Isso realmente poderia ter acontecido com facilidade. Eu não estava refletindo no que fazia. Edward poderia prever e me segurar antes que eu fizesse alguma coisa de que me arrependeria depois – mesmo sem poder ler minha mente? Jasper poderia sentir o que eu estava sentindo e estava monitorando a situação para me conter caso fosse necessário? Será que eles viriam me deter? Jasper viveu e lidou muito tempo com os recém-criados. Edward não iria permitir que eu ferisse seu amigo -nosso amigo- mais seriamente, iria?

‘Alguns minutos se passaram e Carlisle finalmente terminou de imobilizar o braço de Seth. Ele ficou de pé e pousou a mão por um momento em sua cabeça -o cabelo preto contrastava com o branco da pele de Carlisle- e pediu para que ele ficasse algum tempo parado.

Papai colocou a mão na minha cabeça para que eu também sentisse a mesma sensação. Não foi propriamente desagradável, pois ele sabia o que estava fazendo e como deveria fazer, era apenas o mesmo peso de um humano que fizesse o gesto. A minha reação que foi desproporcional, pega de surpresa, um arrepio percorreu minha espinha. Não era propriamente medo dele, mas um resquício de uma lembrança.

Eu não estava preparada e não tinha outra reação para isso. Meu pai humano nunca me tocou carinhosamente, ou apenas por tocar. Ele só encostava em mim para me bater. Por isso fiquei um pouco confusa com o que Carlisle fez. É claro que eu deveria saber que ele não é como meu pai humano era; Carlisle é completamente o oposto, mas não posso evitar reagir de acordo com a única memória que eu tinha para isso.

— Carlisle... – avisa Edward ao sentir meu embaraço. Se ele percebeu tenho certeza que Jasper também notou.

— Eu sei filho – retruca papai. - Você está bem filha? – ele pergunta para mim com o olhar transparecendo expectativa por uma resposta afirmativa.

Papai também precisou de habilidade para recuperar mamãe então ele sabe como precisa lidar comigo.

— Pai, assim você vai pressioná-la.

Carlisle desvia o olhar para que eu possa me expressar livremente, sem sua interferência.

— Eu estou bem agora – digo rápido de mais e sem articular bem as palavras que se atropelam. – Estou me adaptando a nova realidade. Eu só peço um pouco de paciência, eu preciso de um tempo para me acostumar. Eu sei que Carlisle, papai, é carinhoso... – abaixo a cabeça corada ao elogiar ele em público, mesmo que o público em questão seja nossa família. Mas é verdade e eu não precisava ter ficado ruborizada.

— Obrigado, criança – ai, meu coração voa quando eu ouço ele me chamar assim!

— Não precisa ficar envergonhada, Carol. Todos nós sabemos que Carlisle é incrível – diz Bella.

— Me desculpe, papai. Eu não devia reagir assim dessa maneira, eu não deveria compará-lo a ninguém e nem me envergonhar por você ser tão maravilhoso.

— Oh querida! – Carlisle me abraça. – Não se preocupe. Eu sei o que você passou... Não vamos mais falar disso. Eu sei que não podemos deixar simplesmente, o que aconteceu faz parte de quem você é. E é isso que a faz tão especial.

— Obrigada, papai – digo com a voz embargada. – Você e Esme são mais do que eu merecia.

— Não diga isso, querida. Você merece sim. Você é tão gentil. Nós dois é que não merecíamos ter você.

— Não fale assim, pai. Me desculpe não queria te dar ordem, mas não quero ver você assim.

— Então não fale mais que não merece. Nem nós diremos mais isso.

— Vocês três são exatamente feitos um para o outro – diz Edward.

Por um momento eu tinha me esquecido que não estávamos sozinhos, pois eu fechei meus olhos. Não sei por que, mas quando eu fecho os olhos eu consigo me expressar melhor. E o perfume de papai é tão inebriante, ficaria aqui no aconchego eternamente. Isso que o meu olfato nem é tão apurado quanto o de Esme, ainda. Ela sim pode apreciar toda a beleza dele!

— Então Seth deitou no sofá e dormiu – Bella continua sabiamente no exato momento. Que senso de oportunidade soberbo! – Em instantes ele estava ressonando então eu me levantei do sofá. Com cuidado, mas não era necessário, pois o movimento não provocou nenhuma mudança, o que me surpreendeu; e fui em direção à janela dos fundos. Edward me acompanhou e segurou a minha mão.

‘Eu estava pensativa: O que deveria contar para meus pais? Sem dúvida colocar Charlie e Renée em risco contando a verdade para os dois estava fora de cogitação devido à obsessão dos Volturi com o segredo.

