The Fifth Gift. escrita por JP Lopes


Capítulo 2
Olhos vermelhos e pelo branquinho




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Sentado no corredor do edifício principal próximo a entrada, observo do chão o fluxo de alunos aumentar com o passar dos minutos. Todas aquelas pessoas passando por mim me faziam pensar em o que eles sentiam ao entrar ali, ao se encontrarem com pessoas que eles se importavam.

Afasto esse pensamento quando ouço o sinal que indicava o início das aulas, me levanto e me dirijo para o final do corredor onde caminharia até meu armário.

 O complexo escolar era dividido em três edifícios nomeados com os nomes de três antigos diretores da escola, mas suas pronuncias eram extremamente complicadas então os novos alunos optaram por sempre chamá-los de bloco A -onde se encontram a administração e direção da escola, a entrada e os laboratórios usados pelos professores-, bloco B -onde se encontram a maioria dos armários dos alunos e algumas salas de aula- e o bloco C -onde se encontram  o restante das salas de aula, alguns poucos armários e a cantina. Todos construídos ao redor de um jardim, que possuía mesas onde os alunos pudessem comer seus almoços.

Passo por entre as mesas e me dirijo ao bloco C onde se encontra meu armário, os edifícios de aparência executiva com suas paredes cobertas por janelas, que funcionavam como espelhos, refletia a luz fraca do sol naquela manhã nublada deixando o jardim um pouco mais iluminado que o restante da cidade

— Deve ser por isso que eles o chamam de Éden, um pedaço do paraíso sempre iluminado até no fim da tarde - Penso.

Pego meus livros em meu armário e me dirijo para a sala de aula.

Sala 03- Historia, dizia a placa acima da porta. Me sento na última cadeira, bem ao fundo da sala, abro meu Livro das Sombras e ele se torna um caderno de múltiplas matérias, logo a professora – sra. Claire - entra em sala, ela era uma senhora de cabelos curtos e encaracolados brancos como nuvens em um dia de sol, era baixinha e gordinha, como aquelas avós dos filmes de véspera de natal.

— Bom dia alunos- Diz ela em um tom baixo e sereno, o que não ajudava em nada na luta constante contra o sono de alguns de meus colegas. – Espero que todos tenham trago seus resumos sobre nossos dois últimos temas discutidos, que foi?

— As lendas e histórias sobre o surgimento do mundo e dos seres que nele habitam, deveríamos ter feito um resumo evidenciando, se possível, pontos que poderiam ser julgados como parecidos – Disse uma garota sentada na primeira cadeira, Elenore, olhando para todos ao seu redor, como se quisesse ter certeza que todos prestavam atenção nela.

— Muito bem. – Disse sra. Claire – alguém possui mais alguma história que conte como ocorreu o surgimento do mundo?

Todos se mantiveram quietos até que Elenore levantou sua mão e disse.

—Bem... alguém conhece a historiados Cinco Seres?

—Cinco Seres? – Perguntou sra. Claire – Esse é novo para mim, gostaria de nos contar?

Elenore concorda com a cabeça.

— No começo a terra era seca e árida e nela viviam cinco seres Força, Magia, Transmutação, Transfiguração e União, cada ser possuía a peculiaridade que acompanhava seu nome, chamados de os cinco dons. Por serem imortais suas vidas eram solitárias, limitados apenas a vagar pela terra vazia, um dia Magia teve a ideia de dissolver o poder dos cinco e criar novos seres. Todos concordaram felizes por extinguirem a solidão, o encantamento foi lançado de imediato cada qual em uma parte do planeta sentiram seu poder se dissolver a primeira a sentir foi Transfiguração, deitada sobre o solo árido, de seu peito brotou a primeira arvore, suas lagrimas  de felicidade formaram as primeira nascentes dos rios, de suas veias correram os oceanos, de seu ventre saíram os primeiros animais e seres da natureza, chamados Ninfas, de seus cabelos o primeiro verde que cobriu grande parte da terra e de sua alma veio a primavera. Força foi o segundo a sentir, com a dor de seu poder sendo fragmentado Força socou o solo e os primeiros vulcões e montanhas apareceram por todo o planeta, a terra tomou sua forma, de seu sangue o magma fervente correu para o centro da terra, do calor do seu ódio surgiu o verão e de seu abdômen saíram os primeiros guerreiros, criaturas aladas com corpo humano, nomeados anjos. O terceiro foi Transmutação, sua presença foi enviada aos quatro cantos da terra esvaindo de seus pulmões os quatro ventos, de suas pegadas surgiram seres que podiam se transportar para qualquer parte da terra e até entre mundos apenas desejando isso, os chamados viajantes. – Ela faz uma pausa como se tentasse se lembrar de detalhes- O quarto foi Magia, das chamas do seu poder surgiram os primeiros magos e da solidão de seu coração o inverno e sua áurea de poder se espalhou pelo mundo como uma corrente única de magia. O último a se fragmentar foi União, de sua mente surgiu a razão e o desejo, de seu coração vieram as emoções tanto as puras quanto as obscuras, com sua visão ele compartilhou seu modo de ver o mundo e assim surgiu o outono, de seu umbigo surgiram os primeiros humanos, como filhos do próprio criador das emoções e do pensamento esses podiam controlá-los.

