Troublemaker escrita por Lily


Capítulo 8
08




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Caitlin

Caitlin observou Emma conversar animadamente com Ralph sobre alguma história dele. Cruzou os braços e analisou o rosto delicado dela, os olhos verdes expressivos, o nariz fino e arrebitado, as bochechas coradas e a boca rosada, o cabelo avermelhado jogando sobre o ombro. Caitlin a analisou com o máximo de cuidado possível tentando lembrar aonde havia visto alguém como ela.

—Algo errado, Snow?

Ela ergueu a cabeça encarando Harry.

—Não, apenas estou tentando lembrar de onde conheço Emma.

—Ela é familiar?

—Me lembra alguém, o que é muito frustrante já que esta pessoa que eu me lembro parece ser muito próxima. - resmungou e Harry riu.

—Foque um pouco mais Snow.

—Boa dica. - disse sarcasticamente. Se levantou da cadeira e saiu da sala, caminhou até o elevador com a intenção de tomar um pouco de ar fora do laboratório, porém foi interrompida por um frenético Cisco.

—Você não tem idéia da ideia que eu acabei de ter. É fantástica, maravilhosa, incrível.

—Se tiver algo haver com o novo campo de paintball que inaugurou ontem, nem morta eu piso meus pés lá e já deixei isso bem claro para Ralph e Barry. - falou rapidamente fazendo o sorriso de Cisco se desfazer.

—Ouch, isso doeu. Por que não?

—Vamos fazer assim, se você convencer Gypsy a ir, eu vou. - propôs.

—Você sabe que isso é quase impossível!

—E é exatamente por isso. - falou girando os calcanhares refazendo o caminho que havia feito.

—Agora entendo porque vocês duas são amigas. Mal humoradas e irritadas.

—Cisco, se não quiser dormir no sofá é melhor medir suas palavras ou Cindy saberá disso.

—Essa ameaça não cola mais comigo.

—Tem certeza? - olhando para ele por cima do ombro, Cisco lhe fez uma careta.

—Então deveríamos sair juntos. Para um bar que tal?

—Não sei Cisco. Não posso deixar Emma sozinha.

—Deixa-a com Joe. Tenho certeza que ele vai amar ser avô por uma noite.

Caitlin franziu a testa com aquela frase peculiar, mas decidiu ignorar. Quando voltou ao córtex Emma ainda conversava com Ralph sobre futilidades, Cisco rapidamente se juntou a conversa. Caitlin preferiu se manter afastada, então sentiu o vento bagunçar levemente seu cabelo, piscou lentamente e encarou Barry a sua frente.

—Às vezes eu me perguntou se você não tem trabalho a fazer. - disse em tom de brincadeira voltando os olhos para Emma e desviando na direção dele.

—Muito, mas sempre arranjo tempo para os amigos. - ele retrucou brincando com as sobrancelhas. Caitlin riu abaixando a cabeça, seu coração bateu lentamente como se apenas a presença dele a acalma-se. - Por falar nisso, por que não saímos hoje, em?

—Cisco sugeriu isso. Mas como eu falei para ele, não posso deixar Emma sozinha.  -Joe pode ficar com ela. Vamos lá Cait, faz tempo que não saímos juntos. - Barry insistiu segurando as mãos dela entre as suas. Caitlin umedeceu os lábios sentindo as mãos suarem, o contato com ele não deveria ter aquele efeito. - Por favor. Faça isso por mim, faça isso pelo homem com o coração despedaçado.

—Barry não acho que seu coração esteja em pedaço. - disse em tom de brincadeira, Barry ao invés de se irritar apenas riu. Talvez houvesse um pouco de verdade naquele frase.

—Por favor. Juro que não te peço mais nada durante do o resto ano.

Caitlin riu sabendo que aquilo era a mais pura mentira, mas sabia que ele era incansável quando queria. Respirou fundo e assentiu.

—Ok. Podemos sair hoje à noite. Mas para um bar calmo e não deixe Ralph opinar.

—Nunca faria isso. - ele falou soltando as mãos dela, Caitlin sentiu suas mãos formigarem sentindo falta do contato dele. - Pode deixar que eu peço a Joe para ficar com Emma.

—Obrigada, eu realmente me importo com ela.

Barry sorriu calmamente.

—Eu sei, você realmente se apegou a ela.

