HOW FAR DOES THE DARK GO? escrita por SlendernaticaBR


Capítulo 26
Capitulo 25 - Para onde nós voltamos




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"Estas alegrias violentas têm fins violentos , falecendo no triunfo como fogo e pólvora . Que num beijo se consomem."
[...] - Romeu e Julieta , Ato II , Cena VI

Rebeca

— Como assim, voltar para Scary? Te ajudei a se afastar de lá, agora quer voltar? – Mateus estava completamente indignado com minha fala. Mas ele tinha razão, voltar para lá seria uma loucura tremenda.

— Eu não deveria voltar lá, não tão cedo. Mas é o jeito! Conheço pessoas por lá que podem nos ajudar ou até mesmo nos proteger.

— Sou capaz de fazer tudo isso.

— Sei que é! – Sorri, aproximando seu rosto do meu. – Contudo... Essa coisa que está vindo, pode ter um exército à sua disposição, precisamos de reforços.

Ele não gostou da idéia, mas concordava com os fatos que apontei. O temo escondido, de “férias”, foi ótimo.  Mas agora é a hora de voltarmos para nossa realidade e enfrentar seja lá o que estivesse por vir.

— O que faremos com essa casa? E as coisas aqui dentro?

— Podemos utilizar um selo de proteção, coisa que eu deveria ter feito assim que nos mudamos para cá. Acabei esquecendo pois alguém me distraiu com outras... coisas – falei o olhando de baixo para cima, focando em uma parte em específico.

— Vai dizer que não curtiu a inauguração da casa?

— Eu não disse nada! – falei saindo pela porta e rindo. Não sem antes ouvir ele gritar.

— Foi tão ruim assim?

— Você que está dizendo! – gritei mais uma vez, já longe.

Passamos o resto da tarde, planejando tudo para que pudéssemos sair sem deixar nada para trás.

— Vou perguntar pela última vez! – ele disse, fechando a porta da casa – Você têm certeza de que quer voltar para Scary?

— Não. – Dei de ombros.

Peguei a mochila e coloquei nas costas. Abri a porta do carro e sentei no banco do passageiro. Poderíamos usar magia para ir até Scary, mas isso deixaria diversos rastros facilitando com que qualquer um nos encontrasse.

Teríamos que pegar a estrada, indo até uma reserva subindo a serra. Há um portal aberto no centro da reserva, um lugar completamente isolado e com várias coisas para afastar humanos comuns.

Em teoria, qualquer um pode entrar em Scary. Seja monstro ou não.

Eu, particularmente, não recomendaria a entrada em tal. Por conta da grande quantidade de monstros, criaturas, que vivem por lá. Lá é um local para criaturas se refugiarem e serem elas mesmas, sem disfarces.

A população maior, são as creepyastas, seriam a elite do lugar. Há uma grande história por trás do nome Scary, mas não tenho tempo para contar.

A última vez que estive por lá, foi três anos atrás, quando construí os domínios de Splendor e seus irmãos. Cinco mansões, com capacidade e suprimentos para uma quantidade enorme de pessoas ou criaturas.

Enquanto Matt arrumava seu cinto, eu refletia sobre o que poderia acontecer daqui pra frente. Principalmente o que aquela criatura disse.

“ —  Você morrerá nas mãos dele!”

— Está pensando no que ele disse... Mas não se preocupe, você vai ficar bem. Têm grandes poderes, não tem com o que se preocupar.

— Você é positivo de mais. – ri.

— E você ama isso! Caso contrário, não estaria comigo, certo?

— Será? Ou será que alguém me contratou para ser sua namorada? Ou eu estou fingindo ser sua namorada para, um dia, te matar enquanto dorme? – falei a última parte um pouco mais séria.

— Não se atreveria!

— Não mesmo! Odiaria ficar sozinha pelos próximos, indefinidos, números de anos.

— Ninguém mandou ser quase que imortal.

— E ninguém mandou você ser mortal! – dei um soco em seu ombro.

— Como se isso fosse uma escolha!

— Ser imortal não foi minha escolha. Sabe que Graciele, a penúltima escolhida, transferiu todos os seus poderes para mim antes de morrer naquele acidente terrível.

— Estava no acidente?

Silêncio.

— Não no exato momento, apenas um tempinho depois.

— Por quê?

— Pura coincidência. Quando cheguei, estavam levando os corpos. Dizem que ela morreu no local e não na ambulância.

— Complicado.

— Foi um dia conturbado... – me recordava de tal dia, enquanto olhava a paisagem pela janela.

Passamos rápido por alguns lugares e minha visão teve algumas falhas. Uma hora via o mundo normal e noutra via um lugar completamente diferente, onde o céu era completamente vermelho e haviam árvores enormes em volta.

