Atena deixou que seus olhos se fechassem por alguns segundos, mesmo que em sua mente passasse séculos, tão rápidos que qualquer outro deus presente naquela sala não conseguiria acompanhar, essa era a vantagem de ser a deusa da sabedoria, infinidades de coisas, segundo por segundo, rodando, misturando, afundando em seu cérebro, entretanto essa também era a desvantagem.

Sua mente vagou na lembrança que a fazia continuar todos os dias e ouvir tudo que ela ouvia, dia por dia, manter a cabeça erguida e fazer todos os infinitos trabalhos que Zeus jogava em suas costas, continuar sua luta própria e inquestionável, aparentar ser a mesma deusa certinha e inocente de quando chegou no mundo, começando a descobrir o mundo.

Ela estava encolhida devido ao frio, a manta azul contra o seu corpo tentando a aquecer seu corpo delicado, ele se sentou ao seu lado.

— Sabe o que Zeus faria? Não sabe? — indagou Poseidon baixo, como se tivesse medo de alguém ouvir, qualquer um, mesmo tendo apenas eles ali.

— Ele nunca pode descobrir, a cada dia que se passa ele parece afundar mais em um ódio contra você — Atena assentiu, usando o mesmo tom que ele, seus olhos tempestuosos fixos no mar a sua frente.

Uma ilha escondida até mesmo de Zeus, esse era o lugar que ela e Poseidon se encontravam, o pequeno mundinho deles, aonde ambos podiam fugir da realidade.

— As coisas vão mudar, mas até lá precisamos de um jeito, algo... — o deus do mar jogou a cabeça para trás — precisamos de um teatro.

— Já vivemos uma mentira, escondidos de todos — a loira falou endireitando a postura, suspirando —, mas entendo o que quer dizer.

— Algo que garanta que ninguém nos questionem, questionem seu juramento — Poseidon disse tirando um cacho loiro do rosto dela, o pondo atrás da orelha — temos que declarar guerra.

Atena assentiu, a cada dia que passava eles pareciam menos discretos, e talvez realmente estivessem sendo, mas o sentimento que eles sentiam simplesmente parecia não ter fim, eles queriam se envolver mais e mais no que eles tinham.

— Vamos criar histórias, mitos que todos, até os deuses acreditaram que é verdade e cada luta que travarmos vai ser um passo mais próximo para conseguir o disfarce perfeito — ele declarou segurando a mão da deusa com delicadeza depositando um beijo no torço da mão. — e lembre-se Atena — a fez olhar em seus olhos — cada xingamento, cada eu te odeio que eu declarar para você em voz alta, vai ser a nosso código para eu te dizer eu te amo!

A deusa abriu seus olhos, dando aquele sorriso vitorioso que ela sempre tinha, cruzando as pernas de modo provocativo e superior, encarando Poseidon no fundo dos olhos, pronta para mais uma briga, para mais uma declaração de amor silenciosa, para mais um dia em que ela simplesmente esperava para não precisar mais esconder de todos o que eles realmente sentiam e que no final do dia, depois de todas as brigas e as portas trancadas de cada quarto eles simplesmente desapareciam e iam para o mundo deles, apenas deles aonde eles poderiam ser quem eles quisessem e principalmente se amarem sem medo de o fazer.