A Lua de Sangue escrita por Mirella


Capítulo 1
Good Day. Bad Night


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada por lerem, espero que sejam pacientes comigo.
Sou uma escritora nova e é minha primeira escrita.
Boa Leitura.



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Enquanto o táxi nos levava até o apartamento da Soo Gi, ficamos conversando sobre tipos de músicas, artistas e instrumentos variados.

Chegamos à porta do apartamento, fizemos uma vaquinha e pagamos o motorista. Soo Gi passou a carteirinha na portaria e entramos. Ela morava no nono andar e o elevador estava quebrado, então teríamos que usar as escadas. David pegou meu teclado e começou a subir sem dizer nada e eu me pronunciei:

— Hey! Não é necessário, eu consigo levar!

— Pode deixar. Eu posso levar pra você, sei que você consegue, só estou fazendo um favor.

Ele disse isso com um sorriso grande e branco que foi capaz de me silenciar na hora. Subimos até o andar indicado e entramos no apartamento com o número 754 na porta. Ao entrarmos pude sentir um cheiro forte de lavanda espalhando se pelo ambiente, era uma sala bem organizada e agradável. Soo Gi logo fez as honras:

— Fiquem à vontade e não reparem a bagunça... Podem ir se organizando, vou fazer um café... ou um chá...o que vocês querem?

— Por mim tanto faz. - Eu disse.

David concordou e ela decidiu por fazer um chá preto com alguns biscoitos de manteiga. Ele me entregou a bolsa com meu piano e começamos a nos organizar quando o mesmo resolveu quebrar o gelo:

— Eu não sabia que você gostava de lo-fi... você não parece o tipo de garota que passa horas deitada ouvindo esse tipo de música...

— Bom... as aparências enganam né? Que tipo de música você pensou que eu gostasse?

— Pop. A maioria das garotas de conheço dessa idade geralmente só curte pop...

— Sou mais chegada em músicas suaves... acho o pop um pouco... Exagerado pra mim...

Ficamos conversando sobre isso por mais algumas horas enquanto organizávamos nossos instrumentos. Quando finalmente acabamos, comecei a praticar com o violão da Soo Gi tocando o comecinho de Broken do Lund quando David começou a acompanhar com o vocal, então começamos a cantar juntos. Estávamos perto do final quando a Gi voltou da cozinha com a comida na mão:

— VAMO PARAR COM ESSA BAD TODA?!- Ela gritou enquanto coloca o chá com biscoitos na mesa de centro da sala.

Paramos de cantar quando eu disse envergonhada:

— Poxa como eu fui rude Soo Unnie, nem perguntei se você precisava de ajuda.

— Tudo bem... Eu gostei da música, aliás...

Comemos, bebemos e conversamos por um tempo. Quando terminamos, eu ajudei Soo Gi juntando as louças e fomos pra cozinha arrumar tudo enquanto David escolhia uma música para tocarmos. Eu estava lavando a louça quando Gi Unnie pegou um pano pra ir secando e puxou conversa comigo:

— Vocês tão bem amigos né?

— Oi?- Perguntei confusa

— Você e o David, estão bem próximos.

— Sim, é bom ter alguém que conhece seus gostos e seus costumes, quero dizer, ele também é estadunidense, entende? Mas como você mesma disse, estamos AMIGOS.

— Sei... Você conversou com o Kwan?

— Ah... Ainda não, ele me pediu desculpas hoje, como eu te falei, mas depois disso não falei mais com ele... Você acha que eu deveria ligar e perguntar se tá tudo bem?

— Acho que ainda não é o momento, ele vai te procurar, sei disso. Ele gosta de você, não consegue ficar muito tempo longe. - Ela disse com uma risada boba.

Terminamos de arrumar a cozinha e fomos pra sala, chegando lá, David estava fazendo uma anotação em um caderninho pequeno.

— O que está fazendo? – Perguntei me sentando no sofá e ligando meu piano.