Uma criatura estava parada logo a frente. Apesar de estar de costas, conseguia sentir que tal monstro não era alguém bom. Não hesitei duas vezes antes de puxar o freio de mão do carro. O impacto foi rápido, apenas bati com a cabeça no painel. Tudo ficou turvo por alguns momentos, olhei para Matt que estava sem entender nada.

O direcionei com o olhar para frente e o mesmo viu a criatura enorme.

— É apenas uma ilusão! – ele tentou me convencer. – é coisa da sua cabeça... São apenas seus poderes em conflito dentro de si.

— Não... Dessa vez é diferente. Preciso da jess aqui. – mudei de assunto tão rápido.

— Mas estamos no meio do caminho!

— Ela não mora tão longe, temos que ir até lá.

— Por que não vai até lá você? Eu espero aqui. – ele parou o carro no acostamento, demonstrando seu cansaço e aceitação com o ocorrido.

Segurei seu rosto em minhas mãos e depositei um beijo em seus lábios. Fechei os olhos e me imaginei próxima a casa de Jess. Senti algo errado, estava do lado de fora, bati na porta quatro vezes, sem resposta.

Na quinta tentativa, arrombei a porta com tudo e vi o apartamento todo revirado, mas nenhum sinal dela. Procurei por toda parte, deixei mensagens e mensagens de voz em seu celular, mas nada. Pensei o pior da situação, que alguém poderia ter entrado aqui e a seqüestrado, porém, ela daria um jeito de entrar em contato, nem que fosse pela mente.

— Não pode me esconder para sempre. Um dia as pessoas vão notar algo errado.

— Não estou te escondendo, Jess. Só preciso de um plano concreto. E até lá, você não ode perambular por ai como se fosse normal. O que as pessoas que conheço poderiam pensar?

 Que sou sua irmã gêmea? – disse como se fosse a coisa mais óbvia desse mundo.

— A irmã gêmea que eu nunca falei para ninguém e apareceu do dia para noite!

Ela se sentou na beira da cama e ficou se admirando no espelho que segurava em mãos. Em um piscar de olhos, seus cabelos mudaram. Do castanho claro ao escuro, um pouco mais curtos que os meus e lisos.

— Desde quando consegue fazer isso? – perguntei.

— Você me criou, sou parte de você. Eu sou você. Um clone, mas ainda sim você. Logo, tenho parte de seus poderes também. – ela largou o espelho no chão, de qualquer jeito e veio para perto de mim. – você queria eliminar uma parte de si mesma que não gostava e eu não tenho culpa se isso me criou.

— Voltou, cadê a Jess?! – Matt já foi me questionando.

— Estava errado, aquela visão era alguma coisa, tinha que ser. Pois algo muito grave aconteceu, tenho certeza disso.

— Do que está falando?

— Jessica desapareceu! – falei com a cara mais assustada que conseguia fazer.

— Vou acelerar. Temos que chegar o quanto antes.

[...] O silêncio que ficou após nosso último diálogo, me deixou pensativa de mais. Precisava dormir um pouco. Queria um pouco de paz, mas encontrei caos em meus sonhos. Imagens totalmente desconexas.

Foquei em poucas coisas, como o sangue no chão ao lado de uma faca grande e prateada, o fogo dentre a floresta, os gritos de diversas pessoas e o silêncio que veio em seguida. Apareci em Scary, tudo parecia confuso e tinha essa criança chorando ao fundo, que me deixava atordoada.

Despertei em um pulo. Mateus não tirava os olhos da estrada. Para meio caminho que faltava, estava demorando até de mais.

— Está desfocada novamente? – concordei.

Ele colocou a mão direita atrás do banco e tirou de lá um caderno que reconheci na mesma hora. Meu antigo caderno de desenhos, me pergunto como ele o achou.

— Como você...

— Estava no meio de várias coisas no porão da nossa casa.

— Obrigada! – ia o abraçar, mas lembrei que estava dirigindo.

Folheei página por página, vendo cada rabisco meu. Não pude deixar de notar alguns em específico. A faca ensangüentada no chão, igual via no meu sonho, a floresta em chamas e por último e não menos importante... Jeff.

O desenho que fiz dele parecia muito real, como uma foto. Exceto que metade do seu rosto era normal, como antes do acidente e a outra metade... Tinha aquele sorriso, que uma pessoa comum teria um infarto  ao ver de perto.

Foi um dos últimos desenhos que fiz, antes de perder o caderno.

— Você tem que entender que eu não pude evitar o que aconteceu depois do acidente! Fiquei meses no hospital sem ter a menor noção de quem eu era, como fui parar lá e por quê ninguém se lembrava de mim. Foram meses terríveis.

