Capítulo 1

“Busque, capte, escolha, decida e finalmente encontre o princípio. Envio esta carta com o intuito de ajudar lhe, não me entenda mal, o que fiz foi por amar-te.”

Com muito amor, Sua mãe Louise

Nunca havia entendido esta carta... Só tinha isso escrito! Guardei ela no lugar de sempre, na gaveta. Fazia muitos anos que não via a emissora desta carta. Me disseram que ela havia fugido com um ladrão e me deixou  com a minha avó.

A minha avó… ela não gosta muito de mim, não tenho certeza quanto a isso. Nunca entendi tanta disciplina, tanta dureza, tanto rancor. Minha tia me disse que seria talvez pelo o fato do fim tomado pela minha mãe:

“Ela foi muito mimada. Sempre teve o que quis e quando os meus pais não permitiram a vergonha de ter uma filha casada com um bandido, fugiu”.

Minha tia, sempre muito arrogante, cheia de amargura e dor. Casou-se com um alquimista rico que do nada decidiu morar em Gardênia, a cidade das fadas, embora eu ache muito estranho uma feiticeira casar com um alquimista e morar na cidade das fadas. Não é como se  isso fosse da  minha conta.

Hoje irei ao teste de magia ou feitiçaria, ou sei lá, um teste de aptidão! Bom, a minha avó quer que eu estude na Academia Real em Prontera. Aos catorze anos todos os feiticeiros realizam testes de proficiência e com as suas notas em mãos podem ingressar em um dos mais diversos tipos de academias existentes.

Por sua vez, existem diversos tipos de academias, as especializadas em artes, as em lutas, as em magia arcana (magia dos magos) entre outras e  tem a Acadêmia Real que não é apenas a mais antiga e respeitada escola de magia entre os feiticeiros é praticamente  um meio para quem realmente quer ser importante no nosso reino.   

Como podem ver, eu tenho catorze anos e meu exame de admissão será no Palácio de Pelúcia. Não, ele não é de pelúcia e esse não é o nome real dele, é um palácio onde os tijolos têm forma de almofadas entalhadas nas paredes. De primeira não gostei da ideia, costumeiramente toda corte faz seus exames nos palácios oficiais e eu não queria ter nada a ver com a corte, mas depois vi que não tinha muita escolha.
Pelo o que parece que os tempos vão ser difíceis...

— Está pronta? – disse a vovó

— Quase.  

Falei pegando uns sapatos, embora o tamanho de nossa casa seja grande tínhamos poucos empregados. Primeiro minha mãe me teve de um cara desconhecido, depois  desapareceu. A honra da minha família, que já não era essas coisas, caiu por terra prejudicando os negócios do meu avô.   Depois de um tempo ele faleceu o que tornou a nossa situação ainda mais difícil.

— Abra a porta! – ordenou ela, abri a porta imediatamente antes que ela a explodisse. - O que falta?

— Só calçar o sapato.

— Espero que sim. Escolha um bonito e confortável.

— Vou de trem?

— Você é uma feiticeira, ou uma Bruxa? –Falou me olhando por cima dos ombros.

A verdadeira diferença entre bruxos, feiticeiros, magos e gênios é a seguinte:

Feiticeiros diferentemente dos bruxos, magos e gênios, não precisam de um objeto catalisador como uma varinha, grimório, chapéu, garrafa ou quaisquer outras coisas.

Em nosso corpo há uma energia específica, tem gente que chama de “qui”, chackra, písis, áurea, etc. Nós o chamamos de Magician isso porque foram, em nossa cultura, os magos que a descobriram existindo vários outros nomes, mas não é sobre isso que você está lendo.

Os gênios são bruxos, magos ou feiticeiros que cometeram algum delito e foram pegos. Resumindo a “garrafa” é apenas uma prisão, mas eu considero uma pena leve, pois eles podem utilizar de magia para obedecer ao seu amo.

Os animais falantes, os Familiares, como cães, gatos, canários e corvos. São parte de outro tipo de punição, uma mais moderada uma vez que lhe priva o uso da magia e o condena a servidão. Depende do grau de besteira que a pessoa faz. Geralmente esse tipo de pena é dado para coisas meio que insanas que desafiam o equilíbrio natural, como querer dominar o mundo não mágico, tentar matar alguém importante ou roubar algo utilizando magia.

Os bruxos têm o seu livro de magia (também chamado de grimório) assim como os feiticeiros e magos. Apenas os magos a utilizam como objeto catalisador de energia. Os bruxos precisam de sua varinha para canalizar grandes quantidades de magician, afim de, praticar, conjurar, os feitiços. Já o Feiticeiros, apenas com o movimentar de dedos e um sussurrar de palavras consegue  conjurar magia, ou seja, não precisamos necessariamente de um objeto catalisador.

Bem, a utilização do livro faz parte de um acordo que foi realizado depois de uma grande guerra em que vários utilizadores da magia foram mortos cruelmente. Ficou acordado que nenhum mago, bruxo ou feiticeiro, poderia reservar energia extra em seu corpo, por um motivo que eu ainda não sei. Então quem não segue essa regra é jogado em uma garrafa por um tempo.

Em uma situação normal minha avó não ousaria tocar em minhas coisas, mas depois que abri a porta para ela a nossa única arrumadeira entrou no meu quarto e começou a checar pela milésima vez, se eu estava levando tudo o que precisava comigo. Minha avó por sua vez estava colocando as coisas "no seu lugar" de modo compulsivo, parando no meio do quarto me encarou com  desprezo.

— Onde está o seu livro?

— Eu o transformei em pingente.

Falei mostrando a  ela.

— Pelo menos você me parece inteligente – Falou me olhando por cima dos óculos – só falta mesmo atestar. Pegue as suas coisas e vamos para o portal.

Falou jogando um casaquinho em mim, atravessando o recinto como um furacão. Ela havia criado um portal lá na sala, era bem mais divertido viajar de trem, porém eu não iria discutir com ela, não é?!

— Benevolus... Hum... Será que é isso mesmo? – indaguei coçando um pouco a cabeça – Bem é melhor falar o que eu entendo, siga-me em ordem!

E toda a bagagem tomou a ordem em que eu definia em minha mente. Desci logo após ela, a última bagagem desceu um minuto depois.

— Você deveria ter utilizado a Transportação.

— Eu prefiro Transporte Ativo.

Ela colocou uma espécie de cartão na bagagem logo a mesma desapareceu, sem demora ela me disse:

— Vamos! Não quero que se atrase.

Entramos no portal.