Nosso Nós escrita por Queen Lexie


Capítulo 1
Nosso Nó(s)


Notas iniciais do capítulo

Galera, venho aqui deixar pra vocês mais uma viagem de drogas hahahahahah

Espero que gostem!

A musica que vocês devem ouvir no final do capítulo é essa aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=rIluQ4JXH-o


beijos e até a próxima, que será em breve!



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Emma permanecia sentada em sua cama, enquanto seus pensamentos voavam. Ela estava longe, alheia a toda movimentação de pessoas na casa de sua mãe. Não poderia mais chamar de sua, pois em pouco tempo ela não seria mais parte dela. Se casaria em um par de horas, mas não se portava como uma noiva prestes a encontrar o amor da sua vida no altar. Ela adorava Neal, é verdade, mas ela sabia, sempre soube que ele sempre foi apenas um amigo, seu melhor amigo, nada mais. Ele era de uma boa família que conhecia os Swan há muitos anos. Cresceram juntos, assim como Ruby, sua melhor amiga e madrinha que, diga-se de passagem, não estava nada satisfeita com essa união. E a morena de olhos claros tinha uma razão pra isso. Única e simples: Emma não o amava. E ela sabia disso, e não se conformava pela amiga não ter desistido dessa ideia há tempos, assim como seu irmão, David, que adentrava o quarto mais uma vez naquele dia.

—Hey - ele se aproximou da irmã, que olhava pro céu, sentada na varanda-

—Oi - ela virou o rosto em sua direção, esboçando um meio sorriso-

—Você está linda!

—Obrigada meu amor, você também está um gato nesse terno - ela disse rindo fazendo o irmão sorrir-

—Ah você sabe que eu sou lindo - ele disse de modo charmoso fazendo a loira rir-

—E convencido - ela disse dando um tapinha no ombro do irmão que ficou mais próximo e a abraçou-

—Como você está? - ele perguntou enquanto fazia carinho em suas costas por cima do vestido-

—Estou bem, porque não estaria? - ela o olhou estranhando a pergunta-

—Porque nós dois sabemos que você não ama o Neal, e que vai estragar a sua vida se fizer isso-

—Você andou falando com a Ruby né? - ela se afastou irritada do abraço-

—Também, mas eu já tinha percebido antes dela vir me contar. O jeito que você olha pra ele, não é de alguém apaixonado, e sim de um amigo, um irmão. Você olha pro Bae como olha pra mim Emma, e se casar com alguém que você não ama é a pior coisa que você pode fazer.

—Eu amo o Neal David - a loira disse impaciente entrando no quarto novamente-

—Não, você não ama, não dessa forma. Quando é que você vai entender que eu te conheço melhor que ninguém? Eu vi Emma, nos seus olhos, e sei perfeitamente a quem o seu coração pertence. Você está sendo tola, mamãe e papai são maravilhosos e nós os amamos, mas eles não tem o direito de controlar nossas vidas. Se casar com Neal apenas porque eles querem, e quando eu digo eles, me refiro a mamãe, vai te fazer infeliz pro resto da sua vida, e eu digo resto da sua vida, porque eu tenho certeza que você nunca pediria o divórcio pra não envergonhá-la. - ele se aproximou e segurou em seus braços firme e carinhosamente- Você não pode fazer isso com você mesma, não pode renunciar a sua própria felicidade só pra agradá-los, isso é um absurdo, e inaceitável. Me ouça maninha, por favor , e pare agora com essa loucura.

—Eu não posso David, dei minha palavra, não vou voltar atrás. E o Neal é um homem maravilhoso, tenho certeza que vou me acostumar com Boston, vai ser ótimo. Respirar novos ares, conhecer gente nova e terminar minha residência. Vai ficar tudo bem! - Ela deu as costas ao irmão que a olhava incrédulo-

—Eu não consigo acreditar no que eu acabei de ouvir. Você ensaiou esse discurso Emma? Pra dizer a todos que tentarem te fazer enxergar o óbvio? - ele pergunta irritado e não obtém resposta- O seu lugar é aqui em Seattle, com seus amigos, seu emprego no hospital, e ao lado da pessoa que você realmente ama. Mas pelo visto você prefere ser infeliz em uma vida de mentira, um casamento sem amor, interpretando um personagem sem vontade própria, manipulada pelos nossos pais.

—David, por favor, tente me entender, eu não posso fazer isso com o Neal, ele é um homem bom e me ama, além disso, você sabe que nunca daria certo, nossos pais jamais aceitariam isso, e agora é tarde, ela nunca vai me perdoar por ter deixado ela sozinha hoje pela manhã. - Emma disse com um semblante arrasado, fazendo David a abraçar fortemente-

—Emma, ela ama você, é tão nítido que chega a ser ridículo o fato de todo mundo não ter notado ainda. Ela sabia o que iria acontecer, e sabia o porque de você ter que ir, mas você não precisa continuar com isso Plucky. Eu te ajudo a fugir, você pega a sua garota e vai pra bem longe, reconstrua a sua vida e quando sentir que é a hora você volta e encara nossos velhos. Eu te dou a chave do carro, tenho contatos numa agência de viagens e posso perfeitamente mandar vocês pra onde quiserem, é só pedir. Ninguém vai saber pra onde, eu prometo. O que me diz loira? - ele a olha com expectativa e vê um sorriso triste brotar nos lábios da irmã-

—Eu digo que você é o melhor irmão que eu poderia ter, obrigada por ser assim David. Obrigada por sempre ter sido tudo que eu precisei, por ter me defendido das crianças maiores na escola, por me apoiar quando eu quis fazer boxe e não ballett, por ir comigo nas colônias de férias que você odiava, só porque eu adorava esportes radicais e nossos pais nunca permitiriam que eu fosse só. Obrigada por me abraçar e me deixar dormir com você nas noites de tempestade, e por nunca me deixar ter medo do escuro, porque você estava lá comigo -ela dizia enquanto lagrimas grossas desciam de seus olhos e notava as mesmas lágrimas nos olhos azuis de David, que por causa do choro agora eram uma mistura de vermelho e verde- Obrigada por ter sido meu porto seguro por toda a minha vida, meu melhor amigo, confidente, psicólogo - ela deu uma risada e foi acompanhada pelo irmão - e por aturar meus surtos, tpm's, fins de relacionamentos fadados ao fracasso, mau humor por causa do vestibular e depois todos os surtos na faculdade. Obrigada por me ajudar a fazer medicina, quando todos queriam que eu fosse advogada como todos vocês. Se não fosse por você eu nem sei o que seria de mim, mas dessa vez você não pode me ajudar, eu sempre te ouvi e estou te ouvindo agora, mas não posso fazer isso, e eu peço que por favor, não me julgue ou se afaste, porque eu te amo demais e não suportaria te perder por tomar essa decisão - ela disse já chorando sem pudor quando foi abraçada fortemente pelo irmão, enquanto ela encaixava-se  em seu peito- Me perdoe por ser fraca, por não ter coragem como você e sair por aquela porta e largar tudo isso. Me perdoe por não ser a irmã que você esperava!