Não percebi que estava olhando fixamente para Elenore enquanto ela olhava para a professora esperando aprovação da mesma.

— Nossa... – Disse sra. Claire – Essa é uma história em tanto, tem continuação?

—Sim. – Disse ela confusa – Ao menos eu acho que sim, alguns detalhes estão embaralhados.

Me concentro em Elenore e digo em voz baixa.

Patet animo! – Não sabia por que tinha feito aquilo, mas algo na história chamava minha atenção.

Como se estivesse com dor ela se encolhe forçando o cenho e diz.

— Acho que me lembrei – disse ela se ajeitando na cadeira, então continuou- O mundo finalmente ficou repleto de criaturas, os Seres não se sentiam mais solitários, mas logo tudo começou a dar errado e Magia percebeu o erro que cometeu dando a seres inferiores poderes maiores que sua própria capacidade. Para abrigar tanto poder as criaturas não possuíam espaços para emoções fazendo com que eles se prendessem a um único e eterno sentimento, então os que escolhiam ser bons eram manipuláveis e os que escoliam a escuridão eram malignos. Os filhos da Força tomados pelo ódio se tornaram violentos e perigosos, ao invés de proteger a todos, eles se mantinham separados matando os que entravam em seu caminho, os filhos da Magia se exilavam por serem tomados pela solidão e amaldiçoavam a todos com quem tinham contato para que esses pudessem também partilhar desse sentimento. Os filhos de União se tornaram gananciosos escravizando mentes inferiores para que pudessem atender seus desejos, conseguindo assim erguerem impérios. A maioria dos filhos de Transmutação morreram, pois eram tomados pela coragem o que os fazia não temer a morte que certos locais podiam trazer.

— O que você quer dizer com isso? – Perguntou um garoto ao lado de Elenore.

—Por serem destemidos eles não se preocupavam onde suas habilidades poderia leva-los, então de acordo com a história muitos caíram em vulcões, outros foram comidos por animais em florestas e alguns até se afogaram.

O garoto endireitou-se na cadeira como se qualquer vontade de ter aquela habilidade tivesse sumido de repente.

— Continue – Disse sra. Claire agora encostada em sua mesa à poucos metros de Elenore.

— Por último os filhos da Transfiguração não permitiam um equilíbrio na natureza, pois não decidiam sua forma, pelo poder de sua mãe poderiam ser qualquer coisa ou pessoa causando assim uma grande perturbação na terra. Magia não queria eliminar todos os seres criados e sabia que seus irmãos nunca se permitiriam voltar para a solidão, então ele decidiu limitar os poderes das criaturas na esperança que mais emoções pudessem alcançar suas almas, tornando assim as criaturas em meio-humanos. Assim os Anjos, filhos da Força perderam suas asas porém continuaram com suas habilidades físicas, as Ninfas filhas da Transfiguração foram obrigadas a possuírem apenas duas formas uma humana , e uma natural, os filhos de Transmutação foram ancorados a terra não podendo mais se locomoverem com seus desejos destemidos, os filhos da magia perderam metade de suas habilidades e ganharam um limite, por causa de seus corpos humanos, que se fosse ultrapassado causaria a morte, e por fim os filhos de União perderam seus poderes mentais tornando-se os únicos inteiramente humanos. Todos os Seres aceitaram as medidas tomadas por magia, exceto União que não concordava que seus filhos fossem apenas humanos, então deu a alguns deles para beber sua própria saliva concedendo aos seus mais gananciosos filhos o poder da lábia para que pudessem continuar a controlar pessoas com suas palavras.

— Só isso? – Questionou uma garota ao canto da sala. –Acaba assim?

— Eu... eu não sei- Disse Elenore – Já disse que a história é confusa.

— Pelo amor de deus garota, tenha foco. – Penso enquanto me concentrava em Elenore.

De repente sua feição de dor volta, ela cerra seus punhos até suas juntas ficarem brancas. Sabia que eu estava fazendo aquilo, mas não sentia necessidade de parar, precisava saber o restante da história, sangue começa a sair dos olhos de Elenore, ela morde a própria língua e começa a ter convulsões todos entram em desespero, mas eu não me importava com o que estava acontecendo ao meu redor meu foco estava em Elenore. Por fim ela desaba sobre sua mesa imóvel 

— Forcei de mais... – Penso

Todos começaram a correr de um lado para o outro enquanto uma poça de sangue se formava sobre a mesa de Elenore, alguns alunos tentavam se aproximar para ver o que tinha ocorrido, mas ninguém era capaz de chegar tão perto sabendo que Elenore provavelmente estava morta. Sra. Claire se afasta em um pulo e corre para fora da sala logo todos os alunos apavorados com aquela cena resolvem seguir o exemplo da professora, me levanto vagarosamente pego meu Livro das Sombras sobre a mesa e uma caneta.

