Parachute escrita por Charlie


Capítulo 1
1


Notas iniciais do capítulo

Saudações!
Ok, primeiro, não estou morta e nem o restante das fanfics que escrevo (nota para os leitores de naive). Como aconteceu nos demais anos, fiquei um tempo longe não só de escrever, mas de qualquer outra coisa. Passei por uns problemas pessoais e não pude fazer nada, mas agora parece que o universo está me empurrando a voltar (nota aos leitores de naive novamente). Todavia, gente, os capítulos são longos e peço um pouco mais de paciência, além de agradecer aqueles que ainda continuam comigo, sinto que devia essa explicação. Eu também sou leitora e é horrível quando os autores parecem abandonar as histórias, eu sei.
Segundo, estou me despedindo da série - após três anos do final- tentando tornar público todas as coisas que eu escrevi desde quanto comecei a acompanhar, até agora. Essa é uma delas. Na realidade, é a minha favorita. Foi escrita como one shot daquela noite que Santana e Quinn dormiram juntas no casamento de Mr Schue, lembram? É one shot que tive de dividir entre dois capítulo - nyah fanfiction barrando meus caracteres mais uma vez - e o que eu acho ter acontecido naquela noite mas, se quiserem que eu dou uma esticada maior, só deixar nos comentários.
Enfim, sem mais delongas, espero que gostem assim como foi um prazer imenso escrevê-la. Obrigada sempre pelo apoio.
Nos vemos em breve, xo.



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Quinn's pov
Numa respiração, respiro-a.
— Walk with me. Come and walk with me. - Solicita e eu sou nada, literalmente, além dum pedido que caiu dela. Então, eu caminho. Minha velha e encubada cabeça lamentadora está entupida de drogas, bebidas e vadiagem. Consigo mal me reconhecer ao caminhar por uma dessas ruas vazias, horripilantes dessas longas metragens de terror. Vejo-a ali, com as luzes da cidade, décimo quarto andares embaixo da avenida do meu hotel, pálidos olhos marrons. Posso respira-la. O vento bate em nossos rostos, esfriando-os; afastando toda aquela maquiagem que viemos a pinta-los. Minha sólida e solitária cabeça lamentadora está entupida de drogas, como um raio ultravioleta saturado. Rasgada em cada repartição. Aperto o casaco nos ombros porque é fevereiro e, embora esse mês não faça tanto frio, Santana é todas as metáforas dadas a um iceberg; toda a frieza e gelo que irradia de seu corpo, rebate contra o vento, vem e reflete nos poros de minha pele que, por fim, absorvem o temperatura baixa. A tripulação que guarda morada dentro de mim pode simplesmente vir a colidir com ela e naufragar, eventualmente.
Mas, não se engane, isso nada significa. 
Há minutos, conversávamos a respeito de x assunto, enraizadas no balcão de bebidas até que ela dissesse
— Walk with me. Come and walk with me. - Às cinco e quinze da manhã. Num pseudo casamento. Num dia dos namorados sem acompanhantes. Temos ai um vasta e exaustiva teoria de que estávamos sozinhas nesse tal dia e que, ao final, seríamos nossas próprias acompanhantes. Eu, por instância, acho ditos relatos piores absurdos. Santana é minha melhor amiga, apenas alguém que eu senti falta. Anda ao meu lado, o salto de seu sapato formando uma melodia tranquilizante no concreto das calçadas, pela extensão da rua que cruzávamos. Ela fala alguma coisa. Ela fala porque seus lábios, agora olhando, estão se movimentando e aquela fumaça branca que o interior quente de sua boca causa está a sair. Fevereiro é frio, então. É frio e deve estar, agora, em torno de menos dois graus pouco trabalhados. Há neve na beira das calçadas como se tivesse sido empurrada agressivamente pela espátula metálica dum puxador; quando os dias foram longos e o mundo, pequeníssimo. Solto um riso livre. Livre, como o vento, estou livre.
Xereteamos por dois blocos abaixo. Algo espetacularmente incrível senta na paz duma cidade na madrugada, mesmo quando esse é Lima, Ohio. O sentimento confortante de que as pessoas ao nosso redor estão adormecidas na segurança de suas próprias casas. Aquela brisa silenciosa de ventos. Não tenho certeza, não sei bem o que isso será, mas, com meus olhos fechados, tudo que posso ver é o desenho dos prédios e casas refletidas pela luz da cidade. Das cinco e trinta da manhã, 13 de fevereiro. A luz acima, as ruas embaixo. É uma canção de amor. Não estávamos indo a qualquer lugar essa noite.
— Eu estava tão nervosa que simplesmente perdi o controle, sabe? Disse “Vadia, é melhor você retirar o que disse, senão vou te mostrar como a gente faz em Lima Heights” - Santana. A essa altura, havíamos parado na frente daquelas portas de vidro dos hotéis. O hotel que comprei um quarto para o dia do casamento. Não pude simplesmente aceitar o convite de mamãe e singelamente retroceder todos os passos adiante que tomei até então. A ressaca já nascia na ponta esquerda de minha cabeça somente de pensar sobre isso. Franzo os olhos, deixo sair outro riso, mas não faço a mínima ideia do que ela fala aquela hora. Não sei o que fazer. Talvez o álcool já esteja sendo chutado de meu sistema, após seis horas de festa. É, talvez. E agora estou imóvel, parada na frente da recepção não sabendo o que fazer. Devo dizer a Santana - Thanks for the night, but don’t run. If it’s something you want, darling, you don’t have to run. You don’t have to go.
Ela olha para o interior do hotel através das portas automáticas translúcidas. A luz amarelada desse interior rebate, bate e rebate em seus olhos e reflete em meu rosto. Não posso ver aquelas coisas, mas reflete. As luzes refletem suas sombras e são mais do que eu possa resistir.
— Então, o que aconteceu com aquele professor papa-anjo seu? - Santana.
— Huh, nada. Você tinha razão, é apenas um idiota.
— Pensei que idiotas fizessem seu tipo. - Há um risada, dela agora. Não tem pressa, posso ver. Continua a olhar para dentro da estrutura, mas posso dizer que vago o significado daquele gesto era. Vasculha para dentro da bolsa de mão que carregou por toda a noite, similar a minha, e veio com um único cigarro na mão, antes de fecha-la. Santana fuma desde o colegial, embora fosse escondido dos pais. Agora, naquela idade, penso diferente. Não existe algum significado por trás do tabaco, porém. Tento analisar o movimento do seu corpo ou a deslocação dos lábios ao sentar o tubo branco neles, mas não há nada para se ler. Não na psicologia, entretanto. Depois que entrei na faculdade de psicologia, em Yale, tudo que consigo fazer agora é analisar as pessoas, automaticamente, e Santana é um vasto banquete para que eu faça tal. Portanto, pendura o cigarro nos lábios, faz uma mão uma concha enquanto risca o isqueiro na outra. Ela está tricotando o tempo. Consigo ver que não quer ir embora. Dá uma primeira tragada. Retira o tubo do lábios. Após expelir a névoa branca da fumaça, umedece-os com a língua. E, pela primeira vez aquela noite, o assunto morre. Em hipótese, eu já esteja cansada de conversar a respeito de mim e dela. Yale e Kentucky.  Santana e Quinn. Quinn e Santana. Brittany e Professor papa-anjo. Dia dos namorados e como deixo homens me definirem. Talvez esteja aí o que eu tenho de analisar.
