The Bitsmaster escrita por Junior Lopes 03


Capítulo 14
O bárbaro, a princesa e o velhinho


Notas iniciais do capítulo

E hoje saberemos em qual game Helena Cortez deva ter caído. Será que essa menina nunca mais voltará pra casa? Só lendo pra saber... Rs



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Após o choque, tentei sair dos braços daquele rapaz, ele, vendo o meu esforço, gentilmente me pôs no chão e eu fiquei ruborizada. Com mais calma, notei algo que me deixou mais vermelha ainda: aquele cara estava portando uma espada, calçava um par de botas azuis e tinha uns braceletes nos pulsos – OK! Até aí normal! – mas, ele estava vestindo uma sunga também da cor azul e mais nada, isto é, estava seminu!

— Você está bem? – ele me perguntou.

Eu ainda estava sem palavras, mas consegui responder ou ao menos tentei:

— Eeeer... Sim...

— Nossa! Você caiu dos céus do mesmo, se eu não tivesse te segurado a tempo, você teria sofrido uma queda feia! – ele parecia um pouco preocupado.

Eu assenti e, com mais calma, pude perceber algo em mim mesma: as roupas e os meus acessórios! Eu, que havia adquirido algumas roupinhas extras quando estava no Velho Oeste com os rapazes, vestia de novo a mesma roupa de quando ainda na mansão Barrows...

“– Tá, Helena! Mas qual o problema?” – vocês podem me perguntar.

O problema é que agora eu não estava vestindo a roupa que usava quando combatíamos Richard Rose e, com essa ideia, levei minha mão à cabeça e me desesperei:

— O chapéu que o Cormano me deu! Cadê ele?

Levei minha mão à cintura e outro desespero:

— O revólver... Onde está?

Comecei a procurar sem me distanciar do homem que me salvou da queda até que, mais uma vez, ouvi a sua voz:

— Posso ajudá-la? Parece que você perdeu alguma coisa...

— Sim, moço! – falei aflita – Perdi um chapéu que estava na minha cabeça e um revólver.

Ele me olhou com uma cara de interrogação e perguntou:

— O que seria um revólver?

— Não sabe o que é um revólver? Ora, é uma arma de fogo! A gente atira com ele... – expliquei um pouco impaciente, mas surpresa com a pergunta que me foi feita.

Ele continuou com aquela cara de quem não sabia do que eu estava falando e então perguntei:

— O senhor pelo menos viu se um chapéu mexicano cor de rosa caiu aqui perto?

— Chapéu mexicano? Conheço alguns chapéus, mas desse tipo eu não conheço não...

“– Ah! O que tem de bonito, tem de burro!” – pensei tentando manter a calma.

— Eu estava usando esse chapéu e, do nada, perdi! – continuei tentando ser paciente.

— Olha! Quando vi você despencando do alto e depois caindo nos meus braços, vi que você não estava com nada na cabeça...

Quando ele me lembrou da minha queda, na hora me vieram as palavras de Cormano à mente:

“– Mi muchacha, amamos ter te conocido, pero todo aquí era apenas un juego... La señorita concluyó más un, pero pasarás por más una historia...”

E em seguida o que Jennifer tinha me dito muito antes:

“– Helena! Tudo aqui não passou de um jogo, você está dentro do mundo dos jogos, aliás! Parece que você vai ter que passar por mais alguns para conseguir enfim voltar pra casa!”

Comecei a raciocinar então:

“– Jennifer e Cormano me disseram aquelas coisas sobre eu estar no mundo dos jogos, logo esse rapaz à minha frente seria mais um personagem? Pode ser que sim, afinal quando ocorreram todos aqueles acontecimentos envolvendo o orfanato e a mansão Barrows, a primeira que conheci foi a própria Jennifer e, no faroeste, Cormano foi quem me ajudou naquela noite... Porém me pergunto: se tudo o que passei até agora eram apenas jogos, por que eu só era avisada sobre isso pouco antes de eu partir para outro game? Bem, qualquer coisa, é melhor eu atuar também...”

E com esses pensamentos, rapidamente mudei a minha expressão, dei um sorriso e falei:

— Oh cavalheiro! Desculpe a minha indelicadeza – “Mamãe me ensinou bem mesmo”, pensei – Eu me chamo Helena Cortez, e o senhor?

— Sou Ax Battler – ele fez uma pausa e um pouco envergonhado continuou – Não se assuste com as minhas roupas: isso é costume de onde venho... Sou um bárbaro!

