— Levanta, Bela Adormecida! — O grito de Jacob alertou Athena, deixando claro que eles chegaram a estrada de terra onde andava com Bella. — O príncipe não esta aqui para acordar você com um beijo, então...

— Mandaram a mula dele no lugar — retrucou irritada. Tirar um cochilo na caminhonete tinha sido uma ideia horrível após perceber que o pescoço sofria de torcicolo.

Bella estava olhando em volta do local, com certeza torcendo para que não houvesse pessoas escondidas ou acampando perto. Ela voltou para os dois jovens de dezesseis anos e revirou os olhos para suas trocas, estendendo o braço para tentar ajudar Athena a descer do automóvel.

— Deixa comigo. — Jake deu um passo a frente, passando os braços pelas pernas e tronco e puxando uma muito agradecida Athena. — No mínimo, eu ganho o título de alazão — disse fazendo referência ao cavalo de pele avermelhada.

— Muito obrigada, meu bravo alazão! — Ela revirou os olhos quando ele não viu, mexendo as pernas quando tocaram o chão. — E agora?

— Entramos na floresta, os outros estarão lá.

Os três começaram uma curta caminhada dentro de mais árvores verdes e marrons, o que mais havia na cidade e logo pararam. Prontamente, avistaram quatro garotos parados, seminus, o mesmo tom de escuro nos cabelos cortados, uma tatuagem no braço, e com expressões de raiva no momento em que avistaram as duas. Athena conhecia dois rostos entre aqueles, um deles era Sam e seu olhar autoritário, o outro era de Embry Call, a nova adição deles.

— O que você fez? — Sam reclamou.

Antes que Jake pudesse responder, um dos garotos se adiantou.

— Por que você não consegue obedecer as regras, Jacob? — Ele parecia tremer, e Athena tinha convicção de que não era de frio. — Sabe que está colocando em risco tudo o que a tribo tem feito trazendo e contando a elas tudo! Você não liga para as pessoas mortas?

— Bella sabe de coisas que podem nos ajudar! — Jake respondeu, olhando para o enraivecido.

— Ah claro! Traga a adoradora de sanguessugas para ajudar, aposto que ela está doida por isso. — Ele praticamente cuspia na cara do outro agora.

— Um calmante faria maravilhas aqui — a garota sussurrou no tom mais baixo que pode. Não perdendo o olhar e alto rosnado que um deles mandou em sua direção.

— Para que mais você contou? — Ele chegava a dar passos para perto de Jake, os olhos esbugalhados de raiva. — A irmã dela? Muito desnecessário. O que Billy diria?

— Sejam simpáticos e ofereçam bolinhos? — Athena tentou distorcer a atmosfera poluída com raiva misturando seu humor desesperado. Em vão, é claro.

— Athena, agora não é a hora. —Bella agarrou seu braço, puxando a irmã para trás de si.

— Paul, ela pode nos ajudar — Jacob colocou ambas as mãos nos ombros de quem Thena agora sabia ser Paul.

— Não Jacob, quem vai ajudar será você quando calar a boca!

Algo estranho ocorreu depois disso. Paul bateu nas mãos em seus braços, deu passos para trás e seu corpo tremeu mais do que o normal para um ser humano. Athena sentiu a mão de Bella apertar seu braço, sinal claro de medo, e logo em seguida, os ossos do garoto pareciam estar se movendo, a pele parecia trocar dando lugar a um lobo cinzento.

— Caramba — Athena murmurou. O lobo era enorme, quase do tamanho de um cavalo. A garota se sentia intimidada pelo ar de raiva que exalava.

Jacob não perdeu tempo em correr e dar um ligeiro pulo — aterrissando no lugar um lobo castanho avermelhado. Os dois seres se embaraçaram numa massa confusa de rosnados em direção a parte profunda da mata, com Sam correndo para acompanhar, gritando sobre levá-las até a casa de alguém chamada Emily.

As duas irmãs foram conduzidas até a caminhonete de Bella pelos dois garotos-lobos restantes. Embry e, quem Thena descobriu ser, Jared, comentando sobre roupas rasgadas e apostas sobre a briga que acontecia. Ela foi ajudada a subir na parte traseira, enquanto eles tranquilizavam a mais velha sobre não precisar se preocupar com Jake. E que logo eles poderiam resolver tudo com calma na casa de Emily.

***

—Já estamos chegando?

— Pela quinta vez, Athena, não.

Jared Cameron estava mudando de ideia sobre ter se metido na parte de trás do carro, a garota tinha certeza disso. Não era por mal que ela estava irritando ele, apenas estava com tédio e tentava se distrair de seu estômago roncador. Não havia colocado quase nenhum alimento em seu corpo, isso trazia efeitos para si e todos ao redor — nenhum desses sendo de bom caminho.

