HOW FAR DOES THE DARK GO? escrita por SlendernaticaBR


Capítulo 23
Capítulo 22 - Vermelho




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   Rebeca POV

   “ – Assassinatos em série vem assustando moradores de pequena cidade ao leste do estado.”

   “ O que chamamos de pandemônio, têm tendências a piorar com a notícia de que mais corpos foram encontrados”

   “ Todos os policiais estão loucos atrás daquele que, por muitos, é chamado de Jeff The Killer. Estaria uma lenda da internet ganhando vida? “

   “ – Estava muito escuro, as correntes apertavam meus braços, mas eu consegui ver algo quando uma pequena luz se acendeu.  Ela usava um sobretudo vermelho. Não saberia dizer se era vermelho ou estava vermelho por causa do sangue.”

   “ – Sobreviventes afirmam ter visto uma garota de sobretudo vermelho e cabelos castanhos claros vagando pelas cenas do crime.”

 “  – Como tal assassino poderia estar em vários lugares ao mesmo tempo?”

   Todo lugar em que passava, era a mesma notícia, contada de forma diferente, por pessoas diferentes.  Não deixava de ser satisfatório ouvir tudo aquilo.

   Parei de contar o tempo que não vejo ele, desde que eu voltei à minha vida com Jess; e agora Wendy. Não me preocupava com um cara que poderia ou não me matar.

   – Isso é horrível! Enquanto não prenderem esse cara, não estaremos seguros. – A mulher que me servia café começou a falar. – Desculpe a demora, estamos com 2 a menos hoje.

   – Sem problemas! – Sorri.

   – Lindos olhos.

   – Desculpe, o que?

   – Seus olhos brilham bastante, são maravilhosos.

   – Muito obrigada! – Sorri mais ainda.

   Tomei meu café da manhã e fui checar algumas coisas em meu celular. Nenhuma mensagem de Eyeless, nem Priscila e muito menos de uma velha amiga.

   Não sei dizer, mas sinto que estou esquecendo algo sobre essa velha amiga.

   – Vai ficar sentada aqui o dia inteiro?

   – Bom dia, Wendy. Como está sua manhã? – tentei trocar de assunto, sem querer ouvir o papo chato dela, sobre o plano de sempre.

   – Ao invés de tomar café, deveria estar construindo um lugar seguro para nós. 

   – Já disse que não posso.

   – Não pode ou não quer? – Essa frase, foi uma das últimas que Jeff me disse, antes de ir embora.

   Apertei a xícara com força e encarei Wendy nos olhos.

   – Não posso e não quero! Está bom pra você?  E se quer saber o motivo, eu tive uma visão. Uma visão da minha morte e foi dentro de uma daquelas mansões. Então o quanto eu puder adiar, melhor ainda.

   Ela se calou, pela primeira vez em tempos, ela se calou. Pude terminar meu café tranquilamente e voltar para o carro. Sentei no banco do motorista e Wendy no do passageiro. Dei partida e fomos sem rumo certo pelas ruas.

   – Olha, eu sei que você quer proteger todas as creepys e a sua família. Também sei que é meu dever garantir isso. Mas eu não estou preparada para morrer. Não vivi o suficiente.

   – Eu só não consigo entender tudo isso.

   – Você ainda é muito nova.

   – Temos a mesma idade!

   – Não se engane pela minha aparência, nem pelas outras versões da minha história.

   Durante uma parada, me olhei no espelho retrovisor, sentindo falta de algo. Minha mente não funcionava direito. Tive uma forte dor, seguida de uma visão.

   – Por que seu pai quer me destruir? – perguntei tentando esquecer a dor.

   – Já não te falaram que é por causa de Jeff?

   – Gosto de ouvir outras versões.

   – Meu pai não quer que você traga o lado humano de Jeff de volta. Ele teme que Jeff deixe de ser um assassino por sua causa.

   Fiquei em silêncio, tentando raciocinar. Mas minha mente estava tipo uma bagunça. Não via o menor sentido naquilo tudo! Era umas da brigas mais sem noção que eu já presenciei.

   – Pois diga ao seu pai que não tem com o que se preocupar.

   – O que vai fazer?

   – Me divertir! – Sorri fechando a porta do carro e indo em direção à uma casa.

