Pra não dizer que eu não falei do ódio, o meu chama-se Yuuri Katsuki. 

Esse cara simplesmente surgiu na minha vida como um vagalume na pretura de um céu noturno. Ele não pediu licença, não avisou de antemão e nem propôs acordo; entrou pela porta causando transtorno, ocupou espaço, e eu o odeio. Odeio essa sua gentileza irritante, o cintilar bonito de um olhar fraterno, esse hábito quase que paternal de querer ficar na minha o tempo inteiro. Observá-lo me é uma tortura deleitosa e se já não bastasse ser tão idiota à sua maneira, ele tinha de, inesperadamente, voltar ao Japão da mesma forma como surgiu pela primeira vez: subitamente.

Pra não dizer que eu não falei do ódio, o meu tem nome, tem cara e um par de bochechas imensas. E agora eu não vejo mais graça na cor do céu, na pista de gelo e nem a porcaria de um pirozhki me tem gosto porque só consigo sentir meu peito doer em um vazio imensurável deixado por um certo katsudon que foi embora e não tem previsão para voltar.

Ah, meu ódio é o sorriso das minhas manhãs deprimentes e é chato para caralho viver sem ele.