The Night We Met - Mileven escrita por MikaBadass


Capítulo 3
Cada suspiro que você der


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus caros leitores! No último capitulo tivemos belos momentos entre Hopper e El que trabalhavam na preparação desta para o baile. Parece que o laço entre os dois está mais forte do que nunca, mas Eleven ainda precisa de seu desfecho mais importante e se dirige ao baile!

Mike, por sua vez, teve uma tarde não muito de seu agrado, mas, como havia prometido a seu amigo Will, foi para o evento tentar passar um bom momento com seus amigos. Ele não faz ideia do que vem pela frente!

Prontos para zarpar no último capitulo dessa história?



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Mike

18:30

Quando eu cheguei em frente ao pavilhão da escola já havia um grande movimento e alguns alunos entravam no local. Minha mãe fez questão de me acompanhar até a entrada, mas eu dei um jeito de me separar rapidamente dela quando ela parou para conversar com meu professor de história.

Entrei na primeira divisória do pavilhão onde alguns alunos estavam parados a espera de seus pares ou apenas jogando conversa fora e eu já podia ouvir música alta vinda do outro lado. Me dirigi à mesa da entrada onde o sr. Clarke estava encarregado da lista de participantes, garantindo que nenhum espertinho de fora entrasse de gaiato no nosso baile.

— Boa noite, sr. Clarke – eu disse me posicionando em frente a mesa e ele virou sua cabeça em minha direção.

— Ora, boa noite sr. Wheeler! – ele disse sorrindo e analisando meu semblante. – você está bastante elegante.

— Obrigado. – eu respondi dando um meio sorriso e entregando minha entrada.

Ele pegou o ticket e se dirigiu à lista em sua mesa com uma caneta em mãos.

— Ok, sr. Mike Wheeler – ele disse riscando meu nome da lista – está feito. Tenha uma noite maravilhosa!

Eu agradeci novamente e me direcionei a segunda porta dupla que levava até a quadra do pavilhão e adentrei no local. Logo acima de minha cabeça, na entrada, haviam três arcos feitos de balões, como que formando um túnel que dava entrada para um novo mundo. Mais a frente eu podia ver o local que normalmente era uma quadra de esportes transformado em uma enorme pista de dança onde vários alunos se soltavam ao som de Pat Benatar. Logo acima das cabeças deles grandes letras, penduradas no teto por fios transparentes, brilhavam em azul e branco dizendo “Baile da Neve”. Mais ao fundo haviam várias mesas e cadeiras onde os jovens menos extrovertidos se encontravam sentados comendo ou bebendo algo, e foi até lá que eu me direcionei. Passei por uma mesa posicionada à minha direita, próxima a entrada, onde Nancy servia ponche para quem quer que fosse lá buscar. Ela percebeu minha chegada e apenas piscou o olho para mim. Eu levantei minhas sobrancelhas retribuindo o cumprimento e segui em direção às mesas.

Em uma delas, reconheci meus amigos Lucas, Max e Will sentados conversando e me aproximei. Eles se levantaram ao perceber minha chegada.

— Mister Mike – Lucas disse me cumprimentando com um aperto de mãos.

— Você está muito bem. – Will disse sorrindo.

— Obrigado, cara. Você também está ótimo – eu retribui o elogio.

— Uau, eu realmente nunca imaginei que vocês esquisitões conseguiriam realmente ficar elegantes – Max disse dando um risinho enquanto me olhava de cima a baixo.

Eu apenas fiz uma careta, mas sabia que aquela era a noção de elogio dela.

— Ah, Mike, vamos lá pegar ponche para todo mundo comigo. – ele disse para mim, mas sorria em direção à Max. Eu tinha certeza que ele só estava tentando conquistar pontos com ela e antes que eu pudesse protestar ele me puxou em direção à mesa que a Nancy se encontrava.

— Cara, por que você tem que me arrastar nas suas cruzadas? – eu indaguei rindo da cara de bobo que ele tinha enquanto observava Max por cima do ombro.

— Vamos lá, Mike! Dá uma força pro seu parceiro! – ele disse colocando seu braço em volta do meu pescoço e eu apenas balancei a cabeça.

Paramos em frente a mesa da Nancy logo após um grupo de meninas sair com seus copos servidos.

— Lucas, irmãozinho. – Nancy disse se dirigindo a nós dois.

