Quantas voltas escrita por DiHen Gomes


Capítulo 25
25 - Heloísa




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Três semanas! Três semanas de felicidade! É tão mais gostoso levantar toda manhã sabendo que no fim do dia alguém me espera. Ou melhor, logo cedo posso ir até ele através da internet.

Você (06h49): Booom dia, meu amorrr!!!! S2 S2

Ele ainda não está online, mas quando entrar no WhatsApp essa é a primeira mensagem que lerá!

Preciso segurar a emoção, pois é tanta que dá vontade de extravasar. Não como eu extravasava antes de ir para a igreja. Arnaldo não ia gostar. Ele nem gosta muito de ver nos meus braços as marcas de quando fazia, tanto que parou de reclamar que só ando de manga longa mesmo no calor. E fazia aquilo quando estava cheia de solidão, o que não sinto mais.

*

Depois da Terapia formamos a roda dos jovens, mesmo nunca tendo mais de quinze nem na reunião de domingo. Hoje tem seis. Só o Arnaldo e o Sérgio de rapazes.

Quando chego na roda, Arnaldo está no maior papo com uma das moças, a morena magra do cabelo comprido. Nunca tinha visto ela, por isso pensei que ele poderia estar chamando para a FJ. Mas percebo que errei ao ouvir sem querer a conversa.

— Então, Karen, o filme é bom mesmo. Eu até tava pensando em assistir de novo, mas agora legendado. Vamos?

Filme? Cinema? O que é isso? Arnaldo está dando em cima dessa uma? Por que ele está chamando essa magrela para o cinema? Será que ele acha ela bonita? Mais do que eu? Ou é por que estou gorda? Não suporto gente gorda, principalmente eu mesma. Será que é porque ela é mais alta? Será que ele tem vergonha de minha altura? Mas o Arnaldo me assumiu diante de todos. Agora fica flertando com uma qualquer diante de todos! Arnaldo, será que já se esqueceu de mim? Mais um?

— Com certeza, Nal! Vamos na terça.

Essa uma ainda chama ele por apelido, coisa que nem eu faço sempre. E essa gíria da igreja, como ela conhece?

Saio da minha posição na roda e, com rosto erguido, dou passos firmes até Arnaldo. Quando percebem, entro no meio dos dois e pego na mão do meu amor.

— Nal, e ela? Vocês…

Vejo a decepção no rosto da magrela. E sorrio olhando em seus olhos. Viro-me para Arnaldo, ainda sorrindo.

— Amor, sobre o que estão conversando?

— Karen, esta é a Helô — Arnaldo ainda fala com a magrela.

— Ah, oi! Então você é a…

— A namorada dele — respondo, na lata. — Amor, e os recados?

— Helô, essa é a Karen. Ela é fotógrafa no Comunicação da sede. E minha prima.

Minha prima. Tento olhar para Karen sem ela perceber, mas ela não tira os olhos de mim. Ela ri com Arnaldo. Certamente percebe meu rosto corando, pois eu sinto por um calor, uma vergonha. Os outros jovens da roda também olham para mim. Não sei onde enfiar a cara.

— Tá, galera, escutem só… — Arnaldo puxa a atenção de todos e passa os recados, enquanto eu me escondo atrás dele.

Antes de irmos embora, Karen passa por nós, próximos à porta da igreja.

— Helô, meus parabéns! O Arnaldo é uma ótima pessoa. Estou orando para que dê certo entre vocês, viu? Tchau.

— Ciúme? — diz Arnaldo, chegando repentinamente enquanto estou distraída analisando sua prima indo.

Não respondo. Fico de cabeça baixa todo o caminho até Arnaldo me deixar em casa e ir embora.

Desta vez sim, deu vontade de me cortar. Mas já tá amarrado.


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