“Roupas ou falta delas?” – pensei sarcástica – “Mas espera aí... Bárbaro!? Estudei sobre os bárbaros quando vi Idade Antiga nas aulas de História, acho que além de eu estar no mundo dos jogos, devo também estar voltando no tempo mesmo...”

E com essa ideia, perguntei-lhe:

— O senhor é bárbaro? Então estou nos domínios do seu povo?

— Você está no reino em que moro, mas um pouco longe da minha aldeia! – ele respondeu dando uma risadinha e eu fiquei encantada – Estou na verdade a caminho de uma missão...

— E que missão é essa?

Ele deu um suspiro e prosseguiu:

— Achar e derrotar Death Adder e salvar o rei e a princesa que estão aprisionados!

“Bingo! Este deve ser o jogo o qual devo passar mesmo: o cara tem uma missão já definida até!”

— Ah! Então é você mesmo, o outro herói que me contaram! – falei tentando ser natural enquanto Ax me olhava curioso – eu também sou bárbara e meu povo me enviou para derrotar Death Adder também!

— Você é bárbara? Mesmo? Com essas roupas?

“– Droga!” – pensei.

Mas rapidamente inventei uma desculpa:

— Na verdade, meu povo é de um local bem distante e daí a gente usa essas roupas...

— Entendo... – ele disse parecendo me analisar, estava desconfiado – Mas e cadê suas armas para enfrentar Adder?

“– Mas que insistente!”

E então tive uma sacada genial, comecei a inventar um choro e falei:

— Oh! Eu estava acampando numa montanha alta aqui perto quando alguns homens que eu não conhecia me pegaram desprevenida e me atacaram, daí eles pegaram as minhas armas e me arremessaram do alto querendo me matar!

Ele que estava com uma cara de quem estava investigando alguma coisa, rapidamente ficou com uma expressão de choque e piedade:

— Não se preocupe! Calma! Posso achar outra arma e você pode vir comigo também... Creio que foi parte do exército de Adder que tenha te atacado...

Agradeci a Ax e fomos caminhando, ou melhor, ele andava e eu o imitava por dentro daquele lugar que parecia ser uma floresta, cujas árvores eram secas, não tinham folhas e nem flores... De repente, ouvimos um grito, parecia ser uma voz feminina! Corremos e, mais adiante, vimos uma bela mulher ruiva portando uma espada um pouco menor que a de Ax, usando botas vermelhas, braceletes e vestindo apenas o que se assemelhava a um biquíni.

“O pessoal aqui não é muito decente...” – pensei com certa maldade.

Ela parecia estar em perigo, já que estava enfrentando sozinha uns dez homens também armados com espadas e maças, mas até que ela não lutava mal, manejava a espada que portava com certa maestria. Ax se virou para mim e disse:

— Você que está sem armas, fique aqui! Eu irei ajudá-la!

E antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ele já tinha se metido no meio da confusão ao lado da moça, derrotando aqueles homens rapidamente. Eu me aproximei dos dois e Ax disse, se dirigindo a mais nova desconhecida:

— Você está bem?

Ela, um pouco corada, respondeu:

— Sim... estou! Obrigada pela ajuda! – e sorriu.

Ele retribuiu com um sorriso maior ainda e então continuou:

— Aqueles que acabaram de te atacar eram parte da tropa de Death Adder, que está com o rei e a princesa do reino de Southwood! Você, por acaso, também está no encalço do lorde das trevas?

— Sim! Death Adder causou muito mal a mim, à minha família e ao meu povoado e eu quero me vingar!

— Adder também causou muito mal às pessoas próximas de mim – Ax prosseguiu – mas afinal, como você se chama?

— Sou... Tyris, Tyris Flare! Sou a princesa do reino de Firewood!

— Então os boatos são verdadeiros: a princesa de Firewood sobreviveu ao ataque mortal de Death Adder! – ele disse espantado.

Tyris então deu um sorriso triste e confirmou com a cabeça. Ax então lembrou que eu existia e me apresentou:

— Esta aqui é Helena Cortez, é uma bárbara, mas não é da minha tribo, que também fica localizada em Firewood... Ela também está atrás de Adder, logo poderíamos nós três juntar forças contra ele, que tal? Seria uma honra lutar ao lado da princesa!

Tyris Flare então abriu um sorriso de orelha a orelha e muito agradecida respondeu:

— Oh claro que sim! Juntos podemos ser mais fortes mesmo!