—Ei, quem disse que você não é? - ele olhou pra ela aninhada em seu peito -  Emma você é tudo pra mim, eu me lembro como se fosse hoje o dia que nossos pais vieram falar comigo que mamãe estava grávida de novo. Eu só faltei pular de alegria porque teria um companheiro, alguém pra brincar e fazer travessuras. Bem, quando papai me disse que seria uma menina, confesso que fiquei meio desapontado, mas papai disse uma coisa que nunca mais esqueci.

Flashback - 25 anos atrás

—Não podemos sempre ter tudo que queremos, então devemos tomar como dádiva tudo que recebemos de Deus. Você não terá um irmão como queria Dave, mas terá uma irmã, que também poderá brincar e fazer travessuras com você do mesmo jeito. Mas ela também te trará responsabilidades. Responsabilidades essas que você também teria tendo um irmão, por ser mais velho. Você deve amá-la e protegê-la sempre Dave, não importa a situação, deve apoiá-la e estar com ela em todos os momentos, porque ela será pequena e vai depender de você, vai se espelhar em você, vai aprender com você, por isso você deve sempre dar o exemplo, mostrar pra ela o que é certo, e não deixar que nada, nem ninguém, faça mal a ela. Acha que pode fazer isso? - James perguntou ao pequeno David que logo respondeu-

—Claro papai, não se preocupe, eu vou cuidar dela e vou protegê-la sempre, ela vai ser minha princesinha - o loirinho disse sorrindo e ganhou um abraço do pai-

Flashback off

—Eu prometi ao papai que cuidaria de você Emma, e quando você era um bebezinho, eu dormia na cama do seu quarto, eu ficava olhando você dormir. E sempre tomava bronca do papai por não estar no meu quarto. Mas você era tão linda, com aquelas bochechinhas rosadas e as mãozinhas tão pequenininhas, eu ficava encantado te olhando -ele dizia chorando enquanto Emma se aninhava mais a ele- Um dia eu estava do lado do seu berço e você pegou no meu dedo e segurou tão forte, olhou pra mim e sorriu, e ali, naquele momento, olhando nos seus olhinhos verdes que brilhavam pra mim,  eu reforcei a promessa que fiz ao papai. Eu prometi cuidar de você, te amar e fazer tudo que eu pudesse pra te ver feliz Emma. Por isso quero que saiba que eu respeito sua decisão, mas vou deixar a oferta de pé, caso você mude de ideia, nem que eu tenha que enfrentar todo mundo naquela igreja, ninguém vai te impedir de seguir seu coração. E só pra constar, você não é fraca, é a mulher mais forte que conheço, eu te admiro por quem você é, e pelo que faz pelas pessoas. Você salva vidas Emma, e eu não poderia ter mais orgulho da mulher que você se tornou!

—Eu te amo tanto Presuntinho!

—Eu também te amo Plucky!

Emma sentiu David apertar seu abraço, e logo depois, dar um beijo em sua testa, saindo do quarto. Ela retocou-se e voltou a varanda dando um longo suspiro, pensando no que havia acontecido até ali. Se lembrou de quando conheceu o motivo pelo qual se sentia indo para o corredor da morte no dia que deveria ser o mais feliz de sua vida. O motivo pelo qual descobriu que o amor nunca é fácil, e que muitas vezes não pode ser concretizado. Se lembrou de um tempo em que era feliz, sem saber que perderia tudo aquilo em um estalar de dedos, sem ter aproveitado o quanto gostaria...

Seattle Grey Sloan Hospital - Três anos antes...

—Lohan, Dornan, Smith, Saunders! Dr. Avery - fala o medico responsável pelos residentes até então-

—Wow, seis mulheres em vinte?

—Aham, e cada uma delas é uma modelo. Sério, Vai ajudar na coisa do respeito? - ela diz fechando a porta do armário com cara de poucos amigos-

—Você é a Rose, né? - ela diz se levantando do banco enquanto a outra terminava de por o jaleco-

—A própria, você?

—Regina - elas apertam as mãos-

—Pra quem você foi designada, eu peguei a Robins

—A Nazzi? Eu também!

—Vocês pegaram a Nazzi? Eu também! - Uma Loira disse timidamente fechando a porta do seu armário - Então seremos torturados juntos! Eu sou Emma, Swan! - ela dizia olhando nos olhos da morena a sua frente que sorriu pra ela- nos conhecemos na festa dos residentes. Eu estava perto do bar quando você chegou com aquele vestido preto, com detalhes em dourado nas alças e um casaco... - ela olhou pra elas que lhe olhavam com expressões estranha e impassível respectivamente- e agora isso ficou estranho porque pareço uma stalker... Eu não sou stalker, é que...

—aham - Rose disse já saindo pro corredor, deixando Regina olhando pra loira que ficava cada vez mais vermelha tentando se explicar-

—É que você é meio que uma pessoa difícil de esquecer ... - ela dizia atrapalhada e Regina sorriu, quando ouviram o médico gritar-

—Mcliver, Mills, Swan, Danvers, Jones! Dr. Robbins

—Onde ela está?

—Fim do corredor - disse o médico a Rose que saiu andando na frente, seguida dos outros-

—Essa é a Nazzi? - Jones perguntou-

—Eu achei que ela era mais alta. -Rose disse-

—Eu achei que ela era... Nazzi! - Regina falou fazendo Emma sorrir-

—Talvez ela não seja. Talvez ela seja brilhante e todos tem ciúme por ela ser incrível e por isso chamam ela de Nazzi - Kara disse de uma vez com o jeito ansioso dela, e fez todos a olharem incrédulos, qua­ndo ela cumprimentou a medica e foi sumariamente ignorada-

—Eu tenho cinco regras, é melhor que memorizem. Regra numero um: não se incomodem em puxar meu saco, eu já odeio vocês, isso nunca vai mudar. Aqui temos protocolo de trauma, lista telefônica e pagers. - ela disse enquanto começava a andar e era acompanhada por eles - As enfermeiras irão chamar vocês pelos pagers, então atendam correndo, e por falar em correr, essa é a regra numero dois. O plantão de vocês começa agora e durará pelas próximas 48 horas. Vocês são internos, peões, ninguéns, o pé da cadeia alimentar cirúrgica. Vocês fazem exames, fazem prescrições, e trabalham cada segundo da noite até terminar. E sem reclamar. - ela dizia enquanto andava pelo hospital com os internos que seguiam calados e assustados- Quartos de descanso - ela abria uma porta e mostrava um quarto com camas beliche espalhadas - Durmam quando puderem e onde puderem, o que me leva a regra numero três: Nunca me acordem se eu estiver dormindo, a não ser que seu paciente esteja realmente morrendo. Regra numero quatro: É melhor o paciente que estiver morrendo não ter morrido quando eu chegar lá, se vocês já terão matado o paciente, eu teria sido acordada sem um bom motivo, eu fui clara? - Nesse momento Regina levantou a mão - Sim?

