Equinox escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 33
Capítulo 113


Notas iniciais do capítulo

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Capítulo 113

05 de maio de 2008 - Monday

De manhã eu acordei sozinha a mesma hora em que estou acostumada que Esme venha me chamar. Me levanto e vou tomar um banho, coloco o uniforme da escola e quando estava saindo do meu quarto para descer as escadas e ir até a cozinha tomar meu desjejum, mamãe aparece diante de mim:

— Aonde você pensa que vai filha?

  Tenho uma sensação de dejá vu com aquele dia em que eu estava menstruada e com muita cólica e mesmo assim queria ir para a aula, mas meus pais não me deixaram sair. Nunca gostei de matar aula, ainda mais sem motivo.

— Preciso ir para a escola hoje, pois tem prova – mesmo que eu não esteja me sentindo bem e esteja tão debilitada eu preciso ir para a aula porque eu já faltei muito esse ano. Muito mais do que eu faltei em todos os anos anteriores somados.

  Eu tive que faltar porque eu fiquei internada no hospital quase um mês, mesmo que Esme tenha me ensinado a matéria que eu deveria aprender eu preciso fazer as avaliações da escola. Ela poderia me dar aulas em casa, evidentemente, mas eu já estou terminando o ensino médio e não precisa mais.

— Já tem prova? – mamãe diz surpreendida.

Apesar de ter começado a poucos dias o segundo bimestre já tem avaliação.

— Sim, a professora resolveu sair na frente e ser a primeira – reviro os olhos teatralmente.

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— Vocês nem tiveram matéria para serem avaliados... – Esme diz lamentando.

— Mãe, por favor, eu tenho que ir, não posso mais faltar – ela sabe o motivo por trás de minhas palavras. Eu imploro com o olhar.

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— Mas você não precisa ir só porque tem prova. Tenho certeza de que a professora não negaria a chance de você fazer a prova outro dia sabendo que você não está bem – imagino que até mesmo se tivessem que pagar meus pais pagariam qualquer quantia para que eu pudesse fazer o teste outro dia. Mas eu não quero que eles tenham que gastar comigo.

— Eu tenho que ir, mãe. Já estudei para a prova – tento argumentar, mas meu argumento é fraco. Ela pode me ensinar tudo de novo depois e eu faço a prova mais tarde.

— Não Caroline, você não vai para a aula hoje – ela diz mais autoritária do que eu imaginava e do que eu jamais havia visto; tanto que fico até com um pouco de medo dela. Me lembro de meu pai até. Ela continua com a voz mais suave me vendo apavorada – É para o seu bem que eu faço isso, querida. Ir por quê? Para desmaiar no meio da sala de aula? Não, você não vai para a escola. Aposto que você também não quer passar gripe para seus colegas, não é? Você não pode sair assim como está. Não posso permitir, seria como se eu e seu pai estivéssemos cometendo um crime ao deixar você sair assim como você está.

— Eu estou bem, mamãe – minto; como sempre tão mal que imediatamente ela percebe.

  Fico tonta e me apoio na parede para não cair e a mentira fica ainda mais evidente.

— Não, você não está nada bem.

— Mãe, eu não posso faltar mais do que já faltei. Você e papai saberiam se eu estivesse morrendo.

— Eu sei do quê? – Carlisle diz chegando em casa. Como se ele não tivesse escutado o que eu acabei de dizer.

— Você saberia se eu estivesse morrendo, não é papai?

— Sim. Mas você não pode sair desse jeito, melhor não ir para a aula do que ir assim. Você não vai aproveitar nada lá, é melhor ficar em casa, querida.

— Eu só quero ir para a escola – eu não queria dizer, mas parece que tenho que dizer – Vocês não me negariam esse direito, negariam? Educação é um direito básico e vocês não podem me negar. É dever dos pais prover educação para os filhos. Que tipo de pais adotivos são vocês se não fazem o que os pais geralmente devem? Se me impedirem, seria negligência – foi golpe baixo eu sei, mas foi necessário. Talvez eu nem estivesse pensando direito naquela hora e usei o argumento que jamais usaria. Só porque eles são pais adotivos; eu os escolhi como pais e essa é a diferença com meus pais humanos. Nenhuma criança escolhe seus pais antes de nascer.