Penso: Eu não vou precisar me preocupar com isso, pois minha mãe humana vai me ver de novo só algum tempo depois da transformação.

Bella persiste:

 - Ao sentir minha tensão, Jasper (que até o momento estava escondido atrás de um dos pilares da sala tentando não atrapalhar) perguntou o que estava acontecendo comigo. Não havia motivo para eu estar nervosa ninguém estava com raiva de mim, mas surpresos por eu ter sido capaz de voltar à razão tão rápido após perder o controle.

‘Eu respondi que estava pensando no meu pai e Jasper assentiu. Perguntei se nós realmente precisávamos ir embora e ele me respondeu que sim, pois era a única maneira de proteger Charlie. Eu sabia que não era a única alternativa, mas não discuti. Eu iria sentir falta de todos aqui em Forks.

‘O barulho de passos na entrada interrompeu meus pensamentos e imediatamente fiquei alerta. O que será que aconteceu? Quando Rose e Jacob entraram percebi em suas expressões que nada tinha ocorrido, era normal aquilo, previsível e esperado. Eu que não sabia. Ao mesmo tempo que os dois passaram pela porta, Carlisle desceu as escadas trazendo uma fita métrica e uma balança.

'A princípio eu não entendi para que tudo isso? O que estava acontecendo? Jasper se aproximou ainda mais de mim como se tivesse recebido um sinal que eu não percebi.

‘-Devem ser seis horas – disse Edward e passou os braços em torno de minha cintura. Até mesmo Leah se sentou na grama na frente da casa e olhou para dentro como se estivesse aguardando algo habitual e irrelevante.

‘-E daí? – eu perguntei indiferente olhando para minha filha. Algo me dizia que era alguma coisa a ver com ela. Instinto de mãe, talvez. Eu não sabia a importância do que iria acontecer, mas Carlisle explicou que era hora de medir Renesmee. Eu questionei se ele fazia isso todos os dias, e Carlisle me corrigiu dizendo que fazia isso quatro vezes por dia.’

— Seis da manhã, meio-dia, seis da tarde e meia-noite? – pergunto para ninguém em especial, tanto Bella ou Carlisle, ou quem souber pode responder. Papai me responde.

— Sim, filha.

Nesse momento Esme entra na sala:

— O jantar está proto – ela nos comunica.

— Eu estou faminta! – exclamo me levantando com um pulo. Fico admirada com minha reação. Eu me desequilibro e papai me apoia.

— Cuidado, criança. A comida não vai fugir – ele sorri pacificamente; não de mim, mas para mim, e eu compreendo a piada. No caso deles a comida pode sim escapar.

— Me desculpe pai – eu tinha esse complexo e a necessidade de sempre pedir desculpas.

— Tudo bem filha. Esse parece ser o único efeito colateral do fato de você ter nascido prematura – não fico zangada por ele ter revelado isso para toda a família. Se ele está dizendo que essa é a causa do meu desequilíbrio ele deve estar certo, pois ele é médico e sabe.

— Tinha também os dentes amarelos – lembro. Eu parecia um lobisomem que na lenda no Brasil come cocô de galinha.

— Sim, é verdade – concorda Carlisle. Ele não iria mencionar isso se eu não tivesse dito. Ao menos esse fato ficaria em ‘segredo’ – se bem que com um leitor de mentes na família ter algum é difícil. Apenas Bella pode ter alguma privacidade.

— Não sou assim Carol, eu sei que nem tudo que ouço com meu dom os demais gostariam de compartilhar – diz Edward. Só utilizo meu conhecimento quando é questão urgente.

Carlisle continua:

— ...Mas seu problema de equilíbrio será solucionado quando você se tornar uma vampira.  - Hoje eu sei que para esse ‘problema’ não existe outra cura possível, eu vivi 16 anos sem muitas dificuldades, só um pouco tonta. Se tivesse algum outro jeito tenho quase certeza de que meus pais, Esme e Carlisle me submeteriam antes ao tratamento que a transformação.

Acho que tem outro efeito colateral da prematuridade, minha visão. Eu estou com dificuldade para enxergar longe. Não vejo à distância, mas posso ver bem de perto e ainda mais o interior das pessoas.

Eu estou tão ansiosa para que aconteça logo, mas eu sei que tem ainda um ano praticamente pela frente antes da mudança. Dupla: de país e de corpo. Mas eu tento me controlar para não apressar meus pais. Sei que a decisão deles já foi tomada e eles cumprirão a promessa. Se não, não teriam prometido. Não acho que eles mentiriam porque não se pode confiar em vampiros. Eu confio neles. Desde o inicio eles me mostraram que posso acreditar neles. Nesse caso não é verdade. "Para toda regra há exceção" como disse mamãe certa vez.

