Os Cuecas e as Chiquititas escrita por SnowShy


Capítulo 43
Caos


Notas iniciais do capítulo

Oi, galerinhaaa!!!! Ai, que saudade que eu tava dessa fanfic! Finalmente consegui postar! Hehehe
Temos dois personagens novos hoje: dona Nina, interpretada por Mira Haar, e seu Zé, interpretado por Roberto Frota.
Espero que gostem do capítulo!



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Clipe musical: "Dig Dim" por Joaquim, Sandy, Samuca, Janete, Eleanora e Téo.

***

No começo, foi relativamente fácil para Davi cuidar das crianças. Isso porque as Chiquititas combinaram entre si que, para retribuir o favor de estarem ficando na casa dos Civil, ajudariam o máximo que pudessem. Primeiro, como a casa só tinha 2 quartos, o do Davi e o dos meninos, elas concordaram em ficar dormindo no porão, para não incomodar ninguém. Sim, a casa tinha um porão, mas ele era bem grande e limpo, então as meninas não viram problema em ficar lá, nem mesmo Sandy, que em outras situações costumava ser meio fresca.

Depois, as Chiquititas começaram a ajudar muito nas tarefas domésticas, mesmo que Davi dissesse que elas não precisavam fazer isso, já que eram visitas. Sandy e Janete não eram tão chegadas a essas coisas quanto Eleanora, mas ajudavam o máximo que podiam. Vendo que não podia impedi-las e que elas realmente não se incomodavam em lavar a louça ou varrer a casa, Davi começou a achar que isso podia ser um bom exemplo para os meninos (principalmente Joaquim), que eram muito preguiçosos e nunca queriam fazer o mínimo, como limpar o próprio quarto.

Téo e Samuca não viram problema nisso e começaram a ajudar um pouco mais, mas Joaquim achou que aquilo não estava certo. Eles não deviam ter que fazer tarefas chatas por influência das visitas, devia ser o contrário: elas é que deviam se divertir por influência deles. Depois, outras coisas na presença das meninas começaram a incomodar Joaquim e até Samuca. Sandy demorava muito no banho; Eleanora, por ser muito amiga de Téo, achava injusto que Joaquim e Samuca, quando jogassem videogame, nunca deixassem a vez dele chegar e fez eles mudarem isso, agora só ela e Téo jogavam videogame. E Janete... essa é uma história um pouco mais longa.

Aquelas férias estavam muito chatas para Joaquim e ele não sabia como se divertir.  Eleanora estava sempre com Téo, Samuca estava sempre fazendo alguma coisa chata (lendo livros, por exemplo) e Sandy, quando não estava ocupada se arrumando ou arrumando a casa, ficava na internet. Então só sobrava Janete. De vez em quando, a menina não estava fazendo nada e, em um desses momentos, Joaquim foi lá falar com ela, que olhava pela janela que dava para o quintal da casa.

— Qual é o nome daquela árvore? — Disse Janete, apontando para a árvore do quintal.

Joaquim já devia ter imaginado... Uma conversa com Janete seria como uma conversa com Samuca, ela só ia querer falar de coisas científicas e sei lá mais o quê, mesmo que estivessem de férias.

— Sei lá, pergunta pro Samuca, ele que entende de ciências... — Foi a resposta desinteressada de Joaquim.

— Eu não tô falando de nome científico, tô falando de nome próprio. Que nome vocês deram pra ela?

Joaquim achou que não tinha entendido direito a pergunta, então Janete explicou que, assim como as pessoas e os bichos de estimação têm nomes, as árvores também podiam ter.

— Quando eu morava com os meus pais, tinham várias árvores no condomínio e eu dei nomes pra todas elas, menos pras que falaram o nome delas pra mim.

A conversa estava ficando cada vez mais estranha...

— Então quer dizer que as árvores falam com você? — Perguntou Joaquim, debochando.

— Na verdade era o vento que batia nas folhas e elas faziam um movimento que parecia que tavam escrevendo um nome.

— Aqui em casa a gente não tem esse costume de dar nomes pras árvores, então você pode dar, se quiser. — Joaquim respondeu, com indiferença, mas Janete ficou muito feliz.

