Abismo escrita por Lucca


Capítulo 2
Clem


Notas iniciais do capítulo

Clem é um personagem misterioso que, tenho certeza, vai nos tirar o sono nessa temporada. Será que ele traz soluções ou mais problemas pra Jane?



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Kurt dormiu em sobressaltos, olhando o celular quase de hora em hora. Ele tinha certeza que a mensagem de Jane chegaria antes do amanhecer. E foi exatamente assim que aconteceu. As mensagem chegou as 4:30 AM combinando de saírem ao encontro de Clem pouco depois das 6:00 AM.
Antes de deixar o apartamento, Kurt passou os poucos detalhes que conhecia para Patterson:
— Kurt, por favor se cuida. Lembre-se que estamos aqui. Não ouse deixar de nos pedir ajuda se precisarem. E... Bom, eu sei que estou novamente me intrometendo, mas... vocês dois estão passando por um momento delicado e que o que desencadeou isso foi exatamente sua tentativa de protegê-la, mesmo assim... Por favor, cuide dela também é esteja lá se ela se machucar ainda mais.
— obrigada por tudo, Patterson. É justamente por isso que estou indo.
O encontro com Clem aconteceu nos arredores de NYC, numa propriedade aparentemente abandonada. Ele logo demonstrou grande afeição por Jane.
— Você demorou tempo demais para me contactar dessa vez, Jane. Nas outras vezes que sua teimosia te afastou, o retorno foi mais breve. Pensei que seríamos só nós dois...
— é bom te rever também, Clem. Este é Kurt...
— Kurt? O Kurt que você deixou no Colorado cuidando do bebê? Foi uma decisão acertada trazê-lo com você?
Weller franziu a testa, essa primeira impressão não foi favorável a nenhum dos dois. Mesmo assim, Kurt estendeu a mão para Clem
— Se eu não tivesse condições de estar aqui, não teria vindo
— Ele é treinado e será muito útil, tenho certeza._ Jane interveio finalizando a conversa.
A sintonia entre Clem e Jane logo chamou a atenção de Kurt. A conversa entre os dois foi intensa não deixando espaço para que ele contribuísse ou questionasse o que foi dito. As informações trazidas por esse misterioso contato não pareceram consistentes o bastante. Tinham o local e o resto precisaria ser explorado pessoalmente por eles. Enquanto ele se retirou para preparar o vôo que os levaria até a América do Sul, Kurt tentou dialogar com Jane:
— Jane, não há nada de concreto no que ele apresentou.
— É muito mais do que tínhamos na maioria dos casos que solucionamos.
— Além disso, o plano é muito arriscado...Jane, eu queria muito poder confirmar tudo isso, te dar essa esperança de encontrá-la e acordar desse pesadelo que causei na sua vida, mas a esperança que ele está te oferecendo é loucura.
Jane reagiu de uma forma que Kurt nunca tinha presenciado. Seu rosto ficou completamente desprovido de emoções.
— Eu vou fazer isso com ou sem você. _ deu as costas e caminhou pelo corredor, pisando duro. Mas, de repente, quando Kurt não esperava mais nenhum palavra dela, parou e disse sem se virar _ Enquanto houver algo que eu possa fazer por Avery, eu vou fazer.
No dia seguinte, já no Brasil, Clem os hospedou num hotel com uma ampla academia.
— Nós somos apenas três. Eles são muitos. Se quisermos sair vivos, é bom nós prepararmos de todas as formas: física, estratégica e bélica.
Jane mergulhou intensamente nos treinos na academia. Os exercícios pareciam ajudá-la a sufocar suas angústias. O resto do tempo dos três era dedicado ao estudo do local e planejamento do resgate.
Clem estava sempre por perto, seu jeito sedutor parecia envolver Jane com elogios que pareciam fazer muito bem para sua auto-estima. Kurt, por outro lado, estava bem preocupada com a rotina intensa de Jane.
— Você precisa descansar também, Jane.
— Nada. Ela está ótima. Sempre se dedica assim aos treinos. É isso que faz dela uma mulher fantástica.- interrompeu Clem, olhando para Jane como quem queria devora-la com os olhos.
