Sangue e Champanhe escrita por Spaild


Capítulo 2
Cap 2: Um pouco de Blues.


Notas iniciais do capítulo

Demorei mas tá ai, o cap com um pouco de material picante...



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Aquela música enchia o ambiente bem iluminado, Blues, era de fato contagiante e podia sentir cada nota vibrando em seu corpo. Deu alguns passos olhando novamente toda a mobília daquela casa. Tudo soava como Phryne, desafiador, provocante, chamativo e intenso. Olhou para o copo em sua mão e mesmo com a música a lhe encher os ouvidos pode ouvir o som dos passos dela a descer as escadas, ele era um detetive, estava alerta a cada momento, curvou o canto dos lábios em um sorriso leve. A porta se abriu e ele se manteve de costas, atento aos sons e agora ao perfume que invadia todo o ambiente.

Olhava em diagonal para a base da lareira enquanto ela se aproximava dele, a primeira coisa que viu foi os pés descalços com as unhas pintadas de vermelho e a barra do pegnoir negro bem fechado. Bebeu um gole e a olhou nos olhos azuis. Phryne sem maquiagem era ainda mais bonita. E com um sorriso nos lábios ela mostrava a ele o pequeno envelope que estivera todo o caminho bem escondido no decote dela.

— Quer brincar de advinhar?

— Tenho escolha?

— Nenhuma. - ela se sentou na poltrona rindo e cruzando as pernas deixando mais pele exposta aos olhos dele.

— O que o ilustre detetive acha que tem aqui dentro?

Aquele jeito de falar e o sorriso o deixava meio sem ar às vezes. Fez como ela e buscou um lugar para se sentar o fazendo no pequeno sofá que ficava mais próximo a poltrona que ela usava. O pequeno envelope brincava entre os dedos dela enquanto um sorriso divertido estava nos lábios femininos.

— Alguma pista.

— Bingo! - ele gostava quando ela sorria daquela forma. - Uma pista bastante interessante.

Estendeu a mão requerendo o envelope enquanto a olhava firmemente nos olhos. Phryne era esse tipo de mulher que manipulava tudo e todos a suas vontades e ele passou muito tempo se controlando. Viu ela brincar com o papel pardo enquanto os olhos azuis lhe analisava. 

— Phyne. - ele chamou usando o nome dela propositalmente.

— Sim Jack? 

— O envelope. 

Ela se moveu elegante ficando de pé, foram dois breves passos e ela se sentou a seu lado. Sentiu o perfume dela mais próximo e a mão dela lhe tocou o ombro. Jack sempre ficava rígido com ela estando tão próxima.

— Miss Fisher?

— Porque estamos sempre dando um passo à frente e dois para trás? Isso é frustrante Jack. - colocou o envelope da palma da mão dele. - Mas sei que quer falar de negócios agora, pois bem.

Abriu o envelope e viu um fio grosso demais para ser cabelo como ele havia suposto em sua conjectura.

— Lã. - a voz tão próxima a seu ouvido o fez se arrepiar e fechar os olhos.

— Os donos do lugar são fabricantes de lã Miss Fisher, acho bastante comum eles terem lã por todo o lugar.

— De fato, mas não deixa de ser curioso, em uma cena de crime tão manipulada, que nenhuma pista foi encontrada. - ela se moveu apoiando o corpo na lateral de seu braço e Jack respirou entre os dentes, levemente. - Isso em particular, estava sob a unha da nossa cliente.

A olhou e Miss Fisher sorria como se tivesse descoberto o que tinha em sua meia no natal.

— Você acha que isso era do agressor. É um palpite, mas quem usaria lã neste calor horroroso?

A viu lamber os lábios pensativa, formando qualquer teoria em sua mente muito ágil, Jack fechou novamente o pequeno envelope e o guardou no bolso de seu terno. Ele próprio teria pensado em algo mas uma mão pequena tocou seu joelho e apertou gentilmente o fazendo perder o raciocínio analítico.Phryne Fisher era um perigo quando tão perto.

— Eu tenho uma teoria.

— Claro que tem. - ele tossiu tentando manter a voz firme, não era nenhum virgem que se deixava levar facilmente. - Está esperando que eu peça para dividi-la comigo?

