Marinette havia entrado em estado de choque ao ouvir tais palavras. Sentiu um puxão em seu braço e olhou para Adrien que a puxava para atrás de algumas prateleiras, numa tentativa de se esconder. Mas eram tantos! Quase que inconscientemente começou a contar os homens armados que rendiam as pessoas dali. Um, dois, três... A contagem foi interrompida pelo estalo de uma arma sendo engatilhada atrás de si. Tanto Adrien quanto Marinette se viraram para o homem que apontava uma arma para eles. O pano que cobria lhe a cabeça tornava difícil ver sua expressão, mas Marinette conseguiu perceber um brilho malicioso em seus olhos.

"O casal pretende ir a algum lugar?" a voz grossa era carregada de sarcasmo, maldade e ironia nas quais Marinette já conhecia bem. Engoliu em seco. O homem indicou com a cabeça o centro do lugar sem, em momento algum, tirar a arma da mira "espero que o casal obedeça, não quero ter que machuca los". Marinette foi a primeira a se mover e começou  a caminhar em direção ao local indicado, com Adrien logo atrás.

Quando chegaram perto do balcão, Marinette travou no lugar, e olhou chocada Tikki ser empurrada com brutalidade fazendo a mesma cair. A raiva lhe consumiu, fazendo a azulada fechar as mãos em punhos. Ela respirou fundo, não podia perder o controle, pois se o fizesse não seria a única correndo algum risco. Infelizmente, Plagg não teve a mesma idéia.

Chocando a todos ali ele se soltou da pessoa que o segurava e atacou aquele que empurrou Tikki, disferindo-lhe um soco. O silêncio se propagou pelo local antes de Plagg perder o controle e começar a atacar os homens mais próximos de si. Novamente um tiro soou pelo local e Plagg caiu de joelhos no chão, segurando o braço esquerdo com força, enquanto gritava de dor. Uma figura se aproximou, o mesmo homem que Plagg havia dado o primeiro soco, e chutou o moreno fazendo-o perder o equilíbrio e se segurar por pouco nos braços. Um filete de sangue escapou por seus lábios. Tikki, que até então havia travado em choque, pareceu acordar ao ver o marido sangrando.

"Plagg! Plagg, por favor. Para!" ela suplicou a voz saindo falhada "eles vão te matar se não parar!"

"Você deveria escutar sua mina" o homem próximo do moreno murmurou, o sorriso arrogante presente na voz. Plagg trincou os dentes irritado.

"Ela não é minha mina. Ela é minha esposa!" murmurou ríspido e provavelmente teria se levantado novamente se não tivesse ouvido outra súplica de Tikki. O homem deu risada e chutou as costelas do moreno, fazendo-o cair no chão com um gemido baixo.

"Alguém mais pretende dar uma de herói?" gritou olhando cada um dos presentes. Marinette sentiu as unhas cravarem nas palmas da mãos de tão forte que as apertava. "Levem nos daqui. Já perdemos tempo de mais".

Logo as pessoas que antes estavam no local foram levadas, aos empurrões, em direção a dispensa da loja. Marinette foi a última, e ao passar pela porta escutou a mesma se fechar com um estrondo e teve certeza que a mesma foi trancada. Ela olhou para todos que estavam ali. Ao todo eles eram seis. Ela, Adrien, Tikki, Plagg e um casal que Marinette tinha certeza de nunca ter visto antes. Seus olhos pararam em Plagg, que estava sentado no canto da sala, e no desespero de Tikki ao tentar estancar o sangue saia de seu braço. A azulada correu em direção ao casal, se ajoelhando ao lado do braço ferido de Plagg.

"Tikki, aqui tem algum tipo de material para curativos?" perguntou enquanto rasgava a manga da blusa de Plagg para ver melhor a ferida. Isso vai precisar de pontos, pensou. Tikki concordou e correu até uma das prateleiras puxando uma caixa de primeiro socorros que era mantida ali para o caso de emergências. Aquilo definitivamente era uma emergência.
Ela colocou a caixa ao lado de Marinette e colocou a mão no rosto de Plagg que tinha uma expressão de dor e cansaço " aguenta firma, ok? Estamos nessa juntos " sorriu de leve acompanhada de Plagg.

Marinette abriu a caixa com rapidez puxando os matérias necessário para limpar a ferida. Ela molhou o pano com soro, mas parou a centímetros de distância do braço olhando hesitante para Plagg "isso pode arder" sussurrou e viu Plagg concordar levemente com a cabeça. Ela apertou o pano contra a ferida e notou o corpo do moreno ficar tenso, fazendo a ficar aflita. Aquilo com certeza era mais fácil quando estava sozinha.

"O tiro, por sorte, pegou só de raspão" murmurou tentando se distrair enquanto continuava a limpar a ferida "do contrário seria preciso tirar a bala do seu braço e isso seria bem pior". Ela soltou o pano e o frasco de soro, quando terminou e encarou a caixa novamente. Era um quite igual ao que tinha em casa, com todos o itens necessários para qualquer tipo de emergência. Incluindo a agulha e linha esterilizadas para pontos. Marinette as pegou rapidamente já preparando as para usar, quando alguém segurou seu pulso. Ela levantou os olhos e encarou os olhos azuis de Tikki

"o que você vai fazer?" Tikki perguntou, e Mari pode ver a desconfiança nos olhos da amiga.

"Eu preciso fazer pontos nele, Tikki" ela sussurrou "confia em mim" suplicou. No entanto a morena balançou a cabeça.

"Não é questão de confiança, Mari" Tikki murmurou em tom de desculpas "mas você só tem 16 anos!"

"Eu sei que parece estranho. Mas eu também sei que se eu não fechar isso, vai continuar sangrando e sabe se lá quando vamos sair daqui. Ele pode morrer" Tikki engoliu em seco. Mari passou as coisas para uma mão só e segurou a mão de Tikki tentando lhe passar confiança "eu posso evitar isso. Sei o que estou fazendo mas você..." olhou para Plagg "vocês" se corrigiu "precisam confiar em mim".

Ambos piscaram perplexos e trocaram um olhar hesitante. Apesar de tudo o medo de perder um ao outro era maior do que o medo de deixar uma menina de 16 anos cuidar de uma ferida de bala. Plagg se virou para a azulada. "tudo bem". Marinette concordou com a cabeça. Então começou a tratar a ferida.