Devaneios escrita por Thalia Masen


Capítulo 1
Recordações.


Notas iniciais do capítulo

♥ Dedico " Devaneios" as minhas queridas amigas Alzira e Tita.
Tita, muito obrigada pela capa linda!

♥ Boa leitura!



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Devaneios



Fui praticamente enxotado para meu quarto por Alice. Eu estava até agora ajudando nos detalhes finais de meu casamento. Abri um sorriso. Daqui a menos de duas horas Bella seria oficialmente minha. Nosso amor seria confirmado diante Deus, nossa família e amigos.

Eu estava me esforçando para não ler a mente de ninguém que já houvesse visto o vestido de Bella, eu queria ter a surpresa de vê-la como noiva apenas no momento certo. Minhas irmãs e minha mãe bloqueavam seus pensamentos, mas Renée não sabia que seu futuro genro era um telepata, e com certeza surtaria se soubesse. Ri balançando a cabeça.

Entrei em meu quarto e vi meu fraque sobre a cama que havia tomado o lugar de meu sofá de couro, havia a comprado para que Bella ficasse mais confortável. Iria tomar um banho e me vestir. Alice havia ordenado que eu desse um jeito em meus cabelos desgrenhados. Revirei os olhos. Como se eles parassem no lugar.

Entrei no banheiro e tomei um banho em velocidade humana, não estava com pressa. Passei a toalha por minha cintura e me encarei no espelho. Um vampiro com reflexo, bom, eu não era um vampiro dos clássicos da Literatura. Na verdade, os autores haviam passado bem longe de nossa verdadeira natureza.

Vesti o fraque e me atrapalhei um pouco com a gravata borboleta. Qual era a lógica em ter mais de 100 anos e até hoje não conseguir colocar uma gravata da forma correta?

Uma memória embaçada veio em minha mente, eu ainda humano pedindo ajuda a minha mãe, Elizabeth Masen. Eu não me lembrava dela com clareza, mas sua imagem era mais vívida de que a de meu pai.

Andei para fora do banheiro calmamente, sentei na cama e vesti meus sapatos. Olhei para a minha estante e encarei uma caixa de madeira avermelhada, quase do tom de meus cabelos. Levantei e a peguei. Na tampa da caixa estava entalhado de forma imponente o sobrenome Masen, meu avô havia feito.

Sentei e abri a caixa intocada há mais de 60 anos. Dentro dela havia dois diários e algumas fotografias. Um diário era de minha mãe e o outro era meu. Carlisle havia me aconselhado a escrever ali todas as minhas fracas memórias humanas, pois com o tempo as lembranças iriam se esvair.

Retirei com cuidado os diários e depois peguei a primeira foto. Era minha mãe.

Linda e delicada, essa era Elizabeth Masen. Na fotografia ela estava sentada com as mãos cruzadas sobre o colo, um ar de sorriso brotava em seus lábios. A coloração de seus cabelos e olhos não eram visíveis na imagem preta e branca, mas eu sabia que seus cabelos eram da cor dos meus e compartilhavámos do mesmo tom de verde nos olhos.

Na segunda foto meu pai estava ao seu lado, aquela havia sido a fotografia do casamento. Coincidentemente eles haviam se casado na mesma data que eu me casaria hoje, se casaram em 13 de Agosto de 1899.

Edward Masen fora um homem alto, austero e muito inteligente. Enquanto minha aparência lembrava minha mãe, minha personalidade lembrava o meu pai. Possuíamos o mesmo gênio.

Na terceira imagem um bebê rechonchudo de quase um ano colocava quase a mão inteira dentro da boca. Aquele era eu.

Na quarta eu já estava maior, 5 ou 6 anos talvez, os braços cruzados nas costas. Na quinta eu já contava com uns 12 anos, nessa eu estava no jardim de nossa casa de campo.

Na sexta estávamos os três, aquela havia sido a nossa última foto, em fevereiro de 1918. Minha mãe estava no centro, eu a sua direita com uma mão em seu ombro e meu pai a sua esquerda.

Aquelas fotos eram uma raridade, afinal, não era qualquer pessoa que podia adquirir uma fotografia no início do século XX. Mas minha família era abastada.

Não havia mostrado a ninguém de minha atual família aquelas fotos, talvez eu mostrasse a Bella um dia.

Abri o diário de minha mãe em uma página aleatória e ironicamente caiu na data de meu nascimento.

 

21 de Junho de 1901.

Querido diário,

Hoje às 9:00 da manhã meu primogênito veio ao mundo. Sim, é um menino como sonhei que seria.

Grande e saudável, seu choro ecoou forte pelo quarto quando nasceu. Só Deus sabe o quanto eu temi que não conseguisse trazê-lo ao mundo. Foi doloroso e achei que não teria forças, mas consegui.

E ele é tão lindo, o meu Edward Anthony. Tão comprido e gordinho, já possuí uma cabeleira ruiva como a minha.

Só Deus sabe o quanto eu amo.

Com amor,

Lizzy.

 

Senti meus olhos arderem, mas não haviam lágrimas para cair. Era o veneno. Aquela havia sido a primeira vez que eu lia aquela página. Minha mãe sempre tão doce e carinhosa, tenho certeza que aprovaria Bella.

Ao contrário de minha mãe, meu pai era um homem mais distante. Dono de um dos principais escritórios de Illinois, eu poderia contar nos dedos as poucas vezes em que ele teve tempo para brincar comigo. Fechei os olhos e me lembrei de uma das minhas memórias mais felizes.

             O primeiro jogo de Basebol  

Mamãe sempre me diz que o meu papai é um homem muito importante e inteligente, e por isso ele não pode brincar comigo. Mas hoje é um dia especial, hoje completo 6 anos. A minha mamãe me acordou animada e disse que iríamos comemorar meu aniversário na nossa casa de campo.