— Só anotando umas letras e notas pra praticar uma música...

— Ah sério? Qual? Se quiser posso te ajudar! – Ofereci minha ajuda com entusiasmo.
— Ah gente pelo amor de Deus não me deixem de vela! – Soltou Gi Unnie parecendo realmente aborrecida.

Pedimos desculpas e começamos a tocar algumas músicas que ele escolheu, foi bem legal. Quando fomos olhar a hora já eram 16 horas e ainda nem tínhamos almoçado. David se despediu da Soo Gi e me chamou pra irmos embora, concordei e fiz o mesmo. Saímos da portaria quando David perguntou:

— Quer tomar um café antes de irmos pra casa?

— Ah quero sim! Estou com fome. Tem alguma sugestão de cafeteria?

— Hm, na verdade tenho sim, mas é um pouco longe...

— Ah vamos! Gosto de conhecer lugares novos, podemos ir de metrô ou de táxi...

Pegamos um metrô e chegamos em uma cidadezinha pequena. Ao sairmos da plataforma, David me levou a uma cafeteria um pouco afastada da cidade. Era pequena, mas parecia ser agradável, ao entrar pude sentir um cheiro forte de café que acalmou meu corpo inteiro. Sentamo-nos em uma mesinha no fundo ao lado de uma janela com vista pra um campo de cultivo de café. Estava observando a paisagem quando David resolveu quebrar o gelo como  de costume:

— Gosto dessa cafeteria porque eles cultivam e moem o próprio café, é muito mais gostoso do que o da cidade...

— Nossa! Isso deve ser muito difícil, mas eu gostei da atmosfera...

— Que bom que você gostou... Não pensei que fosse gostar, mas vejo que você é uma menina de coisas simples... o que é estranho vindo de uma adolescente de Seattle...

— Me mudei pra cá acho que foi mais por isso, não me encaixava nos padrões de lá. Aqui eu me sinto mais eu... Sempre gostei da Coréia... E você? Veio por um motivo especial?

— Vim pra morar com minha mãe... ela é coreana.

— Ah... isso explica os olhos puxados...

— Sim – ele riu. – Meu pai é americano, eu morava com ele, mas briguei com meu irmão e decidi vir pra cá.

— Ah... Sinto muito. Está gostando de morar com sua mãe?

— Eu não estou morando com ela.

David escondeu seu grande sorriso brilhante, pude notar que o azul cor de piscina de seus olhos agora se tornaram um azul noturno e um grande silêncio surgiu no ar. Para quebrar o climão, o garçom chegou nos entregando o cardápio e David nem hesitou ao fazer o pedido:

— Um macchiato de caramelo e uma torta de camarão. E você Mia?

— O mesmo... Por favor.

O senhor anotou nossos pedidos e se retirou. David começou um assunto diferente na esperança de que eu esquecesse o anterior:

— Então... Desde quando você toca piano?

— Desde os oito anos de idade.

— Então é por isso você toca tão bem.

Conversamos por alguns minutos até que nosso pedido chegou exalando um cheiro forte de café e de caramelo pelo ar, aquilo me acalmou do nervosismo que estava sentindo desde que conversei com Soo Gi.

Comemos e bebemos em silêncio durante uns 10 minutos que pra mim pareceram anos de desespero pensando que eu havia falado algo errado, mas assim que comemos David olhou em seu relógio e indagou:

— Quer mais alguma coisa, Mia Unnie?

— Não, muito obrigada. Vamos dividir a conta!

— Não é necessário, eu que te chamei então eu que banco. Se você gosta de pagar a conta pode me chamar pra comer algo, vou aceitar de muito bom grado. - Ele disse com seu sorriso brilhante e o claro de seus olhos retornaram com um brilho cintilante.

