Maktub escrita por franxtina


Capítulo 9
Chapter 9




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Minutos antes Dean havia despertado. Acordou Lenah com algum carinho e disse que buscaria alguma coisa pra comer, pois seu estomago estava roncando. Ela continuou deitada no banco do carro, o som não estava mais ligado. Ela estava com os olhos fechados e um sorriso no rosto, pensando na noite maravilhosa ao lado do homem perfeito. Dean vestiu as calças e caminhava até a porta que ligava a garagem até a sala e a recepção, quando foi surpreendido por uma imagem que nunca mais sairia de sua cabeça.

 

Com certeza era a garagem, Matt tinha certeza que era. Repetiu diversas vezes sobre a construção, mas aquela bruxa velha não fazia a menor questão de lhe dar ouvidos. Dizia: “filho de Adão, você está nos levando para a morte”. Não, Matt não foi enfeitiçado, ele foi chantageado pela bruxa que havia feito o pacto com seu pai há tantos anos atrás. Ela queria o selo, Gourdoun dinheiro, dessa maneira o melhor era ser o responsável pela garota, ficar na cola dela até que descobrissem aonde guardava o enigma. A princípio acharam que o enigma estivesse em algum símbolo, mas pelo que Matt dizia ao pai, não havia nada lá que remetesse ao enigma, foi preciso muito esforço para saber do pedaço de papel no porão. Era tão óbvio, como ele não tinha se dado conta? Depois disso, o que precisava era de um plano para roubar o enigma e da certeza para descobrir a falha na segurança de Egis. Sim, era a garagem.

 

Matt tinha uma caminhonete gigantesca, que só usava em suas aparições em cidades grandes e importantes, como as da Califórnia. Adorava ir para lá, queria que Lenah o acompanhasse, mas a teimosa nunca teve vontade de se exibir com ele. Para que tanto dinheiro se preferia ficar no meio do mato, com aqueles móveis horríveis e aquela vida medíocre? Ele estava farto dela. Resolveu fazer ele também um pacto, mas não com a bruxa. Conseguiria destruir a proteção, quebrando parte dos símbolos e em troca teria poder e fama. É claro que Azazel, o demônio com quem pactuou, faria questão de possuí-lo e romper ele mesmo o selo, assim que a proteção fosse quebrada.

 

Bobby levantou mais cedo, conseguiu falar com Castiel, que não conseguiria entrar ali, mas prometeu rondar com sua hierarquia celestial, os arredores da Egis, para evitar a quebra do selo. Ele, no entanto, disse a Bobby que havia recebido uma revelação e que nela o amigo seria levado por ele e por uma mulher para o Kansas, com os olhos fechados - o que Bobby interpretou como sua morte. É claro que ele salvaria Lenah, mas para isso morreria e Castiel o levaria para o Kansas junto da menina.

Matt entrou na caminhonete, era sua chance de ouro, ficaria rico!

Dean estava prestes a sair, a porta estava entreaberta. Quando olhou para traz e viu aquele imenso carro entrando garagem adentro em alta velocidade. Lenah ainda cochilava feliz, quando a porta da garagem foi arrebentada, atingindo o Impala de Dean. Os cacos de vidro voaram para todas as partes, estourando a frente do belíssimo carro e cortando o rosto da maravilhosa mulher. A frente foi amassada com muita facilidade, já que o carro estava em alta velocidade e era bem maior que o de Dean. Ele, que estava do lado, observou a cena em câmera lenta, ouvindo os pneus cantarem e a mulher de sua vida ser atingida por todos os vidros que caíram em seu corpo. Provavelmente as pernas estavam presas nas ferragens e o pensamento de Dean, que também foi atingido pelo estrondo, tendo a madeira da garagem machucado seu braço, jogando ele contra a porta, viu um Matt Gourdoun desgraçado saindo quase ileso da caminhonete destruída. Lenah havia gritado de dor, junto com o estrondo.

 

As pessoas de dentro da casa, logo estavam para fora, mas era tarde para tentar deter Gourdoun, porque teriam de se ocupar com os cinco demônios e a bruxa que estavam ali. Provavelmente a movimentação e o barulho que ouviam de luta eram os anjos e demônios ao redor do hotel. Eram muitos para tão poucos, Bobby sabia disso. Sua cabeça mal pode pensar no que havia acontecido a Lenah, ele não podia ver mais que poeira na garagem.

