— Michimiya, você veio mesmo. - disse o capitão da Karasuno, surpreso pela presença da capitã do time de vôlei feminino da escola.

Sugawara não demorou para deixá-lo com a mesma, estampando um sorriso sem graça no rosto enquanto empurrava Asahi dali. Ele olhou rapidamente para atrás, observando-os, conseguindo ver o momento que Michimiya tirou algo da bolsa e inclinou na direção de Sawamura. Um amuleto. Amuleto que daquela distância, ele não poderia imaginar o que estava escrito. Seu estômago revirou por um momento e mil possibilidades surgiram na sua cabeça.

— Bem, não é especialmente para você... - Michimiya tremia enquanto inclinava o amuleto na direção de Daichi. - É pra todos vocês... De todas nós. Então não é como se....

O capitão da Karasuno não esperou que ela se justificasse por muito mais tempo e sem demora, tomou o amuleto de sua mão. - Oh, obrigado! Eu o colocarei no banco. Espero que vocês torçam por nós!

O capitão correu em direção ao ginásio para se juntar ao resto do time, sem parecer saber realmente do que se tratava o amuleto.

Quando Sawamura os alcançou, Sugawara se esforçou ao máximo para não transparecer interesse pelo o ocorrido lá fora. Não seria educado de sua parte questionar o que havia acontecido e ele sabia que poderia ser mal interpretado pelos amigos ou pelo próprio capitão. A última coisa que precisavam para aquele dia com um jogo tão importante, era mais preocupação.

Agora, dentro do vestiário, ele não conseguia se concentrar. Ele sabia que naquele momento deveria estar pensando nos planos para os sets que ocorreriam mas somente a visão do amuleto de Michimiya era capaz de ocupar sua mente. "Heh... Eu devia ter dito algo antes."

— Oi, Suga. - enquanto passou o uniforme pela cabeça, ele tentou chamar a atenção do levantador, que estava parado com as mãos sobre o zíper de sua bolsa por mais tempo do que deveria. - Você está bem?

Ele se virou para o capitão, com o seu sorriso familiar no rosto. Sorriso que era capaz de acalmar qualquer pessoa, lhe encorajar. Entretanto, quando sua voz falhou ao respondê-lo, Daichi percebeu que era seu parceiro quem precisava de orientação.

— Está tudo bem. Eu só preciso de um pouco de ar. Vocês podem ir se aquecendo sem mim, eu não demoro.

Antes que alguém pudesse dizer qualquer coisa, Sugawara correu para fora do vestiário.

— Eu vou ver o que ele tem, não demoraremos para voltar pra quadra. - finalizou o capitão, se apressando para alcancá-lo.

Asahi que conversava com eles até o momento, não demorou para entender a situação. Nishinoya se aproximou dele para questioná-lo sobre o que havia ocorrido, tendo como resposta que uma possível "briga de pai e mãe" havia ocorrido. Noya ficou confuso e simplesmente mudou de assunto.

Como Sugawara não conhecia muito do ginásio, ele saiu pela primeira porta que viu. Ficou totalmente aliviado quando percebeu que aquela área em que se encontrava não havia qualquer pessoa. Poderia ficar em silêncio e imaginar o que aconteceria depois que os jogos terminassem. "Talvez, se nós ganharmos hoje, Daichi chame a Michimiya para um encontro para comemorarem". Ele suspirou.

— Oi, Sugawara! - ele tomou um susto quando percebeu que Daichi estava do seu lado. Ele não o encarou de imediato, já que se encontrava encostado sobre a mesma parede que ele. As mãos nos bolsos, observando o que estivesse a frente deles. - Nós vamos vencer hoje, você não precisa ficar tão apreensivo.

— Por que você se importa? Você tem tudo o que precisa, Daichi. Você e esse amuleto estúpido. - Sem perceber, ele havia dito tudo o que passava pela sua cabeça naquele exato momento. Koushi levou as mãos para os lábios, sentindo-se envergonhado. O Capitão riu. Ele passou os dedos pelos cabelos por um momento, até que retirou o amuleto do bolso. Sugawara não era capaz de encará-lo agora, então continou observando o horizonte.

— Você está com ciúmes, Suga?— Sugawara não percebeu quando ele se virou e se aproximou um pouco mais. Daichi pressionou os ombros do garoto de cabelos cinza e o encostou na parede, com delicadeza. As mãos passaram dos ombros para a cintura, fazendo com que ele permanecesse ali, sem qualquer chance de se movimentar. Daichi o encarou o quanto pôde enquanto esperava sua resposta. Sugawara sentiu o rosto esquentar pela proximidade do capitão. Ele percebeu que o sorriso de ansiedade acompanhado com nervosismo que Daichi teve por toda manhã, sumiu completamente. Agora, havia aquela seriedade que Daichi tinha somente em momentos preocupantes de seus jogos, como se o time adversário estivesse em match point e eles precisassem virar o jogo a todo custo.

E Koushi adorava imensamente isso.

Ele encarou Daichi por tempo suficiente até que seus lábios se uniram. Não foi nada muito exagerado, contudo, era o suficiente para lhe dizer o que Koushi precisava saber. "Só tenho olhos pra você. Não me importo com o amuleto." Imaginou ele dizendo isso dado a iniciativa de beijá-lo. Sugawara nunca se sentiu tão feliz na vida.

Daichi se afastou, olhando mais uma vez para Suga. Ele tocou rapidamente o rosto do amigo ao mesmo tempo que um sorriso surgiu em seus lábios. Se arrependeu por nunca ter feito isto antes.

— Vamos lá, Suga. Todo mundo está esperando. Vamos derrotar a Shiratorizawa!
— Sim, capitão! - ele riu e passou a segui-lo, se esquecendo totalmente de qualquer sentimento ruim que passou em sua cabeça.

Com os corredores totalmente vazios, já que naquela altura do campeonato todo mundo deveria ter se dirigido para quadra, Daichi tomou a liberdade de segurar a mão do levantador por todo o caminho. Sugawara tinha certeza que as bochechas estavam da cor de um tomate naquele exato momento, mas não se importava de lidar com isso se pudesse ficar mais tempo assim. Eles só se separaram quando chegaram na entrada da quadra, fazendo com que Sugawara desejasse que momentos como esse acontecessem mais vezes.

Quando entraram, rindo de tudo e qualquer coisa, Asahi não demorou para chamar a atenção de Noya para os dois. Então ele finalmente entendeu o que havia acontecido. Ele sorriu para o Ás, parecendo totalmente feliz pelos dois.

Naquela tarde, depois da vitória contra a Shiratorizawa, eles se sentaram lado-a-lado no ônibus e por todo o caminho de volta para a escola, dormiram juntos e totalmente realizados.