Papai fica do meu lado e me conduz até a cozinha. Mamãe está na nossa frente como a nos guiar. Ao chegarmos até a mesa, ele puxa uma cadeira para mim:

— Obrigada papai – digo me sentando.

— De nada princesa – ele diz ajeitando a cadeira com facilidade mesmo comigo em cima.

Fico maravilhada que ele tenha me chamado de princesa. Isso é novidade. Ninguém nunca se dirigiu a mim dessa maneira.

— Fiz arroz e feijão para minha brasileirinha – diz Esme sorrindo para mim. – Espero que eu tenha acertado.

O cheiro está delicioso e eu respondo:

— Com certeza você deve ter conseguido mamãe. Você é uma ótima cozinheira – Para quem não pode provar a comida para saber o ponto certo ela cozinha melhor do que muita gente que pode sentir o gosto. Esme deve perceber pelo olfato e pela visão a aparência e textura do alimento uma vez que não pode usar o paladar. – Obrigada mãe.

— De nada meu bem – ela serve um prato e coloca diante de mim.

Assim eu vou ficar mal acostumada com tanto mimo. Nunca tive alguém que cuidasse de mim desse jeito – bem, talvez quando eu era bebê, mas eu não me recordo; pararam de fazer isso comigo quando cresci. Pelo contrário me maltratavam até. Se eu queria alguém que se importasse que cuidasse de mim eu mesma deveria ser esse alguém. Eu tinha autopiedade de mim mesma, ninguém mais parecia se sensibilizar com meu sofrimento. Eu me sentia sozinha e abandonada. Não era arrogância nem egoísmo, era apenas um pouquinho de auto-estima.

Eu sempre esperei ser tratada bem. Pode ser que eu mereço depois de ter passado tudo que tive que passar. Está é a recompensa que eu tanto esperava, não faz sentido eu não desfrutar do que eu mais queria. Eu tenho é que aproveitar e agradecer por finalmente ter o que sempre desejei.

— Que horas são, mãe?

— Agora são sete horas da noite, querida – responde Esme me olhando com ternura.

— Mas está tão escuro! – eu exclamo admirada.

— Entendo que para você pode parecer estranho devido onde você mora, nós moramos, e o horário de verão...

— Meu aniversário sempre é num dia em que tem esse horário, por isso eu não esqueço.

— ... e o sol se põe mais tarde por causa desse horário, mas também porque no verão os dias são naturalmente mais longos. Mas lembre que aqui é inverno e os dias são mais curtos e a luz do sol desaparece mais cedo. E segundo Alice informou amanhã teremos uma tempestade de neve...

— Neve! – fico eufórica, mais do que o habitual, e interrompo Esme sem me dar conta.

Eu não costumo me comportar assim, por isso me surpreendeu que tivesse reagido dessa maneira. O que será que está acontecendo comigo? Será que eu estou enlouquecendo ou eu estou me libertando das amarras que tinha e estou sendo quem realmente sou? Afinal não é a primeira vez que neva enquanto eu estou aqui nos EUA.

Onde eu morava eu já vi geada e granizo, mas nunca tive sorte de ver neve. E não tem nada de especial, não sei porque nós que moramos em países tropicais temos tanto fascínio pelos flocos congelados. Qual apelo que eles têm? Qual é a graça? Quem mora em países frios não acha nenhuma emoção. É apenas comum, não é nada especial. Mas para nós tropicais é algo notável, admirável.

Eu deveria ser menos entusiasmada e reagir como minha irmã, Bella. Pois depois a neve derrete e deixa o chão liso e escorregadio. Assim como ela eu poderia me machucar se cair, pois sou uma descoordenada. Não chego a ser tão desastrada quanto ela, não sou um ‘imã para problemas’ como ela era quando humana, mas ainda teria dificuldade.

— ...assim como ano passado também estava nevando nessa época.

— Ah mãe, desculpe. – peço devido ao entusiasmo inconveniente e por ter interrompido o que ela dizia não apenas uma, mas duas vezes. - As lembranças não devem ser muito agradáveis.

— Tudo bem querida, não se preocupe. Estamos aqui e isso é motivo mais do que suficiente para comemorar, temíamos não estar. Não imaginávamos.

— Ah, sim é verdade, assim eu pude conhecer você e papai.

— E nós pudemos encontrar você sweetie; você é nosso anjo, nossa benção – Esme afaga minha bochecha e eu aceito o carinho sorrindo.

...XXX...


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