— A peça de lã que pertence esse fio foi arruinada e perfeitamente ocultada, mas se a encontrarmos provavelmente iremos também encontrar nosso culpado.

— Muito sagaz, mas esquece senhorita, que não temos nenhuma outra prova.

— Procurou pelo resto da casa? - os olhos azuis estavam fixos em seu rosto.

— Algo me diz que você o fez Miss Fisher.

— Você sabe como eu me torno curiosa quando estou tentando descobrir algo. - como ele nada disse ela continuou sorrindo. - Temos uma peça de vestuário de lã e um sapato sujo de sangue desaparecidos. O sapato em questão é um tamanho bastante específico.

A mão dela desceu do joelho para a panturrilha do inspetor e puxou um pé para cima. Jack apenas observava os movimentos fluídos dela, atento a voz suave que falava sem pausas.

— Somente um homem de certo porte calçaria sapatos 42. Devo informar que antes de sair com você, pedi Hugh para olhar os quartos baixos da casa em busca de um Brogue marrom com manchas bastante distintas.

— E isso leva a algum suspeito.

— Estava no quarto do mordomo, mas é muito clichê não acha? - soltou a perna dele. - “É sempre culpa do mordomo.”

O revirar de olhos dela era adorável e o fez rir, ele chamaria o mordomo para uma conversa pela manhã. Se Jack fosse honesto ele teria dito que havia sentido a falta de Miss Fisher em seu dia a dia no trabalho. Ela tinha uma maneira peculiar de pensar que os levava a olhar nas direções mais inusitadas. E o conhecimento dela sobre uma variedade de assuntos ajudava bastante na maioria dos casos.

A música terminou e ele pode ouvir o som do gelo se movendo no copo antes que a outra começasse a tocar, foi um som tão suave quanto o som de seda ao seu lado. Fechou os olhos e respirou por entre os lábios já prevendo o que viria a seguir.

— Jack… 

— Bingo.

A voz dela fez seu pulso saltar quase no mesmo ritmo da música. Ele sentiu o hálito perigosamente perto de sua orelha esquerda, seguido de uma mão imperativa que empurrava seu ombro o fazendo ficar de frente para a mulher de olhos tão azuis.

— Droga Jack, parece que não tenho sua atenção esta noite.

Ela nunca esteve tão errada, não havia uma só vez em que ela estivesse presente, que sua atenção não fosse dela. Tudo chamava seus olhos, o caso era, ele sabia bem disfarçar seu interesse. E isso sempre rendia um jogo de palavras e gestos que ele apreciava mais do que tudo.

— Miss Fish… - ele foi silenciado por um indicador ousado a tocar sua boca.

— Eu tenho um nome, sabia?

— Phryne. - falou com o dedo dela ainda pressionando seus lábios, e o pequeno gemido de aprovação dela foi a fagulha necessária para acender a palha seca. Algo dentro dele aqueceu levando uma sensação há muito esquecida para sua virilha.

— Perfeito. - a mão macia tocou seu rosto levemente o puxando de uma forma irresistível para perto dela. O Blues o entorpecendo tanto quanto os sons que ela produzia.

O Inspetor era nada além de sensações sob o olhar atento e toques suaves de Miss Phryne Fisher. Uma mão o tocou no peito sob o casaco grosso de seu terno de tweed e os lábios roçaram levemente os dele, a lentidão dela era torturante e ainda assim ele permitia que ela seguisse com os movimentos lentos. Porém não era uma dança justa se apenas um se movesse, ele a tocou no cotovelo e subiu lentamente para o ombro conforme ela ia sorrindo com os lábios nos seus.

Foi um relance, um segundo perdido de movimentos ágeis e ela estava em seu colo o beijando como se o mundo dependesse disso para continuar a existir. Jack não podia mais estar passivo, apertou a cintura dela subindo a mão em direção a um seio. Senti-lo na palma de sua mão foi como o céu, o gemido dela tão pecaminoso como um sussurro infernal e ele estava no limbo, perdido entre os beijos e o perfume perigoso dela.