— Por que não ficou com Judy? - Santana.
Respiro-a na fumaça.
— Não podia. Tenho crescido tanto na vida e na carreira e na independência que simplesmente não podia. - Cruzo meus braços acima do peito, repelindo o frio.
— Então foi e comprou um quarto num hotel quatro estrelas de Lima para uma noite? - Há um denso tom de sátira naquela afirmação. - Insano.
— Sim. Qual sua história? - Pergunto, não tenho certeza se realmente queria a resposta. Santana diria algo muito satisfatório ou muito decepcionante. Meio ou metade. Oito ou oitenta. Traga o cigarro numa vigésima vez, agora, antes de responder. Retira dos lábios. Segura a fumaça dentro da boca e, por um momento, penso que veria a mesma sair dessa. Entretanto, retira o cigarro e o oferece a mim. Eu não faço esse tipo de coisa. Não fumo, não uso drogas, tampouco as experimentei na faculdade. Não transo nos dormitórios ou no pátio do campus. Com homens, com mulheres. Não faço esse tipo de coisa. Mas receio que ela fique com a fumaça engavetada na boca para sempre se eu uma vez não aceitar seu convite. Está olhando para mim. Posso sentir que capta o receio em minha expressão. Então, quando pego o cigarro de entre seus dedos indicador e médio, instantaneamente, libera a tensão do corpo. Está ali, a névoa branca novamente.
— Bem - Diz. Formula a história que viria a contar. Os olhos viram-se às portas. - Eu estava planejando em voltar o mais cedo que pudesse. Não pertenço mais aqui, sabe? - Perco uma de suas mãos dentro de seu cabelo quando a joga para arruma-lo. - Não há nada aqui para mim mais. Nem para você, Ms. Ivy League. - Diz. Em contrapartida, levo o cigarro aos lábios e, quando faço, sinto o gosto do batom vermelho que usa. Sinto seu gosto. Saboreio seus lábios e sinto sua pele. Devo estar viajando. Trago, minha cabeça dá mais quatro voltas na terra. Fui uma skank uma vez, mas nada compara a o que eu vivo agora. A o que eu sou, agora. Desço o material, entregando-o. Engulo a fumaça, ao invés. Deixo que ela dê uma boa lavada em meus pulmões antes de solta-la.
— Vai dormir na rua, então, presumo.
— Estou voltando a Kentucky.
— Olá, viu as horas? São quase seis da manhã.
— E? Há um trem que passa às seis.
— Para Kentucky? Certo. - Cerro os olhos a ela. Um sorriso nos lábios. Estou tão alterada. - Sua mãe sabe que está na cidade? - Pergunto, responde balançando a cabeça, a ponta do cigarro queimando - Alguém sabe que você está na cidade além de nós? - Novamente. - Então, eu poderia te matar e você não teria algum álibi?
— Claro que teria, Mr. Schuester e os losers seriam meu álibi. Você não se safaria dessa assim tão fácil, Santana Lopez é uma pessoa importante nesse cosmo. - Diz. Jogo minha cabeça para trás a fim de libertar a risada presa na garganta. Estou tão feliz que a tristeza em ver Brittany com outro, um homem, fora enxaguada de seus olhos no decorrer da noite. Mesmo com ajuda da bebida.
— Você não vai voltar a Kentucky. Amanhã, talvez, mas hoje não.
— Então vai me levar com você para cima, mamãe? - Nasce um sorriso malicioso em seus lábios vermelhos sangue como o vestido. Como a lua e as estrelas que nevavam. Franzo os olhos.
— Deus, não. Estou ligando para sua mamãe vir te buscar.
— O que? Não! Não faria isso. - Protesta.
Claro que eu faria.
— Sabe o que eu acho, Santana?
— Hm-mhm? - Quando descansa a expressão, traga. Traga, traga e trago.
— Acho que você está todo nesse joguinho de me dizer que não tem aonde passar o noite, me enganado, só para que eu te leve para cima comigo. Para que você possa dormir comigo. - Eu estava ciente do que dizia, claro. Essa foi a teoria que correu na minha cabeça drogada porque era Santana, a final de contas, e ninguém fazia isso melhor do que ela.
— Mesmo, Quinnie? - Sorriu aquele sorriso de lábios maliciosamente fechados. As pontas elevadas e, no meio do inferior e superior, um perfeito risco. - Eu sempre posso dormir no sofá.
— Não há sofás num quarto de hotel, Santana. - Digo, mas ela sabe disso bastante bem.
— Bom, então eu teria que dormir n
— Chão, no carpete, mais precisamente. A não ser que prefira dormir nos sofás da recepção que, por mim, não há problema algum.
— Deveria dormir neles, então.
Balanço a cabeça, mas não em negação, em incredibilidade.
— Não.
— Isso é um sim?
— Não, não estou levando você comigo. Passamos a noite toda juntas, as pessoas já estão se perguntando se você é meu par para o dia dos namorados. Dormir no mesmo lugar seria demais.
— Claro, porque queimaria sua gorda reputação de garota perfeita, heterossexual e puritana. - Diz. Já estávamos atingindo nosso estilo. Nossa estilo de amizade, como, por seis anos, fomos. Cães e gatos. Ela bate, eu rebato. Traga.
— Não sou puritana.
— Claro que não é. - Santana. Traga até quando não há mais o que tragar. Joga a bituca na guia e sinto toda aquela ação como perfeita escapatória para a discussão que teríamos. - Minha mãe sabe que estou na cidade. - Perco a mão no cabelo, novamente. - Avisei-a que viria antes mesmo de sair do campus. - Aperta os lábios, reajustando o batom. - Tenho passado a noite em casa desde ontem, então estou voltando para lá nessa. - Ela estava me avisando, como se eu devesse saber. Santana está voltando para casa. Nós, quartos separados e corações partidos por pessoas alheias. Oh, eu não sei bem o que isso será, mas com meus olhos fechados, posso ver a luz da cidade e eu, na manhã, voltando para Yale sem me despedir dela. Está me olhando, coletando as reações que oscilam na minha face agora que encaro a declaração de que não precisarei enfrentar um convencimento de passarmos a noite juntas. Sexualmente ou não. Seguro a respiração. - Então, acho melhor ir. - Avisa. Os olhos vêm as portas. Voltam para mim. Está aí o que tem de ser analisado. Não fuja, Santana. A analise é essa: É difícil amar mais um vez. Após Brittany. Após Brittany quando a única maneira que sabe , quando o único amor que conhece acabou de ir embora. Ela quer ficar comigo, hoje, para que possa enrola-la em meus braços e preencher o buraco que Brittany causou. E, se é isso que ela quer, querida,
— You don’t have to run - Dou de ombros. É casual, a situação é casual. Estou bêbada e Santana também. Somos duas mulheres, adultas, responsáveis por nossas ações. Ela é minha melhor amiga, quero ficar próxima dela por mais tempo possível. É isso.
— O que quer dizer?
— Você não precisa ir. - Dou de ombros. Olho as portas automáticas. Sentado na minha língua, o gosto amargo sozinho do tabaco. Estou indo embora em ondas, afastando-me do real. É isso.