  Ou será que escolhemos no céu antes de vir pra terra? E eu escolhi meus pais humanos porque então? Os pais deveriam tratar os filhos como anjos que eles receberam, não mimar, mas também não maltratar como meus pais humanos faziam comigo. Às vezes eu preferia nem ter nascido ou como nasci prematura preferia ter morrido. Eu sobrevivi e isso deveria ser motivo de alegria para meus pais, mas longe disso, eu era desprezada. Por um lado é bom que eu não fiquei metida, mas por outro eu fiquei muito tímida por causa de ser tratada como era.

  Hoje eu sei que Esme e Carlisle só pensavam em meu bem-estar, não estavam restringindo nada, e eu fui muito cruel, não devia ter feito isso e me arrependo para sempre. Meus pais já me perdoaram é claro, mas eu não posso esquecer do mal que lhes fiz. Não vou repetir nunca mais isso, por isso não posso esquecer.

  As minhas palavras tiveram o efeito desejado apenas em Esme que ficou paralisada, mas Carlisle não se deixou intimidar e retruca:

— Negligência seria deixar você sair no seu estado. Também é dever dos pais zelar pela saúde dos filhos, antes da educação vem a saúde em primeiro lugar. Você não está bem. Olha só o que você está dizendo, você não teria feito isso se não estivesse doente. Veja como sua mãe está; você disse que nunca iria nos magoar e veja o que fez! – Carlisle abraça mamãe.

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Ele prossegue:

 – Se você fizer a prova desse jeito que nota você acha que vai tirar? Você não quer estragar seu histórico com uma nota ruim, não é? Não é isso que você quer é, filha? Você quer ter boas notas esse ano para conseguir passar de ano direto sem recuperação e ter seu presente de aniversário, não? – ele vai bem ao ponto, incisivo como uma presa de vampiro.

— Me desculpe, papai – abaixo a cabeça constrangida por minha atitude agora sim infantil no sentido ruim do termo.

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— Não é a mim que você tem de pedir desculpa, é para sua mãe. Você sabe que ela te ama e só quer o seu bem. Você sabe que nós dois só pensamos e queremos seu bem, até mais do que você mesma.

Dou um passo para frente e coloco a mão no rosto de Esme:

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— Me perdoe, mamãe. Sinto muito. De verdade.

  Ela segura meu pulso. Eu luto contra o sentimento ruim que isso me causa ao lembrar de quando meu pai me prendia assim, sei que ela não pretende me fazer qualquer mal agora:

— Eu te amo muito, sweetie. É claro que a perdoo.

— Eu sei mamãe, eu deveria saber disso, me desculpe por ter te magoado. Eu poderia dizer que eu estava com dor de cabeça e que falei sem pensar direito, mas não vou usar isso como desculpa para minha atitude. Eu reconheço que perdi, mas perder não é sempre ruim. Há dignidade em saber reconhecer e aceitar a derrota. Na verdade, nem é tão ruim. Sei que vocês estão fazendo isso pelo meu bem. Eu percebo e agradeço. Mas eu a magoei, mãe, e humildemente peço seu perdão. Eu prometo que nunca mais vou dizer isso de novo. Eu escolhi vocês como meus pais. Eu ESCOLHI.

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— Oh, querida! Claro que eu a perdoo. Você não está bem, isso não é desculpa; é real.

— Não posso fazer nada direito, quanto mais responder perguntas de uma prova – digo me rendendo.

— Isso mesmo que eu estava dizendo para você, querida – corrobora papai. – Vamos para seu quarto que eu vou examiná-la de novo.

— E o café-da-manhã? Eu estou com fome.

  Eles aprovam que eu esteja com vontade de comer, pois não comi muito nos últimos dias. Eu me esforçava, mas vomitava na maior parte das vezes:

— Pode deixar que eu levo para você na cama – diz Esme prontamente se disponibilizando.

  Eu a observo se afastar lentamente, sorrindo novamente. Então eu me sinto mais tranquila ao menos por saber que ela não está triste comigo.

...XXX...

 

  Deito na cama enquanto Carlisle me analisa e tenho uma crise de tosse horrível.

  Eu tento parar de tossir, mas não consigo. Parece que meu peito está se abrindo, sendo rasgado no meio. Meus olhos ficam ardendo e não posso evitar chorar. Não há nada a fazer a não ser aguardar e papai espera pacientemente os minutos que as convulsões me sacodem, parece que vai durar séculos, mas finalmente quando menos se esperava acaba de repente como começou.

  Por um instante tenho um insight de como seria se eu já estivesse me transformando em vampira e Carlisle estivesse sentado ali do lado me observando.

