A Magia da Musica escrita por FernandoM


Capítulo 1
Três é o nosso numero.


Notas iniciais do capítulo

Essa foi difícil, mas enquanto a escrevia vieram inúmeras outras histórias na minha mente.

Musica Usada - Roberto Carlos - Sereia



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Azul, eu nunca gostei muito de azul...

Dom pensava sobre cores aquela manhã. Já fazia três meses que estava sob essas águas e nada o incomodava mais do que esse tom azulado todo o tempo. A falta de cheiro, de oxigênio, de andar, poder falar alto. Nada disso o incomodava, mas esse azul. Ecat!

Dom levantou-se quando sentiu uma movimentação no seu aposento. Seu aposento? Era estranho dizer isso. Seu castelo então, era pior ainda. Porem não havia muito o que fazer. Devia aceitar que esse era seu novo destino. Resignado, olhou para o lado e havia ali o razão de tudo isso.

Como está?— Kai sussurrou para Dom, que sacudiu a cabeça em resposta - Grande dia!

Kai nadou para fora do quarto enquanto Dom se deixava levar pelas águas. Kai tinha mencionado uma vez que as águas tem o dom de levar pensamentos e ainda sorria com a brincadeira feita com seu nome. Dom deixou a água levar os seus. Pensou em como havia acabado ali enquanto comia sua alga de café da manha. Sim, alga! Kai havia lhe informado que essa era a comia principal desse lugar. Eles não comiam nada Animal, afinal "É ofensivo dom, como você pode comer peixe? Eu sou um PEIXE!" e eles passaram o resto do dia sem se falar. Dom não queria repetir esse erro.

Faziam exatos três anos que eles se conheciam. três anos desde que Dom estava cantando sobre a ponte. O rio escuro lhe transmitia paz e na ponte Dom passava o dia a cantar, ler ou fazer qualquer coisa que lhe fizesse esquecer que ainda faltavam 3 meses pra ele pode voltar para a "cidade perdida" como seu pai dizia. Três meses sem absolutamente nada para fazer, três meses para poder ver as luzes novamente, visitar os amigos e ir a boates.

Ele cantava uma musica antiga, seus amigos riam dele por gostar de coisas "velhas", mas ele não se importava. O rio lhe dava vontade de cantar e ele cantava o que viesse a cabeça, velho ou novo.


Quero nadar nas suas águas
Nas ondas dos seus cabelos
Sentir seu corpo molhado
A deslizar nos meus dedos
Eu quero olhar nos seus olhos
Sem duvidar do que faço
Quero beijar sua boca
E te prender nos meus braços

 

Enquanto cantava Dom o viu pela primeira vez. Ele estava a ouvir. Um pouco distante, mas como o rio era escuro, seus cabelos claros parecia chamas sob a água. Ele não fugiu e nem Dom parou de cantar. No ultimo acorde ele estava sob a ponte e Dom pode ver um reflexo turvo sob a água. Depois de algum tempo ele finalmente saiu de baixo da ponte, mas não da água. Ele nunca saia da água. Perguntou se Dom poderia cantar novamente e este o fez. No fim da segunda musica ela informou que estava perdido, não sabia para onde ir e que a voz de Dom lhe transmitiu calma e o trouxe ate ali. Dom perguntou se ele poderia sair da água e assim ele daria carona para onde fosse. Ele se apresentou como Kai e não... não saiu da água. Dom entendeu o porque. Sob escuridão era possível ver sua cauda, que assim como seus cabelos eram fogo sob as águas. Dom não recuou. Dom apenas sorriu. Kai sorriu em retorno.

Foi a três anos e Dom voltou ao rio todos os fins de semana após o encontro. Kai estava sempre ao seu aguardo. Um dia Kai lhe disse que era príncipe. Dom riu, demorou a acreditar, mas aceitou essa afirmação. Afinal Kai era um tritão, porque não podia ser príncipe? Em outro fim de semana Kai disse que era possível um humano viver em baixo d'água. Dom perguntou como, e eles passaram o fim de semana inteiro conversando sobre a magia das águas. No vigésimo fim de semana Kai ficou sobre a cauda e o beijou. Passaram o fim de semana inteiro aos beijos. Alguns fins de semana depois Kai disse que precisava se casar, afinal era um príncipe. Dom entendeu, mesmo meio triste. Foi um fim de semana difícil aquele. Três fins de semana depois eles se encontraram novamente e Kai disse que havia encontrado a pessoa perfeita para casar. Dom, com lagrimas nos olhos, aceitou a afirmação. No mesmo fim de semana Kai pediu a Dom para largar tudo e ir para o mar com ele. "Seja meu príncipe do Oceano do Sul." Dom aceitou, ainda com lagrimas nos olhos e foi-se com Kai parar o mar.

Fazia três mês que ele estava sob as águas. No inicio não fora fácil. Não chocara ao rei e nem a sociedade sereiana o fato de Dom ser do sexo masculino. Chocara o fato dele ser um humano. O pai de Kai não gostou, a mãe de Kai chorou por três dias, sua irmã que já sabia de toda história apenas aceitou. Com o tempo as coisas foram mudando. O fato de Dom saber cantar foi que motivou todos ao aceitarem. Dom não sabia até então, mas a magia da musica havia se perdido entre as sereias do sul. Dom cantava um certo dia próximo ao jardim do castelo e o rei o ouvira. Dom se assustou quando no jantar o rei lhe pediu para cantar e se assustou mais ainda quando todos o olharam espantados. Kai o explicou aquela noite que não se ouvia uma musica no mar do sul a mais de três seculos. Naquela noite Dom fora aceito. Kai comemorou com ele da melhor forma possível. Naia, irmã de Kai, lhe informou no jantar que foi a noite mais difícil de dormir. Dom ficou completamente vermelho, Kai riu e podia jurar que a água ferveu perto de Dom.