Décimo quarto andar, duzentos e vinte e seis.
Ela joga os braços acima da cabeça, em comemoração, quando, após vigésimas tentativas e posições, o cartão em minhas mãos bateu com a caixinha de identificação pregada a minha porta. Assim, não posso conter todo o transito de sensações dentro de mim quando Santana é a palhaça que é, rio. Rio e, quando entramos no quarto, estou gargalhando. São só umas cócegas estranhas em minhas costelas. O formigamento do digito de meus dedos. A dormência nos lábios. Isso tudo é tão engraçado. Ouço-a fechar a porta atrás do corpo e permanecer, recostar a silhueta na estrutura a fim de tomar base para o riso. Similiar a como fez há minutos, ao trombarmos uma na outra no corredor no meu andar. Santana indo contra a parede. Deus, é tão cômico. Minha pele salda o ambiente morno dali. Bufo uma respiração por entre os lábios e viro-me a fazer o que pessoas alheias fazem às seis da manhã. Embora ainda possa ver as luzes da cidade, por cima agora. A vasta e gorda vidraça que borda afora. Posso respira-la para dentro. Sob a luminária, a luz, Santana e eu somos duas sombras na porta do quarto. A falar disso, volto-me a ela. Permanece recostada na porta, ilesa. Está a limpar algumas gotículas de lágrimas que vieram a acumular na beirada dos olhos. Uma lâmina, única e pura, do exterior usurpa o vidro gelado a trincar e corta transversalmente o centro do rosto. Do seu rosto. Pisco os olhos, ela olha para mim agora. O mesmo sorriso nos lábios fechados e vermelhos como a lua e as estrelas que nevavam. Estou tão cansada. Como num alarme, bocejo. Bocejo e, como num movimento automático, caminha até mim. Até que tomasse um palmo distante de meu corpo, para. Olha-me onde tem de olhar. Quando nossa cabeças se aproximam, diz
— Dormirá no carpete, Quinnie. - Santana. Após o dito, abre o mais brando dos sorrisos. Tenho de franzir os olhos devido a nossa proximidade. Um branco, vermelho e gordo sorriso. Como esse que possuo certeza em usar para conquistar quaisquer que fossem meninas de Kentucky. Está a sentir algo, captar algo que irradia de minhas expressões faciais porque, olhe, eu não jogo nesse time. Não há propósitos racionais para a utilização desse dito sorriso se uma vez não estivesse absorvendo o que eu irradiava. Seja lá o diabos que eu irradiava.
Esfrego os olhos com as costas da mão, não esquentando com o borrão dali. Esfrego, esfrego. Ambos. Esquerdo e direito. Frente e costas. Estou tão cansada. Meu corpo recua e, quando as costas dos joelhos sentem o macio do colchão, sento sobre a estrutura. Esfrego os olhos. Bocejo. Em contrapartida, Santana agora vasculha o pequeno frigobar prateado embaixo dum tablado de madeira clara. Tem as sobrancelhas franzidas, embora eu só consiga alcançar seu perfil. Vasculha. Vasculha. Cima, baixo. As costas curvadas. O rabo de seu vestido subiu meio caminho devido aos movimentos. O que? Esfrego os olhos.
— Está tudo bem aí, Quinnie? - Diz. Droga, ela deve ter me pego olhando. Droga.
Quando paro com a mão nos olhos, ela tem a expressão suave novamente. O frigobar fechado, a silhueta ereta e, na mão, uma garrafa de D’usse. O que? D’usse?
— O que está fazendo? - Policio.
— Isso mesmo. Urra aos hotéis quatro estrelas. Lima vem superando minhas expectativas.
— Não, devolva, isso é o diabo de caro - Reclamo.
— Correto. E não seria tão interessante se uma vez não fossemos tão incríveis. - Busca uma taça triangular num dos compartimentos livres. Abre, desce o líquido amarronzado na estrutura. - Quer um gole? - Ergue-a. Acompanho o total movimento de seus lábios até primeiro tocarem a borda de vidro. A oscilação de sensações dançando em sua face quando a língua, primeiramente, sentiu o gole árduo. Santana geme. Tem os olhos fechados quando - Deus, é tão bom. Tão, tão fantástico. - Diz. As sobrancelhas franzidas, surpresa pelo imenso prazer disponibilizado naquele bem material. Superficial.
Minha boca saliva.
Balanço o pensamento para outro lugar. O vinho que anteriormente tomamos sobe nos ossos de minhas bochechas e a temperatura do cômodo eleva. Retiro a jaqueta brilhante colada em meus braços. Engulo uma respiração. Santana senta ao meu lado. Só percebo quando o assento afunda ali.
— Experimente.
— Quer me matar, não? - O vinho. Os cigarros.
— Parcialmente. - Sorri. Impulsiona a taça na frente de meu rosto, oferecendo-me. Ela não está forçando, implorando ou obrigando. Está oferecendo. Oferecendo e posso sentir o aroma forte de álcool hidratado em sua respiração. Respiro-a. Santana está oferecendo o D’usse dourado na taça que tomou. No meu quarto de hotel. Na minha cama. Posso claramente ver a impressão do batom marcada numa das bordas do vidro.
Não quero beber. Não quero. O sangue que escorre dentro de mim já chuta álcool e tabaco e vadiagem e Santana. Eu não quero. Mas ela está me induzindo a querer. Escrevo a hesitação na linha de minhas sobrancelhas.
— Qual é, Quinn. - Zomba.
Passo a língua no lábio inferior. Superior.
Alcanço a taça posta na frente de meu rosto. Sua mão tomba irreparavelmente para escorregar a bebida até meus lábios. Cravo as unhas no colchão quando o líquido desce por minha garganta. O fervor. A temperatura rasgando, estilhaçando meu interior. O diabo de fantástico. Suprimo um gemido.
— Vê? Quando eu digo, é. - Diz. Orgulhosa de si mesma.
Devolve o vidro a seus lábios. Dá de ombros quando permaneço com os olhos nela. Fecho o rosto quando sinto a primeira onda quente do álcool quebrar no litoral de meu estômago. Outra. Outra. Subitamente, sou uma maré de sensações. Sentidos. Minha pele é sentida como quente. As bochechas coradas. Transpiro nas laterais da nuca, embora seja inverno. As juntas de meus dedos tremem. Os lábios são extremos desertos. A visão embaçada. Nesse ínterim, trinta minutos devem ter passado por mim.
