The Bitsmaster escrita por Junior Lopes 03


Capítulo 11
A ascensão de uma heroína


Notas iniciais do capítulo

E então saberemos o que aconteceu com Helena e os rapazes dentro do saloon. Não percam!



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Ao adentrar naquele saloon, tudo que pude ver era o caos: mesas, cadeiras, copos e garrafas estavam jogados e revirados ao chão, dois bandidos jaziam mortos, o palco, onde presumi que ocorrem aquelas apresentações típicas de faroeste, parecia estar intacto, sem nenhum vestígio de destruição aparente, um lustre, que se prendia ao teto através de uma corrente, balançava freneticamente da esquerda para a direita e vice-versa e uma bela moça de vestido vermelho estava amarrada e amordaçada atrás de uma das mesas reviradas, o que tratei de resolver prontamente, libertando-a daquela tortura.

Dois homens super idênticos, de cabelos loiros e bigode, ambos vestindo uma calça preta e portando uma cartola na cabeça, mas um tinha a camisa verde e o outro azul, estavam no alto, um em cada ponta, jogando bombas e dinamites. Rapidamente, identifiquei esses dois sujeitos como os tais dos irmãos Smith.

E onde estavam Steve, Billy e Bob? Encolhidos num cantinho, muito provavelmente bolando alguma estratégia para derrotar aqueles gêmeos do crime. Ao me verem, ouvi seus burburinhos:

— Cormano!?

— O que faz aqui?

— Você não estava ferido?

Não respondi por dois motivos: o primeiro era para não revelar minha verdadeira identidade, tinha receio de atrapalhá-los com alguma coisa dada a minha presença inesperada e de até ser expulsa dali; o segundo era porque os irmãos Smith também já tinham me notado (e me desculpei mentalmente com Cormano por isso) e logo começaram a jogar seus explosivos para cima de mim!

— Veja irmão, mais um babaca que veio tentar nos derrotar! – disse o de verde, irônico.

E o vilão de azul respondeu dando uma risada alta apenas.

E continuou o arremesso de bombas e dinamites e eu desviando de tudo aquilo... Estava difícil pensar em alguma coisa naquela situação até que percebi uma coisa: em cada canto ocupado por cada um daqueles malfeitores, havia uma placa, cuja inscrição era “saloon” – mesmo se eu ou os rapazes déssemos um tiro para tentar derrotar os irmãos Smith, do andar de baixo não teríamos muito êxito, já que aquelas placas estavam agindo como escudo protetor para os dois bandidos. Então, com o revólver que Cormano me emprestou, comecei a tentar atirar em ambos os “escudos” – nos primeiros disparos, senti aquela arma bem pesada nas minhas mãos e confesso ter errado algumas vezes os meus alvos (fora o coice daquilo que quase fez com que aquele objeto me desse um nocaute se me acertasse na cabeça), mas depois de mais ou menos seis ou sete tiros, peguei um pouco o jeito.

Os rapazes, vendo o que eu estava fazendo, começaram a me imitar.

— Brilhante, Cormano! – exclamou Steve.

“– Mal sabe ele...” – pensei com um pouquinho de divertimento.

Ainda tínhamos o cuidado de desviarmos dos explosivos lançados pelos gêmeos, mas ao menos estávamos com uma estratégia já em prática. Depois de alguns disparos, eis que as placas que protegiam os irmãos malvados são derrubadas, fazendo com que disparássemos contra eles, no entanto os tiros acertam e matam apenas um deles – o de azul – e, o que vestia verde, furiosíssimo devido à morte do irmão, começou a jogar enlouquecidamente suas bombas em nós!

Para nosso azar, estávamos muito mal posicionados, quase que encurralados no canto justamente abaixo de onde estava o gêmeo que tinha acabado de ser aniquilado; logo, quando uma das bombas chegou à nossa direção, só deu tempo para que eu (a menor em estatura) me lançasse ao chão fazendo meu corpo rastejar, num movimento rápido, para fora do alcance da explosão; a mesma sorte não tiveram os rapazes, a bomba os pegou em cheio e eles voaram alguns metros e depois caíram no chão, nem inconscientes e nem mortos, mas bem feridos!

Como escapei, a atenção do irmão que se encontrava ainda vivo se voltou para mim, ele continuou a arremessar seus explosivos descontroladamente e eu, num movimento rápido e impulsivo, saltei e, com muito esforço, me agarrei naquele lustre (que estava a poucos metros do chão) que balançava de um lado para o outro. Ele percebeu o que fiz e continuou a tentar me acertar com as bombas, mas, de uma maneira que não entendo até hoje, consegui escalar aquele lustre, ficando por cima do mesmo! O malvado se impressionou com aquilo e então eu iria atirar, mas uma espécie de receio se apossou de mim...