— Nance. – Lucas disse com um aceno de cabeça. – Gostaríamos de quatro doses desse ponche para nós e nossos amigos.

— Quatro doses potentes saindo – ela disse soando como uma bar tender profissional e servindo quatro copos um a um.

Eu peguei dois copos e observei o conteúdo, intrigado.

— O que diabos tem aqui dentro? – eu perguntei enquanto cheirava um dos copos tentando decifrar que tipo de mistura ali havia.

— Combustível puro, irmãozinho. É melhor pegar leve. – ela disse com um sorriso malicioso nos lábios.

Eu imaginei que ela deveria estar tirando onda com a nossa cara, então simplesmente revirei os olhos e eu e Lucas seguimos de volta para nossa mesa.

— Aqui está, Max – Lucas entregou um dos copos para Max logo ao chegarmos na mesa, com seu sorriso bobo estampado na face.

— Hãn…valeu, perseguidor. – ela disse pegando no copo enquanto observava com divertimento a cara de besta que ele fazia.

Nós quatro sentamos na mesa e conversamos sobre várias bobagens enquanto bebíamos nosso ponche turbinado que nem percebemos o tempo passar. Até que repentinamente, enquanto eu e Lucas discutíamos se Luke era ou não mais forte que Obi-Wan, Max interrompeu nossa fala.

— Oh-meu-Deus. – ela disse e nós nos viramos para ela, notando que ela observava algo boquiaberta. Nos voltamos imediatamente para a direção de seu olhar e eu percebi o que ela queria dizer.

Dustin vinha em nossa direção. Ele estava bem arrumado com um belo terno, mas não era isso que chamava a atenção. Era o cabelo dele. Estava todo produzido como um projeto de Steve com um cabelo crespo bastante rebelde. Eu sinceramente não fazia ideia de como ele tinha deixado o cabelo dele daquele jeito.

Quando ele se aproximou nós todos demonstramos a nossa surpresa questionando o que diabos ele tinha feito consigo mesmo (Lucas aproveitou para tirar sarro com o cabelo dele), e em meio a protestos dele nós rimos. Infelizmente não houve muito tempo para aproveitar com todos juntos já que repentinamente a música animada deu lugar a uma música calma e percebemos que em meio a pista de dança casais começaram a se formar.

Os próximos momentos se seguiram com algumas cenas bastante inesperadas. Lucas, da forma menos sútil possível, conseguiu chamar Max para dançar e ambos seguiram e direção a pista juntos. Anne Attwood, uma menina de nossa turma, convidou Will para acompanha-la na dança. Meu amigo pareceu perplexo num primeiro momento, mas eu consegui incentiva-lo a aceitar e ambos também foram para pista. Eu notei que Dustin tinha ficado um pouco deprimido ao ver que Max e Lucas estavam dançando juntos, entretanto, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa para consola-lo, ele pareceu recuperar seu ânimo e disse que ia partir em sua própria jornada (seja lá o que isso quer dizer).

Eu franzi minhas sobrancelhas ao vê-lo dar uma piscada para mim e seguir em direção a um grupo de garotas. No meio delas estava Stacey Miller, a garota mais nojenta de nossa turma. Eu observei Dustin dizer algo para ela até que ela virou o rosto na direção dele e ele estendeu sua mão em um convite para uma dança. Stacey disse algo balançando sua cabeça e saiu com suas amigas que pareciam rir de Dustin. Eu fiquei com pena dele e quase fui em sua direção, mas logo em seguida ele se dirigiu para outro lado, então supus que ele ia ficar bem.

Me sentei em minha cadeira novamente e acabei lembrando que foi justamente nesse pavilhão que eu tinha convidado a El para vir ao Baile da Neve comigo. Foi aqui que tínhamos dado nosso primeiro beijo. Eu não sei se ela tinha entendido bem o que aquilo significava, mas após a surpresa que pareceu atingi-la em um primeiro momento ela sorriu para mim, então eu supus que ela tinha gostado. Agora aquela lembrança parecia apenas ter sido um sonho, como os muitos outros que eu já tinha tido com ela. Um sonho que eu não sabia se poderia realizar novamente.