—Você disse que eram cinco regras e só falou quatro. - ela disse receosa enquanto todos ouviam o pager de Arizona tocar. A mesma olhou o pager e disse-

—Regra número­­­­­ cinco: Quando eu me mover, vocês se movem - ela disse e saiu correndo sendo seguida pelos internos-

48 horas depois...

—Eu não sinto minhas pernas - Rose disse jogada em um dos bancos do vestiário-

—Eu to morta mona, tô só a purpurina na quarta feira de cinzas do mardi graas - Jones falou jogado no chão encostado ao armário-

—Cadê a Swan? - Kara perguntou  enquanto deitava na perna de Jones-

—Foi acompanhar uma extração de aneurisma, ela quer a neuro então nem pestanejou quando chamaram - Rose falou-

—Nossa! Ela deu sorte, logo no primeiro dia - Regina disse pensativa enquanto massageava seus dedinhos massacrados pelo sapato que usavam-

—Não acho que tenha a ver com sorte! - Kara disse fazendo todos olharem intrigados - Eu fiquei sabendo pela Mary, interna da Kepner, que é o cão por sinal, que a Swan tem as costas quentes.

—Como assim bisha, me conta esse babado! - Killian se ajeitou curioso-

—Bem, segundo ela, os pais da Emma são benfeitores do hospital, e gastaram rios de dinheiro em doações nos últimos 5 anos, desde que ela entrou pra faculdade, na verdade. Dizem as más línguas que eles meio que mexeram os pauzinhos pra ela estar aqui na residência. O pessoal ta comentando que ela vai ser privilegiada. - Kara disse com um semblante chateado- E já tem gente meio que virando a cara pra ela nos corredores.

—Olha, a gente nem sabe o que é ou não verdade, e sinceramente, não deveríamos nos preocupar com isso. Não é culpa da Emma ter pais meio controladores que se metem na vida dela. Acho que todos nós já passamos por isso em algum momento da vida. Seria cruel fazer isso com a menina, mesmo que ela seja privilegiada.

—Mas você ficaria satisfeita se soubesse que perdeu uma vaga pra ela apenas por ser rica? - Jones perguntou-

—Não, não ficaria, mas não culparia a Emma. Gente, nós passamos 48 horas com ela e todos nós fomos trucidados pela Dr. Robbins sem exceção. Ela realmente quer estar aqui, e não acho que ela queira privilégios, se quisesse não teria ficado com a Robbins, porque todo mundo sabe que ela é insuportável. - Regina disse e logo em seguida Emma entra no vestiário com uma expressão séria. Ela, ao ver todos os olhos voltados pra ela, suspira e segue em direção ao seu armário-

—Vocês já sabem, né? Que meus pais são benfeitores do Grey Sloan! Não se preocupem, vou entender se não olharem mais na minha cara - ela disse de costas enquanto tirava o jaleco e pegava a sua roupa pra trocar-

—Não temos porque fazer isso Emma - Regina fala com um tom suave enquanto Emma se vira e olha pra morena com um meio sorriso-

—Bom, ter a gente tem! -Rose disse-

—Rose!!

—Mas não iremos fazer isso, seria ridículo! Além disso, não concorro com você em nada aqui, vou pra pediatria então tô nem aí! - Rose disse fazendo todos rirem-

—Eu também não me importo, afinal eu vou só consertar ossos - Killian disse e todos riram novamente -

—Obstetrícia, lindos bebês que vou trazer ao mundo - disse Kara-

—Cardiologia - Regina disse - acho que não tem ninguém pra você competir blondie - ela disse sorrindo pra loira que ficou mais encantada por ela-

—E mesmo que tivesse, eu pedi a universidade e ao hospital pra não me dar nenhum privilégio. Eu quero ser tratada como igual. Estou aqui pra aprender, e se pra isso for preciso sofrer, que seja. Não vou ter privilégios lá fora, e muito menos depender dos meus pais pra salvar vidas. Então não há razão pra depender deles ou de quem quer que seja aqui dentro- Ela disse e Killian levantou os braços gritando-

—VAMOS TODOS NOS FERRAR JUNTOS! UHUL! - ele disse e todos fizeram o mesmo e riram logo em seguida, antes de se levantarem e se arrumarem, indo rumo as duas casas-

Regina estava dentro do seu Jeep manobrando e viu Emma chutando a Roda de seu fusca. Ela parecia irritada e Regina buzinou encostando-

—Hey blondie! Problemas?

—Meu carro me deixou na mão. Ele não pega de jeito nenhum e eu estou tão exausta que quero chorar - ela dizia cansada -

—Ok, não dá pra fazer muita coisa, eu entendo algo de carros, mas estou tão cansada que não vou me atrever. Vamos fazer o seguinte: Eu te dou uma carona, te dou o telefone de um amigo que tem uma oficina, e ele guincha seu carro até lá pra ver o que aconteceu. Se não ficar pronto até sábado, te dou carona pro hospital.

—Oh não Regina, não se preocupe, você está exausta, eu me viro por aqui - Emma disse sem graça. Regina então desligou o motor e saiu do carro indo até ela-

—Blondie, eu estou exausta sim, mas você também está, e eu não quero que você fique aqui sozinha até achar uma solução. Você precisa comer e dormir decentemente, e eu seria uma pessoa horrível se permitisse que você ficasse aqui. Por favor, aceita a carona, não é um incômodo, e eu faço questão! - Emma suspirou e acenou positivamente-

Emma pegou suas coisas e trancou o carro, entrando no Jeep de Regina logo em seguida. Ela pediu a Emma que a mantivesse desperta pelo caminho, pra que não corresse o risco de bater o carro. Logo Regina reconheceu o bairro onde Emma morava e sorriu.

—O que foi?

—Minha irmã mora aqui! Eu vivo vindo aqui Emma, como eu nunca te vi?

—Deve ser porque eu vim morar aqui faz uns 2 meses. Eu morava com os meus pais até ir pra faculdade, depois morei no alojamento do campus, e depois que me formei voltei pra casa dos meus pais por um tempo. Dai eu fui recrutada pro programa de residentes e depois de muita insistência do meu irmão a meu favor eu finalmente consegui me mudar.

—Seu irmão deve ser bom em convencer as pessoas - ela disse divertida-

—Ele tem que ser, é advogado criminalista! - ela disse rindo-
—Ah ta explicado! - ela acompanhou a risada- bem, chegamos.

—Obrigada Regina, pela carona... E por... não me julgar!

—Por que eu faria isso?

—Você viu quanto tempo demorou pras pessoas me apontarem por causa dos meus pais. Eu agradeço por não ter feito o mesmo. E por fazer os nossos colegas entenderem - ela disse com um meio sorriso olhando pra morena que sorriu-

— Eu não fiz nada Emma, nada além de te tratar como uma pessoa normal. Isso não deveria ser exaltado, é uma premissa do ser humano!

—Bem, nem todos agem dessa maneira, obrigada, mesmo assim! - ela abriu a porta e saiu do carro, dando a volta pra entrar em casa, se virou pra Regina que dava a partida- Hey, me dá seu número? Preciso pegar o telefone do guincho.

