Crônicas dos infortúnios escrita por LethFersil


Capítulo 5
Quem ajuda o ajudador?


Notas iniciais do capítulo

Ajudar os outros é bom, é nobre e exaustivo.



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Eu juro que tentei...

Sempre quis ser o amigo que não abandona que estende a mão e está ali para o que der e vier. Consegui por bastante tempo, mas me cansei.

Andei pela cidade inteira naquele sábado sentindo um vazio inesgotável, um cansaço, sentia um peso nas minhas costas, um peso muito maior do que eu conseguiria carregar.

Uma vez ouvi de um senhor uma pergunta que não consegui responder...

“Quem acolhe o acolhedor? Quem consola o consolador?”

Eu não sei.

E ainda não sei.

Semana passada o meu melhor amigo teve uma crise grave de depressão, conversei com ele e o fiz sorrir, ele ficou bem melhor depois que eu o deixei em sua casa, ele estava ótimo, mas eu estou cansado até agora.

Enquanto andava pelas ruas começou uma forte chuva, pensei em correr para o abrigo mais próximo, mas estou tão pesado e qual a razão de correr? É só água.

Ajudo muitos amigos, mas sempre sinto esse vazio depois, como se nada tivesse um sentindo... Talvez eu precise de ajuda também, mas eu sou o ajudador, então quem vai me ajudar?

Isso doi tanto...

Talvez dormir melhore, ouvi de um amigo, agradeci o conselho, mas não funcionou.

Você parece tão deprimido, descansa um pouco, ouvi de outro amigo.

Está com dor? Toma um remédio! Indicou um familiar, mas ainda não inventaram um medicamento que cure o cansaço da alma.

Procurei meu melhor amigo, mas ele nunca estava lá. Estava em festas, baladas, raves, com outros amigos... Não o culpo, o ajudei porque quis, mas isso doi sabe?

Continuei andando pelas ruas, me sentindo um zumbi de cansaço, sugado pelos problemas alheios e sem ver um raio de esperança... Ser bom machuca, dizia o morador de rua, mas é necessário ser muito forte para se manter bom e aguentar a dor.

Andei por tantos lugares, vi tanta gente, inclusive um assaltante que levou meu celular, deveria estar com ódio daquele homem, mas lembrei da frase do morador de rua, ser bom machuca, então eu aguentava aquela dor.

A vida não era só tristeza, haviam momentos felizes com minha família, minha namorada e alguns amigos.

Ainda estava cansado, mas seguia feliz.

Ajudar sem querer nada em troca é algo nobre. Mas que alma desesperada sobrevive apenas de nobreza?

Precisei deixar que as pessoas necessitadas de ajuda se resolvessem sozinhas, precisava de tempo para mim, minha mãe disse que eu precisava ajudar a mim, mas eu achava que precisava de alguém, então a questionei sobre o ditado do homem:

 - Quem ajuda o ajudador?

— Ninguém. – respondeu a minha mãe com toda a sua sabedoria.


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Notas finais do capítulo

Essa é a última crônica, talvez tenha uma segunda parte, talvez não tenha, mas a mensagem que fica é:
“Reciprocidade não é obrigatória, mas você não deve deixar de ser bom porque as pessoas não dão valor, porque no fim, quem dorme tranquilo sabendo que fez o certo é você.”



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