Santana está sentada na cama, agora. Sentada, as pernas cruzadas como índios fazem. A coluna ereta. A bunda da taça sentada numa da coxas. A garrafa jogada ao lado, deitada, tampada. Está ao centro e eu, em sua frente. Numa espelho de sua posição. Tem alguns minutos que estamos assim porque, noutra respiração, prossegue falando uma coisa x. Tem o cabelo preso atrás das cabeça, todavia, não consigo alcança para distinguir como. O batom pouquíssima coisa fora da linha do lábio inferior. Os ossos das bochechas levemente avermelhados. Os olhos pretos, agora. Negros e escuros como as noites de outono em New Haven. A pupila e a íris duma mesma tonalidade, então não posso dizer se estão dilatadas. Embora as pessoas falem que ocorre a dilatação. As cortinas são black out. Descidas, é dia ou não, não sei mais. Perdia a noção de espaço quando as ondas da bebida continuavam a nascer e quebrar dentro de mim, persuadindo-me a acreditar que mais de uma golada acabou acontecendo. Estou tão cansada. Sou tão fraca a bebida. Pisco os olhos uma vez. Outra. Outra. Numa outra, fecho-os. Aperto as pálpebras uma na outra. Abro-os e volto numa visão consideravelmente estável. Ainda está sentada em minha frente. As pernas de índio como as minhas. Mas usa um vestido. Usamos vestidos. Ela, aquele mesmo vermelho, e meus olhos são teimosos demais quando os comando a não xeretearem para entre suas pernas. Não há nada para eles lá. Nada que os interesse. Então, por que eles ao menos bisbilhotariam? Ela está usando algo preto. Uma thong preta, talvez, porque é isso que sua personalidade me diz. Não consigo ver alguma coisa lá naquele espaço porque a luz amarela da luminária deixa a desejar a o final do vestido sombrear a região. Então, Santana está usando uma thong preta ou nada, literalmente. Contudo, ela está usando um vestido e é bastante incomum alguém estar totalmente nua quando num. Certo?
Quando ouço sua voz marcar na minha cabeça novamente, subo os olhos para a taça na coxa.
Os deuses oram pelo álcool.
Basta um pouco de pressa a sentir tonturas, a inviabilizar a mente de mim.
Algo não está certo. Eu continuo pegando pequenas palavras finas no significado. Ela continua a falar e eu, nada. Eu estou em algum lugar fora de minha vida. Subo os olhos até seu rosto, sorri. Sorri. Ela sorri porque consegue ver que estou partindo em ondas. Oscilando sobre a água e a superfície de areia fina. Esfrego os olhos com as costas da mão.
— Cansada? - Sorri.
— Não - Sussurro. Não tenho certeza se pegou o que disse, então digo - Por que?
— Porque está se afastando - Santana. Não no sentido literal. Estou a me afastar do real. Sorri porque sabe, estou. Carrega todo o conhecimento de que sou peso pena e fraca. E devagar.
— Não estou.- Franzo os olhos. A imagem de seu rosto já desfocando da visão. Fecho-os.
Uns quarenta minutos devem ter passado por mim.
Porque uma quebra preguiçosa de ondas sonoras entopem meus ouvidos. Ondas, literalmente. Meu estômago resmunga, embrulhado, massageado por três sets de soco. Os lábios se partem para que do buraco entre deles saia a respiração abafada. Meus olhos fechados ou as luzes foram apagadas. Mas, nesse oceano frenético que meu barco navegava, os olhos foram fechados, sim.
Basta um pouco de pressa para sentir as tonturas. A inviabilizar minha própria mente de mim. Ondas, estou em alto mar. E está tão quente aqui.
Ouço Santana gargalhar.
— Abra os olhos.- Diz entre risos. - Quinn, se não abri-los, vai se afogar.
Abro-os.
Minhas mãos estão debaixo d’água. Minhas pernas. Braços e busto. Tenho as costas encostada no inicio da porcelana quente duma banheira. Banheira branca, como toda sua graça e quatro estrelas. Ameaço tombar a cabeça para trás porque pesa tanto. Tanto. Todavia,
— Opa - Santana tem uma de suas mãos em meus cabelos. Molhados, posso senti-los respigarem, as pontas, sobre meus ombros nus. Seus dedos, os cinco, totalmente abertos dentro dos fios louros pregados ao couro. Envolvendo-os. - Peguei você. - Diz. Olho-a. Está ao lado da banheira. Afora dessa. De joelhos, ambas as mão são babás de meu corpo dentro da superfície aguada. Ainda tem o cabelo preso. O vestido. A maquiagem no rosto. Os lábios vermelhos e os ossos das bochechas levemente tomam a cor natural de sua pele. Talvez o álcool esteja, enfim, sendo chutado de seu sistema. Não tenho ideia de que horas são ou a quanto tempo estive perdida no vazio do espaço. Santana poderia ter encerrado a bebida há horas. Poderia já ter fumado oito cigarros. Tomado café da manhã. Poderia ser novembro do ano seguinte. Sua gargalhada interfere meus pensares. Franzo as sobrancelhas. - Perdão.- Tenta conter o sorriso. - Estou tendo alguns flashbacks.- Olha-me de volta para se certificar de que possuo conhecimento sobre o que está falando. Eu tenho. Final do verão, festa na casa do Puck, Freshman year. Doce e belos quinze anos, a primeira vez que coloquei algo proibido na boca. Lembro-me, Santana. Estávamos nessa mesma posição cinco anos atrás.
— Não é engraçado. - Tento fixar-me no real. No que acontecia agora. Fevereiro de 2012. Certo. Eu estava numa banheira dum hotel. Nua. Já estive bêbada na frente de Santana, e nua. Nua. Éramos melhore amigas, Deus. Mas, a pensar sobre, eu ainda não sabia que ela, de todas as outras pessoas, gostava de seu mesmo sexo. Agora eu sei. Sei que ela é lésbica, logo atraída por mulheres. Sei que tem, teve, uma namorada a qual, hoje, tenta superar. Minha cabeça dói. Recolho-me na banheira, embora Santana nunca tenha apresentado algum interesse sexual por mim. Sou uma repleta idiota.
— Claro que é, está dormindo enquanto dou banho em você, bêbada, numa banheira. no dia dos namorados, após um casamento fracassado de nosso ex professor. Cinco anos após nossa primeira festa juntas. Como não engraçado, Q.?
Eu amo quando me chama assim.
Desce a bucha ensopada de água e sabão pela extensão de meu braço, naufragado, direito. Fecho os olhos. A sensação é absurdamente maravilhosa. Ainda posso sentir o gosto amargo do álcool em meu sistema que só intensifica o toque dela em meus braços e couro cabeludo. Seus dedos irradiam calor para dentro da grade de meus cabelos. Quero gritar. Vejo riscos de luzes dançarem no interior de minhas pálpebras. Talvez posso, agora, sentir a doçura de seus lábios macios tocarem abaixo de meu lóbulo direito. Murmurar alguma coisa relacionada para onde as coisas selvagens vão, tenho quase certeza ser uma musica. O digito de seus dedos tocarem o interior de minhas coxas. Ambas. Essa e aquela. Embaixo d’água. O álcool bate no inicio de minha virilha e, subitamente, estou mais úmida do que a água, em si. Não. Hipoteticamente, estou apenas me afastado novamente.
Há uma quentura do colchão da cama, agora. Uma quentura corporal.