Ele acertou o dinheiro no caixa e já eram 19 horas. Pegamos o metrô de volta pra Seul e já estávamos andando quando chegamos na minha rua:

— Obrigada por me acompanhar e pelo café... Foi muita gentileza da sua parte. - Eu disse com um sorriso.

— Não tem que me agradecer Mia... Foi muito legal hoje...

De repente ouvimos uns gritos e alguns tiros. O rosto de David ficou pálido e ele parecia aterrorizado e num movimento ligeiro ele me agarrou pela mão e me puxou pra trás de um muro baixinho de uma casa na esquina da rua.

— O que tá acontecendo? – Perguntei assustada.

— Não sei, mas é perigoso ficarmos parados ali. Ouvi uns tiros. – Ele disse cochichando.

— Temos que sair daqui!

Ele colocou a mão na minha bochecha e levantou um pouco para ver o que estava acontecendo. Uma feixe de luz vermelha foi lançado e a rua havia se transformado em um clarão cor de sangue. Assustada, me levantei e vi algo que parecia sobrenatural: Um homem estava jogado ao chão, sangrando e a grande luz saía de dentro de sua boca. Eu e David abaixamos rapidamente ao notarmos que mais pessoas estavam chegando, não eram simples pessoas, todos estavam de preto e o mais surpreendente foi quando começaram a dizer palavras estranhas. Sentei no chão e comecei a fazer a primeira oração que veio em minha cabeça e lágrimas de assombro percorreram minha face pálida de medo. Em súbito movimento, David me abraça forte e sussurra com uma voz suave em meu ouvido:

— Calma Mia, vai ficar tudo bem. – Ele tentava me acalmar enquanto alisava meu cabelo.

Ficamos assim por uns 15 minutos quando fomos olhar novamente e não havia nada além de frio na rua.

— Viu? Falei que ia ficar todo bem, não falei?- Ele disse me ajudando a levantar.

— Ainda tô assustada... - Disse me apoiando no muro baixo.

— E com razão! Vou deixar você em casa pra você descansar, sua irmã está lá, certo?

— Não sei se ela já voltou do hospital, vou ligar.

Tentei ligar, mas o celular dela só dava desligado, então decidi que não dormiria em casa. Tentei ligar pras minhas amigas, mas elas já haviam dormido, pois não atendiam.

— Você pode ficar lá em casa, digo, tem um quarto sobrando e eu não me importo em cedê-lo a você... Digo, só se você quiser... Não que eu esteja obrigando você... – David disse, parecendo envergonhado e atrapalhado.

— Não! Não quero incomodar...

— Não será incômodo algum, em moro em um condomínio fechado, muito seguro e vigiado. Não há risco nenhum.

Acabei me convencendo, passamos em minha casa, guardei minhas coisas, tomei um banho, vesti um jeans claro skinny, uma camiseta bem larga com uma estampa de rock e um all star azul. Arrumei o cabelo em um coque com a franja solta, peguei uma mochila, coloquei alguns produtos de higiene pessoal, algumas roupas, carteira, etc. Peguei as chaves e fui até a sala onde David me esperava no sofá.

— Oi, demorei muito, desculpa... vamos? – Disse um pouco envergonhada.

— Vamos! Não é muito longe, podemos ir andando se você quiser. – Ele disse, se levantando.

— Por mim tudo bem, só vou pegar um casaco e vamos.

Peguei um moletom de capuz e bolso, vesti e saí de casa com ele. Começamos a andar pela rua fria, quando resolvi quebrar o gelo, pra variar um pouco:

— O que você acha que era aquilo que vimos na rua?

— Eu... Não faço ideia. Foi... Sobrenatural.

— Foi né... Obrigada por ter me protegido e me acalmado... Eu fiquei nervosa...

— Não precisa agradecer, fiquei mal em te ver chorando... – Ele disse com um sorriso que iluminava a noite.


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Notas finais do capítulo

Por favor, digam o que acharam do capítulo, é muito bom pro desenvolvimento da história.



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