“– Vamos Helena, você estava bancando a heroína até agora! O que aconteceu?” – pensei.

E os próximos momentos pareceram ter acontecido em câmera lenta: olhei para os olhos dele, os quais exalavam fúria! Ele ameaçou jogar mais um explosivo em mim e então só tive tempo de mirar, fechar meus olhos e atirar...

PAAAAAA

Foi o que eu ouvi e quando reabri meus olhos, percebi que o tiro acertou a sua perna.

— Isso foi literalmente uma explosão! – ele disse e se desequilibrou, caindo daquela altura, mas quando chegou ao chão, ele explodiu!

“– Ele deveria estar carregando uma bomba nos bolsos!” – pensei surpresa com aquilo.

Eu ainda estava muito abalada com o que tinha acabado de fazer: de certa maneira, matei uma pessoa! E como se tivesse perdido a noção de espaço, me agachei, mas esqueci que estava em cima de um lustre, logo me desequilibrei de lá de cima, o que resultou na minha queda e, quando cheguei àquele chão de madeira duro, o chapéu de Cormano que prendia meus cabelos saiu da minha cabeça ao mesmo tempo que o próprio manto dele que cobria boa parte do meu rosto também acabou saindo do lugar.

— HELENA! – os três gritaram muitíssimo surpresos e chocados.

Levantei-me e tentei recompor a postura, eles ainda estavam com a boca aberta e os olhos arregalados tamanho o espanto, afinal não é todo dia que uma menina de apenas 13 anos e que parecia indefesa consegue neutralizar dois bandidos...

— Por los cielos! No ouví más nada de la de fuera y pensé que...

Cormano que tinha acabado de entrar no saloon com a mão esquerda tocando o braço direito ferido estava falando até que olhou aquela cena, espantado e feliz:

— Enton ustedes conseguiron! Viva!

— Não! Não fomos exatamente nós todos – disse Bob com um sorriso – foi ela! – completou apontando para mim.

Cormano então fez uma expressão de abobado e, de repente, correu, me abraçou e, em lágrimas, disse:

— La pequeña Helena... El botón del Viejo Oeste finalmente floreció!

O momento estava muito bonito, porém, do nada, três belas moças apareceram no palco dançando cancan, o que chamou e muito a atenção de Steve, Billy e Bob que correram até perto daquele palco a fim de apreciarem aquelas dançarinas.

“Ué! Não estavam feridos? Ah... Homens...” – pensei um pouco divertida.

E repentinamente aquele saloon se encheu de gente.

— É festa! Em homenagem a mais nova heroína daqui do oeste: senhorita Helena!

Por incrível que pareça, essa fala foi de nada mais e nada menos que Steve! Claro que ele estava bêbado, assim como seus outros dois amigos loiros, mas ele falar o que falou me surpreendeu horrores!

Outra coisa que percebi de diferente comparando Cormano com os outros rapazes do bando foi também em relação à diversão: ele parecia ser mais reservado, comia, bebia, dava algum sorriso ou outro, mas não passava disso; já os outros pareciam ser mais mulherengos, bebiam álcool até caírem de bêbados, falavam alto, etc.

E foi com esses pensamentos que, sentada a uma mesa com Cormano, perguntei ao mesmo:

— Cormano, você que é um homem muito simpático, extrovertido e, por que não dizer, bonito? – corei um pouco quando acabei de dizer isso. – Por que não se junta aos outros?

Ele deu uma risada e me respondeu com naturalidade:

— Es porqué, chica, yo soy casado!

Fiquei pasma com aquilo: não imaginava que um homem caçando recompensas por aí pudesse estar longe da própria esposa!

Ele, vendo minha expressão de espanto, continuou:

— Y tengo uma hija... Ella es muy idéntica a ti, Lenita!

Eu sorri, mas ainda tinha várias perguntas na minha mente até que Cormano tirou um medalhão do bolso da calça, abriu e me mostrou as fotos da esposa, uma mulher muito bonita de cabelos e olhos negros como a noite, e da filha, uma menina que parecia ser um pouco mais nova do que eu, com os cabelos cacheados e olhos castanhos como os meus; de fato, parecida comigo em muitos traços...

— My mujer se llama Dolores y mi hija, Milagros!

