Os Cuecas e as Chiquititas escrita por SnowShy


Capítulo 57
Paradoxo


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi, gente!
Olha só... tenho uma coisa meio triste pra falar pra vcs: acho que vou ter que colocar a fanfic em hiatus de novo :( É que agora as minhas aulas vão voltar presencialmente e eu também tô fazendo outras coisas, então vai ser realmente difícil de conciliar! E eu não quero ficar atrasando nas postagens dos capítulos, então acho melhor colocar em hiatus e só voltar a postar qd tiver férias de novo ou se eu conseguir escrever os capítulos que faltam da temporada antes disso...
Enfim, espero que gostem do capítulo de hoje!



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Clarinha não foi a única que achou que Joaquim estava tentando compor uma música, todos que estavam na casa dos Civil naquela tarde deduziram isso. Quando Eleanora contou a Sandy, entretanto, a menina não acreditou. Joaquim podia gostar de música, mas nunca tinha gostado de escrever, ela não queria ficar se iludindo achando que ele faria algo assim, apesar de, no fundo, desejar muito que o palpite da irmã estivesse certo. 

Mas ao invés de ficar pensando nisso, preferiu se concentrar na mudança de visual de sua irmã do meio. Sandy estava muito animada, pois sentia que estava fazendo uma coisa boa para a sua irmã e se sentia bem com isso, já que geralmente era considerada a "irmã chata". Na segunda-feira de manhã, Janete parecia uma menina totalmente diferente. Usava maquiagem, pulseiras, um colar e presilhas no cabelo, que agora estava ondulado e com cachos nas pontas ao invés de liso. Eleanora estava achando muito estranho Janete mudar assim do nada, mas preferiu não comentar a respeito. Se fizesse isso, ela é que seria a irmã chata...

Quando chegaram na escola, a mais nova foi direto pra quadra. Sandy percebeu que Janete parecia um pouco insegura, mas falou que não adiantava nada ela ficar tão bonita e andar com a cabeça baixa, se escondendo das pessoas.

— Você tem certeza que não tá muito exagerado? — Perguntou a garota tímida.

— Não tá nada exagerado. Você tá linda, não devia ficar com vergonha! Eu preciso admitir uma coisa: eu é que ficava com vergonha quando você vinha toda descabelada pra escola...

— Sério?

— Pois é, mas isso é passado. A nova Janete é uma menina confiante, decidida e segura de si. Agora vai lá, deixa todo mundo te ver!

A irmã parecia tão feliz, que Janete acabou sendo contagiada. Então as duas atravessaram o pátio da escola e todos repararam nelas. Ao longo do dia, várias pessoas comentaram que Janete estava mesmo muito bonita. Ela não sabia se gostava dessa atenção toda, mas pelo menos estava começando a acreditar que não era feia. E disso ela estava gostando. O problema é que a única pessoa que ela realmente queria que reparasse nela não parecia nem notar que ela estava diferente.

Mas, ao contrário do que Janete pensava, Samuca reparou, sim. Porém, assim como Eleanora, achou essa mudança um pouco estranha. Ele sempre tinha achado que Janete era diferente das outras meninas e isso era, em parte, pelo fato dela nunca ter se importado com a aparência. É claro que não tinha nenhum problema se ela se importasse, mas... essa não era a Janete que ele conhecia. Samuca sempre tinha achado ela bonita e achava que era mais bonita quando parecia ela mesma. Mas depois o garoto pensou que talvez ela estivesse se tornando uma pessoa diferente. Primeiro ela tinha ficado toda estranha com ele, agora se vestia daquele jeito... Só faltava parar de ler livros e de falar com árvores. Por isso ele continuava andando com Bel, sua nova amiga, que estava se mostrando uma pessoa muito interessante... e também com muita atitude. Ela aproveitou que o professor de teatro escolheu Samuca pra ser sua dupla e sugeriu que eles interpretassem um casal na cena. Um casal fugindo de um ataque de alienígenas, mas, ainda assim, um casal. E quando se apresentaram, ninguém podia negar que tinham química. 