—Claro! - a loira se aproximou e ambas registraram seus números nos celulares- Bem, me manda uma mensagem e eu te passo o numero.

—Ok, te vejo no sábado!

—Até Sábado, blondie! - ela disse e saiu com o Jeep, enquanto a loira sorria com o celular na mão-

 

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Algum tempo se passou, e Emma e Regina tornaram-se inseparáveis, assim como todo aquele grupo. Eles passaram por poucas e boas, e já estavam no último ano de residência. Logo no começo do ano, Emma reencontrou Neal, que tinha voltado da residência em Londres. E sua inclusão na vida da loira causou desconforto em Regina. Neal sempre foi educado e cortêz, conquistando a todos, menos Regina, que apesar de tratá-lo com cordialidade, só o fazia por causa de Emma. Ela não suportava ver os dois juntos, e sabia muito bem o porque.

Regina estava apaixonada pela loira, fazia algum tempo, mas nunca teve coragem de contar isso a ela. Ela sofria em silêncio, a cada sorriso que Emma dava para Neal, a cada vez que ela dizia que iriam se encontrar. A cada abraço trocado, a cada café compartilhado em uma noite fria de plantão. Ela amava Emma, e talvez ela nunca soubesse disso, pois Regina jamais correria o risco de perder a amizade de sua amada.

Por outro lado, Emma estava em um constante conflito. O que fazer quando se está apaixonado por um grande amigo? Pois é, Emma estava completamente apaixonada por Regina, mas não tinha coragem de assumir esse sentimento. Sempre viveu em uma família tradicional e republicana, apesar dela preferir as ideias democratas. Família esta, que jamais aceitaria que ela namorasse uma mulher, muito menos permitiriam que Emma vivesse com as próprias pernas. Especialmente a mãe, Ingrid, jamais permitiria que ela "sujasse o bom nome da família num relacionamento anti-cristão". Mas como evitar suspirar a cada sorriso que aquela mulher dava? Como fingir que nada acontecia em seu interior quando ela a abraçava? Como ignorar o carinho e a preocupação tão ridiculamente fofa, que a fazia sorrir boba sempre que acontecia? Emma já não sabia mais o que fazer, especialmente agora que Neal a pediu em casamento, e seus pais praticamente aceitaram por ela. Eles agora estavam noivos, e Emma perderia a morena de vez. Bom, não exatamente perder, ela pensou, já que não se pode perder o que nunca teve. Mas como ela gostaria de ter, como gostaria de segurá-la em seus braços e nunca mais soltar. Como ela gostaria de beijar cada traço de pele daquele corpo, de amá-la como se não houvesse amanhã. Mas não poderia, não teria coragem, não conseguiria dizer o que sentia, especialmente porque não sabia o que a outra sentia. Não sabia se seria rejeitada e não queria perdê-la, apesar de já ter perdido em parte. Além disso, de que adiantaria,se ela não poderia viver esse amor? Era o que pensava naquela noite, na noite de sua despedida de solteira. 

Todos os amigos estavam no bar do Joe, point dos médicos do Grey Sloan nos fins de semana, ou qualquer dia que quisessem encher a cara. E o grupo de amigos de Emma e Regina estavam sempre lá. Regina estava calada, pensativa. Ela estava na verdade desolada, pois sabia que aquele dia, seria o último dia em que Emma seria uma mulher solteira. O ultimo dia que ela teria para finalmente abrir seu coração, ultimo dia para acabar com aquela loucura. Ela já havia bebido bastante, mas estava plenamente consciente, devido a estar com a mente trabalhando ferrenhamente para encontrar uma forma de parar de sentir dor. Já Emma, essa estava bem alta.  Ela queria ficar anestesiada, fora de orbita pra não pensar na merda que estava prestes a fazer, pra não jogar tudo pro alto e agarrar aquela mulher sentada tão séria ha três mesas de distância. Ela virou o conteúdo do copo a sua frente e se levantou, indo em direção a morena.

—Oi

—Hey blondie! - ela sorriu fazendo a loira suspirar-

—Porque você não está se divertindo com a galera?

—Não estou muito no clima, fiz um plantão de 12 horas, só estou aqui por sua causa, porque você é muito importante pra mim Emma - ela disse segurando as mãos da loira que perdeu o resto de sanidade que ainda tinha-

A loira olhou pra trás e viu todos bebendo e dançando, alheios ao que acontecia no fundo do bar, onde elas estavam. Em um rompante, Emma levantou e puxou a morena pela mão a puxando do lugar.

—Emma! Ta maluca? O que está fazendo?

—Eu tô seguindo meu coração, pela ultima vez.

—O que? Eu não entendi... Como assim?

—Você confia em mim? - ela disse olhando nos olhos da morena com intensidade, a fazendo suspirar -

—De olhos fechados...

—Então vem comigo, agora!

E Regina apenas pegou sua bolsa, deixou sua comanda junto a do grupo, já que Joe já conhecia a todos e sabia que não haveria problema pagar no dia seguinte. Elas seguiram e entraram no primeiro táxi que parou na porta do bar. Em quarenta minutos chegaram a um prédio no centro. Emma conhecia alguém que morava no local e por isso tinha acesso livre dado pela amiga, Lilly, que vivia viajando e por isso deixava o apartamento aos seus cuidados. Elas subiram até o terraço, passando no apartamento de Lilly antes, onde Emma pegou uma garrafa de champanhe na adega da amiga e duas taças.

—Porque me trouxe aqui? - Regina perguntou após receber sua taça cheia-

—Porque eu amo esse lugar, e queria fazer isso num lugar que me trouxesse conforto - ela disse antes de terminar de encher sua taça- Um brinde ao amor, esse sentimento escroto que só nos machuca e mata nossos sonhos lentamente - ela disse com os olhos marejados-

—Emma... Porque você acha isso? Por acaso o Neal te fez algo? Porque se ele te machucou eu juro por Deus que...

—Ta vendo? É exatamente disso que eu falo! Eu não mereço que me defenda assim Regina!

—Como não? Emma você é especial, é uma das pessoas mais incríveis que já conheci, e merece tudo que há de bom nesse mundo, porque você...

Emma não resistiu mais àquela ternura nos olhos que tanto amava dirigida a ela. E quando deu por si estava com seus lábios colados aos dela. E eram tão maravilhosos que ela pensou ser um sonho. O melhor que já tivera. Em minutos suas línguas já batalhavam carinhosamente enquanto a loira envolvia a morena em seus braços.

—Emma, o que foi isso? - Regina perguntava ofegante-

—Essa sou eu sendo covarde, tendo que beber até ficar anestesiada pra ter coragem de fazer o que sempre quis. Ter coragem de beijar essa boca tão linda que você tem, ter coragem de olhar nos seus olhos e dizer que eu sou profundamente, completamente, irremediavelmente apaixonada por você desde que olhei nos seus olhos a primeira vez.

