Harry acordou com a cicatriz em sua testa queimando encarou o teto tentou se lembrar do pesadelo que teve mais não conseguiu aos poucos conseguiu acalmar a respiração e o coração acelerado, fechou os olhos mais não conseguiu pegar no sono novamente. Eram seis da manhã e aos poucos o sol se levantava, os roncos de Rony ressoavam pelo quarto e Harry se perguntou como podia dormir com aquele barulho, lembrou de Alina  e o quanto ela havia ficado brava com ele na noite anterior e chegou à conclusão que tinha pegado pesado com a namorada, ele nem ao menos explicou os motivos de querer que ela ficasse longe de Draco Malfoy, claro que o fato do garoto não tirar os olhos dela ajudava na decisão, mas ele era sem dúvidas um novo comensal da morte, Alina teria que entender sua decisão. Levantou se de um pulo, tomou um banho, colocou o uniforme e escovou os dentes. Seguiu sem destino pelo castelo até que se viu no salão principal e acabou se surpreendendo pois Alina já estava ali olhando para um pequeno baú apoiado em uma pilha de livros. Harry se aproximou devagar e sentou ao lado da garota que não estava comendo só olhava sem expressão e com os olhos desfocados para o pequeno baú, seu prato estava vazio.  Ele resolveu se acomodar fazendo barulho para que ela notasse sua presença o que surtiu efeito imediato, Alina olhou para ele de um jeito doce e deitou a cabeça em seu ombro dando um longo suspiro.

— Acordou cedo – ele disse apreensivo.

— Você também – ela respondeu com pequeno sorriso triste no rosto – Estou esperando a biblioteca abrir.

—  Nunca pensei que teria alguém que gostasse tanto da biblioteca além da Hermione –  Ele disse tentando arrancar um sorriso de Alina, vendo que ela continuava triste Harry passou o braço por trás da garota e a trouxe mais para perto dele.

— Verdade – ela disse dando mais suspiros mantendo os olhos fixos no pequeno baú.

— Posso perguntar o que tem ai?

— As cartas do meu pai – Alina respondeu sem olhar para o garoto – Você tem razão Harry como eu posso encontra-lo, se só tenho cartas sem nome e sem endereço?

—  Está pensando em desistir?

— Sim acho que nunca vou encontrá-lo – Ela disse fechando os olhos para evitar que as lágrimas caíssem, ela não queria chorar, detestava chorar.

— Você não pode desistir, se você quiser posso pedir ajuda, talvez alguém possa ajudar!

— Tudo bem – ela disse empurrando o pequeno baú na direção do garoto, pegou os livros e se levantou, em seguida deu um beijo no namorado e saiu do salão principal sem dizer nada.

Harry ficou ali observando ela sair com o pequeno baú em mãos, pensou em abrir e ler as cartas, mas não pareceu certo, ficou em silêncio pensando no que fazer até que Rony e Hermione se juntaram a ele para tomar café.

— A gente estava te procurando cara – Rony disse dando um tapa nas costas do amigo — O que é isso?

— O baú da mãe da Alina – ele respondeu dando de ombros.

— E o que você está fazendo com ele?  - Hermione disse fazendo cara feia para ele — Harry você não está bisbilhotando as coisas dela né?

— Credo, Hermione eu tenho cara de Stalker?

— Depois de ontem – ela disse cruzando os braços ainda em pé — Você proibindo ela de investigar o Malfoy.

— Isso é diferente não era uma proibição, eu só não quero que ela se coloque em perigo – ele respondeu encarando a amiga — Isso foi ela que me entregou e eu não tenho ideia do que fazer na real, quero ajudar ela a encontrar o pai, mas não sei por onde começar.

—  Eu posso ajudar se você quiser? –  Hermione falou enquanto sentava ao lado de Harry.

— Essas são as cartas do pai dela, cartas que ele escreveu para a mãe antes de sumir – Harry abriu o baú e entregou as cartas para Hermione — São a única coisa que ela tem do pai.

— E como um monte de cartas velhas podem ajudar a identificar alguém? –  Rony disse puxando o baú.

— Talvez a caligrafia possa ajudar – Hermione falou olhando para Harry e ignorando Rony que girava o baú nas mãos, o colocando de ponta cabeça em seguida colocando em pé novamente — Eu tenho a impressão que já vi essa forma de escrever em algum lugar.

— Deixa eu ver – Rony disse largando o baú de qualquer jeito na beirada da mesa o que fez com que ele caísse no chão se abrindo em dois.

— Caramba Rony por Merlin, olha o que você fez –  Hermione se levantou bufando e recolheu o baú, quando a garota o virou um pequeno caderno caiu do que parecia ser um fundo falso.  