Então eu acordo no primeiro raio de final de tarde. Meu coração já sendo um pecador. Um imenso e gordo peso sobre meu corpo, intacto, sobre a cama branca. Sob cobertores brancos quanto a neve e leite materno. Há uma luz no final de meus olhos. A luz dum final de tarde. Não existe jeito de eu ter acesso ao exterior quando o cômodo é o mesmo. A mesma posição. Os mesmos móveis e decorações. Só um pouco mais habitado e em foco, agora. Pisquei um, dois, três. Tudo é normal. Simples, enquanto caro. Enquanto um hotel. Desencosto do travesseiro, sinto os dedos de meus pés roçarem nos cobertores. Minhas mãos. A ponta de meus lábios. Posso sentir tudo, mas sinto nada. Nada. Nenhuma resposta a bebida induzida que ocorreu. Horas atrás, dias atrás, não sei. Quão puro, quão doce. Mas por tudo que vale a pena, decepciono-me. A ausência e precariedade torna tudo irreal. Não vivi. Não senti. Não tenho certezas. Não consigo nem menos sentir o pânico florescer dentro da caixa socada no meu peito. Viro-me na cama. Reviro-me. Há essa sensação de acordar sozinha. Há nada. Vejo, esfrego o sono dos olhos, o amontoado amaçado de travesseiro e tecidos dali. Santana dormiu. Há nada que posso sentir em relação a isso. O oceano veio e arrancou de mim qualquer emoção. Sento-me. Bocejo, esfrego os olhos. Ao trazer as mãos de volta, as costas estão borradas, manchadas de preto, rosa, verde e as cores primárias. Como um quadro dessas escolas literárias. Desço a vista no travesseiro e boa parte desse está marcado também. A ponta do cobertor. O branco sendo domado pelas cores duma maquiagem passada. Não faz sentido algum. Não
— Bom, eu tinha a intenção de remover sua maquiagem, mas você meio que me arranhou, me empurrou para longe e se bateu quando tentei, então…deixei com que se fodesse. - Santana.
Há nada, olhos famintos e a alma antiquada transportados pelo escárnio da regra noturna, que eu possa dizer em relação a isso.
Ela estava lá. Ainda, sentido algum.
Sentava numa poltrona bege, uma delas, ao lado, mas bem distante da cama. Tem as pernas no assento, próximas ao peito, e os braços cobertos. Está usando uma das calças de meus pijamas de bagagem e o casaco preto, peludo de ontem, como abrigo. Quero rir. Gargalhar. Contudo, o fato de ela estar me observando dormir era bem mais preocupante e assustador do que a comicidade de sua vestimenta.
— Estava me observando dormir? - Pergunto. Encosto na cabeceira. A coberta cai para o início de minhas coxas e, é fevereiro. Ainda. Está tão frio. Visto uma camiseta. Uma de minhas camisetas azul marinho, Yale estampado com enormes letras brancas. Lembro-me dessa. Usei-a num dos últimos jogos de verão do time do campus. Comprei-a porque desejava ter algo da faculdade como recordação quando, um dia, fosse embora dali. Inspiro, e a liberdade do tecido contra meu peito preocupa-me. Estou sem sutiã. Nada separa o tecido de meu peito e, faz frio. Sinto ambos meus mamilos subirem, eretos, contra a camisa. Droga. Ajusto os braços sobre eles, mas, quando volto a Santana, ela tem um sorriso de lábios fechados.
— Claro que não. Assustador. - Diz. Impulsiona-se para fora dali. Marca passos em direção a cama. Tomo uma bela olhada em sua figura, agora. Usa a calça dum pijama e o casaco fechado sobre o busto. O cabelo solto em ondas grossas e pretas sobre os ombros. Camuflando-se. Como ontem na recepção do casamento. O rosto claro. Limpo. A cor da pele e a cor dos lábios. Senta-se nos pés.- Estava lá embaixo, na cafeteria.
— Eles têm serviço de quarto
— Eu não estava te assistindo dormir, Quinn.
Calo-me. Ela não estava.
— Então, estava lá embaixo, na cafeteria, vestida desse jeito? - Pergunto.
Santana responde abrindo os lábios num sorriso. Só. O que isso ao menos significa? Cerro os olhos, mas sei que se insistir, ela não viria a falar seja lá o que fosse. Contudo, eu tampouco duvido das ideias e coragem de Santana, então, é duvidoso. Ela tem um arranhão no que vai da clavícula até a metade do pescoço. Bastante vermelho ainda, até. Peguei-a de jeito, parece. Calço uma cara de dor no rosto.
— Perdão a respeito disso - Aponto.
Toca-o com os dedos.
— Está tudo bem, só não sabia que masoquismo era seu tipo.- Sorri.
É estranho. Está tudo estranho entre nós porque há tantas coisas que tenho de perguntar a ela. Tantas respostas que inspiro e seu rosto está limpo demais. A expressão de seus olhos é clara e lúcida. Algo aconteceu. O assunto morre. Desvio os olhos. Embora, quando fiz, ela ainda estivesse olhando nos meus. Sabe. Ela sabe. Passo a língua nos lábios e, suavemente, posso sentir o sabor do batom que usei. Eles ainda o vestem. No final de minha boca, o findar duma essência de menta. Estou inquieta. Meus dedos brincam com o tecido sobre minhas pernas e, subitamente, não há mais frio. A temperatura de meu corpo aumenta. Preciso perguntar a ela, não posso
— Santana
— Pergunte - Lança.
Olho-a, confusa.
— Huh?
— Pergunte o que está fazendo de você tão nervosa - Diz, apontando-me mordendo o interior das bochechas. - Pergunte
— Hm…nós - Oscilo os olhos entre seu rosto e o cenário atrás da cabeça, porque simplesmente não posso suportar. - Nós…sabe, nós…- Paro. Não consigo. Passo a transpirar atrás da nuca.
— Dormimos juntas? - Tem aquele mesmo sorriso nos lábios. Bom saber que uma de nós pelo menos leva isso para o lado mais bonito e alegre. - Sim. - Santana. O vapor gelado sobe por meu estômago e congela minha caixa torácica. - Se eu explorei seu corpo durante a manhã após dia dos namorados, se é isso que você quer saber? Não. O que é bastante óbvio, não? Porque, convenhamos, se eu tivesse feito, você certamente não teria esquecido, a princípio. - Diz. Eu respiro. - Além do mais, não sou Puck. Não simplesmente vou e fodo meninas bêbadas, ok?
— Não sou “menina” - Policio.
— O que é, então? Um menino?
— Sou uma mulher, por Deus.
— Nome do senhor em vão
— Ah, vá se ferrar
Sobe as sobrancelhas, surpresa por minha alteração de personagem. Quando as devolve ao lugar, retoma a expressão inicial. Umedece os lábios. Filtra as expressões que oscilam por minha face. Suga-as. Não muito certo, mas permanece uns bons minutos ali. Sentada. Nos pés da cama. Estudando-me. Dessa vez, não fujo. Não desvio os olhos, tampouco reprimo-me. Ela não é a HBIC, eu sou. Tem de aprender que eu não sou uma criancinha indefesa em busca de conforto. Eu faço as regras. Eu sou a Fabray e a ex head cheerleader. Não ela.
— Okay.- Diz. Levanta-se. Desaparece no banheiro, deixando-me nervosamente confusa. Uns seis segundos. Seis, retorna. Caminha até a cama, novamente. Tem um lenço branco nas mãos. Lenço branco que, agora mais de perto, é um removedor. Arremessa-o em minha direção. - Limpe-se.- Cruza os braços na frente do peito quando o material úmido bate no meu. Um gesto nulo no rosto. Não consigo lê-la.
— Por que? - Alcanço-o. O digito de meus primeiros dedos umedecendo.
— Porque vou foder você.
— Perdão?
Minha boca saliva.
Suaviza os traços da face. Está perto de mim, agora. Senta-se, nula, ao meu lado.
— Não é isso que você quer, Quinnie? Não é isso que veio querendo por toda noite passada?