—E você achou que fazer isso um dia antes do seu casamento era uma boa ideia? -Regina dizia já com os olhos marejados- você não devia ter me dito Emma, deveria ter ficado calada porque agora eu sei que meu amor não está sozinho. E isso dói muito mais, porque você não vai enfrentar seus pais, nem por mim, e pior, nem por você. E saber que não assumir quem você é dói em você, faz a minha dor dobrar Emma, porque eu também sou apaixonada por você, porque eu me calei todo esse tempo por achar que você não me correspondia, que a culpa não era sua. Mas agora sei que é, sei que você escolheu não estar comigo, então era melhor ficar sem saber. Eu preferia mil vezes a ignorância, à ciência de que eu não valho o seu esforço - ela disse já chorando enquanto Emma se desmanchava em lágrimas-

Regina se aproximou da loira que soluçava e acariciou seu rosto, a fazendo olhar em seus olhos.

—Me desculpe!

—Eu só quero que você seja feliz Emma, e desejo profundamente que você consiga um dia blondie. -ela disse e deu um passo pra sair do terraço, sendo segurada por Emma mais uma vez-

—Fica comigo! Por favor... Fica comigo essa noite... Me faz esquecer tudo isso, mesmo que seja só até o sol nascer... Fica comigo e me ama como eu sei que ninguém mais vai ser capaz de fazer - ela sussurou ante os lábios de Regina que não aguentou e a puxou para um beijo intenso-

Roupas jogadas pelo chão, móveis fora do lugar, duas mulheres, e um desejo único de se pertencer. E já o eram, seus corações, suas almas se pertenciam. Emma realizou sua vontade de beijar cada pedaço de pele de sua amada com tamanha devoção, que fez as lágrimas virem novamente aos seus olhos. Elas se tocaram, se beijaram, se amaram, se fundiram em um só sentimento, que era maior que o carnal, transcendia a alma, acalentava seus corações em sofrimento e trazia paz. Ambas chegaram ao ápice algumas vezes aquela noite, e o amor transbordou de ambas as partes. Adormeceram sabendo que aquela noite marcaria e uniria a vida das duas para sempre, mesmo que infelizmente, a partir daquela manhã, elas estivessem mais distantes que nunca.

 

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Regina chegou ao bar do Joe arrasada, sentou-se em uma mesa afastada e logo o senhor se sentou a sua frente, analisando seu semblante desolado.

—Você aqui uma hora dessas? Achei que só veria todos vocês daqui uns três ou quatro dias. Você não deveria estar se preparando pro casamento da Dr. Swan?

—Deveria, mas eu não quero e nem vou participar dessa farsa. Além disso, eu não conseguiria ver isso e não poder fazer nada.

—Você gosta dela, não é? - o senhor perguntou olhando carinhosamente pra morena que suspirou- Eu percebi, desde a primeira vez que vi vocês juntas, eu sempre soube que vocês se gostavam mais do que amizade.

—Pena que infelizmente eu não sou suficiente pra ela desistir - ela disse com pesar-

—Você já parou pra pensar que talvez ela esteja com medo de que ela mesma não seja suficiente pra você? - Regina ouviu uma voz ao seu lado e ao se virar se deparou com a Dr. Robins a sua frente-

—Isso é ridículo, ela sabe que é suficiente pra mim.

—Sabe? - ela se sentou a mesa - Joe, traz duas cervejas por favor- o homem sorriu e saiu ao ver que ela estava em boas mãos- Bom, você sabe que eu não sou de rodeios, certo? - Regina concordou e Robbins suspirou - Regina um relacionamento não é fácil. Nunca é fácil, eu e Callie passamos por muitos problemas, e infelizmente não fomos capazes de superar todos eles - ela dizia com pesar- mas antes disso, nós vivemos anos maravilhosos juntas, superamos muitas coisas, e tivemos uma filha linda, que eu amo com todas as forças.

— Espera, você é...

—Lésbica? Sou sim, sempre fui e nunca tive problemas com isso, mas a Callie no começo tinha seus receios. Ela era casada com um homem e quando a conheci ela estava devastada por ter sido traída por ele. Não passamos exatamente por isso, mas o que quero dizer é que talvez a Emma esteja desesperada por não saber o que fazer. Ela está dividida entre o que ela sempre acreditou ser o certo por causa da família e o que ela sente. E talvez ela ache que você não mereça sofrer pela confusão dela, e que ela talvez também tenha medo de decepcionar as pessoas que ela mais ama além de você.

—Eu sei Dr. Robbins...

—Arizona. Não estamos no hospital! - ela deu um meio sorriso-

—Arizona - Regina deu um meio sorriso- Eu sei que ela tem medo, mas o que eu posso fazer? Ela já tomou sua decisão.

—Nada está perdido até o sim acontecer - Disse Kepner ao chegar de sopetão-

—April!

—O que? Você é último a poder falar alguma coisa Jackson, você invadiu meu casamento e me sequestrou - ela disse se sentando-

—Eu... Eu não te sequestrei ta legal? Eu apenas te pedi pra não casar, e fugimos juntos, em momento nenhum te sequestrei - Avery disse incomodado-

—Ele tem razão April - Meredith disse rindo da careta de Kepner-

—Diretora Grey! - Regina disse com os olhos arregalados-

—Como vai Regina? Desculpe, essa maluca arrastou nós dois até aqui quando viu vocês.

—Confesso que estou um pouco envergonhada de saber que minha vida amorosa é tão transparente assim - ela disse sem jeito-

—Na verdade não é, é que a Ari gosta muito de você e comentou com a gente que estava preocupada, nós estávamos aqui ontem, ela viu vocês saírem em surdina - Kepner disse fazendo Regina corar- então ela nos contou por auto o que estava rolando.

—April, você não precisava falar desse jeito, a Regina vai pensar que eu estou querendo alguma coisa -Arizona disse empertigada-

—Não estou pensando nada Dr.  Fique tranquila - ela disse dando um gole na cerveja-

—Posso dar uma opinião? - Jackson disse-

—Claro!

—Vá ao casamento, faça de tudo pra vê-la antes de subir ao altar e diga tudo que você quer dizer. Se depois disso ela ainda seguir a diante, então saia de cabeça erguida e siga em frente.

—Eu concordo com o Jackson, é melhor se arrepender de ter tentado do que passar o resto da vida imaginando o que teria acontecido - Grey completou-

Regina, após terminar sua cerveja, agradeceu aos conselhos de todos e foi pra casa, onde ficou por horas a pensar no que devia fazer. Tomou sua decisão e se arrumou. Saiu indo em direção a mansão e ao chegar, não foi difícil se camuflar e subir até o segundo andar. Ao chegar, ficou confusa, não sabia onde ir, até que tomou um susto quando uma porta se abriu.

—A última porta  no fim do corredor!

—É... O que? -Regina olha confusa pra David que a encara sorrindo-

—Você entendeu! Agora vai lá e vê se põe um juízo na cabeça dessa maluca, pelo amor de Deus! Leva ela com você, e manda ela me ligar que eu tiro vocês daqui em três segundos - ele disse empurrando Regina em direção ao corredor - Boa sorte cunhada! - ele disse antes de sumir escada abaixo, deixando Regina atordoada depois do "cunhada"-

—Ok Regina, você chegou até aqui, agora vamos lá!