Depois de refletir por alguns minutos acabei por voltar minha cabeça à pista novamente, por acaso. Percebi que Nancy dançava com Dustin, e consegui esboçar um leve sorriso. Eu sabia que ele tinha uma queda por ela há muito tempo, então aquilo deveria estar fazendo a noite dele valer a pena.

Eu apenas fitei o chão por algum tempo, voltando a ficar submerso em pensamentos. Meus amigos provavelmente se mantiveram dançando, já que não voltaram para a mesa. Eu pensei em me levantar e simplesmente sair dali, mas ouvi o som da porta da entrada se abrindo. Virei meu rosto em direção a ela e, ao perceber quem entrava, não consegui dizer se eu estava acordado ou sonhando. Eleven entrou no pavilhão, vestida com um lindo vestido azul-acinzentado com vários detalhes rosas, nos quais eu não reparei por muito tempo. Observei o rosto dela que estava com uma maquiagem bem-feita, mas bastante suave (diferente da que ela tinha quando nos reencontramos pela última vez). Seu cabelo estava produzido e eu imaginei que devesse ter dado um trabalho imenso. Ela estava linda demais e eu sentia meu coração bater extremamente acelerado em meu peito só de olhar pra ela.

Eu me levantei e fiquei parado por alguns segundos a observando. Alguns segundos olhando para ela pareceram muito tempo, pois eu sentia que só olha-la fazia o tempo parar na minha volta.

Eleven estava olhando o lugar a sua volta com encanto, o que era de se esperar de alguém que nunca tinha estado em um baile, até que nossos olhares finalmente se encontraram. Ela pareceu demonstrar a mesma surpresa ao me reencontrar depois daquele mês inteiro, mas eu não hesitei, e ela também não. Segui em direção à pessoa com quem eu mais queria estar e ela veio ao meu encontro.

Eleven

Eu observei tudo a minha volta com uma empolgação que eu nunca tinha tido antes. Por vários lados, tiras de papel se encontravam penduradas nos lugares mais inusitados, dando um brilho acinzentado ao salão e pedaços picados do mesmo papel se encontravam por todo o chão. Balões azuis decoravam mesas e paredes, assim como arcos de entrada sobre a minha cabeça. Sobre a pista de dança, flutuavam os dizeres “Baile da Neve”, enquanto vários jovens dançavam juntos.

Eu fiquei sobrecarregada com as informações que os meus sentidos me passavam e por alguns segundos não soube pra onde ir, até que, como se a multidão de casais dançantes abrisse espaço para aquele único propósito, eu reconheci Will. Ele se encontrava ao fundo do salão e me fitava com um olhar incrédulo. Ele usava roupas diferentes, como as dos rapazes no filme que eu tinha visto mais cedo, o que deu a impressão de que ele fosse mais velho. Eu respirei fundo, sentindo o meu coração acelerar e percebi que ele vinha em minha direção, então, sem pensar duas vezes eu segui em direção a ele também.

Paramos um em frente ao outro e eu sorri, sem saber o que dizer. Mesmo que soubesse que ele era a pessoa com quem eu poderia compartilhar qualquer segredo me sentia nervosa agora que estava em frente a ele, o que acabou tirando momentaneamente minha capacidade de falar.

— Você está muito linda – ele disse nervoso enquanto me observava.

— Obrigada. Você também - eu respondi sem jeito, desviando meu olhar para meus próprios pés ao sentir meu rosto corar.

— Eu nunca pensei que você viria – Will comentou parecendo feliz com a surpresa – o Hopper tinha dito que era perigoso demais.

— Ele disse que hoje tudo bem – eu consegui responder dando um leve sorriso e agora olhando para os olhos dele. Fazia tempo que não estávamos tão próximos e só aquilo já parecia ser bastante difícil de fazer, mas eu dei o melhor de mim.

— Você…quer dançar? – Mike perguntou gesticulando em direção a pista de dança onde os casais se mantinham juntos dançando.

Por alguns segundos, em minha própria mente, eu me preocupei com a ideia já que nunca tinha dançado antes, mas resolvi ser sincera com ele.

— Eu…não sei. – eu respondi um pouco desconcertada. Talvez fosse estranho uma pessoa que não sabia dançar ir a um baile, mas ele não pareceu surpreso.

— Tudo bem, eu também não sei. – ele disse soando bastante despreocupado – mas se você quiser a gente pode aprender juntos.