— Não sei do que está falando
— Os elogios? Os olhares? - Diz. Desentendo. - Qual é, está tudo bem em admitir que você quer viver novas coisas. Você está na faculdade, é natural. Além do mais, não sou uma pessoa que se resista. Foi esse o propósito por trás do convite para passar a noite aqui, não?
— Com licença? - Queria rir. Estourar em gargalhadas. - Primeiramente, você não está aqui porque foi convidada. Não rolou convite algum, sim? Simplesmente se atirou em cima de mim com todo esses seus joguinhos de persuasão. Segundamente, sou hétero e você é minha melhor amiga.
— Você está na faculdade, em Yale, por Deus! - Protesta.
— E?
— E? Todas as garotas tendem a experimentar quando estão na faculdade.
— Experimentar? - É tão cedo para estarmos entrando nesse tipo de discussão. Minha cabeça não seguia os traços de meu pensamento. Tampouco os de Santana.
— Sexo lésbico, Quinn, Deus.- Bufa numa respiração.
— Não, obrigada.- Imponho. Bom, surpreendentemente.- Só porque elogiei a maneira como o vestido ficava bem em você, ou bebi contigo, não quer dizer que quero fazer sexo com você.
— Não? - Pergunta.
— Não. - Respondo. Não. Não, certo? Não, não quer dizer.
— Tudo bem.- Conclui. Permaneço a observando. Está retrucando o olhar mas, após, desvia-o. Pega a imagem da escrivaninha ao lado da cama. Há algumas coisas espalhadas por lá, como chaves, bolsa, batom, etc. - Então, não quer mesmo que isso aconteça? - Volta. Parece que recolhia os pensamentos, juntos e sóbrios. Parece também que tentava aceitar seja lá o que fosse inaceitável.- Digo, não tem alguma curiosidade sobre como funciona?
— Sexo é sexo, Santana.- Esfrego o lenço primeiro embaixo dos olhos. Direto e esquerdo. Depois, em cima. Pálpebras direita e esquerda. Limpo a região até que posso sentir estar limpa novamente.- Gay ou não gay.
— Pff, ok. Então você saberia me fazer sentir prazer, aproveitar uma relação sexual?
Franzo as sobrancelhas. Desço o lenço por minhas bochechas.
— Que tipo de pergunta é essa?
— Responda
— Claro que sim - Olho-a.- Você é uma mulher, eu sou uma mulher. Funcionamos do mesmo jeito.
— Então você se masturba? - Pergunta. Num meio tempo, apoia a mão sobre o colchão após minhas pernas.
— Não vou responder isso
— Não, porque, se “nós funcionamos do mesmo jeito” você viria a fazer comigo as coisas que te acarretam prazer.
Permaneço em silêncio. Permanecemos, na realidade. Sigo os traços de seu rosto da maneira mais cautelosa possível, mas há nada a ser lido. Tem aquela expressão nula. Não segura sorrisos ou impulsos. Apenas olha-me. Talvez esteja incrédula diante desse grande e gordo fora que dei nela. Passo o pano úmido, agora bastante encardido, no canto dos lábios. Puxo-o para esfrega-lo no inferior e superior, contudo, Santana
— Não. - Agarra meu pulso. - Deixe o batom.
Cerro os olhos e minha face deve ser a mais confusa existente. Todavia, permaneço. Obedeço-a, como boa e bela submissa que sou. Caio os olhos em nosso contato quando percebo que não corta-o. Tem os dedos circulados em meu pulso. As grandes e obscuras esferas marrons fixas.
Ao concluir o trabalho de minha face, deixo o lenço. Sento-o na borda da escrivaninha e, essa altura, Santana não tem mais sua mão em mim. Na realidade, caminha pela extensão do quarto, eu diria inquieta. Posso alcançar a temperatura elevada dentro do cômodo. Tão posso que, ao pensar, vejo-a retirar o casaco. Veste uma camiseta branca, lisa, por baixo. Perfeitamente desenhada sobre sua pele e o contorno de seus seios. Uma onda de nervosidade bate contra mim. Rebate em meu peito. Estou nervosa. Involuntariamente, mordo a ponta dos lábios. Desvio os olhos. Estou enganando a mim mesma.
— Vasculhou minhas coisas enquanto eu dormia? - Refresquei. Deixei uma respiração cansada sair.
— Deveria me agradecer por ter cuidado de você ontem.- Vira-se a mim. - Se não fosse por mim, estaria aqui, agora, esparramada no chão do banheiro, desacordada. Te dei até banho, se quer saber.
— Posso dizer que sim, não morri. Senti você ali.
— Belo corpo, a propósito. - Sorriu. Quis arrancar aquele sorriso de sua cara. - Você cresceu bastante desde a última vez que deu esses problemas com bebida. - Diz. Sinto minhas bochechas quentes, corarem.
Olho para minhas pernas, cobertas. Brinco com o tecido e meus dedos. Preciso perguntar a ela. Preciso que diga o que pensa antes que eu perca a cabeça totalmente. Ouço-a marcar passos no carpete. Vejo-a entrar no banheiro, é a deixa perfeita. Não posso simplesmente ter seus olhos me observando ao perguntar.
— Santana
— Sim? - Responde, imediatamente. A harmonia da voz sendo usurpada pelas paredes de onde estava, mesmo com a porta aberta.
— Você quer que isso aconteça?. - Prendo a respiração. Prendo o ar dentro do peito e a demora de sua resposta deixa-me na aflição. Responda. Santana, por favor, responda. Responda que não para que eu possa sair, ir embora do quarto e simplesmente beijar sua bochecha adeus e retomar minha vida de universitária em New Haven, onde eu nunca deveria ter deixado.
Ela sai do banheiro. Tem um rosto fresco e sei que, se toca-la ali, meu dedo congelaria. Os lábios mais rosa e limpos. Encosta na estrutura da porta. Cruza os braços sobre o peito e franze as perfeitas tiras negras acima dos olhos. Observa-me. Engulo a seco. Cada segundo que passamos em silêncio é uma batida fadigada de meu coração.
— Francamente? - Descruza-os. Descruza os braços e caminha até mim.- Sim. Sempre quis saber o que acontecia contigo quando todos os meninos da escola caiam matando em cima. A razão de Finn deixar Berry, de todas pessoas, para correr a você.- Diz. Retoma o mesmo assento daquela vez, ao meu lado. - Precisava saber o que tem em você. - Olho-a, posso ver suas expressões tão claramente. Ela estava sendo franca, como disse. - Precisava saber qual seu sabor; o porquê de todos os garotos rastejarem em seus pés. Precisava desvendar você.
Aperto o maxilar.
— Precisava? - Gaguejo. O nervosismo doma as juntas de meus membros. Passo a tremular os músculos das pernas. Santana está me assustando, deixando-me nervosa. Não posso resistir as sensações que está a me colocar sob.
— Sim. Precisava.
— Então não precisa mais?
— Inteligente.- E sorri. Deixo a respiração sair. Tem os olhos em mim. - Pare de enganar a si mesma, Quinn. Você quer
— Perdão?
— Está aí, se torturando, para saber qual o meu sabor, para saber como as coisas funcionam com outra mulher. Está enganando a si mesma mas, olhe, não a mim. Te conheço há seis anos.
