Contos - Halloween escrita por Alice Daniele


Capítulo 1
Capítulo Único




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Faltavam apenas duas horas até o sol se pôr completamente. Ela sabia disso pela posição do sol, e se não se apressasse logo escureceria e ela não queria continuar naquele lugar durante a noite. Mas o que poderia fazer se já havia andando o dia todo e parecia não sair do lugar? E ela sabia, quando a noite caísse, seria o seu fim.

   Quanto mais caminhava pela floresta, mas sombria ela se tornava. Os galhos mortos das árvores faziam barulhos estranhos e altos demais quando se chocavam, e a sensação de estar sendo observada era aterrorizante. A cada passo que dava, olhava para trás, frustrada. Enquanto caminhava pisara em um galho seco e pássaros voaram, não pássaros comuns, esses pareciam estar esperando algo, se alimentando de seu medo. Ela tremia quando isso acontecia, quando os via seguindo-a. Na verdade, ela temia que estivesse trêmula desde o momento em que percebera estar perdida.

   Ela passava pelo que parecia a mesma árvore de alguns minutos atrás.  Não podia mais continuar assim, precisava sair desse lugar o quantos antes. Antes de os últimos raios de sol desaparecessem, deixando-a na completa escuridão. Olhou ao redor desesperada, precisava pensar, mas no seu desespero, tudo que passou pelo sua cabeça foi tentar subir em uma árvore. Olhou ao redor, procurando uma árvore alta o suficiente que pudesse possibilita-la uma boa visão da floresta, fazendo ao menos ter uma ideia de qual direção seguir. Não muito adiante tinha uma, a mais alta pelo menos naquele local, então se dirigiu a ela. Porém antes de alcançá-la viu algo se mexendo entre algumas árvores ao lado. Parou, petrificada. Como se já não bastassem os pássaros. Lentamente olhou para a direita, para onde parecia que a coisa tinha ido, mas nada tinha. Então olhou a esquerda, também não havia nada. Respirou. Relutante, decidiu olhar para trás. Estava apavorada, tremia tanto que sentia seus dentes baterem-se. Tinha certeza de que vira algo, e seja lá o que tinha sido, estava atrás de si. Divagar virou todo o corpo, seu coração batia acelerado, o som tão alto que zumbia em seus ouvidos. Já até podia sentir a adrenalina do medo tomar o seu corpo.

   Quando enfim se virou, suando frio, nada tinha ali. Suspirou aliviada, e permitiu até um pequeno sorriso. Que boba, provavelmente tinha sido apenas um animal tão assustado quanto ela. Tudo que tinha que fazer agora era subir na árvore e traçar sua saída daquela floresta tenebrosa. Mas ao virar-se sentiu todo seu sangue sumir. Devia estar branca como um fantasma, já que na sua frente encontrava-se a criatura mais horrível que já vira. Ela queria correr, sair dali, mas suas pernas não se moviam, pareciam mais pesadas do que jamais foram. Sentiu lágrimas se formarem em seus grandes olhos verdes. Nunca pensara que tudo acabaria assim.

   O sol estava preste a se pôr, e a criatura a olhava de forma estranha. Não tão estranho quanto á própria coisa. Ela era alta, branca, braços longos e finos, suas mãos eram esqueléticas e possuía garras de pelo menos cinco centímetros. Suas vetes eram rasgadas, seus olhos eram tão negros que nada parecia haver ali, a boca da coisa não era nada humana, parecia ter sido rasgada e chegava perto dos olhos. Tinha dentes grandes e afiados, onde gotas de sangue pingavam. E o odor que exalava da criatura era tão forte que já estava a causar náuseas. Aquela coisa iria mata-la, ou pior, tortura-la até não poder mais aguentar.

   O mais estranho era o sol. Ela sabia que teria pelo menos mais meia hora antes de ele se pôr, contudo nada mais restava a não ser um céu vermelho sangue. E foi no momento em que vira a criatura. Baixinho ela começou a rezar, quando de repente a coisa deu um passo á frente. Seus joelhos fraquejaram, fazendo-a cair no chão. Desesperada com a aproximação da criatura procurou algo que pudesse detê-la por algum instante, foi então que viu um pedaço de madeira. Parecia um galho de árvore, sem pensar pegou-o, batendo com toda a força que lhe restava nas pernas da criatura. A coisa não caiu, mas deu alguns passos para trás. Ficou de pé o mais rápido que pode e começou a correr. Sabia que estava sendo seguida, mas não se permitia olhar para trás. Tentava ao máximo não tropeçar, ou bater em alguma árvore no caminho, qualquer deslize e tudo estava perdido.

   Mal conseguiu conter as lágrimas quando viu a entrada da floresta, só mais um pouco e estava a salvo. Seu coração parecia bater mais acelerado ainda, estava quase lá, só mais alguns passos. De repente sentiu mãos apertarem seu pescoço, e logo seus pés não estavam mais no chão. Ela começou a debater-se, tentando em vão se soltar das garras da coisa. Sua respiração começava a falhar. Sua visão já estava embaçada. Em vão tentou bater na criatura, mas já não tinha mais forças. Nada disso podia ser verdade. Não podia estar acontecendo. Não podia. Estava cada vez mais difícil respirar. Ela ainda tentou tirar as mãos da coisa do seu pescoço, mas falhou. Tudo que veio foi mais dor, e quando olhou suas próprias mãos, estavam banhadas de sangue. Seu sangue. A criatura a joga no chão, tão forte que seu ar falhou. Sentiu seus pulmões pesados, como se estivessem cheios de água. A criatura então subiu em cima dela. Era isso, seria agora devorada por essa coisa, até não lhe restar nada. A criatura voltou a enforca-la. Sua visão falhou e tudo foi escurecendo, seu coração parecia bater mais lento. Até que tudo acabou. As dores, o medo. Era ela, finalmente tinha vindo busca-la.


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