Onde está Arnaldo agora?

Meu amigo não veio na Terapia, nem ontem no Descarrego. Nem postou nada no grupo essa semana. Não responde, ou melhor, sequer visualiza minha mensagem perguntando se vem hoje a tarde no FJ.

Tenho uma grande novidade para ele.

Gasto meus últimos centavos do saldo. Ligo uma vez, duas, três, e todas caem na caixa postal. Pego minha moto e vou até a casa dele, mas ninguém atende. O Scénic não está na garagem, e o portão está trancado. Só um cachorro vem latindo, o que me irrita muito, e deve irritar os vizinhos também. Como alguém consegue gostar desses bichos barulhentos?

— Eu te conheço, menino.

Acabo de virar a chave da moto quando vejo aquela senhorinha outra vez.

— Ah, lembro da senhora.

— Ainda busca o moço que mora aí? Ele não está.

— E a senhora sabe aonde ele foi?

— Ah, filhinho, já tem uns três dias que não aparece ninguém nessa casa. Tô até com dó do cachorrinho deles.

O que tenho a ver com esse cachorro? Quero saber o que aconteceu com Arnaldo. Essa senhora não pode me ajudar, o que me deixa sem outra opção além de voltar embora.

Pensando em desistir, pego outra vez meu celular, pronto para voltar em casa para me arrumar para a FJ, e deslizo o dedo para a direita. Após dois toques, ele finalmente atende.

— Ah, foi mal, Klever, não tô podendo falar muito. Tô aqui no hospital, cara, e… foi mal… Klever, depois ligo pra você, pode ser? Agora tá complicado aqui.

Nem tenho tempo de perguntar nada, mas nem preciso pensar para entender que algo muito sério está acontecendo.