Engulo. Ela está certa. Morro para saber como é estar com Santana. Saber a razão de Puck e todos os meninos da escola quererem dormir com ela. Essa sua personalidade forte e presente. Morro para sentir o que Brittany sentia.
— Eu não s
— Quinn. - Senta sua mão sobre a minha. Olho o toque. - Está tudo bem. Estou disposta a te ajudar com isso. - E abre um sorriso de orelha a orelha.
Não é nada pra ela. Isso. Pareço a pessoa mais caipira existente quando nesse nervosismo e ela, solta. Livre. Como se já tivesse sido o experimento sexual de vários outros seres. Sinto o polegar de sua mão massagear meu pulso. O gesto me acalma, por incrível. Com cada movimentação, sinto meus membros perderam a tensão. Acalmarem-se. Meus olhos caem fechados. Encosto a cabeça na cabeceira a fim de base.
— Você quer, Quinn? - Sua voz é uma lâmpada acesa ao final da rua no inverno: beija-me os olhos, acaricia meus braços e aquece as noites frias.
Consenti.
Apenas balancei a cabeça de olhos fechados e lábios selados. Eu devia ceder. Outra parte de meu corpo dizia por mim agora que pude vê-la tão cru e vulnerável diante de mim.
Abro os olhos.
— Sim.- Respondo.
Abre um sorriso.
Impulsiona-se para mais próximo de mim.
Não posso respirar.
Posso ver o traçado de seu rosto.
O contorno de seus olhos.
A linha de seus lábios.
Desço os olhos para seus lábios. Ela me pega vendo-os.
— Okay. - Diz. Okay? Não. Estou perdendo a cabeça. Não devia estar aqui.
Pigarreio. Ela pode sentir meu nervosismo. Sinto-me tão careta. Vulnerável, como se Santana fosse me devorar. Está sentada na borda da cama, ao meu lado. Os pés ainda no chão. Só sentada. Não faz nada e eu já me sinto sufocada. Bom saber que minhas sensações retomaram seus respectivos lugares. Aperta os lábios, acompanho o movimento. Todo movimento seu, vejo. Olho. Sinto. Caio-o de seu rosto para minha coxa coberta.
— Está nervosa?
— Sim. - Imediatamente. Talvez eu, implicitamente, ansiasse alguma conversação para que as coisas não se tornassem sérias demais. Somo duas pessoas normais, mulheres, amigas, que explorarão a si mesmas, certo? Normal.
— Bem, não fique.- A doçura de sua voz faz com que eu suba a cabeça novamente.- Se o que temos for o problema, esqueça, por um momento, que sou Santana, sua ex melhor amiga e com quem passou o colegial inteiro junto.
Solto um riso frio porque, se essa era a intenção, não estava ajudando.
— Se formos mesmo fazer isso, tem de concordar comigo. Nada de sentimentos, nada de emoções.- Santana. Junto os dedos sobre meu colo, aperto-os. Estou nervosa novamente. Preciso que ela me toque. Que faça passar essa ardência dentro de mim.- Sim?
— Sim. - É tudo que consigo dizer. Ela foi minha melhor amiga. Minha confidente, de todas as coisas. Por tudo que importa, não há como nos relacionarmos quando somos quem somos e possuímos o que possuímos. Todavia, consenti.- Sim.
— Okay. - Levanta-se.- Já fez isso antes?
— Sexo?
Revira os olhos.
— Com uma mulher
— Hm…não.- Digo. Ela sabe que não.
Olha-me de pé. Bate no colchão um pouco a frente de onde estou, induzindo-me a sentar lá. Inspiro. Expiro. Movo-me do ponto onde primeiro estava. Desencosto da cabeceira e me arrasto para onde ela apontou. A coberta, simultaneamente, escorrega de meu corpo. Uso nada nas pernas além duma thong vermelha. Bem, pelo menos uma thong. Quando chego no lugar, passo o grosso pano pelas pernas novamente, porque sou insegura demais e Santana parece me comer com os olhos, embora eu não tenha a pego olhando por lá. Sento. Interligo os dedos na frente de meu corpo. Meus pés tocam o carpete. Não sei o que fazer. Ela vem até mim. Posiciona-se ali, de pé. Alcança meus cabelos e os prende num coque, porque sinto não ter nada tocando os ombros ou costas. Depois prende os dela num rabo cumprido, escorrido atrás da cabeça. Similar ao de ontem. Vejo o osso de seu maxilar marcar uma e duas vezes quando me olha.- Quer que eu vá embora? -Diz. Está com receio. Santana Lopez está com receio. Demoro a responder.- OK, não responda essa.- Ri. Abre um sorriso. Abro outro em resposta. - Mas, deixe-me saber quando quiser de verdade.- Firmou.- Ou se eu machucar você.- Cá está, emoção. Sentimento.
— Pensei que tivesse dito sem emoções
— Sei o que disse, mas não posso machucar você.- Toca o digito dos dedos embaixo de meu queixo, subindo minha cabeça para seus olhos. Desliza as costas desses pela linha de meu maxilar. Tudo a respeito dessas suas ações dizem sentimento. Emoção. Contudo, permito-a. Deixo-a, porque está admirando. Posso ver em seu rosto que está me admirando, como se tivesse esperado tempo o bastante para fazer. - Deixe-me ciente se quiser que eu pare, tudo bem?
— Sim.- Digo.
Santana é tão cheia de ternura que posso chorar.
A ternura não condiz com sua personalidade. Pergunto-me se é assim com todas. Brittany, as meninas de Kentucky. Pergunto-me se sempre faz isso ou se sou uma excessão. Se seis anos de amizade hétero fazem alguma diferença.
Vejo-a engolir a saliva.
— Tire sua camisa.- Ordena. Casualmente, assim.
Deixo a transe e toco a barra da blusa. Estou sem nada por baixo. Não posso simplesmente tirar. Droga.
Vejo-a puxar a calça do pijama. Desliza dessa e pisa para fora da poça de tecido que forma ao chão. Usa uma thong preta, como presumi. O perfeito preto bordado na carne bronzeada da região que cobria. As pernas firmes. A camiseta branca colada ao busto. Coro-me quando vejo, tão próximo de mim, a ereção de seus mamilos por baixo do pano. Usa nada por baixo. Bom, não sou só eu.
— Quinn, tire. Não posso tirar pra você, é romântico demais.
Puxo-a para cima de minha cabeça, sem pensar duas vezes. A brisa do novo ambiente bate contra meu peito.
Santana capta minha insegurança e, quando movo os braços para cobrir a região, interfere
— Não.-Diz. Devolve-os para o lugar de origem, nas laterais de meu corpo.- Não sei de onde tira tanta insegurança, Deus. Sou uma mulher também, tenho seios e
— Talvez esse seja o problema
Para. Olha-me por um instante.
— Quer mesmo que isso aconteça?
Consenti.
Vejo-a puxar uma das gavetas da escrivaninhas. Vasculha por alguns segundos até que volta com a mão envolta numa dessas máscaras de dormir. Preta com a logo do hotel na lateral do olho esquerdo em branco. Veste-me. Na escuridão, ouço-a instruir
— Não vejo propósito algum nisso, mas deve ajudar até que fique calma.- Diz.
Inspiro. Expiro. Quinn, acalme-se. É só Santana.
