Darkpath escrita por Lyra Roth, João Pedro


Capítulo 9
♠08 –Uma história num livro de veludo♠


Notas iniciais do capítulo

Heyoo, galerinha da bagunça! Vocês estão muito quietos, então vou considerar que é porque ficam atônitos com a magnificência dessa história, e por isso, nem têm palavras pra comentar. ;)

Boa leitura!



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"When life throws you a rainy day, play in the puddles

—Pooh bear"

 

 

Hypnothis

 

Camilla Tosetti da Costa

Caminhei lentamente pela biblioteca, passando a mão nos livros das estantes, um por um, enquanto me perguntava se chupar uma bala ali seria inadequado. Depois de dar uma checada para ver se o bibliotecário não estava às vistas para me repreender, abri um caramelo e rapidamente enfiei-o na boca.

E enquanto saboreava aquela carga de açúcar, minha mente trabalhava a mil por hora. Eu estava vadiando por entre as estantes há pelo menos dez minutos e ainda não tinha certeza se tudo aquilo fora uma boa ideia. As coisas estavam tomando um rumo completamente inesperado; eu tinha vindo para o Canadá para estudar, e não para caçar entidades malignas! Só que, no lugar de aprimorar minhas habilidades artísticas, eu estava aprendendo sobre lendas urbanas!

—Era ‘pra eu estar estudando design agora... –Falei baixinho, enquanto ziguezagueava pelo local como uma mosca tonta. Eu havia dito para Matt que ia fuçar nos artigos de lendas urbanas, lá no segundo andar da biblioteca, enquanto ele e Nathalie procuravam algo que prestasse de verdade no laptop. Mas na realidade, como eu não estava muito segura do que fazíamos, eu só fiquei zanzando por uns vinte minutos à fio, meio sem rumo.

De quebra, eu sequer entendia o que estava acontecendo! Será que tinha mesmo algo atrás do Matt? Por que teria? Por que o Matt? Ele não parecia ter nada de mais que lhe rendesse perseguição por entidades malignas, a menos que elas estivessem procurando um jovem tímido e inseguro. Provavelmente os pais dele estavam sempre muito ocupados cuidando da fortuna para dar atenção aos gostos e inseguranças do filho, como naquelas caricaturas de filmes e desenhos que retratam os defeitos dos adultos. Minha cabeça estava fritando. Por um momento, fiquei com raiva daquele casal. Então, percebi que nem os conhecia, e que aquilo tudo fora somente especulação minha –e, de quebra, aquilo nem nos ajudava de maneira alguma –e deixei para lá.

Caminhei até o fundo do andar térreo até chegar em um corredor que levava às escadas de madeira do primeiro andar. Hesitante, porém sem melhores ideiais, subi o primeiro lance de escada.

Diferentemente do térreo, onde o silêncio e os sérios artigos acadêmicos imperavam, o primeiro andar era barulhento, porque era a sala de informática, desenho e impressão. E enquanto alguns jovens faziam trabalhos escolares, outros jogavam clandestinamente joguinhos de internet, RPG e conversavam sem muita moderação no tom de voz. Segui reto para o segundo andar.

 E ao contrário dos dois primeiros espaços, que estavam sempre lotados com estudantes ou jovens gamers, o segundo andar era deserto. Tinha uma ou outra pessoa dispersa, claro, mas nada realmente notável; e a iluminação do lugar era amarelada, certamente inadequada para a leitura. Todo mundo que estava naquele andar se concentrava embaixo da claraboia, no centro do espaço, onde tinham bancos e almofadas; ali, pelo menos, tinha uma boa luz para leitura, e era menos sinistro. Entre as prateleiras, todavia, era mais escuro, quieto e sombrio.

Porém não me amedrontei, já estava ali mesmo e tinha perdido o dia de trabalho voluntário. Era melhor fazer o tempo valer a pena. Comecei a procurar, título por título, algum que me interessasse.