   [...] Horas, minutos e segundos... Tudo estava passando como um borrão pra mim. Lembro-me de entrar na tal casa, todos estarem mortos. Ser atingida por algo nas costas e cair no chão ensanguentado.

    Ficar meio zonza, ser carregada pela floresta. A polícia atrás de quem quer que fosse que estava me carregando. Acordar em um buraco, com terra sobre mim. Levantar bem rápido e sair dali.

   Estar perdida e toda suja. Uma grande mansão surge. Dois monstros na frente dela, me impedindo de passar. Um ser obscuro surgindo, não lembro de sua forma ou rosto, só me lembro de sentir medo.

   Depois daquela noite, eu não fui mais a mesma. Estava com medo e não me lembrava o motivo  tal. Acordei na mesma mansão, estirada no chão. Uma grande dor em meus pulsos. Dei uma olhada, estavam cortados.

   Quem quer que fosse naquela noite, queria me matar e fazer com que parecesse suicídio. 

   – Ela está acordando! – uma das vozes falou.

   – Isso não pode acontecer. Se ela acordar antes do tempo, teremos problemas com o plano e com o chefe.

   – Quem são vocês? – perguntei, sem muito sucesso. Não conseguia ver quase nada.

   – Pegue as algemas! Vão controlar o poder dela pelo tempo necessário.

   – O quê? – perguntei novamente – Me deixem ir embora ou eu acabo com vocês!

   Os dois gargalharam alto, como se tivesse contado uma piada. Gritei alto, quando senti algo quente ser encostado em minha barriga.

   – O que pensam que estão fazendo? – uma terceira voz surgiu.

   – Desculpe, senhor!

   – Preciso dela viva! Ainda não encontrei minha filha.

   – Claro! – falei rindo. – típico de você. Tentar me ferir por estar com algo “seu”. – rolei para o lado, conseguindo me apoiar sob as mãos, mesmo algemadas com algo que impede  o uso de magia. – Você não se cansa, Slender?

   – Onde está a minha filha?

   – Não te contaria nem se quisesse!

   Um de seus tentáculos envolveu minha cintura, levantando-me ao ar.

   Após certo tempo com essa rotina de Slender me perseguindo, fica difícil se ter medo de suas ameaças. Ficar perto de sua cabeça onde deveria ter um rosto,  é mais estranho do que parece. Ele possuía traços que formavam algo como uma boca, talvez fosse uma.

   – Me diz, por que mandou seus proxy’s iniciantes e incompetentes fazerem isso comigo noite passada e fazer parecer que foi um suicídio? 

   – Do que está falando?

   – Não se faça de idiota! Sabe muito bem do que estou falando. Me trouxeram para essa maldita mansão na noite passada, bloquearam toda a minha magia, cortaram meus pulsos e me deixaram sangrando para morrer!

   – Acha mesmo que eu faria algo tão besta como isso? Eu te mataria com minhas próprias mãos. – Ele apertou o tentáculo mais ainda.

   – Poderia tentar por toda a eternidade, mas nunca conseguirá derramar uma única gota do meu sangue azul. Talvez do vermelho, mas isso não me matará.

   – Você subestima meu poder!

   – E você o meu!

   Com muita dificuldade, deslizei para baixo, caindo de pé no chão.

   – Veremos quanto tempo você aguenta. – ele veio com tudo, tentando me perfurar.

   Eu estava com desvantagem, já que estava sem a magia. Pensei em um plano que o faria quebrar as correntes. Esquivei de vários golpes, até encostar na parede e esperar o tempo exato em que seu tentáculo viria em minha direção, estiquei os braços e a corrente se rompeu. Senti uma grande ardência nos meus pulsos. Os cortes feitos por seja lá quem for, estavam piores.

   – Não sequestrei sua filha, curei ela e depois ELA me procurou. Não estou transformando Jeff em humano, ele esta fazendo isso consigo mesmo. Só basta você aceitar isso! – aumentei a voz em cada passo que dava. O encarei de frente, sem um pingo de medo.

   – Scary esteve uma bagunça desde que você surgiu.

   – Eu não tenho culpa se vocês não sabem administrar aquele mundo.

   – Tudo se descontrolou quando souberam que a última foi marcada. O principal superior, Zalgo, ficou louco atrás de você. 

   – Poderia ter me entregado... – questionei – Por quê não fez isso?