— Não se deve forçar a mente de pessoas por mais suscetíveis que elas sejam... eles podem ter um aneurisma - Escrevo me aproximando de Elenore- retiro seu cabelo castanho de seu rosto para poder examinar melhor o que tinha ocorrido, sua face estava travada em uma feição de eterno pavor, parte de sua língua estava ao lado de seu rosto, seus olhos estavam- vermelhos? –Paro de escrever de imediato, arranco uma folha de um caderno da mesa ao lado e coloco sobre o sangue que havia chegado ao chão, me ajoelho ao lado de Elenore e fito seus olhos que não apresentavam danos ao redor, porém sua íris cor de âmbar estava totalmente vermelha como sangue.

Anoto tais fatos em meu livro, mas logo paro quando ouço passos e vozes de comando se aproximando pelo corredor, era o diretor e os seguranças da escola, me afasto rapidamente do corpo de Elenore e corro para fora da sala colocando meu livro, agora em formato de um manual de bolso, em meu sobretudo.

Logo toda a escola estava ao redor da porta da sala 03 tentando tirar fotos e fazer relatos falsos sobre o que tinha ocorrido, alguns diziam que foi uma overdose, outros faziam piada dizendo que seu excesso de estudos fez com que seu cérebro se dissolvesse alguns apenas choravam por motivos que eu não entendia, os seguranças falhavam miseravelmente em manter a multidão afastada e isso dificultava minha tentativa de sair do local. Alguns minutos depois os paramédicos chegaram e todos deixaram a sala, inclusive o diretor. Durante três minutos os paramédicos tentaram atravessar a multidão que bloqueava a porta, quando finalmente conseguirão chegar ao local todos ficaram surpresos pois o corpo não estava mais lá.

 Todos são empurrados para longe da sala agora trancada, o diretor perde o controle e começa a correr de um lado para o outro tentando pensar no que fazer.

— Um cadáver não some assim!

Logo todos começaram a se espalhar pela escola.

— Estão mesmo tentando procurar um cadáver? – Penso – que patético!

Me aproximo da porta sem que ninguém me notasse e coloco minha mão sobre a maçaneta, fecho meus olhos para me concentrar e tentar destrancar a porta magicamente, mas sou tirado de meu estado de concentração quando escuto uma garota do outro lado da sala dizendo.

Eu não sei o que está acontecendo... eu só não estou me sentindo bem, posso me retirar?— Alguns segundos se passam e um outro dialogo começa com as mesmas vozes que ouvi no meu quarto.

O que está acontecendo com você? - Diz a voz mais firme.

Eu... não sei, de repente comecei a sentir uma queimação no meu peito como se me sentisse culpada por algo horrível.

— Você quer me contar algo? - A voz firme parece perder sua postura para a insegurança por alguns breves segundos.

—Não eu não fiz nada eu juro, mas eu sinto como se tivesse.

De repente ouço o barulho de algo viscoso sendo jogado pelo chão do outro lado da porta, nenhuma voz era perceptível mais, então me concentro novamente com a mão sobre a maçaneta e visualizo a tranca girando voluntariamente como se uma chave estivesse sendo utilizada. Click. A porta estava destrancada. Empurro a maçaneta para baixo e abro a porta vagarosamente tentado interceptar qualquer som do outro lado, mas o silencio era avassalador, realmente o corpo não estava ali e nem as garotas que ouvi anteriormente. Me aproximo da mesa de Elenore tentando entender o que estava acontecendo então ouço novamente um som dentro da sala, como se patinhas molhadas batessem contra o chão, me aproximo mais ainda da mesa de Elenore e percebo pequenas pegadas marcadas com sangue indo em direção ao fundo da sala, sigo o pequeno rastro de sangue até chegar a um armário no canto da sala de aula, sua porta estava entre aberta e o rastro se estendia para dentro.

Abro a porta e uma criatura pula das sombras sobre meu peito me fazendo cair de costas, a criatura na verdade era um coelho de tamanho médio e pelos brancos, aquele pequeno ser nervoso me fitava com aqueles olhos vermelhos, como o sangue que manchava seu pelo branco como a neve.

—Elenore????


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Notas finais do capítulo

se chegou ate aqui muito obrigo, espero que tenha gostado.
se encontrar qualquer erro na escrita favor me informar



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