Ela entrou no quarto e ao fechar a porta, viu Emma parada na porta da varanda olhando o jardim que estava sendo preparado para o casamento. Ela parou por alguns segundos pra admirar a beleza de Emma. Ela era tão linda, que Regina por um segundo esqueceu o que estava fazendo. Ela se recompôs, respirou fundo e resolveu se fazer presente.

—Você sempre foi linda, mas agora conseguiu superar todas as minhas melhores expectativas! Você está maravilhosa!

Emma se assustou ao ouvir aquela voz, e entrou no quarto pra se deparar com a morena que estava linda em um vestido de festa, cabelo e maquiagem impecáveis.

—Regina? Você veio...

—Vim, vim porque eu precisava te dizer o que eu sinto, vim porque eu precisava tentar fazer você desistir de tudo isso - ela se aproximou de Emma que suspirou ao sentir as mãos da morena em seu rosto-

—Regina, por favor, eu não posso...

—Você se lembra do primeiro dia de residência em que nos conhecemos? - ela concordou com a cabeça- Você disse que tinha me visto na festa e todos te olharam como se fosse uma stalker - ela disse sorrindo entre lágrimas- Eu nunca te disse, mas eu me lembrava de você, porque eu te olhei a festa inteira, sem que você notasse. Eu te achei a mulher mais linda daquela festa, mas não tive coragem de falar com você. E então você apareceu no meu grupo de residência alguns dias depois.

 _Você sabia quem eu era?

—Sabia, e sabia também que você queria ser invisível, por isso não te julguei, e convenci a todos do mesmo. Eu sabia que você não merecia isso, e também porque eu queria me aproximar de você - ela disse suspirando- Eu não entendia porque eu tinha agido assim, mas depois de um tempo eu percebi. Eu me apaixonei por você Emma! Me apaixonei de um jeito que não tinha mais volta. Mas eu achava que você só me queria como amiga, e qual não foi a minha surpresa quando você disse aquelas coisas ontem? Eu quis gritar de felicidade, mas logo depois me lembrei que você ia se casar, e que era sua última noite de solteira. - ela suspirou novamente enquanto ainda acariciava o rosto da loira que chorava- E agora eu estou aqui, contrariando todos os meus princípios, pra te pedir Emma, não faça isso! Não se case. Mesmo que você não fique comigo, você não pode negar a si mesma a felicidade Emma.

—Regina, o Neal pode me fazer feliz! - Emma disse e Regina se aproximou mais do corpo de Emma-

—Não, ele não pode Emma, não pode simplesmente porque você não ama o Neal, sou eu quem você ama, você me disse isso ontem, inúmeras vezes, enquanto fazíamos amor, antes, depois. Você me ama Emma, e eu te amo! Não casa Emma, por favor, não me deixa! - ela disse antes de tomá-la em um beijo urgente. Emma se aninhou mais em seus braços e sentia ser apertada em um abraço enquanto suas bocas se fundiam de forma frenética, apaixonada e sofrida! Terminaram ofegantes e colaram suas testas enquanto buscavam ar.

—Eu te amo, Deus, eu te amo tanto!

—Eu também te amo Emma!

—Mas eu não posso Regina, não posso fazer isso com o Neal, ele não merece, não posso fazer isso com meus pais, eles jamais me perdoariam - ela disse e sentiu Regina se afastar-

—E você realmente prefere se anular, se condenar a um casamento infeliz só pra não decepcionar seus pais e o Neal?

—Você não entende... Eu me comprometi Regina, eu não posso voltar atrás!

—Não, você não quer voltar atrás Emma! Sempre há uma escolha e você escolheu isso - ela suspirou- Eu tentei, Deus sabe que eu tentei, mas não posso lutar sozinha, não posso lutar sem você! Eu espero que você consiga ser feliz de alguma forma, porque eu jamais desejaria o seu mal! Eu te amo demais pra isso! Adeus Emma!

Regina saiu do quarto desolada, deixando Emma no mesmo estado. A sorte era que a maquiagem era a prova d'água, senão ela estaria em frangalhos. A morena desceu a escada tão rápido que sequer notou que havia alguém no corredor bem perto da porta. Alguém que ouviu toda a conversa, alguém que estava em total perplexidade com o que escutou. Regina saiu da casa do mesmo jeito que entrou, logo ligando o carro e saindo em disparada dali. Ela precisava ficar longe, precisava se acalmar e sentir sua dor sozinha, então foi pro único lugar que a acalmava.

Emma não conseguia parar de chorar, mas faltava menos de uma hora para a cerimônia então ela levantou-se e secou as lágrimas. Ao abrir a porta para procurar por David ela deu de cara com Neal parado em sua frente.

—Neal? Você não deveria estar aqui, não deveria me ver, tem que estar no altar!

—Eu preciso falar com você -ele disse entrando no quarto e fechando a porta atrás de si-

—Neal, depois conversamos, se minha mãe te vir aqui ela surta...

—Emma você me ama?

—O que? Neal que pergunta é essa?

—Uma pergunta simples, você responde sim ou não. Você me ama?

—Neal... Eu...

—Emma, está tudo bem, apenas responda, e por favor, seja sincera - ele disse olhando carinhosamente em seus olhos-

—Não - ela disse e ele suspirou- Neal, me desculpe, eu não posso controlar meu coração, e quando você voltou eu já tinha me apaixonado e...

—Está tudo bem!

—Está?

—Está, mas você deveria ter me contado antes, porque deixou chegar a esse ponto Emma? Você iria se casar comigo sem amor? Por que?

—Porque você é um homem bom, e porque meus pais fizeram tanta questão desse casamento, eu não queria decepcioná-los.

—Meu deus Emma, você não pode agir assim! - ele se aproximou pegando em suas mãos- Você precisa se auto afirmar, não pode deixar que seus pais ou ninguém defina quem você é, ou tome suas decisões por você! Você é incrível, uma das melhores médicas que tive o prazer de conhecer, uma amiga maravilhosa e uma mulher sensacional. Não deixe que ninguém mude isso Emma. Se eles não te aceitarem como é, não merecem seu amor e respeito! E eu me recuso a fazer parte disso. Eu amo você pluky, e antes de qualquer coisa você é minha amiga, uma das melhores, e não vou permitir que você faça isso consigo mesma. Esse casamento está cancelado.

—Neal, não faça isso, será um escândalo! Meus pais vão surtar!

—Que se dane! Se seus pais te amam vão entender, pare de se preocupar com a sociedade Emma, pare de tentar se encaixar! Você não deve nada a ninguém, então não se anule jamais por medo do que vão dizer ou pensar! Você está me entendendo Emma Swan? - ele disse firme fazendo Emma suspirar-

—Estou, mas acho que agora é tarde meu amigo. Eu já perdi quem eu amava! - Emma disse com pesar!-

—Não, ainda não, você vai atrás dela agora mesmo e vai recuperá-la, porque você é boa em consertar pessoas - ele disse sorrindo e recebeu um abraço apertado da loira, que logo foi acolhida em seus braços-

—Obrigada meu amigo!

