Obsessão escrita por G I Dallastra


Capítulo 6
Consequências




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— não passou nem se quer uma noite na cadeia acredita? As leis desse país são uma piada mesmo, o advogado dela conseguiu fazer com que ela não fosse enquadrada em racismo, mas sim em injúria racial, que daí consegue estabelecer fiança e a imunda saiu da cadeia – desabafou Verônica, ela estava muito chocada com tudo aquilo.

— mas como assim, racismo não é crime inafiançável? - perguntou Carolina.

— sim, mas existe essa separação na lei, injúria racial que permite fiança e racismo que é inafiançável. Basicamente a lei passa a mão na cabeça de racistas, como ela é riquíssima, o óbvio que o delegado passou a mão na cabeça dela e não a enquadrou na lei de racismo que é mais firme.

— que horror gente, me dá nojo. Isso que você também é rica e tem mídia a seu favor se quiser, imagina o que passa alguém que mora em comunidade carente – Carolina estava muito revoltada. Ela não era negra, mas sabia que você não precisa pertencer a uma minoria para respeitá-la e lutar por seus direitos.

— olha só no que deu Verônica, tanto que eu te pedi pra ficar longe dessa gente, olha a proporção que essa história está tomando, isso está ficando cada vez mais perigoso - Fábio estava muito preocupado com a segurança da mulher.

— eu não consigo ficar quieta Fábio, é a minha vida, o meu passado. Eu sei que você está preocupado com a minha segurança meu amor, e eu amo isso, mas com essa mulher na rua eu já estou ameaçada de qualquer forma.

— mas Verônica, não existe prisão perpétua no Brasil, você não pode esperar que ela fique presa pra vida toda – argumentou Fábio.

— eu sei, o que eu quero é que ela fique o mais longe de mim possível! Eu vou me certificar de que ela estará o mais longe de mim possível, eu vou persegui-la até que ela mude de cidade.

***

— eu não estou acreditando que ela armou todo esse circo pra você por minha causa? - Flávia então começou a chorar – meu Deus, essa mulher não vai me deixar em paz nunca!

— eu não quero nem ver o circo que a mídia vai fazer em cima dessa porcaria toda – Beatriz deu um suspiro profundo.

— você vai me demitir? - perguntou Flávia com a cabeça baixa.

— não, imagina. Eu não vou cair no joguinho dessa vaca. Se ela fez tudo isso pra você ser demitida, você vai é ser promovida, isso sim. Bom, mas agora eu vou pra sala da diretoria enfrentar o verdadeiro problema, meu pai. Ele mandou me chamar na sala da diretoria.

Beatriz entrou sem ser anunciada, pois Antenor já estava a sua espera.

— injúria racial Beatriz? - o tom que ele estava usando Beatriz nunca havia visto ele usar antes.

— a pai, calma, não foi tão grave assim.

— onde foi que você aprendeu essas porcarias porque eu e a sua falecida mãe nunca ensinamos nenhum dos nossos filhos a ser racista!

— menos pai, bem menos, eu só falei o que todo mundo pensa mas não tem coragem de dizer.

— não é bem assim Beatriz, exite sim, infelizmente muita gente com esse pensamento boçal igual ao teu, mas felizmente são minoria porque não, não é todo mundo que pensa assim, graças a Deus. Não me venha falando essas porcarias e querer dizer que é liberdade de expressão porque não é, isso é discurso de ódio e eu não permito isso, nem como pessoa nem como editor.

— tá bom pai, já chega, eu já fui pra uma delegacia, a minha cara já está em toda a internet e eu tive que pagar uma fiança altíssima pra poder voltar pra casa, não precisa do sermão.

— precisa sim, pois pelo visto mesmo com tudo isso você não aprendeu a lição.

— tá, e o senhor diretor vai me dispensar logo ou eu terei que ficar muito tempo aqui ainda? - Beatriz deixava clara a sua insatisfação em estar ali e Antenor notou que estava certo, Beatriz não havia aprendido a lição.

— você está sendo suspensa de suas atividades na editoria da revista por tempo indeterminado – Antenor foi seco ao dar aquela notícia.

— o que? Você tá maluco? Eu fiz aquela revista, eu sou a idealizadora e editora-chefe desde que ela foi lançada e ela é um sucesso completo nas minhas mãos, você não pode cometer uma injustiça dessas comigo por causa de um errinho bobo!

— essa suspensão é justamente para que você entenda que esse errinho não foi bobo e pra que as vendas da sua revista bem-sucedida não seja abalado, pois você sabe melhor do que ninguém que a mídia vai cair matando em cima de você.

— você não pode fazer isso comigo agora pai, esse final de semana tem a festa anual da tendência, imagina o tamanho do fiasco que vai ser!

— você ainda estará a frente da festa e, obviamente poderá participar da festa, mas na condição de convidada.

— mas pai!

— essa decisão não foi tomada como seu pai, mas sim como seu superior, e pode avisar a sua secretária que ela também está dispensada, porém ela pode passar no RH para colocar fim ao vínculo empregatício dela. Pode se retirar agora.

— ótimo, eu estava mesmo precisando de uma secretária particular pra colocar ordem na minha vida pessoal agora que eu vou trabalhar na concorrência! - Beatriz saiu batendo a porta.

 

***

— eles já redigiram o comunicado e já está no site da revista dizendo que fui afastada das minhas atividades na revista, você acredita? - disse Beatriz ao dar mais um gole em seu uísque.

— Deus que me perdoe mas eu tenho vontade de dizer umas poucas e boas na cara da Verônica, ela é a causadora de tudo isso – Flávia então deu uma suspirada profunda – mas Deus diz que nós devemos perdoar a quem nos ofende, então, bola pra frente, não tem vingança melhor do que a indiferença.

— indiferença? Mas nem morta, essa cretina dessa Verônica não faz ideia de com quem ela está se metendo – bradou Beatriz.

Flávia estava muito feliz de saber que Beatriz confiava nela. Isso era ótimo para ela.

 

***

— você viram que a Beatriz foi suspensa da revista? - disse Carolina, dando uma garfada em seu jantar.

— eu não esperava nada menos do que isso do Antenor. Ele sempre foi um homem muito justo e correto, nem parece que foi ele quem criou a boçal da Beatriz, e por falar nisso, chegaram no meu escritório hoje os convites para a festa anual deles. Sim, eles tiveram a cara de pau de me mandar um convite – respondeu Verônica.

— mas é claro que nós não vamos né – disse Fábio.

— eu estava pensando amor, mas eu acho que a única coisa pior do que ir seria não ir. Acho que o estrondo na mídia vai ser muito maior se eu não for do que se eu for.

— olha Verônica, o que você decidir, sabe que pode contar comigo né – respondeu Carolina.

— eu sei sim, você é minha melhor amiga, mas o meu marido… - ela disse e olhou para Fábio.

— francamente Verônica, eu voto em não ir, mas se você decidir ir, é óbvio que eu estarei com você.

— ótimo. Então decidido, nós vamos. Eu vou mostrar pra esse povinho que não é fácil me derrubar.

 


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