Sabe, às vezes até bate uma saudade da galera da FJ. Era uma gente legal, sincera, preocupada com os amigos. Mas minha realidade é diferente. Não me encaixo no grupo deles. Foi o maior esforço para tentar enganchar nas atividades que eles fazem, mas nada dá resultado para mim. Nem o Arnaldo está mais no grupo, então para que eu ficaria? Acho que ganho mais ficando na minha, de boa em casa, vendo minhas séries favoritas.

Céu e inferno devem ser só mais uma história. Das melhores, uma verossimilhança incrível, mas Nárnia, Westeros, Lyspell e tantos outros também são lugares incríveis que só existem em livros.

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Não estou mais aguentando. Quase um mês nessa solidão, na frente da tela do computador, enchendo a cara com macarrão instantâneo e refrigerante, e ainda não me sinto satisfeito. Estou quase zerando o catálogo dublado do Netflix e ainda não achei nada bom. Pior está esse macarrão, que está virando uma sopa, cheio de lágrimas que carregam anos de frustração.

Estou longe de recuperar o tempo que perdi na igreja. Não tem recompensa. Todas as reuniões, as ofertas, evangelizações… tudo que fiz deu em nada. E agora esse buraco dentro de mim está maior ainda. O que eu faço? Não sei mais aonde ir. Não vejo saída para minha vida.

A não ser que a saída não esteja na vida. É isso. A única solução que vejo. Estou morto de cansaço, então vou na cama. Encher a barriga dos remédios fortes que minha mãe tomava vai dar certo. É o fim. Acabou. Sofrimento, não mais.

Tomo tudo que tinha no armário, e mais uns venenos de rato que estavam escondidos, tanto que quase vomito. Mas agora, finalmente, poderei acabar com esse buraco dentro da minha alma e descansar em paz.

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O que são esses vultos pretos saindo do chão? O que querem comigo?

— QUEM É VOCÊ? SAI DAQUI! SAI! SOCORRO, DEUS!