A situação estava ficando cada vez mais difícil pra Janete, sensível do jeito que ela é... Mas a garota continuava se esforçando pra chamar a atenção de Samuca e aparecia cada dia mais enfeitada. E os dois continuavam seguindo sua própria lógica e tirando suas conclusões sobre o outro ao invés de simplesmente conversarem...

E a lógica de Samuca acabou levando o garoto a concluir que Bel estava gostando dele. Isso porque, mesmo morrendo de vergonha, ele acabou perguntando um dia pra ela se ela sentia alguma coisa por Joaquim, já que eles já tinham saído juntos e tudo mais... E ela respondeu que eles só tinham saído como amigos e que nunca tinha gostado dele, até porque, não fazia o tipo dela.

— Na verdade, ele é exatamente o contrário do meu tipo... — ela disse, por fim, e sorriu.

Samuca, por sua vez, ficou todo vermelho. E Bel ficou toda feliz, pois começou a achar que estava sendo correspondida. Mas, antes de tomar qualquer decisão, o garoto achou que era melhor falar com Joaquim. Devia ser a primeira vez que Samuca achava que devia falar com Joaquim antes de tomar uma decisão importante, mas precisava mesmo fazer isso. Porém, seu irmão gêmeo estava muito ocupado tentando escrever uma música pra Sandy (sim, ele acabou admitindo para todos os Civil que era disso que se tratavam os seus rascunhos misteriosos), então achou melhor deixar pra depois.

***

Davi se ofereceu pra ajudar Joaquim com a composição da música, mas o menino não aceitou. Disse que a primeira música dele tinha que ser só dele. Justamente por ser a primeira música, era mais difícil e ele precisava mais de ajuda, né? Davi também ajudou Janete com a primeira música dela... Mas vocês sabem como Joaquim é teimoso, não aceitou de jeito nenhum. E também não queria admitir que estava tendo dificuldades. Ele estava tendo até pesadelos com isso. Sonhava que Sandy odiava a música e ficava rindo da cara dele ou ficava muito indignada por ele ter escrito uma música tão ruim pensando nela e nunca mais falava com ele. O problema é que, assim como Joaquim, Sandy também tem um lado chato e um lado legal. Quando resolveu escrever a música, o garoto estava pensando na Sandy doce, sensível e encantadora, mas depois que começou a tentar escrever, ficava com medo que Sandy perfeccionista, exigente e pavio curto se manifestasse.

Joaquim só conseguiu compor a música quando, enfim, deixou seu orgulho de lado e admitiu para o pai que sempre que escrevia algum verso, ficava com medo que Sandy achasse muito tosco e desistia. Mas antes que Davi oferecesse ajuda novamente, o menino falou:

— Você pode me dar um conselho? Eu não quero que você escreva nenhuma parte da música, só quero uma dica, sei lá...

— Entendi. Você quer que a música seja toda sua porque é pra Sandy.

Sim, era exatamente isso. Davi entendia muito bem o filho. Bom, como era esse o caso, por mais que achasse que Joaquim ainda era muito novo pra essas coisas de paixão, ele aconselhou que o garoto, ao invés de pensar se Sandy ia gostar ou não da música, pensasse apenas no que sentia por ela, no motivo pelo qual estava escrevendo. Ou melhor, ele devia pensar menos e sentir mais. Joaquim resolveu obedecer e deu certo. Assim que terminou de compor, mostrou a música ao pai, que disse que estava muito boa, que ele poderia até gravar. Mas antes disso, é claro, Joaquim tinha que mostrar a Sandy.

Na próxima vez que foram para a gravadora, o menino esperou o intervalo do ensaio pra dizer que tinha uma coisa pra mostrar pra ela. Ficaram só os dois no estúdio, ele pegou um banquinho pra ela se sentar, pegou o violão e sentou-se em outro banco. Sandy não sabia o que esperar, mas se lembrou que Eleanora havia dito que Joaquim estava escrevendo uma música pra ela. Então, antes mesmo do menino começar a tocar, o coração dela começou a acelerar. E Joaquim não se sentia diferente. Estava tentando disfarçar com aquele jeito descontraído dele, mas estava nervoso desde que viu a garota na escola na manhã daquele mesmo dia. O menino, então, começou a tocar.