Papai me prometeu que hoje me ensinaria a jogar Basebol, eu fiquei muito feliz pois agora eu saberia brincar com meus amigos.

—Segure o taco assim, Anthony. - Papai posicionou o taco em minhas mãos. -- Desta forma você rebate. Entendeu?

Eu assenti. Havia entendido direitinho. Olhei para mamãe, ela estava sentada sobre uma toalha de piquenique e cortava um bolo, ela olhou para mim acenou sorrindo enquanto segurava o chapéu que queria voar de sua cabeça por causa do vento forte.

—Preste atenção, Anthony! - Meu pai arremessou a bola e eu consegui rebater na primeira tentativa. Soltei o taco e corri em sua direção. Ele me pegou no colo e bagunçou os meus cabelos.

—Meu Campeão!    

Sorri lembrando daquela memória.

Hoje, um século depois, eu realizaria o sonho de minha mãe em me ver casado. Ri lembrando da quantidade de pretendentes que ela havia arrumado na esperança de que eu me apaixonando, deixaria de lado a vontade de ir para a guerra. Mal sabia ela que eu ainda ficaria um século sozinho até conhecer o amor de minha existência.

Eu não me lembrava de todas as pretendentes, mas de uma eu nunca me esqueceria. Joane, a garota dos babados.

                   A Garota dos Babados

Bocejei enquanto Joane falava, eu não aguentava mais a sua voz. Agora ela recitava uma parte de Sonhos de uma noite de verão.

Minha mãe queria me matar de tédio, com certeza. Eu já havia perdido a conta de quantas moças ela havia me apresentado no último mês. Nenhuma delas havia me despertado interesse, talvez Luna por sua inteligência, mas aquilo não era o bastante, eu não desistiria da honra de batalhar na primeira guerra mundial.

Olhei para Joane e prendi o riso. A menina vestia rosa dos pés a cabeça, o vestido era deveras bufante e cheio de babados ridículos. Mas nada se comparava ao laço gigante em sua cabeça.

Vi quando ela deu para trás e um babado se prendeu em uma planta, fazendo com que ela se desequilibrasse e caísse com tudo dentro da pequena fonte de minha mãe.

Não me controlei e soltei uma gargalhada ruidosa, não era nenhum pouco cavalheiro de minha parte rir da moça, mas não consegui segurar.

Edward! - Ela gritou ultrajada, seu laço gigante caído na testa. - Me ajude!

Ri balançando a cabeça, aquilo havia sido hilário. Suspirei e me lembrei da séria briga que tive com meu pai duas semanas antes de contrairmos a gripe espanhola.

                            Moleque

 

Tire essa ideia já de sua cabeça, Anthony! - Meu pai esbravejou com um dedo apontado para mim. - Você irá cursar Direito em Harvard e ponto final.

—Eu vou me alistar, já decidi. - Gritei. - E você não vai me impedir.

Ele passou as mãos nos cabelos e respirou fundo.

—Filho, pense bem, você tem tudo, não há necessidade disso. - Ele falou calmamente. - Pense no escritório.

—Quero que seu escritório vá para o inferno!

—Moleque! - Rugiu e senti minha face arder com o tapa forte. Ele me suspendeu pelo colarinho de minha camisa e prensou na parede.

—Edward! O solte pelo amor de Deus! - Minha mãe gritava chorando. Ele me soltou e eu corri para meu quarto.



Balancei a cabeça resignado com aquela lembrança, eu fora um idiota. Duas semanas depois meu pai faleceu da gripe, logo depois eu e mamãe contraímos a doença.

Ela havia sido forte, forte o bastante para cuidar de mim enquanto a mesma ardia em febre. E fora inteligente, logo havia notado que havia algo diferente em Carlisle, ela havia pedido que ele me salvasse, e ele o fez.

Olhei para um envelope ainda lacrado no fundo da caixa, aquele eu ainda não havia aberto. Aquela era a última carta de minha mãe. Respirei fundo e tomei coragem para abri-la.

 

Meu Menino,

Sei que me restam poucos dias de vida, só Deus sabe o quanto eu queria estar forte para cuidar de ti.

Você irá sobreviver, meu amor. Não sei como, mas tenho certeza.

Nunca se esqueça da coisa mais preciosa que temos em nossa vida, o amor. O amor nos mantém vivos.

E é por amor que ainda estou aqui, cuidando de você, mas sinto que minha hora está chegando.

Te amarei por toda a eternidade,

Seja feliz!

Mamãe.

E eu serei feliz, mamãe. Sorri com aquela confirmação. Queria que você estivesse aqui.

Ouvi dois toques tímidos na porta, era Esme. Guardei os pertences na caixa e abri a porta porta.

“Ele está tão lindo!”

Esme me olhava emocionada.

—Pode me ajudar, mãe? - Perguntei apontando para a gravata. Ela assentiu sorrindo e a amarrou.

—Vamos? - Ela perguntou.

—Vamos!

Dei meu braço e ela o pegou. Havia chegado a hora.

Descemos as escadarias, olhei para o lado e vi uma mulher linda com um vestido verde que combinava com seus olhos. Ela sorria. Minha mamãe. Sabia que era fruto da minha mente, mas ao mesmo tempo sabia que ela estaria comigo pela eternidade.

Já no altar, olhei para frente quando a marcha nupcial começou e sorri para o amor da minha existência.                                                

 


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Notas finais do capítulo

♥ Espero dee coração que tenham gostado!

♥ Se gostaram, comentem, favoritem e recomendem!

♥ Beijoooos