—  Acho que não está quebrado – Harry disse pegando o baú das mãos de Hermione — Parece um fundo falso.

— Tem um caderno aqui – Rony disse apontando para o caderno nas mãos de Hermione.

— Não é um caderno Ronald, é um diário – ela disse revirando os olhos

— Vamos mostrar para Alina – Harry sentiu que enfim poderia ajudar a namorada, afinal um diário poderia enfim revelar a identidade do pai da garota — Acho que isso pode ajudar ela.

—  Harry ela está muito fragilizada com tudo que aconteceu e se não tiver nada aí, vai ser só mais uma decepção para ela.

— Você tem razão –  ele disse sentindo a animação deixar seu corpo.

— Eu vou dar uma lida ou talvez você mesmo possa ler, talvez algumas das respostas que ela procura estejam aí.

— Ou talvez não tenha nada – Harry completou.

— Você só vai saber lendo –  Hermione concluiu entregando o diário para Harry.

Alina caminhou sentindo-se vazia aquele baú era a única lembrança que ela tinha de sua antiga vida, ele carregava a esperança que um dia ela poderia encontrar o pai e ter alguém que pudesse amá-la pelo que ela era e não pelo que ela poderia ser ou ter. Entrou na biblioteca vazia, entregou para Madame Pince os livros que havia pego dias antes e seguiu para as prateleiras atrás de algum livro que pudesse ocupar sua mente. Em uma das prateleiras mais altas um título chamou sua atenção, mas como estava no alto se colocou nas pontas dos pés para pegá-lo, esticou-se ao máximo e quando finalmente seus dedos tocaram a lombada do livro seu pé escorregou e acabou se desequilibrando caindo com um forte baque no chão, junto com ela vários livros caíram também, foi quando um garoto loiro se aproximou e com um gesto da varinha os colocou novamente na prateleira.

— Você está bem? – Draco perguntou oferecendo a mão para que ela pudesse levantar, de início ela pensou em recusar mais acabou aceitando.

— Obrigada.

— Draco Malfoy – ele disse sorrindo mostrando dentes brancos e alinhados, era um sorriso bonito em um rosto que poderia ser esculpido em uma sala de cirurgia de plástica, como alguém tão mal podia ser tão bonito.

— Eu sei quem você é – ela respondeu seca se arrependendo em seguida pois se ela queria investigá-lo ali estava a chance perfeita. Enquanto Draco encarava ela com seus olhos azuis, Alina tentou consertar o que havia falado — Você se apresentou no salão principal.

— É verdade, tinha me esquecido – ele disse abrindo outro sorriso, o garoto tinha charme ela tinha que reconhecer.

— E o que você faz aqui tão cedo? – ela disse tentando manter a conversa.

— Eu gosto de vir aqui cedo, estou precisando repor algumas matérias e geralmente não tem ninguém por perto, só aquele metida-sabe-tudo da Gran.... – Draco irá falando, mas parou no meio da frase.

—Tudo bem, não precisa se privar de falar mal dos meus amigos, só porque agora eu estou aqui e posso escutar, você deve fazer isso o tempo todo – Alina disse fechando a cara.

— Eu falo na cara deles também – ele respondeu ignorando a Alfinetada da garota — Você deve saber que eu, Potter, Granger, Weasley não nos damos bem.

— Acho que isso a escola toda sabe.

— Você e o Potter estão namorando não? – Draco perguntou mudando de assunto de repente.

— Sim nós estamos.

— Então você não deveria falar comigo! Ele não vai gostar! – Ele disse passando as mãos pelo cabelo deixando-os caídos na testa e desarrumados.

— Ele é meu namorado, não meu pai! Eu posso muito bem escolher meus amigos, obrigada!

— De nada – ele disse fazendo ela sorrir — Então nós somos amigos?

— E porque não? – Alina percebeu ali a chance que estava esperando, quanto mais perto ela pudesse estar mais informações conseguiria.

— Como uma garota como você acabou namorado o Potter?

— E o que você quer dizer, com uma garota como eu?

— Linda, inteligente, decidida, que não abaixa cabeça, não se deixa intimidar – ele respondeu como se fosse óbvio, só ela não conseguia ver, como um estranho conseguia conhecê-la tão bem. — Aqui em Hogwarts nós não temos muitas garotas como você, aposto que nenhuma se sairia tão bem se fosse trancada em um porão.

— Eu não gosto de falar disso – ela disse encarando os próprios pés.

— Pois deveria, isso mostra o quanto você é forte – ele disse se afastando a deixando imersa em seus pensamentos — A gente se vê por aí Alina.

—  A gente se vê – ela respondeu torcendo para que o namorado não descobrisse que ela estava fazendo exatamente o oposto do que ele pediu a ela.