Ela permaneceu calada. Kurt arrancou a toalha que tinha no pescoço, a jogou com força sobre o banco da academia e saiu.
— Nervosinho seu ex, hein.
Jane continuou sem responder. Fez mais uma série curta de exercício s e se retirou do local.
Kurt nunca tinha presenciado Jane sendo seriamente assediada por outro homem. Aquilo doeu demais. Ele tentou amenizar o ciúmes que sentia analisando racionalmente a situação e considerando o quanto esse envolvimento poderia trazer algum conforto e estabilidade para ela, mesmo que momentaneamente. Afinal, ele mesmo não havia tentado esse caminho com Allie e Nas?
Entretanto todo e qualquer argumento era abandonado no exato momento em que via Clem e Jane sentados lado a lado é conversando animadamente como na manhã seguinte a mesa do café. Mais um dia de esforços sobrehumanos para conter seus excessos por ciúmes.
Naquela noite, Kurt já estava em seu quarto quando decidiu retornar ao restaurante do hotel e revisar cada etapa do plano de resgate que Jane e Clem traçaram. O som das risadas no corredor o fizeram se aproximar silenciosamente. Em frete a porta do quarto dela, Jane e Clem estavam praticamente abraçados. De forma ainda mais discreta do que entrou, Kurt se afastou e voltou ao seu quarto. Mas ele sabia que não tinha o direito de interferir. Tentava se lembrar de todos os sorrisos e apoio que Jane lhe deu quando ele estava com Nas e ainda existia a gravidez de Allie. Agora ele tinha a exata noção do quanto custou a ela tudo aquilo. Nenhum sofrimento a fez desrespeitar cada decisão dele, então ele também a respeitaria mantendo seu ciúmes sob total controle.
Jane, por sua vez, conhecia Clem muito bem e sabia, mesmo antes de ligar pedindo sua ajuda, que teria que lidar com suas investidas diretas e indiretas. Foi assim desde que o conheceu é essa era uma das coisas que ela mais odiava nele. Isso era mais um de seus problemas, além daqueles ligados ao seu caráter. Trabalhar com sequestros e resgates era, para ela, uma forma de salvar vidas. Para Clem era apenas a fórmula perfeita para enriquecer. Ele pouco se importava com as pessoas por trás de cada caso. Era uma pena que alguém com quem ela tinha tanta sintonia no trabalho fosse tão tóxico. Bem, ela havia lidado com isso para sobreviver por quase um ano, poderia lidar também agora por Avery. Entretanto, quando ela derrubou seu cartão de acesso na porta do quarto naquela noite, Clem ultrapassou todos os limites que ela lhe impunha e mereceu cada palavra ríspida que escutou sob a forma de sussurros para não acordar os outros hóspedes.
Enfim chegou o dia marcado para realizarem o resgate. A invasão do local ocorreu sob pesado fogo cruzado. Parecia um milagre terem escapado de lá sem ferimentos e com a garota.
Não, não era Avery. As características eram parecidas, só isso.
De volta a segurança do hotel, Kurt procurou conter a vontade imensa de socar Clem depois que ele os serviu com wisky e disse:
— Bom, então essa não era sua garota, mas vamos ver pelo lado bom: amanhã cedo a mãe dela estará extremamente grata a nós.
Jane virou sua dose de wisky num só gole e não disse nada. Se levantou e tomou a direção dos quartos.
Clem olhou para Kurt com um olhar meio zombeteiro e se preparou para segui-la levando a garrafa de bebida.
— Não ouse. _ a ira ameaçadora no olhar de Kurt falou muito mais que essas suas palavras e Clem desistiu.
Só Kurt sabia o quanto ela estava devastada depois de tudo aquilo. E ele não podia fazer nada por ela. Quando ele fechou a porta do quarto e se atirou na cama, sua vida parecia fadada ao fracasso contínuo. As lágrimas correram por seu rosto de forma silenciosa impedindo-o de conciliar qualquer forma de sono.
Talvez tenha se passado algumas horas ou então apenas alguns minutos, quando as batidas soaram na porta. Ele abriu e ela estava lá.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram?



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