Acontece que, desde a primeira vez em que havia ido à casa dos Cuecas, a menina havia ficado encantada com aquela árvore. E Janete gostava de dar nomes às árvores a que se apegava (e aos instrumentos musicais também). Mas não era só isso. Desde o início das férias, a menina tinha o enorme desejo de subir naquela árvore. Porém, como tinha combinado com as irmãs que ajudaria o máximo que podia, tinha medo que Davi não deixasse e que ela acabasse fazendo besteira se fosse lá. 

Joaquim ficou um pouco surpreso, não sabia que Janete era o tipo de menina que gosta de subir em árvores. Também ficou surpreso por ele mesmo nunca mais ter subido naquela árvore, só fazia isso no ano anterior, quando morar naquela casa ainda era novidade pra ele. Isso podia ser divertido. Joaquim disse que Janete não precisava se preocupar com Davi, pois ele nunca se importou que algum dos meninos subisse na árvore, então deixaria com certeza.

Calma, ninguém se machucou nem nada do tipo! A árvore era alta, mas Joaquim e Janete tinham prática em subir em árvores, apesar de ambos não fazerem isso há um tempo. O que aconteceu de não muito legal foi que Samuca, quando viu os dois conversando lá em cima, ficou com ciúme. E, depois do ocorrido, começou a implicar com Joaquim por qualquer coisa. Era besteira, eu sei, mas Samuca gostava de Janete (mais do que gostaria de admitir) e pensar que ela pudesse gostar de Joaquim o tirava do sério e fazia o garoto que costumava ser o mais sensato dos irmãos Civil se tornar o mais imaturo.

Mas é claro que Janete não gostava de Joaquim "daquele jeito". O menino não entendia quase nada do que ela falava, mas achava as ideias da garota engraçadas; ela, por sua vez, também achava certas coisas que ele dizia engraçadas e meio bobas, e era só isso, mesmo. Mas Samuca não sabia. E se sentiu ainda pior quando viu Janete dar um abraço em Joaquim porque este disse ao Davi que ela queria subir na Árvore da Vida (foi o nome que Janete deu à árvore) e o homem permitiu.

***

Quando Clarinha foi ao Vilarejo dos Sonhos, foi quase tudo como nas outras vezes em que ia para lá. Ficou na casa de sua mãe, reviu as antigas amizades, comeu muita coisa boa e sentiu a alegria e a tranquilidade daquele lugar. Mas quando visitou a fazenda dos pais de Davi, tinha uma resposta diferente à pergunta que eles sempre faziam. Dona Nina e Seu Zé convidaram-na para lanchar lá numa tarde, então Clarinha contou tudo o que aconteceu desde que reencontrou Davi, e também o que havia acontecido com ele desde que havia saído do Vilarejo.

Dona Nina chorou de emoção ao saber que seu filho estava sendo tão bem sucedido e que além disso era pai. Porém, continuava triste por ele nunca ter entrado em contato durante tantos anos. Clarinha explicou que ele queria ter vindo com ela, mas que não pôde por um compromisso de última hora (naquele momento, Clarinha ainda não sabia o que era). A reação de Seu Zé foi um pouco diferente. Ele não entendia como seu filho podia considerar três crianças estranhas como filhos enquanto não falava com os próprios pais. Além disso, não concordava com a vida "boêmia" que Davi levava. Mas, no fundo, gostou de pelo menos ter notícias do filho e ansiava poder revê-lo.

As notícias se espalhavam muito rápido no Vilarejo, então não tardou até que todos ficassem sabendo que Clarinha havia voltado a namorar com Davi e que ele era o pai dos Cuecas. Os adultos não sabiam quem eram os Cuecas, a não ser os que tinham filhos pequenos. Nenhuma criança do Vilarejo conhecia Davi pessoalmente, mas todas sabiam exatamente quem eram os meninos Joaquim, Samuca e Téo e estavam loucas para que eles fossem ao Vilarejo dos Sonhos algum dia.