***

Clipe musical: "Princesa" por Joaquim.

***

Sandy ficou muito emocionada ao ouvir a música. A letra e a melodia eram tão perfeitas! Nunca poderia imaginar que Joaquim pudesse compor algo assim e ainda mais pensando nela, afinal, ela nem acreditou quando ouviu da irmã que ele estava escrevendo uma música... Os olhos de Sandy brilhavam. Depois que Joaquim terminou de cantar, ela ficou um tempo em silêncio e então perguntou:

— Você me ama?

Ela tinha dúvidas em relação aos sentimentos do garoto por ela pelo fato dele nunca ter dito que gostava dela. Mas na letra da música ele dizia que a única coisa que importava era amá-la.

— Claro que amo! — Foi a resposta de Joaquim, que falou de forma bastante espontânea, mas depois ficou um pouco envergonhado.

Sandy abriu um sorriso enorme e disse que aquela era a música mais linda que ela já tinha ouvido na vida. Joaquim ficou muito feliz com a reação dela, realmente não precisava ter se preocupado.

— Então? Você quer? — Perguntou o garoto com um olhar charmoso que deixou a menina bastante desconcertada.

— O quê?

— Você quer ser minha princesa?

A Chiquitita sorriu, mas antes que pudesse responder alguma coisa, as outras crianças e Davi voltaram porque havia acabado o intervalo e eles continuaram o ensaio. Pela primeira vez, Sandy não conseguiu se concentrar num ensaio, Davi até teve que chamar a atenção dela algumas vezes. A garota não parava de pensar no que havia acontecido durante o intervalo e sua postura deixou bem claro para as outras pessoas do estúdio que havia acontecido algo. Joaquim, por sua vez, no fundo estava feliz por ver que, ao que parecia, ele causava na menina o mesmo efeito que ela causava nele. Mas também estava bastante ansioso para ouvir a resposta dela. Depois do que pareceu uma eternidade para os dois, o ensaio finalmente acabou. Quando saíram do estúdio, Sandy puxou o garoto pra um corredor onde não tinha ninguém passando, olhou nos olhos dele e disse:

— Só pra ter certeza: quando você perguntou se eu queria ser sua princesa, você tava falando de namorar sério, né?

Joaquim riu e disse que era isso mesmo.

— Nesse caso... eu aceito sim! — Ela estava radiante, mas de repente ficou um pouco corada e disse: — Ah, e... eu também te amo! — Deu um selinho nele e foi procurar as irmãs pra ir embora.

Joaquim ficou um tempo lá parado com cara de bobo, olhando ela se afastar. Por um momento esqueceu que ele também tinha que ir embora. E também esqueceu que estava na gravadora, porque depois gritou:

— BELEZA! — Enquanto fazia um gesto comemorativo com os punhos fechados.

Algumas pessoas ouviram, mas ele estava tão feliz, que nem notou. E elas também não deram muita importância, pois já sabiam que ele era meio doidinho.

***

Joaquim pensou seriamente se contaria ou não a Davi que estava namorando, porque sabia que o pai iria querer conversar, dar conselhos e tudo mais... Porém, se não contasse, ele acabaria sabendo em algum momento e essa conversa chata só seria adiada. Então Joaquim contou. E ouviu que teria que tratar a garota muito bem e em hipótese alguma magoá-la. Joaquim brincou dizendo que não faria isso porque não queria despertar a fúria de Sandy, mas, antes que levasse um sermão, consertou a frase dizendo que sabia que ela era muito especial e não merecia isso. Por fim, Davi falou que eles eram muito novos e essa coisa de relacionamento era meio complicada, então deveriam ir com calma.

— Relaxa! Eu não vou pedir ela em casamento daqui a seis meses. — Foi a resposta de Joaquim, que deixou Davi meio sem reação devido à referência ao namoro dele com Clarinha. — Acabou? Legal!

Sandy, por outro lado, estava doida pra contar a Clarinha sobre o namoro, afinal, ela lhe deu os melhores conselhos e foi a primeira pessoa com quem a garota conversou sobre seus sentimentos. E ela obviamente ficou muito feliz e disse que Sandy sempre podia conversar com ela se precisasse.