   Ri de meu próprio pensamento, como resposta para a minha pergunta “retórica”.

   – Precisa de mim! – disse o mais convencida possível. – a ideia das mansões não é de Splendor, é sua!

   Apoiei minhas mãos em uma cadeira velha e quebrada, próxima a mim. Olhei para os lados, pensando no quão bom poderia ficar aquele lugar. A raiva falava por mim, de forma alta e rude.

   – Era só ter me pedido! Ao invés de me caçar, destruir um possível relacionamento, me acusar, me ferir, era só ter me pedido!

   Peguei em sua mão direita e fui fervendo ela, enquanto segurava com a maior força. 

   – Eu poderia acabar com você se quisesse. Em um estalar de dedos. Mas eu sou bem melhor que isso, muito melhor do que você! – larguei seu braço. 

   Sai de dentro daquela velha mansão e caminhei sem rumo nenhum.

   [...] – Têm que parar de agir como se fosse uma pessoa normal qualquer e voltar para sua vida. – esse era Jack, tentando me tirar dos meus pensamentos.

   – Eu não deveria estar falando com você. – murmúrio – Minha amiga se mudou para o outro lado do mundo por sua causa.

   – Fala de Priscila como se ela estivesse morta! Ela não se mudou, disse que queria um tempo para... – ele se enrolou, tentando achar as palavras certas, sem expor nenhum segredo para mim.

   – Para matar! – completei com um sorriso no rosto. – Não há nada que possa me esconder sobre ela, Jack.

   – Percebo.

   – Onde está Jeff? Os jornais se acalmaram, os assassinatos diminuíram, então não tive mais notícias.

   – Ele está na divisa entre Scary e esse mundo.

   – Wendy voltou para Scary?

   – Sim, Rebeca. Estão todos fazendo suas devidas coisas, exceto você!

   – O que está dizendo?

   – Se diz a toda poderosa, mas desde que Jeff te largou, não te vejo fazer nada que preste, como se dependesse dele para alguma coisa.

   – Nunca mais repita isso!

   – Ele só está dizendo a verdade, Becky.

   – Ótimo, agora você apareceu. – respondo para Jess.

   Eyeless ficou parado, fitando nós duas. Se não fosse por sua máscara, diria que estava bem surpreso.

   – Creio que essa seja sua irmã que Jeff comentou.

   – Jessica, Eyeless. Eyeless, Jéssica! – apresentei os dois.

   – Me poupe, Rebeca! Passei tempos fazendo seu trabalho sujo, enquanto você se escondia e se fazia de “a garota boazinha com poderes que vai ajudar os dois mundos”.

   – Vai com calma, mocinha! Já se esqueceu do que sou capaz? – levantei a mão, que estava rodeada de fogo.

   – De certa forma, esqueci sim! Já não reconheço minha irmã, que era a melhor naquilo que fazia.

   – Ainda sou aquela pessoa!

   – Rebeca, ou você volta para o mundo agora, ou ele virá até você. – Jack.

   – Querem que eu volte? Pois bem, irei voltar. Mas do meu jeito!

   Peguei o sobretudo vermelho das mãos de Jessica, coloquei e sai pela porta.

   O céu estava escuro, não deixei de pensar nas coisas que poderia resolver essa noite.

   Um flash veio em minha mente, memórias de um tempo esquecido. Foquei no rosto e na voz dessa pessoa que falava comigo nos Flash.

   – Liu? – disse para o imenso vazio da minha mente.

   Segui meus instintos, fiz tudo que precisava fazer no momento. Viajei até Scary, em uma área mais afastada da divisa entre mundos. Reconheci diversos rostos que não me lembrava de ter esbarrado em algum momento da minha vida.

   Por onde passava, deixava olhares curiosos. “Quem é a garota de capuz?” “Será que é aquela Creepy que tantos falam?” Eles se perguntavam entre si.

   Cheguei perto do grande portão de ferro, que dava acesso ao altar dos grandes “governadores” de Scary.

   Abaixei o capuz, estalei o pescoço e arrumei a postura, com um grande sorriso no rosto. Fiz bom uso dos meus poderes e derrubei os grandes portões.

   Atirei diversas bolas de fogo no local, caminhei até o grande trono e o derrubei com tamanha facilidade.

