Joaquim, Samuca e Téo eram irmãos que viviam no orfanato Raio de Luz. Os dois mais velhos (Joaquim e Samuca) eram gêmeos bivitelinos e Téo era um ano mais novo. Os três sempre estavam juntos e sempre se metiam em encrencas. Por quê? Porque Joaquim era um menino muito levado e, por mais que tentassem repreendê-lo, seus irmãos acabavam entrando na onda de suas maluquices.

Os garotos adoravam música. Estavam sempre cantando, dançando e até tocando. A Dona Carmen, diretora do orfanato, não deixava que nenhuma criança encostasse no piano que tinha perto da escada. Mesmo assim, os três irmãos davam um jeito: com as caçarolas e as colheronas, formavam a banda musical! A banda deles tinha até um nome: "Os Cuecas".

Certo dia, os Cuecas estavam limpando (ou fingindo limpar) a cozinha como castigo por terem assustado as outras crianças com uma história de fantasma, quando receberam uma notícia terrível: o orfanato seria vendido. Eles sabiam o que significava, não teriam mais onde morar, cada um deles poderia ser mandado para um orfanato diferente... E eles não podiam se separar! Apesar das brigas constantes entre Joaquim e Samuca, os três se amavam muito e só tinham uns aos outros.

Obviamente, Joaquim teve uma de suas ideias geniais (ou não): ele falou para todas as crianças que elas tinham que zoar o orfanato todo para que o comprador desistisse. E foi isso que elas fizeram. Sempre com Joaquim no comando, é claro, rasgaram os sofás, sujaram os banheiros, a cozinha... De algum jeito, eles conseguiram até trazer um cocô gigante para o pátio! Mas tudo foi em vão, o orfanato foi comprado de qualquer jeito...

Não, os Cuecas não iriam se separar! As outras crianças já tinham se conformado com a ideia, mas eles não. Então, Joaquim pensou em um plano de fuga e eles sairiam durante a noite, quando todos estivessem dormindo. Téo ficou morrendo de medo, principalmente quando precisou pular o muro do orfanato, mas seus irmãos o ajudaram e eles conseguiram, estavam livres! Só que na rua... Bem, eles não tinham para onde ir, tentaram, pelo menos, encontrar algum lugar coberto para dormir. 

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Sandy, Janete e Eleanora Miller eram três irmãs que moravam com seus pais em um apartamento muito bom. Eles eram bem de vida, classe média alta, seu casamento ia muito bem e sua relação com as filhas era maravilhosa, o que era ótimo, porque Cris (a mãe das meninas) não tinha nenhuma família além do esposo e das filhas, e Miguel (o pai das meninas) tinha apenas uma irmã chamada Flora. Eu poderia explicar o porquê disso tudo, mas esta história é sobre as crianças.

O que as três mais gostavam de fazer era cantar e dançar. Quer dizer, cada uma tinha os seus interesses, mas a música era o que mantinha as garotas unidas. Seus pais adoravam vê-las cantar, elas gostavam de fazer apresentações para eles de vez em quando. Cris também sempre foi apaixonada por música e até compôs uma música especialmente para elas. Era mais ou menos assim:

Mexe, mexe, mexe com as mãos

Chiquititas!

Mexe, mexe, mexe com os pés

Chiquititas!

Mexe, mexe, mexe a cabeça

Dança comigo, remexe bem

Chiquititas!

Tinha coreografia e tudo. Foi daí que surgiu o nome do grupo musical das meninas: "Chiquititas". Elas sonhavam em ser famosas algum dia, e sabiam que seriam. Principalmente Sandy, ela sentia que tinha nascido para brilhar.  Janete e Eleanora achavam que, às vezes, sua irmã mais velha era metida demais, mas ela não ligava, apesar de seus pais sempre terem ensinado a elas que ninguém era melhor que ninguém.

Falando em ensinar, Miguel e Cris se preocupavam muito com a educação das filhas, por isso, elas estudavam na melhor escola da cidade, que era muito cara. Elas estudavam na mesma classe, apesar de terem idades diferentes. Sandy tinha nascido em janeiro, Janete, em fevereiro do ano seguinte e Eleanora, em dezembro do mesmo de Janete. Ou seja, as duas mais novas tinham apenas adiantado um ano. Isso aconteceu porque Janete queria muito ir para a escola, ela queria logo aprender, não podia ver sua irmã aprendendo várias coisas legais, enquanto ela ficava em casa fazendo nada. Como um filho com vontade de ir à escola é tudo o que um pai quer, obviamente, os Miller concordaram. E quanto a Eleanora, bom, ela não queria ficar em casa sozinha, então foi matriculada junto com as irmãs.

Certo dia, as Chiquititas estavam na escola, quando receberam uma notícia horrível: seus pais morreram em um acidente de carro! As meninas entraram em desespero, não conseguiam parar de chorar! Elas nem ligavam para o fato de estarem na escola, com todo mundo olhando. A diretora as dispensou, em casos como esse, não tem como um aluno aprender nada. A partir daí, a vida das meninas mudou completamente. Para começar, elas tiveram que deixar o apartamento em que viviam (que era alugado e, agora, o dono voltaria a morar lá) e se mudar para o da tia Flora, que, agora, era a única família que elas tinham. As garotas já acharam essa uma mudança drástica, isso porque ainda não sabiam não sabiam o que mais estava por vir...

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Davi Civil era um homem solteiro que morava sozinho na capital de São Paulo. Ele tinha deixado sua família no interior e ido para a cidade grande para tentar subir em sua carreira musical. Davi era um compositor e sabia tocar alguns instrumentos, mas, até agora, não tinha conseguido nada com isso. Ele trabalhava na gravadora Dó Ré Music, mas sem compor nem tocar. Ele apenas ajudava Ian, o diretor executivo, na descoberta de novos talentos musicais e em algumas questões financeiras. Já tinha mostrado para ele algumas de suas composições, mas Ian não achava que Davi teria futuro com isso. Fazer o quê, né? A vida tem dessas...

Recentemente, Arthur, o dono da gravadora, havia tido a ideia genial de fazer uma banda só com crianças, mas Ian e Davi não estavam conseguindo encontrar crianças talentosas o bastante ou que tivessem pais que as deixassem fazer parte de uma banda. Eles estavam quase desistindo da ideia, o que, para Ian, era ótimo, já que ele odiava crianças. Já para Davi, não era tão simples assim, pois ele via uma nova banda como uma nova oportunidade de mostrar seu trabalho como compositor. Ele andava muito triste ultimamente, mas o que não sabia era que, dias depois, três meninos na porta de sua casa mudariam sua vida completamente.