Eu assenti com a cabeça e ele estendeu sua mão para mim. Eu a segurei e ele me guiou até o centro da pista. Percebi meninos e meninas virando suas cabeças para me observar com curiosidade, possivelmente por nenhum deles me conhecer. Eu tentei ignorar os olhares que estavam me deixando envergonhada e me foquei em Mike que tinha se virando de frente pra mim mais uma vez. Ele colocou minhas duas mãos nos ombros dele e depois colocou as próprias mãos em minha cintura, o que fez minha pulsação acelerar. Eu observei a postura das outras meninas na quadra e copiei juntando minhas mãos em volta do pescoço dele, e dessa vez foi ele quem pareceu ficar um pouco nervoso, o que me fez dar um sorriso de alívio.

— O que foi? – ele questionou franzindo uma sobrancelha enquanto começávamos a nos mover devagar pela pista.

— Nada. – eu disse balançando a cabeça – é só que, eu entendo você, Mike.

Ele pareceu compreender ao notar que eu desviava meu olhar dele constantemente enquanto dançávamos muito próximos um do outro. Eu sentia que mesmo se não tivesse meus poderes, meu corpo poderia sair flutuando junto com o de Mike a qualquer momento.  Eu o ouvi dar um riso baixo e virei para ele.

— O que foi? – perguntei, repetindo as palavras dele e desta vez sendo eu a pessoa dominada pela curiosidade.

— Nada. – ele também repetiu minhas palavras e balançou a cabeça, rindo.

— Mike. Amigos não mentem. – eu disse olhando fixamente para ele como costumava fazer no passado.

— É só que…- ele disse pensativo, parecendo procurar as palavras certas – eu quase tinha desistido de vir nesse baile hoje.

— Por quê? – eu questionei sem entender o motivo que faria ele perder esse momento tão incrível.

— Bom, eu acho que não tem muito sentido vir a um baile se você não pode estar com…a pessoa de quem você gosta – ele disse aquilo como se fosse algo muito difícil de dizer e  precisasse tirar do fundo do peito, mas depois manteve seus olhos fixamente em mim.

Demorei alguns segundos para perceber que ele falava de mim. Lembrei das coisas que tinham passado pela minha cabeça mais cedo, sobre como as coisas eram diferentes com ele, e consegui ver que quando ele dizia que “gostava” de mim não era da forma como gostava do Will e dos outros, ou como gostava da Nancy. 

Eu senti que havia ficado um pouco ofegante, mas procurei palavras pra dar uma resposta ao que ele me disse.

— Eu…eu também…gosto de você, Mike - eu consegui dizer, enquanto sentia minhas pernas tremerem um pouco.

O rosto dele pareceu ficar um pouco vermelho, mas ele sorriu e eu sorri de volta. Enquanto dançávamos girando pela quadra eu sentia como se o mundo ao nosso redor não existisse. Era como se toda aquela espera, escondida naquela cabana no meio da floresta, tivesse servido apenas para que pudéssemos nos encontrar naquele momento perfeito que nada iria interromper.

Nós nos fitamos sem desviar o olhar quando senti ele aproximar seu rosto lentamente. Eu aproximei meu rosto do dele, como se um ímã me puxasse em direção àquilo que eu procurava, e nós juntamos nossos lábios. Foram apenas breves segundos, mas para mim duraram como uma hora inteira. Da última vez que tínhamos nos beijado eu não fazia ideia do aquilo significava, então agora eu pude aproveitar aquele momento ao máximo. Eu pude sentir um cheiro de menta vindo da boca dele quando ele se afastou um pouco, o que me fez pensar que ele deveria ter sentido o sabor de cereja que estava em meus lábios graças ao que o Hopper tinha passado neles para que ficassem da cor que estavam.

Eu sorri, voltando a olhar para baixo. Encostei minha testa levemente no rosto dele e fechei meus olhos, e, enquanto dançávamos, eu apenas desfrutava da presença de Mike junto a mim.

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Nós dançamos algumas músicas (perdi a conta de quantas) até que reparei que alguém cutucava Mike. Nós dois viramos para observar quem era a pessoa e eu reconheci nosso amigo Dustin, com um grande sorriso estampado no rosto. Eu e Mike nos separamos com um pouco de constrangimento por estarmos tão próximos um do outro na a presença de um amigo nosso que nos observava.