— Se você não tivesse feito aquele feitiço, provavelmente estaríamos tendo uma vida melhor, eu não teria me tornado isso que sou e você, talvez, tivesse controlado todo esse poder dentro de você.

Dei uma pequena risada, que logo se transformou em uma gargalhada. Aquela conversa não tinha nexo nenhum.

— Estamos mesmo discutindo sobre isso? Sério? Agora – gargalhei.

— Pouco importa isso agora – ele começou a rir também – se não fosse por todos aqueles acontecimentos passados. – me puxou para mais perto do seu corpo e pude sentir seu perfume que lembrava um pouco ao cheiro de sangue. – Se não fosse tudo aquilo. Eu me mudar, você vir falar conosco, descobrir quem você era e até mesmo Randy nos provocar... Duvido muito que estivéssemos tendo essa conversa agora.

Não pude deixar de sorrir, por mais que a situação seja trágica e bizarra.

Esbocei uma clareira enorme e iluminada, com um grande portal no meio. Aquele era o portal de Scary que iríamos atravessar. Fui colorindo aos poucos e só parei quando Matt estacionou o carro dentro de uma reserva florestal.

— Chegamos? – perguntei.

— Temos que ir andando a partir daqui, o carro não passará por alguns locais, já que a estrada acaba logo à frente.

— Tudo bem...

Guardei o caderno na mochila que carregava e sai do carro.  Levei um pequeno tombo ao sair do carro, mas me apoiei na porta. Pude ver Mateus rir logo à frente. Revirei os olhos, demonstrando total desprezo por sua ação.

Me aproximei da mata e fui afastando tudo que estava ao meu caminho, para poder seguir a trilha. O caminho estava tão tedioso e cansativo, parecia que não chegávamos a lugar algum. Estendi minhas mãos, sentindo uma grande ardência vinda delas.

— Rebeca, se acalme! – Mateus segurou-me pelos ombros. Tentando me acalmar, vendo tal situação.

— Tem algo ruim acontecendo.

— Estamos quase chegando, precisa ficar firme.

— Não toca em mim, por favor! Algo de ruim vai acontecer se fizer isso.

— Do que está falando?

— Olhe ao seu redor! – os galhos das árvores se aproximavam e nos cercavam, qualquer passo em falso, aquilo poderia nos ferir.

— Não! – ele riu e eu não entendi o motivo. – isso não é você... É você mas não é você, compreende?

Neguei.

— Nós sabemos que as florestas são vivas, têm sua própria consciência. Essa em específico está agindo dessa maneira pois somos desconhecidos para ela. Sabe que estamos tentando encontrar o portal.

— Ela está em defensiva para possíveis invasores. – falei mais pra mim do que pra ele. – E como prosseguimos?

— Do modo antigo, derrubando tudo!

— Você não vai arrancar esses galhos. Insensível!

Criei um grande escudo ao nosso redor, para nos proteger de qualquer ameaça. Fui dando pequenos passos observando as coisas voltarem para seus devidos lugares. Foi uma longa caminhada até a enorme clareira.

Muito bem iluminada, cheia de flores que pareciam ter pequenas pedrinhas de diamantes em suas pétalas, o que as tornavam brilhantes. Haviam algumas borboletas sobrevoando o local, além de pássaros.

Em segundos, tudo havia sido arruinado. A neve já estava firme ao chão, podendo-se caminhar tranquilamente, sem o perigo de afundar. A claridade do local era tão densa que chegava a causar certo desconforto na visão.

Ainda sim, era um ótimo cenário que poderia render milhares de fotografias magníficas.

O silêncio reinou no local, o corpo caído ao chão e todo o sangue se espalhando pela neve. O olhar vazio e sua alma deixando o corpo aos poucos, sem antes ver; pela última vez, o rosto daquele que o matara. Apesar do rosto ainda estar distorcido.

Pisquei incontáveis vezes, para voltar à realidade. Aquela visão foi meio perturbadora, não conseguia identificar quem era a pessoa morta e quem era o assassino, no entanto coisa boa não viria daquilo.

O sangue que circulava em meu corpo aqueceu, indicando algo próximo. Um feixe de luz surgiu e um grande portal se formou em nossa frente.

— Preparada? – Mateus estendeu sua mão pra mim e eu peguei sem hesitar.

— Nem um pouco! – sorri.

Atravessamos o portal e quando abrimos nossos olhos, estávamos em frente á uma grande mansão. Fiquei surpresa ao ver que o portal nos levou diretamente para onde queríamos.

Tudo estava intacto, da forma que construí anos atrás. A porta da frente se abre rapidamente, meu sangue continuava a ferver dentro de mim, mas um gelo percorreu minha espinha ao ver quem saiu pela porta.

“Bem-vindo a mansão creepypasta!”

—___

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