Hoje, três meses depois era o dia do seu casamento. Dom não sabia como seria. Lhe foi informado que nunca antes um tritão cansou-se com um humano. Mencionava-se apenas um história de uma sereia do norte que havia se apaixonado por um marinheiro e de alguma forma ganhou pernas, mas todos achavam que era história para assustar pequenas sereias, afinal nenhuma delas queria perder a cauda.

Dom dirigiu-se ate seus aposentos, deixou-se ser preparado por todas as sereias da corte. Muitas vieram ajudar. Todas queriam agradar ao futuro príncipe e todas queriam aprender a cantar com ele. Dom estava pronto três horas depois. seu cabelo preto ganhara um penteado ondulado, era como se as águas estivessem ali e não no oceano. As sereias lhe pintaram a face. Perdas preciosas e tinta de polvo estavam por toda a parte. Fora complicado achar uma vestimenta de casamento que escondesse suas pernas. Todas eram para tritões. Dom riu quando as Sereias o viram de cueca e não entenderam como as pernas saiam dela.

Dom estava pronto e de pé no pequeno altar quando o rei entrou, logo depois a rainha e por fim Naia, que sorria como se fosse o dia o seu casamento, apesar de Dom saber que Naia nunca se casaria. Kai veio nadando em sua direção e Dom entendeu. Kai era o oceano. Kai movia-se e era como se tudo o seguisse. Kai parecia convidar todos para seguir a si quando nadava. Seus cabelos e cauda cor de fogo estavam cheios de adereços e sobre sua cabeça havia um coroa de pedrarias brancas. Kai estava... perfeito!

Sob as águas aquele dia o Rei os casou, Kai passou a cauda ao redor de Dom enquanto lhe prometia estar próximo e defender seu amor por todos os 7 mares. Dom estava perdido. Dom seria de Kai por toda vida e ele não queria ser salvo desta vez. Dom não precisava dizer nada, mas o rei lhe concedeu a palavra. Dom fez o que fazia de melhor. Dom cantou.

 

 

Quero nadar nas suas águas
Nas ondas dos seus cabelos
Sentir seu corpo molhado
A deslizar nos meus dedos
Eu quero olhar nos seus olhos
Sem duvidar do que faço
Quero beijar sua boca
E te prender nos meus braços

 

No fim da musica dom o beijou em frente de todo o reino. Não houve aplausos e sim uma quantidade absurda de ruídos altos e agudos que dom descobriu ser a forma como as sereias demostravam sua felicidade. No meio do beijo Dom sentiu o mundo a sua volta esquentar. Kai se afastou assustado. Os ruídos cessaram e o Rei não sabia o que dizer. A água estava fervendo Dom podia sentir sua pele queimar. Ele queria gritar, mas não conseguia emitir um som. Era quente, doía de mais. Ele olhou pra Kai entre as bolhas. Este estava tão perdido e desesperado quanto Dom. As bolhas se intensificaram e as queimaduras em sua pele foram ao extremo. Kai gritava para que alguém ajuda-se, seu pai tentou tocar a água ao redor de Dom, mas fora queimado. Apenas Naia parecia calma. Enquanto o calor se intensificava ela acalmou todos.

 

"A deusa o abençoou"— Naia dissera.

 

Assim que Naia acabou de pronunciar essas palavras, a água ao redor esfriou, a pele de Dom não doía mais. Todos o olhavam espantados. O rei não se aproximara. Dom sabia que devia estar horrível. Nem Kai se aproximará. Dom sentiu uma coisa diferente sob sua cintura, era como se algo estivesse o mantendo de pé. Ele não sentia sua pernas. Dom olhou para baixo e lá estava o motivo do espanto. Dom não tinha pernas. Dom tinha uma cauda. Grande, maior do que a de Kai. Dom podia notar. Se aproximava em tamanho a do Rei. Sob sua cabeça havia uma coroa dourada. Todos o olhavam encantados e Dom inconscientemente, poderia ser o poder da Deusa, ele soube depois, poi-se a cantar:

 

Sereia, te amo, te quero, comigo
Pelas estradas por onde eu andei
Alguém igual eu nunca encontrei
Você é tudo que eu quero pra mim
Jamais amei assim

 

Todos o olhavam fascinados e Dom entendeu. Sua voz mudará. Ele cantará com magia. Dom trouxera de volta a magia da musica para as sereias do sul. Kai se aproximou. Dom lhe abraçou. Ainda era estranho ter cauda. Kai lhe beijou novamente e dessa vez o calor não veio da água, veio de si mesmo. Dom suspirou apos o beijo e Kai lhe disse.

Gostou da sua cauda? — Olhava para ela fascinado, como todos.

Dom a olhou também. sabia que o fato dela ser maior que a de Kai significava que ele era mais poderoso em magia.

Dom suspirou - Ela é azul, eu nunca gostei muito de azul.

 

Kai riu

 

Dom o beijou.


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Notas finais do capítulo

Comenta ai xD



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