Herói escrita por Lizzy Di Angelo


Capítulo 1
Herói




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/752041/chapter/1

Bakugou Katsuki estava puto. Não irritado, como quando gritava e explodia tudo a sua volta, mas silenciosa e fatalmente puto. Todos pareciam dispostos a lhe tirar do sério, e ainda vinha mais aquela: o inútil copiando os seus movimentos. Bufou, caminhava para casa chutando uma pequena pedra com força, aquele merda não podia fazer isso.

Vozes zuniam como um plano de fundo para seus pensamentos, mas foi quando uma única frase soou mais alto do que todas as outras, e acordou-o. Podia jurar que uma voz feminina pedia socorro, e quando se aproximou de um beco ouviu aquela voz outra vez, ainda mais alta.

—Me solta! Socorro! –e aquele grito cheio de terror o obrigou a entrar no beco, porque puto ou não, ele era um herói.

Conseguia distinguir uma silhueta pequena e feminina caída no chão, sua perna era forçada em uma posição estranha e podia ouvir os soluços dela, mas sentiu certo respeito pela garota caída ao ver como seus braços se mexiam em uma tentativa de reagir. Em cima de si havia um homem grande, e Katsuki viu como, ao mesmo tempo em que uma das mãos dele puxava a roupa da garota, a outra parecia prestes a socá-la na boca.

Não soube porque suas pernas se mexeram tão rápido, embora mais tarde ele tenha se convencido que era apenas uma oportunidade de extravasar sua raiva, mas quando notou já estava puxando o homem, lento pela surpresa, para longe da garota. O punho grande quase acertou sua boca, mas antes que ele pudesse terminar o movimento, o loiro já havia feito suas explosões estourarem na cara dele.

Bakugou pensou em ir atrás dele quando o homem correu, mas um resmungo dolorido o fez ficar parado ali, seus olhos agora fixos no corpo pequeno e ainda jogado no chão. Sua mente trabalhava rápido, tentando descobrir de onde conhecia aquela voz, mas bastou um passo para ter sua resposta. Satori Aiko, sua vizinha e garota para quem sua mãe havia o empurrado a infância inteira, estava acabada.

Se abaixou ao lado dela e tentou não corar ao ver os estragos que haviam sido feitos ao uniforme que ela vestia, ajudou a garota a se sentar, ainda que ela não conseguisse se sustentar sem se apoiar em si. Satori encolhia os ombros, Bakugou não sabia dizer se era uma tentativa de esconder o que havia ficado exposto, ou se ela realmente estava sentindo muita dor, mas aproveitou a chance para ajeitar seu terno cinzento sobre os ombros dela e fechar seus botões, porque heróis também não deixavam garotas que haviam acabado de ser quase estupradas andarem por aí apenas com suas roupas rasgadas.

Talvez a chamasse de idiota em um dia normal, mas não conseguia juntar coragem, ou raiva, o bastante para fazer isso enquanto ela chorava silenciosa. Notou o hematoma sobre a bochecha dela, e pensou que deveria ter ao menos acertado um soco no filho da puta, para ele ficar parecido. Tentou não olhar muito para as diferentes manchas espalhadas pela garota, se concentrando na perna quebrada. Levantou-se, trazendo a garota no colo, deitada e com o rosto apertado contra seu peito.

—Eu vou te levar para casa. –falou, e por mais que fizesse força, seu habitual xingamento se recusava a escapar de sua boca. –Consegue concertar sua perna? –Aiko era aquele tipo de pessoa que possuía individualidade de cura, o que geralmente o loiro considerava como fraco e estúpido, mas era difícil achar fraca alguém que tentava lutar até seu ultimo segundo, mesmo que sua desvantagem fosse gritante.

—Estou tentando. –murmurou, ainda com seu rosto escondido. –Obrigada por me salvar, Kacchan, se você não aparecesse...

Seu peito falhou uma batida, não soube se havia sido pela pronuncia daquele apelido infantil idiota, pelo qual ela não o chamava há tempos, ou se pelo soluço que ela soltou contra seu peito, só soube que, naquele momento, nada lhe parecia mais assustador do que a possibilidade de que algo acontecesse com ela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Herói" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.