—Muito mais do que você pode imaginar. Não sei o que faria se algo acontecesse com ela. - disse mordendo levemente o lábio. Não podia falar para Barry que quase se sentia quase como uma mãe para a garota, uma estranha sensação lhe apertava o peito toda vez que Emma lhe sorria ou lhe dizia que estava feliz. Era estranho o quanto a felicidade dela a fazia feliz.

—Hey, nada vai acontecer com Emma. Eu prometo. - Barry disse e ela se perguntou se era tão fácil ler o temor estampado em seu rosto.

Caitlin abaixou a cabeça, certas promessas ela sabia que Barry nunca iria quebrar.

[...]

Caitlin bateu na porta e se afastou olhando para Emma que quase pulava no lugar em animação.

—Você está bem agitada hoje. - disse, a garota sorriu.

—Eu gosto de Joe e Barry disse que o filhinho dele é muito fofo.

—Daniel é quase um anjo.

—Um anjo caído. - a voz meiga disse, Caitlin se virou em direção a Cecile e sorriu para a mulher. - Olá querida.

—Oi. - abraçou Cecile e então apresentou rapidamente Emma. A promotora sorriu e deixou a garota entrar avisando que Joe estava na cozinha com Daniel. Emma atravessou a casa correndo deixando Caitlin impressionada com a familiaridade dela com a residência. - Volto para pegar ela mais tarde.

—Ok, não se preocupe, ela está em boas mãos. - Cecile assegurou.

—Eu sei que vai estar. Tchau.

—Tchau.

Desceu os degraus da varanda e caminhou em direção ao carro, então viu outro veículo estacionar logo atrás do seu e dele sair Iris West.

—Ei, o que faz aqui? - a jornalista pergunta abraçando-a rapidamente.

—Longa história. Joe vai te explicar melhor. - disse. - Mas quando você voltou?

—Há alguns dias.

Assentiu e é então acrescentou em um tom mais cauteloso.

—Já se encontrou com ele?

—Não ainda não. Não sei como vamos reagir ao encontro. -  ela revelou e Caitlin se segurou para não falar que Barry havia fugido dela, mas sabia que se dissesse isso acabaria causando algum incômodo entre eles.

—Que bom que você está de volta Iris. Queria poder conversar, mas eu tenho que ir.

—Vai sair? - Iris indagou um tanto curiosa.

—Sim. Com os meninos.

Viu no rosto da jornalista um misto de sentimentos, principalmente hesitação.

—Espero que tenham uma boa noite.

—Eu também.

Se despediu rapidamente de Iris e tomou seu caminho até o bar que Cisco havia escolhido. Não podia deixar de notar que ainda havia sentimentos confusos e complexos entre Iris e Barry. Caitlin sempre quis o bem deles dois, sabia que por mais difícil que fosse eles estariam juntos, mas atualmente ela cogitava se está separação havia sido tão ruim assim. Não que eles estivessem bem emocionalmente, mas físico e psicologicamente eles pareciam bem melhores do que estavam durante o relacionamento.

Dizem que alguns relacionamentos são desgastantes, o de Barry e Iris parecia ser assim. Ou talvez nem fosse, Caitlin não podia opinar em nada pois não sabia a verdade por trás de tudo. Ela não sabia o que se passava quando Barry e Iris estavam sozinhos.

Estacionou o carro na vaga e caminhou em direção ao bar. Parou na porta e observou o local atrás de seus amigos, então sentiu uma mão sobre sua cintura. A descarga elétrica foi imediata, se virou rapidamente encarando Barry.

—Chegou cedo. - disse enquanto ele lhe dava dois beijos em suas bochechas. - Cisco não veio com você?

—Não, ele disse que iria passar no apartamento antes e Ralph não vem, alguns amigos ligaram para ele e o chamaram para uma boate. - Barry explicou a empurrando com delicadeza pela cintura até uma mesa vaga.

—Então até Cisco chegar será apenas nos dois. - observou com um certo receio, Barry assentiu.

O silêncio reinou enquanto eles escolhiam as bebidas e esperavam a garçonete. O bar não estava movimentado, mas ainda era agitado. A música tocava pelas caixas de som espalhadas no teto, algum clássico dos anos 90.