Seus lábios tocam o centro de meu pescoço. Os meus, partem. Sem avisos. Tocam-me e somem. Uma única vez.
— Tudo bem?- Pergunta.
— Sim.
Seus lábios tocam o centro de meu pescoço, do outro lado agora. Senta um beijo aberto lá. Depois outros. Corta nosso contato, mas, ao fazer, sinto sua respiração ir de encontro com minha pele. Tremula. Ela está fazendo o que disse. Experimentando-me. Suas mãos buscam pelas minhas e as sentam em sua cintura. Sei porque posso sentir ambos seus ossos dali tocarem as palmas. Firmo os dedos e firmo o toque. A escuridão da visão, de alguma forma, deixa-me mais aflita. Mas minha respiração é calma e meus membros, relaxados. A temperatura de meu corpo se eleva, automaticamente. A haste de sua calcinha toca a base de meus dedos e minha intenção é arranca-la de seu corpo. Isso é o que eu deveria fazer, não? Como elas fazem?
Espalha beijos abertos por meu pescoço. Por ambos os lados. Sinto a essência de seu corpo infiltrar minhas narinas. Úmida e áspera como uma floresta. O calor trazido a mim se concentra especialmente entre minhas pernas, agora. No interior de minhas coxas. Quero gritar. E, quando pretendo fazer, seus dedos tocam meu abdome. Puxo-o para dentro, a principio, mas logo me acostumo com a temperatura baixa desses. Toca-me aqui e ali. As laterais. Ambas as mãos. Perco o sentir de seus lábios em meu pescoço e acredito que já não estão mais ali. Sinto somente seus dedos. Transitarem e subirem por minhas costelas. Suspiro quando tocam a base de meus seios. Um suspiro calado, surpreso. Suo frio. Isso não está certo. Pergunte-me algo, Santana. Pergunte se estou bem ou como foi minha noite de sono. Por favor, qualquer coisa.
Passa o polegar numa meia lua pela linha inferior de ambos e, num movimento ágil, envolve-os nas mãos. Abertas, inteiras, abocanha-os. Há uma ereção de minha parte nas suas palmas. Eu, numa eternidade, nunca permiti que alguém me tocasse dessa maneira. Os meninos, os garotos da faculdade, embora nunca fossem muitos. Meu corpo sempre foi uma prioridade inicial para mim e, assim, qualquer coisa evasiva seria desconsiderada. Bom, exceto isso.
Suas mãos soltam meus seios, fazendo-me perguntar se algum desses pensamentos saíram em voz alta. Soltam, simplesmente. Não possui alguma outra parte de seu corpo em contato com o meu. A aflição sob dentro de mim por estar ali, parada, sem saber o que fazer ou alcançar. Vendada. Numa escuridão particular. Ela pode estar juntando as roupas e saindo de fininho dos quarto. Deixando-me ali. Seguro a respiração para que possa escutar a sua. Há nenhuma. Entretanto, sei que ela a segura quando rebate em ambos meus lábios. Seu hálito é quente. Tem cheiro daquela mesma essência de menta que possuo ao final da língua. Acredito ser alguma pasta de dente do hotel. Santana está respirando em meus lábios e sei, o que nos separa de um beijo, próprio como as outras pessoas beijam, é um impulso duma respiração. Ouço aquele barulho distinguível do partir de seus lábios. Umedece-os com a língua, mas nunca me toca. Talvez ela esteja tendo segundos pensamentos, arrependendo-se. Talvez precise de um impulso para ir em frente.
— Santana
— Shh - Assopra. Cala-me.
A ilusão de estar sussurrando em seus lábios é ambas assustadora e apavorante.
Sinto o calor exalar de sua pele, mas cessa. Some de minha frente e as respiração evapora de minha boca. Perco-a novamente. Sinto-a puxar o cobertor de minhas pernas, porque uma intensa temperatura baixa me atinge quando faz. Meu coração acelera. Meus lábios secam. Volto as mãos e as sento sobre minhas coxas nuas. Estou completamente vulnerável a ela. Não posso. Não. Abre-as com os dedos. Empurra minhas pernas separadas usando os dedos duma mão. Respiro. Inspiro. Expiro. Diversas outras vezes.
— Está calma, já? - Pergunta.
Está entre minhas pernas. Sei que está próxima, posso sentir o calor de seu abdome exalar contra meu rosto, formando uma onda contínua. Bater e rebater.
— Sim? - Digo. Não, definitivamente não. Minha resposta sai numa trêmula pergunta, bordando a insegurança. Controlo a respiração. É visível meu nervosismo.
Puxa a máscara para fora de meus olhos. Ganho uma panorâmica novamente.
— Posso ver.- Diz. Subo os olhos a ela.
Observa-me por alguns instantes, como se esperasse que me acalmasse. Eu não estava nervosa. Não estava. Fecho os olhos e tomo uma respiração profunda.
— Olhe, se vai ter um ataque do coração por conta disso, acho melhor pararmos por aqui
— Não vou.- Abro-os. Está me vendo, adotando as expressões que oscilam por minha face.- Não estou nervosa, só estou
— Não parece.-Corta. Umedece os lábios com a língua quando desvia o olhar de mim. Pega o cenário do quarto, as cobertas e o branco no vazio, parecendo juntar uma nuvem de pensamento que corre na cabeça. Leva ambas as mãos o rosto, coça as têmperas. - Tentemos de outra maneira, então.- Como se possível, aproxima-se de mim. Tenho de subir mais a cabeça para que não escape de seu rosto.- Toque-me.- Diz.
Não vou perguntar o que disse, porque pude captar bem. Mordo o lábio ao descer a vista a seu abdome tapado pelo branco da camiseta. Minha camiseta. Minhas coisas. Meu quarto. Ela é a intrusa, não eu. Devia se sentir mal, não eu. Hesito, todavia. Toco o fim da blusa, primeiro com uma mão, depois, com a outra. Puxo-a para cima de sua cabeça. Há nada romântico em retirar essa sua peça, ao contrário do que ela disse antes. Lanço-a numa das poltronas mais próximas antes de voltar a seu busto. Bem, ponto positivo a ela. Por todas as outras coisas que importam e que eu ainda tenho a descobrir, seu busto é, sim, um fator que certamente atrai as pessoas. Os garotos, que eu me lembre. Assim como eu, Santana também cresceu desde quando tomávamos banho nos vestiários do colégio após os treinos. Ela tem grandes e perfeitamente redondos seios atacados no peito. Olho-os, mas logo desvio. Sinto como se tivesse invadindo essa sua privacidade.
— Não posso.- Puxo-a para mais distante de mim.- Não consigo, é estranho demais.- Alcanço minha blusa descartada em cima da cama, visto-a. Esfrego os olhos, dessa vez, minhas mãos voltam completamente limpas.
— Tudo bem.- Diz. 
Franzo as sobrancelhas. Tudo bem? Eu esperava que ela voasse em mim, implorando por mais outra tentativa, ou até mesmo argumentasse e ridicularizasse o quão fraca sou. Ao invés, vai até a camiseta, estirada na poltrona, abocanha-a com as mãos. E diz
— Vou tomar um banho, se não se importa. É exaustivo esperar até que a bela adormecida acordasse. - E desaparece dentro do banheiro, batendo a porta atrás de si.


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