Todas essas expectativas deixaram Clarinha ainda mais alegre do que antes, mas algumas coisas a incomodavam. Primeiro, ela ficou pensando na reação de Seu Zé. Ficou com medo que ele e Davi não pudessem se reconciliar. Por outro lado, pensou que foi até bom que este e os Cuecas não tivessem ido ao Vilarejo naquelas férias. O avô dos meninos havia ficado muito chocado com toda a situação de Davi, precisava processar aquelas novidades. Talvez, assim, quando fosse ver o filho novamente e conhecer os netos, conseguisse se relacionar bem com eles. 

Outra coisa que estava incomodando Clarinha era o fato de não saber qual era o imprevisto que tinha impedido Davi de fazer a viagem. Ela tinha medo que ele ou algum dos meninos tivesse ficado doente, que fosse alguma coisa grave. O sinal de telefone era meio ruim no Vilarejo, então suas conversas não podiam ser muito longas. De vez em quando eles trocavam mensagens, mas Davi não chegou a dizer o que estava acontecendo. Por que ele nunca queria contar as coisas?

Acontece que Davi sabia como Clarinha era com crianças. Ela com certeza teria deixado de viajar para ajudá-lo a cuidar das meninas se soubesse de tudo e o homem não queria que ela achasse que precisava fazer isso, não queria acabar com as férias dela. Porém, um dia, Clarinha perguntou, num e-mail, o que havia acontecido. Agora ele teria que contar.

***

As coisas iam ficando mais difíceis para Davi à medida que as férias passavam. Não tardou até que as outras crianças começassem a sentir o mesmo tédio que Joaquim sentia no início e inventar as coisas mais inusitadas para passar o tempo. A ideia do garoto de influenciar as meninas para a diversão ao invés de ser influenciado para as obrigações acabou dando certo, afinal. Apesar de que, mesmo para as próprias crianças, nem sempre tudo era tão divertido assim, já que, além de Joaquim e Samuca, outras delas brigavam de vez em quando. 

Para Davi, então, não era nada divertido! As crianças não paravam quietas e quase nunca ficavam todas no mesmo lugar, então, quando o homem ficava de olho em algumas, outras já estavam aprontando alguma coisa. A que dava menos trabalho era Janete, que ficava quase sempre na Árvore da Vida lendo algum livro ou imaginando coisas bonitas e se desligando do mundo. Um dia, a menina achou uma aranha caranguejeira na árvore e se afeiçoou a ela. Foi nesse dia que Davi percebeu que não conseguia cuidar de seis crianças sozinho.

Janete havia passado a manhã inteira cuidando dessa tal aranha, mas a deixou sozinha durante o almoço. Depois de lavar sua louça e escovar os dentes (pelo menos algumas obrigações as crianças ainda faziam), viu que a aranha havia fugido da caixinha com areia onde estava. A garota, então, chamou Davi para ajudá-la a procurar e ele foi com ela para o quintal, o lugar mais provável onde Jurema (a aranha) poderia estar.

Enquanto isso, Sandy, que havia encontrado um novo hobby após assistir a tutoriais de arte na internet, estava no quarto dos meninos pintando um quadro com tintas que Téo havia emprestado a ela; este, por sua vez, também estava no quarto ajudando Samuca num experimento científico que envolvia vários aparelhos eletrônicos ligados ao mesmo tempo. Para matar o tédio, Samuca andava fazendo experimentos científicos diferentes e sempre chamava alguma das outras crianças (com exceção de Joaquim) para ajudá-lo. No momento, Téo não estava com vontade de fazer isso, mas era muito submisso aos irmãos mais velhos, então acabava fazendo tudo o que eles mandavam. Se Eleanora não estivesse tão desesperada para achar sua bola de futebol que havia sumido, com certeza diria que Téo não precisava fazer nada que não quisesse, mas esse não era o caso. Joaquim, por sua vez, estava fazendo manobras de skate também no quarto. Sim, no quarto, porque seu principal objetivo era atrapalhar Samuca. Joaquim não havia percebido que Samuca andava implicando com ele por ciúme de Janete, achava apenas que o irmão estava sendo mais irritante do que o normal e merecia o troco. Porém, quem acabou ficando irritado foi Téo, pois, na sua tentativa de estragar o experimento de Samuca, Joaquim acabou derrubando, sem querer, o cofrinho de porquinho do irmão mais novo, deixando várias moedas e pedaços de papel machê espalhados pelo chão.