— Ei, Mike! Eleven, você está arrasando – ele disse se dirigindo a cada um de nós e eu sorri em direção a ele, mas acabei desfazendo o sorriso rapidamente ao perceber como o cabelo dele estava.

— Dustin…o seu cabelo…- eu observei com espanto a forma que seu penteado tinha tomado e movi minha mão em direção à cabeça dele, mas Dustin evitou o meu toque com um movimento rápido para trás.

— Ah, não! Você também não! – ele protestou arrumando seu penteado apesar de eu não ter encostado nele.

— Não liga pra ele, El. – Mike comentou ao observar com divertimento a inquietação de Dustin em relação ao seu cabelo – o que houve, cara?

— O sr. Clarke disse que segundo fontes seguras está ocorrendo uma chuva de estrelas cadentes essa noite e que talvez algumas sejam visíveis no céu noturno, então eu e Lucas pensamos em dar uma fuga rápida lá pra fora com a party toda. – Dustin disse empolgado fazendo um sinal com a cabeça para as suas costas. Eu observei que mais ao fundo Lucas e Max (a garota de quem eu não gostava muito) estavam próximos à uma porta que tinha logo acima pequenas letras brancas dentro de um retângulo verde. Elas diziam “saída” e tinham o desenho de um boneco ao lado.

— Hã, eu não sei. O que você acha, El? – Mike se virou para mim parecendo um pouco interessado com a ideia, mas ao mesmo tempo ele também não parecia querer ir se eu não quisesse o mesmo.

Eu refleti por alguns segundos. Estava me sentindo muito feliz em poder ficar ali dançando com Mike, que possivelmente teria permanecido assim até a hora de ir embora, mas eu também queria matar a saudade de Dustin e Lucas, e eu sabia que o Mike queria se divertir com eles também.

— Sim. Eu quero ir. – eu disse assentindo em direção à Mike que abriu um sorriso de satisfação.

— Beleza, casal ternura. – Dustin falou se dirigindo a nós, mas eu não entendi o que ele quis dizer – Mas você, Mike, fica responsável de chamar o Will. Eu não quero passar esse mico de ficar interrompendo a dança dos outros toda a hora.

Mike apenas revirou os olhos, mas assentiu e depois se virou em minha direção.

— El, você pode ir com Dustin na frente. Eu vou chamar o Will e já encontro vocês. – ele disse apertando de leve a minha mão eu assenti com a cabeça.

Mike seguiu para outro lado da pista enquanto eu e Dustin fomos em direção a porta onde Lucas e Max se encontravam. Percebi, a medida que nos aproximamos, que eles pareciam estar de mãos dadas. Lucas dizia algo com um sorriso bobo no rosto e Max parecia rir como se ele tivesse contado uma piada. Quando eles perceberam que estávamos mais perto soltaram as mãos um do outro viraram os rostos para lados contrários.

— Cara, vocês são tão óbvios – Dustin disse balançando a cabeça enquanto se escorava na parede ao lado da porta cruzando os braços.

Eu me questionei porque Dustin os chamara de óbvios, mas pude perceber que os dois estavam agindo de forma diferente em relação um ao outro.

— Hã…eu não sei do que você está falando, cara. – Lucas disse esboçando um sorriso nervoso – E a propósito, nós temos uma missão, lembra?

— Ah, você tem razão. – Dustin retomou a postura e virou-se em direção a lateral da pista, onde se encontravam mesas com alguns pedaços de bolo e salgados de festa. – Temos que pegar suprimentos!

— Ok, então eu pego as bebidas e você…- Lucas começou a falar, mas antes que pudesse completar Dustin o interrompeu.

— Não! Pode deixar que eu pego as bebidas e você pega as guloseimas! – ele disse sorrindo e saiu em direção a uma das mesas onde a irmã de Mike, Nancy, se encontrava sentada em uma cadeira.

Lucas apenas balançou a cabeça observando Dustin sair animado e depois seguiu para a mesa com as comidas.

Eu e Max ficamos sozinhas, o que me fez sentir um pouco estranha. Da última vez que tinha estado com ela, ela tinha sido educada e tentado falar comigo, mas eu simplesmente a ignorei. Eu tinha ficado com muita raiva por ver ela próxima do Mike, mas agora que eu percebia que não havia nada entre eles, me sentia um pouco estúpida por ter agido daquela forma e sem saber o que dizer. Eu percebi que ela me fitou rapidamente de cima a baixo e antes que eu pudesse dizer algo ela sorriu para mim.