-LENAH! – o grito foi muito alto e o ódio que se juntava a voz, ainda maior. Ela não respondia, mas Dean pode ouvir sua voz gemendo, como se fizesse força, provavelmente para tirar as pernas das ferragens, ela chorava, ele sabia.

-Olá Winchester, sentiu saudades?

 

Aqueles olhos, o demônio de olhos amarelos. Como era possível? Desgraçado! Ela estava ali para matar mais uma das mulheres importantes da vida dos Winchester, como? Desgraçado. Dean acabaria com ele, mas estava sem armas, estava seminu, apenas com as calças. Oh Meu Deus! Ele precisava de ajuda.

-SAM!

 

A voz do irmão veio como um raio cortando a mente de Sam, Dean estava em perigo. O Winchester correu até a garagem, se desvencilhando dos demônios com balas de sal grosso. Ele já havia sido atingido pelo demônio, que dominava o corpo de Matt. Sam reconheceu os olhos, eram os mesmos que... desgraçado!

 

Lenah estava fraca, mal podia se mexer com as pernas presas. Ignácia entrou por uma fresta até a garagem e enquanto Sam e Dean lutavam contra o demônio, que estava visivelmente mais poderoso, a bruxa puxou Lenah pelos cabelos, arrancando-a do carro à força, machucando suas pernas cruelmente. O grito de dor das pernas quebrando foi uma facada no peito de Dean, ela chorava e ele não podia sair dali, pois o demônio não deixava, atacando a ele e Sam com muita habilidade e força. Dean estava machucado e Sam não conseguia entender porque seus poderes estavam tão pequenos perto dos de Azazel.

 

Beth fez uma roda de proteção com sal grosso ao redor dela e de Bobby, mas o amigo saiu sendo ferido em cheio por um dos demônios. Castiel interveio com seus anjos, já havia se livrado dos demônios que estavam ao redor de Egis. Bobby caiu e bateu sua cabeça em uma pedra. O sangue jorrava e ele ficou desacordado.

 

-Temos que tirá-lo daqui, você precisa vir comigo.

-Para onde? O que está havendo? – Beth estava chorando assustada.

-Venha comigo.

 

Castiel tocou o braço de Beth e de Bobby, os três desapareceram. Nesse momento Dean e Sam foram arremessados da garagem por Azazel enquanto Lenah gritava de dor ao ser arrastada por Ignácia, que estava a caminho do carvalho. Lenah debatia os braços tentando tirar as mãos da bruxa de seus cabelos, há essa hora sua camisola vinho estava empoeirada e rasgada, coberta do sangue que saia dos machucados em seu corpo, seu rosto estava muito machucado e a força que fazia era superior a de qualquer mortal, seus gritos cortavam o coração de Dean, que estava caído, Sam olhou a bruxa ao longe e tomou forças para enfrentar Azazel, ao se indignar com aquela situação. Dean parecia muito mais fraco, mas com ainda mais ódio no rosto. Sam golpeou o demônio e Dean levantou, surpreendentemente, ferindo o demônio com uma facada no peito.

 

Ainda havia demônios e anjos se enfrentando no espaço imenso que ligava a casa aos galpões e ao carvalho. Ignácia chegou bem perto da árvore e jogou o corpo de Lenah no chão. Nesse instante os anjos e demônios desapareceram. Azazel não era mais do que uma fumaça negra saindo do corpo desfalecido de Matt. Observando aquilo chocado, Sam apoiou o irmão para que chegassem até Lenah e a bruxa. Não sabiam onde estava Bobby e Beth, mas Bobby já havia adiantado uma parte da história para Sam naquela manhã, não foi difícil presumir que os dois sumiram com Castiel.

 

Eles estavam próximos quando uma luz gigantesca saiu da árvore e veio até a frente da bruxa, que falava algumas palavras em uma língua desconhecida, possivelmente grego. A luz se posicionou diante de Lenah e da bruxa, que parecia xingar e mal dizer, quando, de repente, surgiu do chão uma espécie de raiz que foi contornando o corpo da bruxa e apertando, como uma serpente que se enrola e quebra os ossos da presa. Dean estava próximo e queria proteger Lenah, mesmo sendo muito tarde para não deixá-la se ferir. Sam soltou seu irmão e como em câmera lenta Dean se ajoelhou diante de Lenah, que ainda chorava muito, por todos os ferimentos. Ele limpou com as mãos o rosto ensangüentado e beijou sua testa.

