Confissões escrita por NaniSenpai


Capítulo 1
Aquilo que está no mais obscuro do nosso ínfimo.


Notas iniciais do capítulo

~*Ei, pessoal.
Tudo bem por aí? Espero que sim!
Bom, essa one deveria estar em “Perspectiva de um ninguém”, que é uma história original que reúne sentimentos, emoções e acontecimentos que me deixam à flor da pele, e podem deixar outras pessoas também, mas, fui informada de que não se pode reunir capítulos que não tenham a ver um com o outro numa única fanfic, e que, por este motivo, é preciso abrir oneshots.
Já aviso que “Perspectiva de um ninguém” será quebrado em one-shots que se juntarão à sua coletânea, assim como essa.

Sobre este, trago um pouco da minha bagunça interior, mas esta, é de muito tempo atrás...
Boa leitura!*~



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Eu tinha uma forma de encontrar a mim mesma no meio de todo o caos que tinha em meu interior: pilotar em alta velocidade, ouvindo o ronco da moto como se fosse minha voz, meus gritos; ou dirigir, dirigir sem rumo, apenas entrando em ruas desconhecidas por mero instinto de não seguir em frente, observando durante o dia as pessoas perdidas em suas rotinas ou durante a noite as luzes dos postes se tornarem listras em preto e amarelo...

..., mas era uma forma do meu antigo “eu” fazer isso e eu tive que aprender uma nova forma para sobreviver.

E encontrei.

No meio de tantas coisas a me adaptar, encontrei.

Se estou num momento caótico, seja porque cansei da rotina à qual não estava acostumada, ou porque não sei lidar com coisas pequenas, já que só lidava com coisas grandes, coloco meus fones de ouvido, acesso minha playlist chamada “Eu” e rumo à cozinha para preparar algo apetitoso para os poucos que ainda posso agraciar com meus afazeres, mesmo que hajam muitos à qual não consigo alcançar.

É cortando legumes, lavando verduras, descobrindo novos sabores com temperos que nunca ouvi falar que encontro paz para as vozes gritantes em minha mente, principalmente, porque é quando cozinho que me dou o direito de beber três ou quatro taças de vinho.

Cozinhar e beber, duas maravilhas para me entorpecer.

Não há pensamentos, nem obrigações, nem problemas, nem nada que me incomode enquanto estou presa as músicas que ouço no volume máximo. Há apenas os acordes, as vozes afinadas e o bater do meu coração, que mesmo que eu não ouça, sinto, e que bom, né?

Ora ou outra, olho para fora da janela. Vejo o sol se pôr enquanto brinco de chef, beberico meu vinho, suspiro algumas vezes encontrando a paz que sempre desejei, mesmo que ela seja provisória.

Anos de treinamento me ajudaram a aprender a me ignorar e o faço sempre nesses momentos. Tornei-me expert em fazer isso. Não há um pensamento sequer que me incomoda nessa hora; nem as pessoas com quem me devo me preocupar, nem as pendências que devo resolver, nem a dor crescente em meu peito por abandonar algo que sempre esteve comigo ou que sempre fui.

Algumas lágrimas podem até cair, mas posso alegar contra mim mesma que é efeito do álcool, nostalgia e não dor.

Deixo de apreciar a paisagem e volto a brincar de chef. Cozinho na curiosidade de descobrir novos sabores e impressionar meu próprio paladar, mesmo que eu não chegue a comer com vontade, porque eu nunca como o que cozinho, mas o faço porque ainda quero ser lembrada por fazer algo bom e sei que autocrítica é uma coisa que não me falta.

Me perguntaram o porquê de eu beber para cozinhar, mas a verdade é que não é só quando cozinho. Acontece que, quando bebo, fico mais suscetível a ser sincera comigo mesma, e isso, é necessário algumas vezes para manter-me sã. Chega uma hora que você finge tanto...

finge estar feliz;

finge estar bem consigo mesma;

finge apreciar tudo;

finge gostar de todos...

... que você precisa dar um tempo para si mesma, organizar as ideias e encontrar-se nessa faceta, senão se perde no mundo que você criou para agradar a todos.

Faço isso com frequência, mas a coisa boa está em estar ciente e eu, com toda a certeza, estou. Sei meu lugar, sei meu valor e sei o que fazer para que ninguém descubra.

Certa vez, também me perguntaram o porquê de eu disponibilizar meu ombro para que outros deitem a cabeça e lamentem suas lamúrias e, sem pestanejar, respondi que é porque é uma coisa na qual sou boa em fazer, mesmo que em algumas vezes seja involuntário. Aí a pessoa olhou bem em meus olhos e começou a rir, me deixando confusa. Quando o ataque de riso parou, ela me disse algo que jamais vou esquecer: “Você é realmente boa em enganar a si mesma e aos outros a sua volta, mas o coração às vezes exige a verdade e quando o seu exigir, vai se arrepender de viver pelos outros.”.

Se foi um presságio eu não sei, mas sempre que estou de saco cheio lembro disso, com uma voz ainda mais debochada e irritante que a da pessoa.

Mas tudo bem, sintam meu desdém para tudo isso.

Estou cozinhando e bebendo vinho, o que importa mesmo? Ah sim, não deixar o arroz queimar, ou o tempero passar do ponto, ou minha taça ficar vazia.

Aí eu canso de ouvir músicas que me dizem mais verdades a mim mesma que eu, mesmo que esteja em idiomas que nunca fiz questão de aprender porque minhas músicas preferidas são em outros idiomas e eu realmente não quero saber do que falam, ainda que vez ou outra eu compreenda a língua e fique pé da vida por já ter prestado um pouco de atenção nas aulas. Então coloco instrumentais e aí a coisa fica feia, porque parece que o piano, o violino, a bateria, a guitarra ou o violão, me dizem mais verdades que não quero ouvir do que as próprias palavras.

Me irrito, tiro os fones e me concentro em terminar de preparar o que quer que comecei a cozinhar.

Nessa hora é que percebo o quão difícil é deixar de ser o que você foi por anos da sua vida. Até quando terei esses vestígios do meu antigo “eu”?

Bufo e desisto de brincar de chef.

“Droga de vinho!”, mordo a língua pra não escapar de minha boca, mas minha mente repete inúmeras vezes: “Beber é bom, mas também é ruim” e só concordo com minha mente porque uma queimação chata começa no estômago, o meu humor fica péssimo, já que a mágica do álcool acaba, e a dor de cabeça me faz me arrepender de ter bebido e prometer a não fazer isso de novo, no entanto, aí há um outro problema, porque eu também sou ruim de cumprir promessas para mim mesma…

“Amanhã vou cozinhar. Carne, peixe ou frango? Qualquer um, o importante é que o vinho acabou e preciso comprar outro.”


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Notas finais do capítulo

Nada dito em específico!
De qualquer forma, para quem quiser, fique à vontade para falar comigo sobre qualquer coisa! Senpai não morde =P
Até a próxima*~



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