Flora foi a última dos adultos a ficar sabendo. A mais velha de suas sobrinhas nem sequer parou pra pensar se contaria a ela ou não.

— Tia, eu vou no cinema, tá? — Disse a menina, no dia seguinte, já toda arrumada, pois Joaquim havia combinado o primeiro encontro deles.

— As suas irmãs não vão? — Perguntou a tia estranhando. — Não é melhor esperar elas se arrumarem? Eu podia ir com vocês também...

Como vinha fazendo desde que voltou, Flora estava se esforçando ao máximo pra se aproximar das sobrinhas, mas acabou recebendo a seguinte resposta de Sandy:

— Ahn... acho melhor não...

— Por quê?

— Porque ninguém leva as irmãs e a tia junto quando sai com o namorado, né?

— Que namorado?! Quantos anos ele tem??? — Perguntou Flora, perplexa, temendo que sua sobrinha estivesse namorando um menino de uns 17 anos, por aí.

— Calma, tia, é só o Joaquim! — Quem respondeu foi Eleanora. — Você já conhece...

— Ah... tá.

A tia das meninas estava muito confusa. Ela achava que a amizade de todas elas com os meninos era só amizade mesmo. Não sabia que, com aquela idade, elas já pensavam em namoro... Acontece que Flora é aquele tipo de adulto que não lembra direito ou não pensa muito na infância, mas se ela se recordasse, saberia que tinha mais ou menos a idade de Sandy quando começou a se interessar por rapazes. Enfim, achando que não tinha muito o que fazer sobre a situação, a mulher apenas disse pra garota tomar cuidado quando saísse. Mais tarde, ela acabou sabendo pelas outras meninas que Sandy havia falado com Clara antes de falar com ela sobre o namoro. Isso deixou Flora se sentindo meio mal, mas ela tentou não demonstrar. Às vezes tinha a sensação de que as Chiquititas consideravam Davi e Clarinha mais como família do que ela. 

Mas talvez as coisas mudassem algum dia... Depois que ficasse com a guarda definitiva das meninas, talvez tivesse uma relação normal com as sobrinhas, podia ser que elas começassem a lhe contar as coisas, pedir permissão ou conselhos antes de tomar decisões... Não dava pra apressar esse tipo de coisa, a confiança delas estava sendo conquistada aos poucos. Pensando bem, em relação a antes, Sandy estava agindo de forma bem melhor com ela. Não estava mais sendo grossa e também parecia mais feliz, mais à vontade. Ela poderia ter escondido que estava namorando, mas não o fez. Além disso, em todas as visitas da assistente social (ela fez mais algumas depois da visita surpresa, mas agora com data marcada), as três meninas deixaram claro que queriam continuar morando com a tia. Quando conseguiu ver a situação por esse ângulo, Flora se sentiu melhor. Estava perto de ser tomada a decisão da Justiça e ela esperava que desse tudo certo.

Enquanto isso, no cinema, dois adolescentes estavam muito mais nervosos do que imaginavam que poderiam ficar. Tiveram uma pequena discussão enquanto escolhiam o filme, mas tudo se resolveu quando optaram por um que tinha ação e romance, um pouco do que cada um queria. Os dois sabiam o que devia acontecer naquela sala de cinema: seu primeiro beijo de verdade. Mas o nervosismo era tanto, que eles ficaram enrolando durante quase todo o filme. Cada hora um dos dois ia ao banheiro ou pegar mais pipoca ou refrigerante... E foi só na última cena, durante o beijo do casal principal do filme, que o momento tão esperado por eles aconteceu. E é preciso dizer que os dois se arrependeram por terem adiado tanto. Mas no final das contas, acabou sendo um ótimo primeiro encontro. E cada um voltou pra casa tão feliz, que acabou contagiando quem mais morava com eles.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam???

Me digam uma coisa: vcs preferem que eu fique postando os capítulos sempre que eu terminar de escrever, mesmo que, sei lá, aconteça de ser só um por mês ou preferem que eu só volte a postar quando puder ficar postando certinho de 2 em 2 semanas???



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