— Nomes muito bonitos! – respondi sorridente – Mas... Por que você não está com elas? Por que está aqui arriscando sua vida caçando recompensas?

Ele fez uma pausa, mas decidiu falar:

— Yo vivía muy feliz con ellas en México, pero un amigo mío, Fernando, con quien yo estaba montando un negocio, me deu un golpe, dejando a mí e mi familia na miséria, por eso tive que vir para acá, para conseguir dinero para no morir de fome...

Fiquei devidamente emocionada com a história que Cormano tinha acabado de me contar: ele sacrificou tudo, até mesmo a felicidade de estar ao lado da sua própria família para conseguir ter com o que se sustentar...

— Siento mucho la falta de ellas...

— Foi por isso que você só tem me ajudado e me defendido desde quando nos conhecemos, não é mesmo? – disse com a voz embargada, estava quase chorando. – De alguma forma, você me vê como uma filha...

— Sí... – ele respondeu igualmente comovido.

— Obrigada...

E para quebrar aquele clima de chororô, me recompus e tentei mudar de assunto:

— E como você e os outros rapazes se conheceram?

— Fue al acaso, cuando chegué de viaje de México, conocí ellos en un saloon como éste aquí y, juntos, impedimos una tentativa de asalto a un banco. Así, nosotros comezamos a conversar sobre armas y otras cosas até que vimos el cartaz hablando que darían aquél dinero si capturásemos Simon Greedwell, entonces nos aliamos y estamos hoy aquí y contigo también!

Cormano também me contou que os outros três rapazes do grupo também sofreram na vida: Steve era órfão desde quase sempre e há quem diga que a morte dos seus pais tenha sido criminosa; Billy era de origem abastada, mas viu sua própria família entrar em desgraça quando um golpista roubou todo o patrimônio dela o que levou o próprio pai dele ao suicídio; e Bob teve os pais brutalmente assassinados quando eles se negaram a vender as suas terras para um homem que parecia ser muito poderoso.

Eu estava com um nó na garganta depois de ouvir todas aquelas histórias:

— E eu triste por ter matado alguém...

— Infelizmente, Lenita, no temos mucho lo que escoller, son ellos o nosotros! Pero mismo yo que soy mas experiente con eso, fico triste a veces...

Considerei o que ele disse e então ele me perguntou:

— Y tú, señorita Helena, que fazes aquí?

Eu fiquei calada com medo de ele não acreditar na minha própria história, mas como ele me contou não apenas o que ele viveu, mas também o que tinha acontecido com os seus camaradas, eu resolvi falar sobre mim mesma então, contanto literalmente tudo o que passei até aquele momento. Ele fez uma cara de quem estava impressionado, mas que também parecia não acreditar no que eu disse ao mesmo tempo, e não é para menos, aquela narrativa era surreal demais...

— Creo que esteas ya queriendo dormir...

Eu me calei resignada. Então, Steve, Billy e Bob apareceram na nossa mesa, visivelmente dominados pelo álcool, com uma daquelas dançarinas:

— Esta belezinha hic tem uma coisa hic para nos contar hic! – disse Billy entre soluços.

— Bem... – ela começou a dizer – Obrigada mais uma vez pela ajuda, vocês todos são muito gentis! – ela sorriu e fez uma pausa – O xerife estava aqui na festa e disse que, por terem nos ajudado com os irmãos Smith, ele dará para vocês uma recompensa de $40.000 – nessa hora, comemoramos, mas logo depois, ela continuou – Eu tenho que contar uma coisinha: uma gorda recompensa está sendo oferecida para quem pegar Richard Rose, mas vocês têm que ser cuidadosos, ele tem três mal-encarados que seguem suas ordens!

Ela então nos mostrou um cartaz que indicava quatro pessoas, uma em cada foto, e um valor de recompensa para cada uma: em destaque estava Richard Rose, de cabelos loiros, cuja recompensa valia $100.000; Paco Loco, careca e com os lábios horrivelmente enormes, que “estava valendo” $70.000; Chefe Wigwam, um homem com fortes traços ameríndios, no valor de $60.000; e El Greco, um rapaz com um sombreiro muito parecido com o de Cormano e que, se capturado vivo ou morto, a sua recompensa seria de $50.000.

— No puede ser! – gritou Cormano.

— O que foi, Cormano? – perguntei preocupada.

— Ese El Greco... es él... Mi ex-amigo... Fernando!


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Notas finais do capítulo

É... Muitas águas vão rolar na trama de Sunset Riders ao que parece... Rsrsrs



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