ELA

E éramos amantes
Agora não podemos ser amigos
O fascínio termina
Aqui vamos nós outra vez

Crystal Castles – Not In Love

Hanabi e Hiashi discutiam detalhes sobre a empresa da família. Trabalhando a quase 40 anos na comunicação, a empresa alinhava propagandas, impresso, internet e mídia (rádio e televisão) dentro do conglomerado que chamavam de Hyuuga Corp.

— Eu vi os últimos pontos de audiência. Temos que pensar em um produto para o entretenimento do público na hora do almoço pai. A Tokyo CIA deu mais de 2 horas de programação da grade deles para a gente e, precisamos, de algum jeito, suprimir isso com um produto novo. Por isso eu digo, um programa de variedades é o melhor. – Hanabi discutia mostrando os gráficos para o pai que observava tudo em silencio.

— Sei disso Hanabi. – Falou o homem em um suspiro. – Sua ideia é boa, mas precisa de mais base. Não é a só a mim que você tem que convencer. – Terminou limpando os óculos na camisa que vestia.

— Aqueles velhos idiotas não vão querer aceitar papai. Você precisa me ajudar...

— Farei isso. Mas preciso de uma ideia completa Hanabi. Preciso de um cronograma de uma semana de programa. Preciso de nomes. Preciso de um formato de quadro. Se possível, preciso de um projeto piloto antes de tudo isso para mostrar na reunião. – Hiashi olhou para a filha que mordia os lábios sem saber o que fazer.

— Eu aceito o desafio Hiashi Hyuuga. Eu vou fazer e você e aqueles velhotes vão ver o que é bom pra tosse. – Disse com confiança.

— Eu sei que vai minha filha, mas talvez você precise de ajuda. Porque não fala com sua irmã. Ela tinha uma ideia pra me mostrar e acabou não indo pra empresa hoje. Sabe algo dela? – Perguntou vendo a filha guardar o material.

— Não. – Disse estranhando. – Agora que você falou, eu não tive notícias da Hinata desde ontem a tarde. Será que aconteceu alguma coisa? – Indagou olhando para o pai.

Ainda mergulhados em pensamentos um barulho alto interrompeu a conversa dos moradores da mansão. Hiashi e Hanabi olharam um para o outro assustado.

— Pai...

— Fique aqui Hanabi. Vou ver o que aconteceu. – Hiashi puxou a filha da beira do sofá da sala e encaminhou-se para o pequeno hall mansão.

Hanabi seguia o pai em silencio e, quando depararam- se com uma Hinata em meio as lágrimas, a mais nova não pensou duas vezes antes de correr e abraçar a irmã apertado.

— Hina, tudo bem? Quer dizer... é claro que não tá nada bem mas, o que foi que aconteceu. – Perguntou segurando o rosto da irmã entre as mãos.

— E-Eu... des-desculpa o barulho. A-A porta acabou b-batendo com força demais enquanto eu entrava. – Dizia a mulher em meio as lágrimas.

Hiashi olhava para a filha espantando. Em todos os 23 anos de Hinata ele nunca a vira naquele estado. Claro que ele já fora um pai não muito bom para suas filhas. Depois que sua esposa faleceu, ele havia se fechado pro mundo e só vivia para o trabalho. Suas filhas foram criadas a base de regras rígidas e, por muito pouco quase perdera o amor de suas meninas.

— Hinata. – O homem direcionou o olhar para a filha mais velha. – Sente-se na sala. Vou fazer um chá para você. Hanabi, acompanhe sua irmã e fique com ela até eu trazer o chá.

Acatando as ordens do pai, Hanabi levou a irmã, enquanto Hiashi ia para a cozinha às pressas pra ajudar sua filha. Na sala, as irmãs sentaram-se abraçadas enquanto Hanabi ainda fazia carinho na cabeça da mais velha. Hiashi chegava com o chá na sala quando a porta mais uma vez foi aberta e um pequeno aviso de chegada era dado.

— Hiashi, Hana... trouxe o nosso jantar. – Falou Hiro entrando na sala com algumas sacolas. – Passei naquele restaurante perto do parque que a gente adora e... O QUE FOI QUE ACONTECEU? HINA, O QUE? O QUE? – Hiro correu abraçando a Hyuuga mais velha desajeitadamente. – O QUE VOCÊ FEZ HIASHI HYUUGA? – Disse a mulher olhando para o marido que chegava com uma bandeja na mão.

Hiro vivera muito tempo na casa dos Hyuuga como empregada. Foram quase 2 anos como babá das filhas de Hiashi. Ninguém soube direito como a mulher conquistou o coração ranzinza do Hyuuga, mas, foi com a ajuda de Hiro que Hiashi finalmente percebeu o mal que causava em suas filhas com toda a frieza e distanciamento.

— Não fiz nada Hiro. Hinata chegou assim aqui em casa e ainda estamos tentando entender o que aconteceu. Fui fazer um chá para acalmá-la e estou tão no escuro quanto você. – Disse o homem calmo, enquanto entregava a xicara para a filha que deu um leve sorriso em agradecimento.

Limpando a garganta, Hinata chamou a atenção para si dos três presentes.

— D-Desculpe vir assim. Eu... e-eu só não queria ficar em casa sozinha. – Disse controlando-se para não chorar novamente.

—  Querida. – Hiro disse em um tom maternal ajoelhada na frente de Hinata. – Você sempre será bem-vinda aqui. Ainda é sua casa, mesmo que você agora tenha um marido bonitão. – Falou olhando a mulher, que sempre seria sua menina, com um sorriso.

Infelizmente o efeito não foi o esperado e Hinata caiu novamente as lágrimas assustando a todos.

— Ué? Eu disse algo errado? – Hiro olhou com uma careta pra Hiashi e Hanabi.

— Hinata... você quer fazer o favor de falar logo o porquê de todas essas lágrimas. – Perguntou Hiashi seriamente.

— Pai!

— O que? – Disse ofendido para a filha.

— Se esse é seu jeito de ajudar... é melhor ir pra outro lugar. – Hiro disse com raiva. – Mas seu pai tem razão querida. – Disse acariciando os cabelos de Hinata. – O que houve?

Hinata olhou para todos na sala e finalmente respirou fundo. Depois de limpar as lágrimas do rosto, resolveu falar o que lhe afligia em um folego só.

— E-Eu... bom. Eu coloquei o N-Naruto pra fora de ca-casa e a-acho que a gente vai se separar.  – Falou já sentindo novas lágrimas se formando.

— COMO É QUE É? – Perguntaram os três em unissom.