Assim que chego em casa decido arrumar minhas coisas, afinal, uma hora ou outra terei que terminar, mas, não consigo parar de pensar em como Katarina me tratou. Depois do que aconteceu, eu fui para a fila da montanha russa conversar com a Melanie, uma vantagem da fila grande é que eu pude falar com ela sem ser interrompida.

— Eu sabia que ia acontecer. – Ela falou. – Era por isso que eu queria conversar com você.

Aparentemente, Katarina fez algo muito errado e isso prejudicou a relação dela com as meninas, perguntei a Mel o que ela tinha feito, mas ela só meu deu respostas vagas. Quando mencionei a garota que estava com ela, Melanie ficou com uma cara de tedio e pareceu se lembrar de algo.

— O nome dela é Jennifer, mas só chamam de Jen, é uma garota problemática, largou a escola e foi presa uma vez, vive grudada na Katarina.

— Desde quando elas são amigas?

— Desde o primeiro ano, foi quando ela se afastou.

Mesmo insistindo para a Mel me contar como e porque elas deixaram de ser amigas, não obtive resposta. A nossa conversa tinha um teor mais sério, apesar de não estarmos falando nada de mais; a garota... quer dizer, Jen, largou a escola no segundo ano e era envolvida com crimes, já tinha sido presa, mas não ficou na cadeia porque sua fiança foi paga. Katarina seguiu o mesmo ritmo, apesar de ter terminado a escola, também tinha envolvimento, e, no geral, se tratava de bebida, Mel me contou que esse ano Katarina bateu o carro da mãe por estar embriagada.

Além disso, Katarina estava namorando, de acordo com a Melanie, o garoto se chama Chad e também é amigo da Jen. Quando Mel falou desse cara dava pra perceber a raiva que ela sentia dele, o motivo também não sei, mas pelo rumo da conversa ele também estava incluído nos acontecimentos passados. O que deve ter sido muito grave, porque a Melanie nunca tem raiva de ninguém e se tem é uma coisa muito passageira, sendo ela a primeira a perdoar e esquecer.  Tenho muita vontade de saber o que é, mas se ela não quis contar é porque com certeza tem seus motivos, depois do que descobri parei de fazer perguntas, afinal, ela vai me contar se sentir que eu devo saber.  

Fomos na montanha russa, eu ao lado da Faith e Mel ao lado da Jay, não tivemos mais nenhuma conversa séria. Ficamos falando sobre nossa possível viagem a Disney e sobre lojas, só viemos perceber a hora quando Mel mencionou que tinha que ir pra casa antes das nove e já eram oito e cinquenta. Faith chamou um taxi, que chegou rapidamente, e nos despedimos, logo depois corremos para a estação de metrô; a volta pareceu ainda mais demorada que a ida, Melanie ficava repetindo que eu tinha sorte de morar só, porque podia chegar a qualquer horário em casa e que ela ia levar uma bronca por ter se atrasado tanto.

Isso me fez lembrar de avisar a minha mãe, sempre fomos próximas e deixa-la sem notícias e realmente errado, mesmo sem internet eu mandei umas mensagens para ela que seriam enviadas quando eu chegasse em casa. Quando o metrô parou, eu e Jay nos despedimos da Mel, ela falou que iria fazer o resto do caminho a pé já que sua casa ficava perto. Já eram mais de nove horas quando chamei um taxi, perguntei a Jay se ela queria ir comigo, mas ela falou que seu irmão ia buscar ela ali mesmo na estação, e de fato, ele chegou ainda mais rápido que meu taxi, depois de dar tchau a ela, fui para casa.

Agora que estou aqui, colocando o resto das coisas no armário, o sono me invade, mas promessa deve ser cumprida, vou terminar isso hoje. Amanhã tenho que sair para comprar coisas para a casa, minha mãe me deu um cartão que servirá pra isso; quando cheguei percebi que a casa já possuía alguns moveis, como um sofá pequeno; geladeira; o armário do meu quarto; duas camas, uma no meu quarto e outra no quarto de visitas, e uma estante. Assim, todo o resto deve ser comprado, mesmo estando muito cansada eu termino de organizar tudo, coloco a mala na parte superior do armário, subindo na cama para poder alcançar.

Pego um caderno que deixei dentro da minha bolsa, não aquele peludinho que a Melanie viu, é outro, possui capa dura com desenho de uma paisagem da Itália e tem uma aba para fechar, graças a um imã. Nesse caderno, eu escrevo anotações e observações, abro em uma das paginas em branco e escrevo: “Devo comprar”, seguido de dois pontos. Na linha abaixo escrevo “quarto principal” e listo coisas importantes que devo comprar, e no momento só o que consigo pensar é em uma colcha de cama e dois travesseiros. Como o meu quarto é o maior da casa a estante ficaria bem nele e seria muito útil para mim, afinal, além de ter espaço suficiente, me poupa ter que comprar algo para colocar meus livros e materiais.

Antes de me mudar, minha mãe contratou uma transportadora para trazer o resto das minhas roupas, livros, materiais, utensílios e etc. É possível que o caminhão de transporte traga o resto das minhas coisas amanhã, eu queria ter trazido tudo de uma vez, mas seria impossível trazer tudo num trem. E se minhas coisas não chegarem pela tarde ainda terei tempo de me organizar e comprar o importante, que por hora, é somente uma colcha de cama, 2 travesseiros e garrafas de água. Comida eu posso ver depois porque mesmo que eu tenha uma geladeira, ela está vazia e não adianta comprar alguma coisa se não tenho pratos, talheres e copos. Espero que tudo chegue amanhã, preciso começar a me organizar, tenho que deixar tudo pronto para quando as aulas começarem.

Infelizmente, o sono me ganha, vou deixar para terminar minha lista de manhã, preciso muito dormir; abro o armário e pego meus lençóis, um para de fato me cobrir e outro para servir de travesseiro. Vou ao banheiro, tomo banho, escovo os dentes e finalmente me deito para dormir.