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  Fico aliviada quando a crise de tosse acabou, mas tão logo passou me sinto envergonhada por ter feito isso na frente dele, como se isso fosse algo que ele não deveria ver:

— Papai, me desculpe! – peço constrangida e abaixo a cabeça. 

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—Tudo bem, querida. Não foi algo que você pudesse evitar. Você não escolheu isso. É normal nas suas condições, acontece. Não se sinta constrangida. Assim eu sei como você está realmente – ele sabia mesmo sem eu ter essa crise de tosse horrorosa perante ele.

Que coisa feia que eu fiz! Ele pode sentir meu cheiro. Isso é mil vezes menos constrangedor e mais discreto.

  Continuo acanhada mesmo com suas palavras reconfortantes, eu sei que não deveria ter feito isso com ele e me sinto péssima:

— Sinto muito.

— Não fique assim, criança – Carlisle sabe que essa palavra dita por ele me acalma mais do que qualquer outra que ele poderia dizer e ele quer me acalmar mesmo, então lança mão desse instrumento. – Eu me sinto muito honrado de poder cuidar de você querida. Não pude cuidar de meus outros filhos da mesma forma, você sabe.

— Exceto Bella, e agora eu.

Papai assente e sorri.

  Ouvimos o som de passos se aproximando. Evidentemente Esme fez isso de propósito, intencionalmente para nos alertar de sua chegada e não nos interromper ou pegar desprevenidos, pois ela geralmente caminha sem fazer qualquer barulho. Ela e Carlisle parecem flutuar a poucos centímetros do chão, tamanha a leveza com que andam. Talvez o assoalho da minha casa é que faziam barulho quando eu andava porque era de madeira, eles não teriam problemas lá, eu acho. Mas aqui em casa o piso é de mármore e granito.

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Mamãe entra no quarto trazendo minha refeição:

— Aqui está seu café-da-manhã, querida.

  Carlisle se levanta para deixar a esposa colocar a bandeja sobre meu colo. Vou ficar mal-acostumada assim, fazendo todas as refeições na cama.

...XXX...

 

  Depois que eu como e Esme leva a louça para lavar, papai volta a ficar perto de mim. Após alguns minutos de silêncio em que ficamos nos entreolhando abaixo a cabeça envergonhada e olho para minhas mãos, eu digo:

— Quer dizer que eu não dou trabalho para você, pai?

— Ah, isso era sua preocupação então? Claro que não, querida. Bom, não no sentido ruim. Não vou mentir dizendo que não é trabalhoso cuidar de você. Mas não faço isso por não ter vontade, além disso, é menos dispendioso evidentemente do que cuidar de todo um hospital com dezenas de pacientes. Eu gosto de fazer o que faço; eu escolhi, não posso reclamar. Eu poderia parar se quisesse, mas eu amo o que faço e não sei fazer outra coisa. Me sinto útil salvando vidas e ainda mais por poder ajudar minha própria filha, nada e mais gratificante do que poder cuidar de você, querida – ele toca meu queixo suavemente.

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  Eu sinto por um momento o que papai sente. Eu o compreendo. Sempre fui muito simpática e consigo me colocar no lugar das outras pessoas. Por isso eu não falo deliberadamente algo que possa machucar porque eu posso sentir o estrago que posso causar, me coloco no lugar do outro. Vejo antes de agir. Penso muito antes de fazer qualquer coisa. Às vezes eu até penso demais, mas não sou uma pessoa má por causa disso; muito pelo contrário, sou adorável exatamente por causa disso. Eu realmente me importo com as outras pessoas. Deve ser, é, uma característica de libra, pois mamãe também tem esse jeito de ser.

  Claro que como tudo na vida isso tem pontos positivo e negativo. Para mim o negativo é sofrer por antecipação. Acho que é assim para Esme também, ela se preocupa de mais às vezes. Aprendi isso nesse mais de meio ano de convivência diária. Eu a compreendo tanto e isso é bom. A conheço tão bem como a mim mesma, embora evidentemente somos duas pessoas distintas, somos tão parecidas que chega a ser espantoso. Até fisicamente nos assemelhamos, realmente sou como filha dela e papai. Quando criança eu era tão loirinha quanto Carlisle. Sou uma mistura dos dois. Sou curiosa e esperta e adorável e carinhosa. Muito pacifica e simpática.

...XXX...


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