As memórias de pouco, as memórias de muito valor, elas estavam espalhadas sem uma distinção clara. O que lhe restou foi andar por aqueles degraus de escada, incansáveis, intermináveis, em eterno descobrimento de si mesmo.

O que havia nele eram apenas algumas distorções de achamentos, em algo de mistério ele prosseguia com sua tarefa, dever.  Para que fim? Talvez apenas para que eles não chorem, em autossatisfação as fotografias antigas como únicos guias.

Entendam, quando acordou estava cercado de vários gatos, um sol frio e um mundo que se esvaziava. Não pergunte, apenas as fotografias lhe pareciam ter algum mérito. Aqueles choros de possíveis conhecidos apenas esvaziavam como o próprio mundo. Dessa forma, em autossatisfação ele saiu de casa sozinho quando menos se esperava.

E encontrou aquela escada, que se estendia longamente até que seus olhos se desorientassem. Sozinho, ele pensou sobre os gêmeos que devia ter conhecido por acaso. Eles que pareciam mais lhe tocarem, como se fossem as gotas de chuva tocando friamente o seu rosto e o acordando.

Mas ali havia apenas cinza e interminabilidades. E entre memórias de pouco valor e muito, recuperadas, ele pensou. Não deixaria escapar aqueles flashes de luz vislumbrados, sob pena de se tornar um eterno fantasma do que um dia foi.

Prosseguia, prosseguia, com o leve temor e esperança de não chegar tão cedo ao topo, tão cedo ao fim daquele dia, daquele percurso. Não sem antes descobrir o motivo de que valia tanto a pena subir aquelas escadas para começar. Descobrir-se, revelar-se, porque não seria tarde para desistir como um dia devia ter pensado.