—Não me agradeça, agora vamos lá embaixo fazer aquele escândalo! - ele disse sorrindo abertamente pra Emma que o acompanhou.-

Neal e Emma chegaram juntos ao jardim onde os convidados já estavam posicionados. Emma respirou fundo e Neal segurou sua mão lhe passando segurança.

—Boa tarde a todos! Estamos aqui para fazer um anuncio! - Emma disse-

—Queremos avisar que o casamento está oficialmente cancelado! - Neal disse fazendo o burburinho começar e os pais dos noivos se aproximarem-

—Que palhaçada é essa Emma? Vocês ficaram malucos? -Ingrid disse fazendo Emma prender o ar-

—Não ficamos malucos senhora Swan, estamos apenas nos livrando de um erro. Emma não me ama, não dessa forma, e com isso eu acabei percebendo que eu também não a amo desse jeito, então não poderia fazer ela se unir a mim dessa maneira.

—Como assim não ama? Que absurdo é esse Emma? - Ingrid já estava alterada e James não dava uma palavra-

—Eu estou apaixonada por outra pessoa mamãe, pessoa essa que eu magoei demais por insistir nesse casamento por causa de vocês!

—E porque você não nos disse isso Emma? Provavelmente porque ele não deve ser de boa família.

—Pelo contrário Mamãe, ela é de uma ótima família, aliás ela é a mais velha de uma família de médicos!

—Você está louca? Você esta apaixonada por uma mulher? Perdeu a cabeça?

—Não mamãe eu não estou louca, na verdade acho que nunca estive tão lúcida!

—Você não vai dar esse desgosto pra nossa família Emma Nolan Swan!

—É só nisso que você pensa não é? No nome e na reputação. Já parou pra pensar alguma vez no que nós queríamos mamãe? - Emma já disse alterada chamando a atenção de alguns convidados e de David que vinha chegando confuso com a movimentação- Por acaso a senhora perguntou pro David se ele queria ser advogado? Perguntou a mim se eu queria me casar? Não, a senhora impôs a sua vontade como sempre faz e o papai apenas se calou como sempre!

—Gente, o que aconteceu? - David chega perto de Emma que estava vermelha e com os olhos inchados pelo choro-

—A sua irmã ficou louca David, ela cismou que agora gosta de mulher! Pelo amor de Deus!

—Você desistiu? -David disse com os olhos arregalados-

—Bem, o Neal me fez enxergar algumas coisas - Emma disse com um meio sorriso-

—CARA, EU TE AMO! - ele disse abraçando Neal que ri da empolgação do amigo-

—Eu não acredito que você compactuou com esse absurdo David!

— Compactuei e compactuo mamãe, se isso for fazer Emma feliz. Eu a amo demais pra vê - la estragar a própria vida por causa dos seus caprichos!

—David, aquela proposta ainda está de pé? - Emma perguntou fazendo o irmão sorrir abertamente-

—Claro que está - ele tirou a chave do carro do bolso e entregou pra loira- Vai buscar sua garota!

—Eu te amo! - Ela abraçou o irmão e logo depois Neal-

—Boa sorte plucky!

—Obrigada, eu vou precisar!

—Você não vai a lugar algum! - Ingrid disse segurando o braço de Emma com força-

—Solta ela Ingrid!

—James, você enlouqueceu?

—Eu.disse.pra.soltar.a.nossa.filha. AGORA INGRID!

Ingrid se assustou com a fala do marido e soltou Emma no mesmo instante.

—Eu não acredito que você vai apoiar essa sandisse!

—Sim eu vou, estou cansado de você comandando a todos nós como soldados, chega! Emma é uma mulher adulta, e se ela ama essa moça então que ela lute por ela, já que graças a você pelo visto ela a magoou. - ele se virou pra Emma e lhe beijou a testa- Vá, se entenda com ela querida, e depois vamos sair pra jantar, quero conhecê-la! - ele disse e fez Emma sorrir e abraçá-lo-

—Obrigada pai!

—Se quiser partir pra missão recuperar a médica gostosa você vai precisar se trocar, não vai querer ser confundida com uma assombração andando por aí de noiva né? - Ruby surge com uma sacola, que entrega pra Emma- Suas roupas, vai pro bar do Joe, se troca lá, só tem maluco naquele lugar ninguém vai te notar - ela disse sorrindo-

—Valeu Ruby!

Emma segurou a calda do vestido e correu pro Toyota preto parado na frente da casa, enquanto Neal, David e Ruby explicavam a situação aos convidados que começavam a se retirar. Ingrid alegou uma terrível dor de cabeça e se retirou, para evitar ter que dar explicações sobre o fiasco do casamento. Ainda estava possessa de raiva pela audácia de Emma.

A loira dirigiu apressadamente enquanto ligava sem parar pro celular de Regina, que não atendia. Ela estava impaciente, parou  de qualquer jeito na frente do bar, entrou e foi correndo pro banheiro, sem se dar conta que os ocupantes de uma certa mesa a observavam curiosos.

Quinze minutos se passaram, e Emma saiu com suas costumeiras calça jeans e camiseta regata preta, all star nos pés, e um vestido de noiva socado na sacola. Foi andando em direção a saída e viu a Dr. Robbins sentada em uma mesa com a Dr. Grey. Se aproximou hesitante para falar com as duas, talvez elas soubessem do paradeiro de Regina.

—Emma! Você não deveria estar se casando agora?

—Sim Dr. Robbins eu deveria, mas eu desisti! - ela disse sem jeito-

—Deixe-me adivinhar: Finalmente você percebeu que estava cometendo um erro e agora está que nem louca atrás da Dr. Mills, acertei? - ela disse fazendo Emma corar violentamente-

—Er... Mais ou menos isso...

—Ela estava aqui há algumas horas atrás, nós a convencemos a ir atrás de você, tentar impedir essa catástrofe, mas pelo jeito não foi ela que te convenceu, certo? - Meredith pergunta curiosa-

—Não, eu não queria magoar ninguém, mas acabei magoando a pessoa que mais amo - ela suspirou com pesar, enquanto seus olhos marejavam- Meu noivo percebeu de alguma forma e me fez desistir,  só que agora ela não atende o celular, e não faço ideia de onde ela possa estar, porque aqui e no hospital eu sei que não está.

—Bom, a última vez que nos falamos ela estava indo pro casamento, estamos na mesma Swan - Meredith respondeu fazendo Emma suspirar-

—Onde você está morena? - Emma murmurou pensativa-

—Você não sabe de nenhum lugar que ela goste de ir quando está triste ou quando quer pensar? Todos nós temos um lugar só nosso, talvez ela tenha ido pra lá - Arizona disse tomando um gole de cerveja-

Emma, depois de alguns segundos, teve um estalo e se lembrou de um lugar que ela talvez pudesse estar.