Na mesma hora, Eleanora chegou no quarto procurando sua bola, então Sandy apontou para uma bola de basquete que estava lá, perguntando se não era aquela. A mais nova foi para perto de Sandy e pegou a bola de que a irmã falava.

— Essa bola é de basquete, a minha é de futebol! — Sem paciência, só faltava Eleanora esfregar a bola na cara da outra.

— Tanto faz! Bola é bola, não é?

Eleanora revirou os olhos e jogou o objeto pela janela. Sem querer, acabou dando uma bolada na cara de Davi, que, reconhecendo a bola do filho, gritou:

— AI! JOAQUIM!!!

Eleanora, desesperada e envergonhada, pulou a janela e disse:

— Na verdade, fui eu... Desculpa!

— MAS PODE COLOCAR A CULPA EM MIM! — O menino gritou do quarto. — A CULPA DE TUDO É SEEEMPRE MINHA!

— DESCULPA, JOAQUIM! — Davi respondeu.

— Davi, eu perdi a minha bola de futebol. — Disse Eleanora. — Você me ajuda a encontrar?

Antes que Davi pudesse responder, Téo apareceu com os restos do seu porquinho, reclamando do que Joaquim havia feito; Sandy apareceu perguntando se podia sair para comprar tinta rosa; Janete perguntou se Davi não ia mais ajudá-la a procurar a Jurema, e Samuca reclamou sobre Joaquim estar querendo estragar seu novo experimento. Tudo isso quase ao mesmo tempo, de modo que Davi não pôde entender direito o que nenhuma das crianças falava. Ele ia pedir para elas falarem uma de cada vez, mas, então, ouviu-se uma explosão.

— O que foi isso?! — Perguntou o homem, preocupado.

— Era sobre isso que eu tava falando! — Samuca respondeu, referindo-se a Joaquim atrapalhar seu experimento.

Todos foram em direção ao quarto, que estava com o maior cheiro de queimado. Por sorte, Joaquim havia se distanciado logo dos aparelhos eletrônicos e não aconteceu nada com ele.

— Samuca, eu já falei pra você não fazer esse tipo de experimento, é muito perigoso! — Disse Davi. — Não acredito que eu não vi isso!

— Eu não tô acreditando que dessa vez quem levou a culpa foi o Samuca! Hahaha.

— E você não devia ficar mexendo nas coisas do seu irmão, Joaquim!

Todos já estavam muito tensos, mas Janete começou a ficar um pouco mais, pois encontrou Jurema: ela estava na perna de Sandy, que tinha pavor de aranhas. Assim que notou a coisa peluda andando em sua perna, a menina começou a gritar feito uma doida e correr pelo quarto. Acabou bagunçando tudo, escorregando no skate de Joaquim e espalhando tinta para todos os lados. Janete finalmente conseguiu pegar a aranha, mas o estrago já estava feito.

A única coisa que Davi conseguiu dizer foi para as crianças arrumarem o quarto. Ele estava perplexo com todo aquele caos, não sabia o que fazer! Precisava tomar alguma providência em relação às crianças, mas era difícil, pois três delas não eram suas filhas. Davi foi para o seu quarto, precisava se acalmar e pensar. 

Pouco tempo depois, foi checar seus e-mails e decidiu responder o de Clarinha. Por sorte, a internet do Vilarejo dos Sonhos não estava lenta naquele dia, então, assim que leu a resposta, a mulher conseguiu fazer uma chamada de vídeo com Davi.


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Notas finais do capítulo

A última parte do capítulo foi inspirada no episódio "Deixando Dave Doido", do desenho ALVINNN!!! E os Esquilos.
E aí, gostaram? Contem o que acharam e o que esperam para os próximos capítulos nos comentários!
Também tenho uma perguntinha pra vcs: qual é o seu personagem preferido d'Os Cuecas e as Chiquititas?
Sei lá, bateu essa curiosidade quando eu tava escrevendo o capítulo kkk
Até a próxima!



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