   – Você acabou com Scary e eu vou acabar com você! – falei para o nada, observando o trono. – Sei que pode me ouvir, mas sei que não pode me tocar ainda.

   Parei com as chamas e caminhei até os portões derrubados, todos me olhavam com certa admiração. Isso era satisfatório de certo modo.

   Com essa ação, termino meus assuntos não resolvidos por um tempo.

   [...] Levantei com a maior animação do mundo. Coloquei uma playlist para tocar.

   Fiz meu café da manhã, revisei o grande livro de feitiços. Ele tinha parado de se escrever por um tempo. Não sei se isso seria bom ou ruim. Espero que seja ótimo, com as coisas que estou fazendo agora, morrer não seria uma opção.

   Coloquei uma das minha melhores roupas e fui de encontro com Wendy. Ela me esperava, encostada no carro. 

   – Como está o braço do seu pai?

   – Precisava queimar?

   – Foi apenas um recado, nada comparado ao que ele fez comigo.

   – Isso tem dois anos! Quando você estava sem memória de quem era.

   – Não estou te ouvindo, Wendy! – ignorei seus comentários e entrei no carro.

   – Eu soube do que fez em Scary, estão todos comentando.

   – Que tal um pouco de música? – liguei o rádio e coloquei o cinto – pode pegar aquela caixa no banco de trás? 

   – O que é isso?

   – Só vai saber quando abrir!

   Acompanhei seus movimentos pela minha visão periférica, precisava prestar atenção na estrada também. A caixa se abre, revelando uma faca totalmente esculpida e enfeitada com detalhes prata.

   – Essas pedras, nos detalhes, já às vi em algum lugar.

   – Faziam parte do colar que Jeff me deu e depois quebrou na minha frente. Apenas reaproveitei.

   – O que vai fazer com essa faca? – Dei um grande sorriso, antes de ter uma visão e parar o carro com tudo. – Rebeca? O que aconteceu?

   – Eu senti... Senti a Jessica! Ela deve estar em perigo.

   Fiz uma manobra com o carro e dirigi até a pista que retornava.

   Estacionei o carro na frente de um grande portão que dava acesso a reserva. Uma grande floresta que tive a maior dificuldade de comprar para manter segura a divisa entre esse mundo e Scary. Era a mesma floresta em que ficava uma das mansões. 

   – O que fazemos aqui?

   – Não tenho certeza. Senti algo sobre Jess, parecia ser urgente. Algo relacionado ao seu pai. Apenas senti e usei minha magia para achá-la.

   – O que será que ele fez agora?

   – Não sei, mas se encontrou com Jess, as coisas podem ficar feias para o nosso lado.

   – Hey, você me trancou no carro!

   – Eu sei! Isso é para garantir que não venha atrás de mim. E antes que tente usar seus poderes para sair, poupe seu tempo, não vai funcionar. 

   – Rebeca! 

   – Desculpe, Wendy.

   Afterlife - XYLØ

   Abri os portões, caminhei dentre as árvores,  com os sentidos bem apurados. Para um lugar cheio de árvores, estava bem claro. Meu corpo estremecia cada vez mais, como se algo ruim fosse acontecer.

   Os batimentos cardíacos ficavam mais fortes. Tentei medir minha pulsação, mas não sentia que aqueles batimentos fossem meus.

   – Jeff, não perca o controle, ouça o que ela têm a dizer. – aquela voz me era muito familiar.

   Atrás de uma árvore, me escondi, observando toda aquela cena. Masky estava ferido, Slender estava a poucos metros de distância, esperando por algo.  E lá estava Jeff, com sua faca prestes a perfurar o pescoço de Jess.

   – Uma irmã?  Sério? Pensei que tivesse desculpas melhores. No fim, você era a assassina de azul.

   – Qual é, Jess... Reaja! – sussurrei para mim mesma, ainda escondida.

   Ela olhou em minha direção e sorriu. Como se fosse um sinal. Me abaixei, tocando o chão com a mão direita. Uma trilha de gelo foi se formando até ela, que virou uma estátua de gelo e sumiu.

   Não à matei, apenas mandei para outro lugar bem longe. 

   – Creio que capturaram a pessoa errada! – ela disse antes de desaparecer ao me ver saindo dentre as árvores.

   Todos me olhavam com cara de espanto.

   – Creio que você quis dizer vermelho! – disse cruzando os braços.


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