The Bitsmaster escrita por Junior Lopes 03


Capítulo 21
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

E está aí o capítulo que finalmente fecha o destino da nossa protagonista Helena Cortez!



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Vocês pensaram que eu iria abandonar o meu diário né?

Bem, na verdade, resolvi voltar a minha escrita porque tive que relatar mais um fato que ainda deixaria vocês todos espantados (se é que isso ainda é possível depois de tudo que lhes contei)!

Mas devo situá-los melhor desde o dia que finalmente consegui voltar para o meu lar.

Como sabem: finalmente retornei ao mundo real e – mesmo depois de tanta dificuldade para voltar para casa e de ter ganhado um videogame muito especial como recompensa por tudo o que passei e por trazer de volta o irmão do senhor Manoel – ainda tive que voltar para a minha rotina normal assim que aquele fim de semana inesquecível finalizou...

No início da minha segunda semana de aula naquela escola não mais tão nova assim, voltei às atividades normais, isto é, às aulas! Até aí tudo normal, exceto por uma pequenina mudança.

— Filhota – era o meu pai quem dizia – parece que hoje terei uma aula exclusiva com um aluno bem na hora que eu te buscaria na escola e sua mãe vai estar muito atarefada também, você consegue vir sozinha?

— Sim, pai! – respondi com extrema firmeza, mas claro: o que é uma mera volta para a casa diante de tantos perigos que passei, não é mesmo?

Então, mais uma vez, eu já estava na escola, só que algo mudou: eu não mais encarava aquele lugar com estranheza ou algo do tipo, mas sim com um ar de confiança e de esperança, alguma coisa me dizia que lá também era meu lugar, que também faria a minha história e por que não amigos novos?

E falando em “amigos novos”, eis que havia uma pendência para mim ainda – aquela dorzinha de cabeça que, de uma maneira indireta, foi responsável pela minha aventura no mundo dos games; aquele incomodozinho que tinha nome, ou melhor, nomes: Gabriel e seu grupinho de mal-encarados!

Eu tinha acabado de cruzar os portões da saída daquela escola, quando escutei uma voz que infelizmente era conhecida:

— Helena!

Virei-me e constatei o que já suspeitava: era ele e, como sempre, rodeado pelos seus fieis escudeiros.

“– Parece até uma gangue!” – pensei enquanto olhava intensamente meus algozes.

Gabriel então foi se aproximando.

— Saiba que não esqueci aquele chute que você me deu... Vai pagar por aquilo! – ele disparou ameaçador.

— É mesmo? Eu também não me esqueci daquele plano patético de me emboscar para que eu fosse obrigada a te beijar... Chutei e não me arrependo do que fiz! – respondi com uma tranquilidade incrível.

Gabriel então fez uma careta e depois soltou um risinho, então rapidamente tentou mais uma vez me beijar à força, mas antes que ele pudesse tocar um dedo em mim (como foi da última vez), num movimento mais rápido ainda, peguei um dos seus braços e comecei a torcê-lo.

— Aaaaaah! – ele gemia de dor.

Ele até tentava se desvencilhar, mas a cada movimento mínimo que ele fazia, eu percebia e torcia mais o seu braço, a essa alturas, ele já estava ajoelhado no chão e berrava dolorosamente. Os amigos deles ficaram em choque com aquela cena (tempos depois, me contaram que, além de tudo o que estava fazendo naquela briga, eu estava com uma cara assustadora e intimidadora).

Os gritos de Gabriel chamaram a atenção de alguns estudantes que também estavam saindo da escola naquele horário, logo uma pequena multidão fez uma roda em torno daquela luta em que uma das partes estava perdendo da maneira mais humilhante possível; eles gritavam, batiam palmas, botavam mais lenha na fogueira.

— Quebra a cara dele! – alguns gritavam.

Até que parei o que estava fazendo e disse:

— Esse é meu recado, Gabriel: nunca mais fale comigo, toque em mim, nem nada! Finja que eu não existo pra você!

— Mas... como? – ele ainda estava ajoelhado com uma careta de dor.

— Digamos que neste fim de semana, aprendi muito rápido algumas coisas... – retruquei dando um sorriso.

— Sua vagab...

— Cala a boca! – dei um murro na sua cara o que fez com que ele caísse de vez com o nariz sangrando.

As pessoas que estavam lá foram à loucura.

— Quem é essa garota? – alguns perguntavam.

— Parece ser nova aqui na escola! – outros retrucavam.

— Sim! Ela é da minha turma e é novata! – alguém afirmou.

Então dei as costas e fui andando, saindo daquela algazarra de uma maneira até que muito elegante – quem olhasse de longe, nem imaginaria que eu tinha acabado de me envolver em uma briga, mas na minha cabeça só pairava um pensamento:

“– Ainda bem que meu pai não veio me buscar hoje...”

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As semanas foram passando e tudo o que desejei se concretizou nesse curto espaço de tempo: após a confusão na saída do colégio, acabei fazendo amizades – apesar da primeira impressão de menina brigona e metida à valentona que pairou sobre a minha imagem, todos depois descobriram que no fundo eu sou um anjo de pessoa!

