A Luz Que Ilumina a Escuridão Dentro de Mim escrita por teffy-chan


Capítulo 4
Capítulo 4 - Uma Noite Interminável




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Setsuna tinha razão outra vez. O resultado era óbvio. Quando Haruna ficou cansada, a magia do seu Artefato se desfez e os travesseiros desenhados por ela desapareceram. E ninguém ganhou a guerra de travesseiros. De novo. No fim, todas estavam exaustas demais para brigar pelo que quer que fosse então apenas cambalearam para dentro da cabana improvisada e largaram-se de qualquer jeito no chão. Até Negi parecia exausto de tanto tentar acalmar suas alunas, sem sucesso.

— Vocês dois deveriam ir dormir também – Negi chamou, notando que Natsumi e Kotarô ainda estavam acordados – Tenho o pressentimento de que teremos um dia longo amanhã.

— E eu tenho o pressentimento de que a noite também vai ser longa – Kotarô respondeu, seguindo o amigo para dentro da cabana. Natsumi foi atrás dele.

— Detesto quando você tem razão – Negi reclamou, deitando-se perto da entrada da cabana.

Kaede tinha descrito bem o local: O interior não passava de um enorme espaço vazio. O máximo que tinham conseguido fazer foi forrar o chão com tábuas de madeira para que não tivessem que deitar na areia. E teriam que viver assim durante 31 dias. De repente Sunshine Island não parecia tão ruim.

— Boa noite – Kotarô disse para ninguém em especial, sem prestar atenção ao lado de quem tinha deitado. Era melhor nem saber. Seria embaraçoso de qualquer jeito, preferia só fechar os olhos e dormir, fingindo que estava sozinho.

E ele também tinha razão. A noite seria longa, porque poucos ali estavam dormindo de fato. Haruna estava acordada, obviamente, e de alguma forma havia convencido Nodoka e Yue a engatinharem pelo chão até chegarem perto de Negi. Ele sim estava dormindo, e não fazia ideia de que as duas estavam ao lado dele agora. Felizmente, ou não, depende do ponto de vista, ambas eram tímidas demais para fazer qualquer coisa além disso, o que deixou Haruna bastante frustrada.

— Não fique chateada, Haruna – para surpresa da garota, foi Konoka quem falou lá do canto. Haruna podia jurar que ela estava dormindo há horas, mas aparentemente a amiga queria participar da confusão também – Não foi o Negi que elas viram em ação hoje. Provavelmente é por isso que não estão fazendo nada.

— O que? – Haruna piscou, surpresa que Konoka tivesse chegado a essa conclusão. E pensar que logo ela diria algo assim… não podia subestimar aquele rostinho ingênuo da amiga – Ah, sim. Bem observado – ela olhou na direção de Kotarô, que estava deitado imóvel. Não sabia se o garoto estava dormindo mesmo ou se estava só fingindo – O professor Negi se arriscou muito na floresta hoje com a Setsuna e a Kaede, é verdade, mas quem nós vimos em ação hoje foi o Kotarô. É por isso que vocês estão assim tão quietas, Yue, Nodoka?

— Do que está falando? – Yue sussurrou indignada – Não acredito que até você está dizendo esse tipo de coisas, Konoka. Setsuna, diga alguma coisa!

— Setchan está dormindo – Konoka informou com um sorriso – Fale baixo, ou vai acordá-la.

— É você quem está falando alto – Yue sibilou – Chega dessa bobagem e vá dormir!

— Não é bobagem. Na verdade, é um problema – Konoka falou pensativa – Porque, se vocês se apaixonassem pelo Kotarô, a Natsumi ficaria com ciúmes…

— Mas que besteira é essa?! Não tem porque eu ficar com ciúmes! – Natsumi sentou-se de repente, erguendo a voz algumas oitavas. Todas se calaram, olhando ao redor, mas ninguém acordou. Elas suspiraram de alívio ao mesmo tempo.

— Então você estava acordada – Haruna murmurou – Até que você finge bem. Mas precisa admitir que a Konoka tem razão.

— E por que ela teria razão sobre essa bobagem toda?! – Natsumi sibilou.

— Bem, é que a maioria da classe sempre brigou por causa do Negi… eu tenho a Setchan, mas ainda assim, nossa classe é muito grande. E você sempre teve o Kotarô só para você – Konoka explicou – Seria um problema se mais alguém gostasse por ele, não acha?

— G-Go-Gost… e quem disse que eu gosto dele?!

O grito de Natsumi acordou os poucos que estavam dormindo. Kaede sentou-se abruptamente, olhando para os lados confusa; Asakura coçou os olhos sonolenta, perguntando se já era de manhã; Por algum motivo Setsuna colocou-se em posição defensiva, uma das mãos segurando a espada que estava ao seu lado e a outra agarrando a mão de Konoka; Negi era meio sonâmbulo e parecia estar com vontade de ir no banheiro, já que estava começando a desabotoar a calça. Asuna berrou e o empurrou para fora da cabana. Apenas Kotarô permanecia deitado, imóvel.