Barry batia os dedos contra a mesa enquanto ela checava o celular esperando alguma mensagem de Cisco. De repente se sentiu incomodada, ergueu a cabeça e encarou os olhos verdes de Barry, rapidamente um vislumbre esverdeado passou por sua mente.

—O que foi? - indagou notando o súbito interesse dele.

—Nada. Apenas não me lembro de te ver com essa cor de batom.

Caitlin franziu a testa com aquilo.

—E desde de quando você nota os meus batons?

Barry deu de ombros, mas mesmo sobre a luz precária do local ela pode notar as bochechas dele se avermelharem. Riu baixinho.

—Você acha que Cisco vem?

—Não se ele estiver com Gypsy. - Barry disse. - O que é bem provável que esteja acontecendo agora.

—Então isso significa que vai apenas nos dois hoje. - falou retirando as mãos da mesa para a garçonete deixar a bebidas e o aperitivos. Barry atacou os petiscos fritos.

—Podemos nos divertir sozinhos. - ele afirmou, Caitlin arqueou as sobrancelhas enquanto se lembrava da última vez eles haviam se divertido sozinhos.

—Apenas não me deixe subir no palco bêbada, de novo.

Barry fez um X com os indicadores e beijou de cada lado.

—Nunca mais.

—Ok. - disse respirando fundo, então pegou o copo e tomou um longo gole ignorando o canudo. - Vamos fazer esta noite valer a pena.

Barry riu dando a deixa para eles iniciarem uma conversa sobre temas variados. A risadas ficavam cada vez mais altas e menos forçadas, a palavras que saiam de sua boca por vezes não faziam o menor sentido, mas Barry pouco se importava, na verdade Caitlin chegou a achar que ele estava mais interessado em sua boca do que nas palavras que saiam dela.

—Não mesmo, sem chances. - negou com a cabeça enquanto ouvia o relato dele sobre como, com apenas 8 anos queria ser cantor e ator em musicais.

—É sério, mamãe apoiava muito está minha “carreira”. Mas eu era uma criança e não sabia de nada.

—Verdade, com 8 anos eu queria ser jogadora de futebol. Mamãe dizia que isso não era uma profissão de verdade e que eu deveria me dedicar a algo que me desse dinheiro.

—Mas futebol dá dinheiro, muito dinheiro.

—Eu sei que dá, mas agora tente explicar isso a uma mulher como ela? - arqueou as sobrancelhas de forma sugestiva, Barry negou com a cabeça, ela riu.

Eles ficaram em silêncio por alguns segundos aproveitando a música que tocava, uma melodia dos anos 90. Caitlin então decidiu que estava na hora de falar algo que estava lhe corroendo por dentro desde de que havia chegado.

—Eu vi Iris na casa de Joe hoje.

—Eles iam jantar juntos. - ele falou e notou um tom de amargura em sua voz.

—Vocês têm que conversar.

—Eu sei, mas ainda não tive coragem de fazer isso. Pois toda vez que olho para ela me sinto um idiota, um palhaço. - ele se lastimou mexendo na bebida marrom.

—Você nunca me contou porque decidiram terminar. - disse sem conseguir deixar a curiosidade de lado. - Nunca vi vocês brigando.

—A gente realmente não brigava ou discutia, não houve realmente um motivo, mas houve bastante indiferença. De uma hora para outras as coisas começaram a perder um pouco do sentindo, da emoção. A gente não parecia os mesmo de antes, já não sabíamos mais em que pé estava o nosso relacionamento. Me culpei por isso, mas depois percebi que a culpa não era apenas minha. - ele revelou, Caitlin escutou atentamente cada palavra dita, queria muito entender o porquê de tudo aquilo. - Posso ser sincero com você?

—Você sabe que sim.

—Não estou tão triste como antes, quer dizer, ainda existe uma tristeza, mas está mais para uma melancolia saudosa dos tempos que vivíamos juntos. Mas, se ela me pedisse para voltar, não sei ao certo se diria sim.

Algo dentro do peito de Caitlin começou a se agitar, ela demorou um tempo para perceber que era euforia por ele te dito tudo aquilo. Prensou os lábios impedindo o sorriso. Abaixou a cabeça e tentou falar apenas na música para acalmar o coração que batia rápido.