Outra coisa boa e que também quis ardentemente foi Gabriel e sua gangue que nunca mais se aproximaram de mim, nem conversaram comigo, nem nada do gênero, eu até hoje penso se quem sabe futuramente poderíamos de fato engatar alguma amizade, mas ao menos até agora, não me sentiria preparada para isso, dado tudo o que passei nas mãos deles...

Mas também houve algo que me deixou um pouco pra baixo: em mais um dos meus fins-de-semana, aproveitei para ir à lojinha dos senhores Manoel e Samuel, mas quando cheguei lá, notei um monte de caixotes e coisas empacotadas e logo veio a notícia pela boca do seu Manu:

— Menina Helena, estamos de mudança!

Eu fiquei sem palavras e em poucas horas, já estava me despedindo daqueles dois senhores amáveis, não sem antes de fazer um carinho naquele Arcade que me propiciou toda aquela aventura que lhes narrei anteriormente...

Pra variar, como minha vida – desde aquele fim de semana mágico em diante – tem sempre um toque de fantasia, houve boatos na cidade onde moro de que, na mesma data em que houve a mudança dos dois, duas formas humanas foram avistadas... voando... NUM GUARDA-CHUVA!!! Mas sei lá, acho que são histórias ou lendas urbanas que o povo conta...

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Meses se passaram e chegamos então numa data muito especial: meu aniversário!

— Querida – essa era a minha mãe quem dizia – estamos de saída para ajeitarmos as últimas coisas para a sua festa, cuide bem da casa, OK?

Ela então me deu um beijo na testa e saiu junto com meu pai pela porta da sala. Alguns instantes depois, ouvi o grito da minha mãe vindo do quintal:

— Filha, dei uma olhada aqui na caixa de correio e tem carta para você!

Saí correndo em direção ao quintal, peguei a carta com ela e voltei para dentro de casa, não sem antes de dar mais um beijo no rosto de mamãe.

Fui então para o meu quarto, abri aquela carta e, emocionada, li o conteúdo daquele papel:

Salve menina jogadora, corajosa e aventureira! Felicidades no seu dia e que você sempre seja essa pessoinha iluminada! Nunca esqueceremos o enorme presente que nos deu. Antes que pergunte: estamos longe, mas estamos bem! Temos uma surpresinha para você, ligue aquele videogame que te demos e você verá do que se trata... Mais uma vez, parabéns pelo seu dia, um feliz aniversário!

Irmãos Manoel e Samuel

Dei um sorriso enorme e olhei para cima como se quisesse achar os velhinhos gêmeos. Após me recuperar da surpresa (que foi muito boa), encarei aquele console que estava em cima da escrivaninha. Lembrei-me até que joguei muito com ele e até conheci novos games, mas devido aos compromissos com a escola, como trabalhos, provas, entre outras coisas, eu meio que acabei deixando de lado um dos hobbies que mais gosto de fazer: jogar videogames!

Então a nostalgia e o sentimento de saudades se apoderaram de mim, não pude deixar de me recordar da minha aventura no mundo dos games e, depois de ter jogado e conhecido com mais calma aqueles personagens maravilhosos com os quais eu tive o privilégio de conviver, não pude evitar ter certos questionamentos na minha mente: apesar de ser outra dimensão, foi tudo tão real o que passei que me pergunto se eu não teria várias vidas como os carinhas de jogos têm? Se mesmo muito ferida, ainda teria forças para continuar andando, correndo ou lutando? Será que eu também fiquei na forma de 16 bits? Que depressão seria se isso tivesse acontecido mesmo... Eu até aprendi a gostar do meu nome (de heroína, aliás)... Além disso tudo, quando jogava Clock Tower, tinha a impressão de que Jennifer me mandava uma piscadela de agradecimento no fim do jogo; quando zerava Sunset Riders, jurava que poderia ver Cormano, Bob, Billy e Steve acenando com os seus chapéus para mim ao longe; e com Golden Axe, eu achava que via Ax, Tyris e Gilius sorrindo e me olhando fixamente por alguns instantes na conclusão do game.

E com esses pensamentos, liguei a TV e aquele videogame presenteado meses atrás e, antes que chegasse à tela onde eu poderia começar a selecionar os jogos, a mesma ficou escura, como se estivesse demorando a carregar. Achei aquilo estranho, porém resolvi esperar mais um pouco até que sem muita paciência decidi apertar o botão de desligar, mas antes que pudesse fazer isso, do nada, aparecem no monitor da televisão quem menos eu poderia imaginar: Jennifer, Cormano, Steve, Billy, Bob, Ax, Tyris e Gilius reunidos, com uma expressão alegre em seus rostos e parecendo que estavam me encarando. Eu iria esboçar alguma reação, mas então ouvi o que me faria sorrir logo em seguida:

— Feliz aniversário, Helena!

GAME OVER


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Notas finais do capítulo

E chegou o dia, meio triste e meio com a sensação de dever cumprido, do término dessa história que amei escrever.
Meus agradecimentos a quem se dispôs a ler (mesmo não comentando aqui, mas em outras redes ou meios de comunicação), em especial às minhas colegas Ellen Veiga e Jaqueline Giarletti! :)



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