— Olha só o que você fez – Haruna disse em um tom de quem pretendia ser de censura, mas não conseguiu evitar de dar risada.

— A culpa é de vocês por ficarem dizendo coisas estranhas! – Natsumi defendeu-se – principalmente você, Konoka!

— Do que você está acusando a Milady? – Setsuna perguntou. Natsumi engoliu e seco ao ver que a garota ainda segurava a espada em uma das mãos, aparentemente sem perceber.

— Ah, bem… e-ela estava dizendo coisas estranhas sobre o Kotarô, e… e v-você bem que podia ter acordado antes para impedir a Konoka de ficar dizendo essas coisas, hein?! – Natsumi falou como se fosse tudo culpa dela.

— Ah… aquilo de novo, Milady? – Setsuna perguntou e Konoka balançou a cabeça, sorrindo. Aparentemente tinha explicado o assunto para Setsuna depois de entrarem na cabana. Setsuna largou a espada depois de entender do que se tratava – Eu estava me perguntando se isso é verdade… não sou muito boa em perceber essas coisas, você deve ter notado – ela sorriu sem jeito – Então, é verdade?

— É claro que não! – Natsumi exclamou. Seu rosto estava queimando, e ela também era péssima com esse tipo de assunto… precisava se livrar logo desse interrogatório estúpido antes que acabasse ficando sem argumentos. Ou pior, antes que Kotarô acordasse.

—Tem certeza? – Setsuna perguntou incerta – Seu rosto está todo vermelho…

— Esse assunto ainda vai render Setchan – Konoka riu.

— Não tem nenhum assunto aqui para render! Vou dormir. E vocês deveriam fazer o mesmo! – Natsumi virou para o lado, ignorando as risadas delas. Só então percebeu que tinha deitado ao lado de Kotarô. A queimação em seu rosto aumentou e ela apertou os olhos com força, como se isso pudesse fazer com que ela nunca tivesse visto que o garoto estava ali. Escutou passos ao redor, provavelmente de Negi voltando para dentro da cabana, em seguida as amigas se ajeitando para voltarem a dormir.

Vários minutos se passaram, talvez mais de uma hora. Natsumi não sabia dizer, ela não tinha relógio, mas tinha certeza absoluta de que todos estavam dormindo dessa vez.  Mas ela mesma não conseguia dormir. As palavras de Konoka não saíam de sua cabeça.

“Você sempre teve o Kotarô só para você. Seria um problema se mais alguém gostasse por ele, não acha?”.

 

E daí se alguém passasse a gostar de Kotarô? Não era da conta dela. Não era assunto seu. Eles eram apenas amigos. Bem, é verdade que tinham feito um Pacto Provisório, mas ainda assim… não, aquilo não tinha nada a ver. E Kotarô não era apenas amigo dela, era amigo de todas. Se alguma das outras meninas passasse a gostar dele…

O que Natsumi faria?

— Natsumi.

— Hein? O que? – ela abriu os olhos e surpreendeu-se ao ver que Kotarô a encarava há sabe-se lá quanto tempo.

— Você deveria dormir um pouco. Teremos um longo dia amanhã.

— B-Bem, você também deveria estar dormindo – ela murmurou de volta – Há quanto tempo está acordado?

— Desde que entramos na cabana.

— Mas isso foi há hor… - Kotarô interrompeu o grito dela tampando a boca da menina com uma das mãos.

— Fale baixo, ou vai acabar acordando os outros de novo – ele sussurrou, afastando a mão do rosto dela – Escute, não precisa ficar preocupada. Escolhi você como minha Ministra Magi, e não pretendo ter outra.

Então ele tinha escutado a conversa delas. Droga, aquilo era péssimo! Era a última coisa que Natsumi queria. Mas… se foi àquela conclusão que Kotarô chegou, então ela não tinha com o que se preocupar, tinha? Bem, é claro que ele iria concluir algo assim, aquele garoto só pensava em lutas a maior parte do tempo. Mas espere o que ela estava pensando? Desse jeito parecia que ela gostava mesmo de Kotarô! E ela não gostava! É claro que não gostava, Kotarô era só um garoto que ela e as amigas encontraram perdido, machucado e sem memória em uma noite chuvosa, se apiedaram dele e levaram para casa para cuidarem de seus ferimentos… mas, depois de tudo o que passaram se tornaram amigos e o menino, que inicialmente ficaria hospedado em seu alojamento da escola até se recuperar de seus ferimentos, estava morando lá até hoje. E, dentro de tantas garotas incríveis, Kotarô a escolheu como sua Ministra Magi. Natsumi não conseguia imaginar sua vida sem ele.

— É bom saber disso. Não seria fácil ter concorrentes – Natsumi sorriu sem jeito, e foi retribuída por um sorriso igualmente desconcertado. E depois de uma longa noite, todos finalmente adormeceram.


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