— Jack…

Ele julgou que devia ser proibido seu nome ser dito assim, com tamanha luxúria, e mesmo assim tornou a apertar o globo firme que era o seio de Phryne apenas para ouvir novamente aquele som gracioso.

— Cama… - ela falou depois de alguns dos gemidos mais provocantes que ele já tinha ouvido.

Normalmente ele era bastante eloquente, mas Miss Fisher tirava dele não apenas o fôlego, era quase como se voltasse a ter dezesseis prestes a perder sua virgindade. Ela ficou de pé e o puxou apenas para ser pega no colo e apoiada contra uma parede. Se ele estava sem capacidades vocais, suas ações precisava externar o que ele estava pensando. Moveu a boca sobre a pele quente do pescoço dela, sentindo a pulsação acelerada sob sua língua. E sem nenhum pudor pressionou os quadris contra ela mostrando como ele desejava conhecer o quarto dela.

Phryne gargalhou empurrando o casaco grosso e puxando a gravata de seu pescoço, era injusto que ele estivesse tão bem vestido e ela usasse tão pouco, mas se fosse honesto, queria sentir as mãos dela ocupadas em despí-lo.

— Ah Jack…

Se o lado racional do Inspetor estivesse consciente, Jack estaria corado com a forma como ela se movia em seu colo, buscando mais contato dos quadris. Mas ele não queria pensar muito, na verdade ele sequer conseguia com o sangue fluindo para outro lugar de seu corpo.

— Quarto? - ele perguntou em um tom de voz tão lascivo que sequer reconheceu como seu.

— Quarto… - Phryne gemeu em sua boca ficando de pé para o puxar pela mão escada acima.

Subiram os primeiros degraus quando a campainha tocou. E ela alegremente chamou Mr Bulter para atender o puxando entre risos e olhares intensos. Jack parou assim que a porta abriu e ele ouviu o som da voz de Prudence Stanley. Ele olhou para Phryne que o puxou um pouco mais para terminar de subir as escadas e sair do campo de visão de sua tia, mas a mulher mais velha tinha olhos de águia.

— Inspetor Robinson.

— Mrs Stanley. - ele disse ouvindo os xingamentos de Phryne que insistia em puxar sua mão.

— Minha sobrinha está com o senhor imagino. Phryne querida podemos ter uma palavrinha?

— Outra hora Tia P. Tenho assuntos urgentes para tratar com o Inspetor.

Jack fechou os olhos sentindo todo o corpo esfriar ao ouvir a tosse reprovadora de Prudence ainda parada no pequeno hall. Todo o clima arruinado completamente.

— Phryne Fisher! - a matrona chamou severa como se repreendesse uma criança levada.

— Prudence Stanley! - Phryne exclamou se inclinando para frente apoiando-se no corpo de Jack.

— Precisamos ter uma conversa rápida, o inspetor certamente poderá tratar... seus assuntos em um outro momento.

Com a cabeça fresca novamente e o corpo frio ele deu um passo para trás e sorriu educado embora a vontade de empurrar Prudence porta a fora soasse tentadora.

— Continuamos nossa conversa pela manhã Miss Fisher, tenha uma boa noite. - ignorou o som de reprovação que Phryne fez e as mãos tentando o manter ali. Desceu os poucos degraus que havia subido. - Mrs Stanley. - ele cumprimentou educado e deixou a casa.

Respirou o ar noturno e colocou o chapéu em sua cabeça, era melhor assim, eles ainda não tinham conversado sobre o que um esperava do outro e Jack queria um pouco de certeza antes de visitar o quarto de Miss Fisher.

— Prudência demais pode estragar o momento. - ele disse baixo rindo do pequeno jogo de palavras. Talvez ele só precisasse deixar-se perder o rumo, podia ser mais fácil consertar o estrago do que remediar a colisão.

Olhou uma última vez para a casa de grandes vermelhas e suspirou entrando no carro, a delegacia era uma opção melhor naquele momento, afinal ele não queria pensar tanto no corpo de Phryne pressionando o seu tão insistentemente.


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Notas finais do capítulo

Se você está lendo, me deixe saber o que achou. Criticas são bem vindas.



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