— Seu vestido e seu cabelo estão incríveis– Max falou parecendo sinceramente impressionada com o meu visual. Quando ela me viu pela primeira e última vez eu estava completamente diferente, então acho que era normal que ela demonstrasse espanto agora.

— Obrigada. – Eu consegui dizer, ainda um pouco desconfortável.

Ficamos ambas em silêncio por alguns minutos e eu não queria que a situação ficasse ainda mais estranha. Sabia que Max também fazia parte do grupo agora e que ambas teríamos que conviver juntas. Juntei toda a minha coragem e pouca eloquência e me dirigi a ela com determinação.

— Me desculpe pela última vez – eu disse tentando soar o mais firme que podia pra que ela soubesse que eu estava falando a verdade.

No primeiro momento ela pareceu ficar um pouco surpresa com minhas palavras, como se não soubesse do que eu falava, mas ela pareceu compreender ao que eu me referia.

— Ah! Aquilo? Não esquenta. – Max disse dando um meio sorriso e balançando a cabeça – O Mike disse que ele acha que você esteve aqui no pavilhão no dia que eu estava provocando ele, e o Lucas já me explicou o lance de vocês. Tá tudo na boa.

Eu não entendi bem o que ela quis dizer com “lance”, mas o sorrisinho nos lábios dela me deixou um pouco sem jeito.

Logo em seguida Dustin e Lucas retornaram (Dustin trazia uma garrafa grande com um liquido de cor estranha e Lucas um saco cheio de salgados) acompanhados de Mike, Will e uma garota que eu não conhecia.

— Tudo pronto! – Dustin disse com empolgação enquanto Lucas parecia dar uma última olhada pela volta como se quisesse ter certeza de que ninguém nos observava.

Mike veio em minha direção.

— Pronta para ver as estrelas? – ele disse baixo para mim sorrindo, e eu pude sentir meu coração palpitar como se quisesse sair de meu peito novamente.

— Pronta. – eu confirmei, segurando na mão dele e nós partimos para nossa pequena aventura.

 

 

*Podem voltar a essa playlist para melhor ambientação: https://www.youtube.com/playlist?list=PLzJN0gJl9D_BWdZjrL7SKNSg00Qpx_5zV *

Mike

Estávamos do lado de fora do pavilhão, sentados nas arquibancadas em frente ao campo de futebol. Todos tinham copos com ponche e comiam alguns salgados que Lucas tinha conseguido pegar. Não havia praticamente nenhuma luz nos arredores, exceto os brilho distante de alguns postes na rua, então a visão do céu noturno estrelado era magnífica. Lucas e Dustin estavam em um degrau abaixo do meu discutindo qual seria a nave ideal para viajar o espaço entre a Millennium Falcon e a USS Enterprise (NCC-1701). Mais próximos de nós Will, Anne e Max (que eventualmente fazia alguns comentários na discussão de Dustin e Lucas) falavam sobre seus planos para as férias de inverno. Eleven estava ao meu lado, observando atentamente ao céu, parecendo estar refletindo sobre algo.

— O que houve, El? – eu perguntei, retirando ela de seu transe.

— É que…eu estava lembrando de um livro que o Hopper me mostrou – ela respondeu, me observando momentaneamente e depois voltando sua atenção novamente para o céu – um livro com imagens do espaço.

— Sim, o espaço é muito interessante. – eu disse, aprovando a curiosidade que ela demonstrava – tem todas essas constelações e galáxias, e a gente pode ver alguns planetas daqui da Terra com um telescópio!

— Constelações? Galáxias? – El perguntou voltando seu rosto para mim com uma expressão de dúvida, como se aquilo tudo fosse muita informação de uma vez só e eu ri baixinho.

— Bem, constelações são um aglomerado de estrelas e galáxias…bem, galáxias são a mesma coisa só que muito maior! - eu falava com empolgação e aquilo pareceu despertar ainda mais a curiosidade dela.

— E podemos ver tudo isso daqui? – ela questionou voltando a cabeça novamente para cima.

— Ahn…as galáxias estão muito longe para vermos, mas as constelações podemos ver mesmo sem um telescópio – eu afirmei voltando o meu olhar para o cima também.