 

-Vai ficar tudo bem meu amor, você vai ficar bem.

 

Sam estava emocionado demais para ter qualquer reação, abaixou a cabeça relembrando da mulher que havia perdido há alguns anos atrás, relembrando também o rosto da mãe, sentiu as lágrimas quentes escorrerem. Dean estava abraçado ao corpo de Lenah, ambos sofriam muito. Ignácia foi estrangulada pelas raízes da luz, que ainda era muito forte em frente a eles. Então surgiu dessa luz uma bela mulher nua, de cabelos escuros e gigantescos que se aproximou de Lenah e Dean.

Algumas pessoas já relataram suas vidas passando em seus olhos na hora da morte, é habitual ouvirmos essa história de quem retornou de alguma experiência de “morte”. Tão habitual quanto triste. Mas o que passa nos olhos da pessoa que amamos quando estamos morrendo em seus braços? É impossível sabermos ou ouvimos o que vem depois do último beijo.

 

A mulher se debruçou chorando, mas não tocou em Lenah. Ela fez um sinal em seu corpo, levantou- se e ficou em frente à árvore, que de repente, como se ganhasse vida, fez da mulher parte de si, sendo possível observar os traços do corpo em seu caule. Foi quando Dean ouviu uma voz rouca, baixa e muito fraca.

-Dean...

 

-Shii, não fala nada meu amor, eu vou te tirar daqui e vai ficar tudo bem, ok? Nós vamos sair juntos dessa, está bem? Fica quietinha, não se esforça.

-Dean eu te amo. Me abrace querido, só por um momento.

 

Mais do que apertar os braços o máximo que pode, tentando passar aquela dor para seu corpo e salvar aquela mulher, Dean lhe deu um beijo. O corpo de Lenah brilhou tanto quanto o da mulher que saiu da árvore e Dean foi obrigado a soltá-lo, sem tirá-lo de perto de si. No lugar daquela mulher machucada e horripilantemente maltratada, daquela mulher tão linda e tão feliz, tão simples e meiga, tão engraçada e sorridente, tão sexy e maravilhosa, havia agora uma orquídea. Uma simples flor branca com manchas cor de vinho.

-NÃO! – o grito ecoou.

Um grito seco, cortante. Um grito de dor, de aborto, de solidão, de perda. Um grito atormentado, infeliz, desgostoso, angustiado, aflito. Era um grito triste e cortante que atravessava a garganta de Dean. Os ossos de Sam estremeceram em ver aquela cena, seu instinto fez com que abraçasse o irmão, mas esse levantou indignado olhando as mãos vazias, os braços indignos e ensangüentados, sem a sua mulher.

 

-LENAH!

 

Ele gritava olhando para o céu, tentando ver algo que explicasse aquele pesadelo, talvez um sinal de Deus, mas não houve nada. De repente, um vento muito forte começou a soprar e carregou a orquídea para longe. O vento começou a ficar cada vez pior e Sam puxou o irmão com muito esforço para dentro do galpão onde ficavam os carros de Lenah. Puxou o irmão para aquele cenário que significava tanto para ele, mas que agora não tinha o menor sentido, porque Lenah não estava ali. Nem mesmo o corpo. Lenah havia partido, mas ele não queria entender, não podia, não conseguia. Era muito para ele, era demais para sua cabeça. Como?

Olhou a Kombi verde o Mustang vinho. Vinho. Ele tinha sido embriagado por aquele amor e agora o que restava? Meu Deus, Lenah estava MORTA! Lenah, a sua Lenah, a pequena, a princesa. Um ataque de choro repleto de soluços foi acompanhado pelo consolo sincero do irmão.

 

-Sam, por favor, me diz que é mentira... me diz Sam que ela vai voltar. Ela não é uma semideusa? Ela não pode ter morrido, não pode ter sido assim. NÃO PODE SAM! Por favor, me ajuda. Me ajuda Sam, me ajuda.

O irmão não sabia o que dizer, enquanto o outro caia entre seus braços, deixando o corpo ficar descomposto no chão. Suas mãos fechadas em punhos e o pensamento de fracasso, de perda. O que dizer? O que fazer?

 


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