Athena notou que Jared parecia divertido no início do passeio. Agora, quase vinte minutos depois e muitas perguntas, ele estava encarando árvores com um olhar alerta e tentando ignorar os cochichos ao seu lado com respostas entediadas e breves.

— Quem é Emily? — Thena mudou suas pernas para que estivessem cruzadas, batendo os dedos em ritmos estranhos. Ela não reconhecia ninguém com esse nome.

— É a noiva do Sam — pelo tom animado, ela deve ser alguém especial para ele. — A casa dela é como um refugiu para nós, então trate ela bem e tenta não reparar muito nela, tá. —Jared olhou com cuidado para a mais nova entre eles. — Sam odeia que encarem ela.

Ela apenas balançou a cabeça, pensando que isso é um ato comum. Ninguém gosta de ser encarado.

Mais árvores passaram, quando estacionaram em frente a uma pequena casinha decorada com flores. Thena achou que era fofa e estar entre todo o verde e marrom só adiciona mais ao encanto. Se encontrou com sua irmã, que lançou um pequeno sorriso para a loira, ganhando outro em troca.

As duas entraram no que parecia ser uma cozinha, os dois garotos sentaram em cadeiras ao redor de uma mesa circular, cumprimentando uma mulher que segurava um prato que deixou a boca de Athena salivando de fome do quão bem cheirava.

— E quem essas poderiam ser? — Um tom gentil e melodioso saiu da mulher que as irmãs só viam as costas. Ela se virou, e Athena entendeu o que Jared quis dizer sobre encarar.

Era um rosto bonito, isso ela tinha que dizer, mas enfeitando o lado direito corriam três cicatrizes enormes e profundas. Thena fez questão de oferecer um olhar amigável e fez de tudo para olhar apenas nos olhos de Emily, e não nas marcas em seu rosto.

— Bella e Athena Swan, quem mais poderiam ser — Jared respondeu.

— Ah, — Emily assentiu, passando olhar entre Bella e o prato nas mãos — a garota vampira.

— E você é a garota lobo — Bella concluiu, nervosismo no tom.

— Sou noiva de um — o olhar de Emily era orgulhoso.

— E eu sou uma garota com fome — Athena se intrometeu na atmosfera calma e tensa ao mesmo tempo. — Posso pegar um? — Apontou para o prato de muffins.

— Claro. — A mulher entendeu um para ela, um olhar divertido ao ver a satisfação assumir o rosto da mais nova. — Pegue dois, esses meninos comem mais que porcos e não deixam para os outros.

— Obrigada — disse sentando ao lado de Embry. — Minha irmã não me alimenta mais antes de sair em suas aventuras. — Bella lançou um olhar indignado em sua direção, seguido por risadas pequenas dos garotos ao lado.

— Quer um, Bella? — Emily fez sinal para o prato. — Não estou brincando quando digo que eles comem tudo. — Pousou o prato na mesa, dando um tapa leve em Jared que se adiantou para pegar( o timing perfeito para adicionar um ponto a afirmação). — Deixem para seus irmãos.

Sua irmã se encostou no balcão que separava a cozinha da mesa, um muffin na mão e um olhar rápido entre todos ao redor. Athena sabia que ela estava avaliando a situação ao redor.

O clima entre todos estava calmo, com Embry "revelando", segundo Jared, os segredos da tribo para uma garota que corre com vampiros e sua irmã que só estava ali por acaso. Lógico, que uma delas se posicionou em defender o ponto de vista sobre os seres noturnos, enquanto assistia sua irmã devorar o bolinho com avidez, olhando para o segundo em sua mão como se fosse uma obra de arte.

Parecia passar poucos minutos até Sam cruzar a porta, um olhar mais relaxado ao olhar para as intrusas na cozinha. Athena observou interessada quando o homem que ela julgou sendo frio para todos abraçou sua noiva e enfeitou seu rosto com delicados beijos, concentrando nas cicatrizes. Ela desviou o olhar para o chão, notando que estava encarando demais — não podia se culpar, era uma cena fofa até.

A porta se abrindo com um estrondo desviou sua atenção do momento íntimo e adorável. Paul e Jacob estavam rindo e se empurrando como velhos amigos, era estranho já que a menos de meia hora eles estavam prestes a se matar. A loira só poderia pensar em como eles eram confusos, levantando um dedo e rolando perto da têmpora na direção de sua irmã.

Garotos-lobos eram de outro mundo.