—Conhece essa? - indagou sem olhar para ele. - When I wake up, well I know I'm gonna be. I'm gonna be the man who wakes up next to you

When I go out, yeah I know I'm gonna be. Eu gosto desta música. I'm gonna be the man who goes along with you.

I'm gonna be the man who's havering to you.

Caitlin sorriu enquanto cantava de maneira desafiada e um tanto alto olhando diretamente para Barry. Ele lhe sorriu e acompanhou a música.

But I would walk five hundred miles
(...)
Just to be the man who walks a thousand miles
To fall down at your door

[...]

—Obrigada pela noite Barry. - agradeceu assim que ele estacionou na vaga em frente ao prédio dela.

—Eu que agradeço. Foi bom passar um tempo com você, Cait. - ele lhe sorriu e Caitlin reprimiu a volta de insana de beija-lo. O encarou por alguns segundos tentando saber o que fazer em seguida, sua mente borbulhava gritando para agir antes que fosse tarde demais. Ela então se perguntou o que agir significava, mas ela não precisou pensar por muito tempo já que Barry resolveu agir.

Caitlin sentiu o toque da mão dele contra a pele da bochecha dela, fechou os olhos se deixando levar por alguns segundos e então sentiu a boca de Barry contra a sua. Devolveu o beijo com a mesma intensidade se inclinando ainda mais o corpo para frente fechando o espaço entre eles, colocou sobre a nuca dele, enquanto Barry a puxava pela cintura pressionando os dedos contra a pele dela. Aquele sim era um belo fim de noite.

Barry a puxou sobre o console do carro e meio sem jeito e sem interromper o beijo Caitlin se sentou no colo dele. Sentiu o corpo queimar quando lentamente Barry desceu os beijos pelo seu pescoço sem soltar sua cintura um segundo. Fechou os olhos aproveitando o momento enquanto arranhava levemente a nuca dele.

—Você está tão linda que eu só tenho vontade de te arrancar deste vestido. - ele murmurou descendo os beijos pela clavícula e voltando até a boca dela. Caitlin riu em meio ao beijo. Então um carro buzinou quebrando o clima entre eles, Caitlin virou o rosto em busca da origem do barulho, mas rapidamente escondeu a face no ombro de Barry. - O que houve?

—Miss Murphy. Minha vizinha da frente, a maior fofoqueira do prédio. Merda amanhã de manhã todo mundo de Central. - resmungou fazendo ele rir. Barry afastou seu rosto com cuidado e lentamente passou o dedo por sua bochecha. Caitlin então começou a associar tudo o que havia acontecido nos últimos minutos e sem sair do colo dele, mesmo estando muito envergonhada, ela disse. - Você me beijou. Por que?

—Porque eu quis e você quis. Se não quisesse não teria devolvido o beijo. - ele falou colocando cada fio o solto que balançava pelo rosto dela atrás da orelha.

—Barry, eu não quero ser uma distração. - disse, sincera. Não sabia o que há vai acontecido naquele carro, mas sabia que afetava diretamente a amizade entre eles. Não queria acabar com algo tão bonito que viam construído durante os últimos anos. Aquele impulso que havia sentindo apenas para beija-lo acabou transformando a linha de amizade ainda mais fina.

—Você não é uma distração. - ele afirmou puxando o rosto dela provavelmente para beija-la, mas Caitlin desviou e o beijo acabou sendo apenas em sua bochecha.

—Eu tenho ir. - disse abrindo a porta do motorista e saindo apressada. Não olhou para trás enquanto corria até o seu prédio, mas parou ao notar que havia deixado a bolsa com as chaves do seu apartamento no carro. Então cogitou entre dormir no chão fora do seu apartamento ou voltar e pegar as chaves com o cara que havia acabado de beijar, mas tinha repentinamente pulado fora.

—Dormir fora de casa é ótimo para você repensar sua vida. - murmurou seguindo até o elevador, mas antes das portas se fecharem sentiu algo em suas mãos, abaixou os olhos encontrando sua bolsa e a chave do seu carro, os ergueu novamente e desta vez encontrou os olhos de Barry e o sorriso dele, o velocista girou os calcanhares e saiu pela porta de vidro do prédio. Caitlin, sozinha no elevador, começou a rir alto. Deus ela estava tão ferrada.

And when I come home (when I come home), yes I know I'm gonna be
I'm gonna be the man who comes back home with you


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