— Onde? – ela perguntou virando o rosto de um lado para o outro parecendo procurar algo de diferente no céu e eu ri novamente, achando aquilo bastante fofo.

— Aqui – eu disse, pegando mão dela com delicadeza, levantando para cima e apontando com meu dedo em direção ao céu. Ela imitou meu movimento com seu próprio dedo e me deixou guiar a mão dela enquanto eu desenhava uma forma no ar, apontando para algumas estrelas – essa a constelação de Órion.

— Órion – ela repetiu, parecendo fascinada com aquilo.

— O senhor Clarke disse que daqui a uns dois anos mais ou menos o cometa Halley vai passar novamente e nós vamos poder ver a olho nu. – eu comentei, abaixando os nossos braços, mas sem largar a mão dela. – Nós podemos ver ele juntos, se você quiser.

Eu sabia que ainda faltava muito tempo para aquilo, mas eu não pretendia mais me afastar da El agora que tínhamos finalmente nos reencontrado. Apesar disso, não pude deixar de me sentir um pouco bobo com o convite adiantado, mas ela virou seu rosto para mim e sorriu.

— Sim. Eu quero ver o cometa com você, Mike. – ela disse com doçura em sua voz, o que me encheu de felicidade.

Ficamos nos encarando por alguns segundos até que a voz de Dustin nos retirou de nosso “mundo paralelo”.

— Começou, galera! – ele falou excitado, observando o céu e nós todos viramos nossas cabeças para cima.

No céu estrelado, dezenas de riscos começavam a passar, cortando o véu noturno de um lado a outro. Aparecendo e sumindo muito rapidamente, mas dando um brilho único e especial, diferente das estrelas estáticas que estavam sempre lá presentes, mas nunca saiam de seu lugar.

Eu observei o evento por alguns instantes, e depois virei a minha atenção para Eleven novamente. Ela olhava boquiaberta para as estrelas cadentes passando, parecendo completamente deslumbrada. Era como se eu pudesse ver o brilho estelar nos olhos dela, o que a deixava ainda mais linda do que ela já era. Eu sentia meu coração batendo rápido e acabei percebendo que era mais empolgante olhar para ela do que para as estrelas cadentes.

Ela acabou notando meu olhar e virou seu rosto para mim. Eu pensei em dizer algo para não parecer um completo idiota, mas antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa ela se aproximou e me beijou.

El se afastou após alguns segundos com o rosto um pouco corado.

— Estou feliz por ter vindo aqui hoje, Mike – ela disse sorrindo e encostou sua cabeça em meu ombro voltando seus olhos para o céu mais uma vez.

Eu envolvi El com um de meus braços e concordando mentalmente com seu comentário, apenas voltei meu olhar para o céu também. Eu estava feliz de ter vindo. Feliz como nunca tinha estado antes. Estava com meus melhores amigos e com a pessoa de quem eu gostava e eu sabia que, enquanto estivéssemos juntos, poderíamos enfrentar qualquer coisa que o futuro pudesse reservar pra nós. Naquele momento eu tive certeza que estava justamente onde eu deveria estar.


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Notas finais do capítulo

Opa, galeraaaa! Quero deixar aqui os meus sinceros agradecimentos a quem acompanhou até aqui essa pequena história. Eu espero que vocês todos tenham desfrutado da leitura e espero que deixem seus comentários para que eu possa aprimorar minha escrita para histórias futuras, assim como conhecer vocês e suas histórias! :)

Um abraço enorme para todos e até a próxima!

**************************************Curiosidades*******************************************

— "Anne Attwood" é um nome completamente ficcional dado por mim à menina que dançou com Will no último episódio de Stranger Things 2, já que foi sacanagem não terem nomeado um possível romance de Will no futuro hahaha
— O termo "party", usado por Dustin, se refere a um grupo de aventureiros em um jogo de RPG (eletrônico ou de mesa). Eu preferi deixar o termo original do que traduzir para "grupo", já que a essência poderia se perder.
— A "Millennium Falcon" e "USS Enterprise (NCC-1701)" são naves pertencentes as séries Star Wars e Star Trek, respectivamente.
— A constelação de Órion não foi escolhida ao acaso. Ela é uma das constelações mais visíveis no céu noturno durante o inverno no hemisfério norte.



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