—Obrigada pela ajuda doutoras! - ela disse antes de sair correndo porta a fora-

—Tomara que essas duas se acertem - Arizona disse enquanto olhava a loira sair correndo pela porta-

—Eu também estou torcendo, alguém tem que ser o novo OTP desse hospital!  - Meredith disse divertida fazendo Arizona rir-

—Você é ridícula Grey!

 

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 Emma chegou esbaforida depois de estacionar de qualquer jeito, de novo, e correr até o inicio da faixa de areia.

 (Dê Play na musica)

 

Sorri pra mim

Não deixa o sol se pôr

Aqui estou, querendo parar o tempo

E não desistir...

 

Logo ela avistou a cabeleira negra voando ao vento. Ela estava sentada de costas, ainda com a mesma roupa que estava há horas atrás.

 

É só sorrir pra mim

Que a vida que eu vivi sem você

Eu quero desviver...

 

Ela se aproximou devagar e ficou a admirar a mulher que amava. Se perguntava como ela conseguia ficar mais linda a cada vez que a via.

 

Vou recriar o mundo

Pra gente caber junto

Desalinhar o tempo

E o espaço por nós dois

Eu te encontrei dentro de mim

Não posso mais ser só

Não quero desatar o nosso nó(s)

Não quero desatar o nosso nó(s)...

 

 

Ela caminhou até ficar bem perto de Regina que estava de olhos fechados enquanto sentia a brisa do mar em seu rosto. Aquilo a acalmava e a ajudava a pensar.

—Eu fiquei por um bom tempo te procurando, mas só quando eu olhei pra dentro de mim eu consegui te encontrar - Emma disse assustando Regina, que aproveitava a paz das ondas batendo nas pedras -

—Por que me procurar agora, se quando eu estava bem na sua frente você me deixou ir? - ela disse sem se virar, enquanto Emma deixava cair novas lágrimas-

—Porque eu sou tola, idiota, seja lá o que você queira me chamar. Eu preciso de um choque pra acordar, você sabe disso. Lembra na cirurgia de rompimento de baço? Eu travei e não conseguia lembrar do procedimento, e você teve que dar um tapa na minha cara para eu sair do meu estado catatônico antes que o paciente entrasse em choque? É mais ou menos isso, você tentou da maneira certa, mas esqueceu de que eu preciso da maneira errada - ela disse com a voz embargada enquanto Regina já deixava as suas escorrerem livres por seu rosto-

 

Sorri pra mim

Sonha e eu vou buscar

Eu só preciso do teu sim

E tenho onde erguer meu lar...

 

E quando eu levei esse tapa na cara, eu voltei a realidade e percebi que não posso mais viver uma vida de mentira. Uma vida sem você Regina! Antes, quando eu não te conhecia, eu conseguia seguir em frente porque ninguém havia me despertado esse sentimento. Eu vivia bem só, apesar de sentir que faltava algo. Eu me sentia diferente por não sentir falta de ter alguém, mas ao mesmo tempo me sentir incompleta. Aí eu vi você naquela festa, linda, simpática, e então eu senti que algo havia mudado. E foi então que nos encontramos na mesma turma de residência, e eu fiquei toda atrapalhada como sempre - ela riu entre lágrimas e Regina sorriu- E então você sorriu pra mim, e eu pensei que faria tudo que quisesse, qualquer coisa mesmo, se você apenas sorrisse pra mim daquele jeito sempre.

 

Acalma meu coração doído

Te traz pra mim

E sorri...

 

—E você foi doce, gentil, me entendeu, aprendeu a lidar com meus medos e inseguranças, aprendeu o que me deixa bem, o que me faz rir, o que me faz feliz. Você construiu uma redoma de carinho tão bem feita que eu não consegui voar pra longe quando deveria. E não foi porque eu não aprendi a voar, mas porque eu não queria voar só. Eu queria você, o tempo todo, do meu lado, e foi aí que eu percebi que era você que faltava, era você que eu sempre esperei, e eu não queria mais lembrar do que vivi antes de você. Eu percebi que eu te amava, eu te amei desde o primeiro olhar, antes mesmo de entender o que era amar. -Emma disse com dificuldade pelo choro e Regina já chorava sem reservas. A loira se aproximou e a abraçou pelas costas, fechando seus braços em volta da morena que se acomodou em seu abraço-

Vou recriar o mundo

Pra gente caber junto

Desalinhar o tempo

E o espaço por nós dois

Eu te encontrei

Dentro de mim

Não posso mais ser só

Não quero desatar o nosso nó(s)

Não quero desatar o nosso no(s)...

 

­_Me desculpe por ser tão difícil, por ter demorado tanto pra entender que você estava dentro de mim todo esse tempo... Eu te amo Regina!

Regina ao ouvir as últimas palavras de Emma, não lhe permitiu falar mais nada. Ela se virou e a tomou num beijo urgente, que logo foi correspondido pela loira. Elas se abraçaram, se apertaram, enquanto sentiam o gosto salgado das lágrimas de ambas que ainda caiam livres. Elas depositavam tudo naquele beijo, saudade, carinho, amor, alívio por finalmente poderem estar juntas sem reservas, sem dor. Obstáculos elas teriam com certeza, a vida nunca seria fácil, mas naquele momento elas selavam um compromisso de enfrentar a tudo juntas. Finalizaram o beijo ofegantes. Se olharam, se enxergaram, se amaram. Sorriram uma pra a outra antes de colarem suas testas.

 

Sorri pra mim...

 

—Me lembre a partir de agora, de nunca te pedir pra tomar decisões nessa relação! - Regina disse fazendo Emma gargalhar-

—Poxa amor, mas nem aquelas simples tipo, de que cor vamos pintar o quarto dos nossos filhos? - Ela disse sorrindo pra Regina que apenas sorriu de volta-

—A gente pode pensar sobre isso, se você se comportar! - ela disse divertida e Emma a pegou pela cintura a girando pela areia, fazendo Regina gargalhar- Emma, me solta sua maluca! - ela disse e Emma caiu na areia levando a morena junto-

—Eu te amo!

—Namora comigo? - Regina disse e Emma sorriu tão lindamente que Regina queria parar o tempo naquele momento, apenas pra ficar admirando aquele sorriso-

—Namoro, caso, moro junto, troco likes, o que você quiser!

Elas riram juntas, e logo mais um beijo apaixonado aconteceu, e com certeza viriam muitos como aquele. Elas ainda teriam muito que fazer, muito que conversar, muito que aprender, mas isso, só o tempo poderia fazer. Por agora, elas apenas queriam ficar ali, assistindo aquele por do sol, abraçadas, sentindo o calor do corpo da outra tão perto, o perfume, a respiração calma e as batidas de dois corações no mesmo compasso. O mundo que esperasse. Naquele momento, eram apenas elas, aquela praia, o por do sol, e o amor. O depois, fica pra uma próxima vez.

 

 


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Notas finais do capítulo

Enfim é isso galera! Em breve eu volto com mais uma long, que está sendo preparada!

Beijo nas crianças!