Uma sensação um tanto estranha se apossou de mim após esse momento cúmplice – digamos assim – entre os dois, mas deixei quieto...

Retornamos a nossa andança e, após muito tempo de caminhada, avistamos uma cena pavorosa: muito sangue espalhado no chão e várias pessoas que pareciam estar mortas! Fomos andando lentamente entre os cadáveres, que usavam roupas parecidas, da mesma cor, o que lembrava um uniforme (ainda que bárbaro) e alguns ainda seguravam armas, até que me deparei com um corpo que ainda respirava! Era um senhorzinho desacordado: ele era baixinho, barbudo, de longos cabelos brancos, calçava botas marrons, estava vestido de verde e um chapéu da mesma cor com um par de chifres, lembrando aqueles que os vikings usavam (na verdade, li uma vez que eles não usavam isso, mas só descrevi assim para facilitar a vida) e portava um cinto de couro bastante largo.

— Ei, turma! Acho que temos um sobrevivente aqui! – gritei

Eles chegaram perto de onde eu estava e logo comecei a tentar despertar aquele idoso:

— Senhor, senhor!

— Nããão! Desgraçado! – ele acordou num pulo, de punho em riste e fogo no olhar e eu, assustada, me afastei. Os outros dois o olharam com um misto de surpresa e alívio.

Ele então nos olhou com curiosidade e então Tyris cortou o silêncio:

— Acalme-se! Não iremos feri-lo! O senhor está bem?

— Eu... estou... – respondeu com dificuldade.

— O que houve por aqui? – ela então continuou.

E de repente aquele idoso começou a chorar copiosamente e então tentávamos acalmá-lo. Quando ele ficou mais tranqüilo, começou narrar o que aconteceu:

— Houve uma batalha aqui: as tropas de Death Adder atacaram o nosso grupo de resistência ao lorde das trevas e, no meio da luta, devo ter sido nocauteado, porém antes de desmaiar vi meu irmão... – ele parou – meu irmão ser assassinado na minha frente!

Ele voltou a chorar e de onde eu estava percebi um corpo de um homem muito parecido com aquele senhor caído sob uma poça de sangue, desviei o olhar e foquei no velhinho que ainda estava em prantos. Senti uma simpatia muito grande por aquele homenzinho e comecei a consolá-lo:

— Calma! Vai ficar tudo bem... – peguei seu rosto em minhas mãos e prossegui – Olha! Nós todos aqui estamos no encalço de Adder. Todo mundo aqui tem um motivo para querer o fim dele, então por que o senhor não se junta com a gente hein?

Ele que até então estava com lágrimas nos olhos, de repente parou de chorar, se desvencilhou de mim, deu meia volta e ficou de costas para mim. Após alguns instantes, ele se virou com um olhar de determinação no rosto.

— Aceito a proposta! – disse com confiança.

— Meu nome é Helena e esses são Ax e Tyris!

— Tyris Flare? A princesa então não morreu! Graças aos deuses! – ele respondeu lançando um sorriso para a princesa. – a propósito, sou Gilius Thunderhead!

Sorrimos como forma de cumprimento e Gilius seguiu com a sua fala:

— Como exatamente iremos derrotar Death Adder?

— Ele está num castelo junto com o rei e a princesa de Southwood! Iremos até lá e o mataremos! – respondeu Ax.

— Interessante! E de que armas vocês dispõem?

Ax e Tyris mostraram as espadas que estavam portando e eu disse:

— As tropas de Adder também me atacaram e acabei ficando desarmada...

Gilius então mostrou o que seria a arma que ele usa: um grande machado prateado. Reparei também que, apesar da baixa estatura, aquele senhor era musculoso para a idade que eu julgava que tinha. Ele então falou:

— Nossas armas, exceto a da jovem Helena, que foram roubadas, são boas! Mas elas não serão suficientes para acabarmos com o lorde das trevas...

— Não? E como iremos derrotá-lo então, além de usarmos nossas armas? – perguntou Ax, curioso.

O velhinho então respondeu:

— Com magia!

Nós nos entreolhamos confusos, incrédulos e boquiabertos.

“– Será que o vovô bateu forte a cabeça a ponto de ter enlouquecido?” – pensei.


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Notas finais do capítulo

E esse novo mundo se trata de Golden Axe, jogo de Arcade, mas muito difundido para o Mega-drive.

Link de um pequeno gameplay do jogo:
https://www.youtube.com/watch?v=gJ2YauKHK90



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