Nenhum deles falava sobre um cara de terno sem rosto. Eu devo ter ficado meia hora vagando por entre as estantes e mesas, folheando livro por livro, sem bons resultados. Frustrada, decidi colocar tudo de volta nas prateleiras e dar o fora daquele lugar inútil. No entanto, antes que eu pudesse desistir de fato, tropecei em algo no chão. E, na vã tentativa de me segurar para não cair, puxei os livros da estante ao meu lado. Uns dez volumes caíram em mim, e eu me estatelei de joelhos no chão de madeira.

Que merda—Exclamei enquanto erguia-me, os livros em cima de mim tombando no chão. Todos olharam para mim com reprovação por causa do barulho que eu fizera, sem se dignar, porém, a me ajudar a levantar ou recolher a os livros. Suspirei, cansada, e apanhei-os, três a três, e enfiei todos os nove na prateleira por ordem de numeração. Um, todavia, ainda jazia no chão, e me chamou a atenção. Caíra oportunamente aberto; na página da esquerda, um monte de texto em alemão. Na outra, uma gravura. “O homem pálido que fica entre as árvores” era a legenda. O desenho era igual àquele que Matt fizera algumas horas atrás; um homem, alto, bizarro, de terno, sem rosto, de pele de papel. Arregalei os olhos, não podia ser...

Hesitei por alguns segundos em pegar o livro, porque uma parte de mim não queria realmente achar nada sobre aquilo. Mas a curiosidade saiu vitoriosa.

—Que se dane –Dei de ombros e ajoelhei para catar o volume.

A capa era vermelha, dura, e de veludo, mas estava velha e meio carcomida. Não era mais tão macia quanto devia ter sido anos atrás; e não havia título, nem contracapa. Entretanto, bem no centro da capa, jazia um símbolo branco que se destacava: um círculo perfeito, e no meio um X riscado sem esmero.  

Se a vida te faz tropeçar em limões...

Apertei com incerteza o livro nas mãos, perguntando-me se aquilo era uma boa ideia, e sentei-me numa mesinha entre duas prateleiras. O alemão não foi problema, eu falava Português, Espanhol, Inglês, Alemão e Italiano. As pessoas costumavam dizer que eu era muito nerd. E elas estavam certas, de fato eu era.

Investiguei as folhas com cuidado: velhas, rasgadas e manchadas. Fediam. Bem finas e delicadas, pareciam papel de seda. Fora escrito a tinta, tinha até pingos pretos e borrões ao longo do livro.

Procurei por um índice, como se fosse um dos livros acadêmicos com os quais eu estava acostumada, mas não achei. Aquilo estava mais para uma enciclopédia meio amadora, provavelmente. Datava do século passado, anos depois da primeira grande guerra. No primeiro capítulo, o escritor falava do porquê ele escreveu o livro: aparentemente, tinha dado uns ruim na vida dele e, de alguma forma, ele fora parar em uma cidadezinha rural alemã, ou qualquer coisa do tipo. Só que a cidade tinha um probleminha bem grande: uma floresta densa e sinistra ficava bem ao lado dela. Claro que, se você veio de cidades grandes e barulhentas como eu, não costuma achar que a paz da floresta e do campo sejam um problema. Mas eu mudei de ideia rapidamente: sem telefone, correio eficiente e muito menos internet, a pequena vila ficava isolada do resto do país. E, aparentemente, eles frequentemente tinham problemas relacionados a sumiço de cidadãos, o que perturbava totalmente a suposta paz bucólica. Isolados e com a economia atolada no fundo do poço, o pessoal da vila estava entrando em pânico.

Estava escrito que a culpa pelo sequestro das pessoas era atribuída a um ser místico. O escritor descreveu que o povo retratava o ser como um cara alto, branco e de terno, o que à princípio, poderia se referir a qualquer um. Exceto pela parte seguinte: o autor disse que havia discordância sobre a altura do tal homem –enquanto alguns diziam que tinha uns três metros, o que já seria bem assustador, outros alegavam que sem dúvida ele possuía uns dezoito metros. O mais perturbador, todavia, era que existia certo concenso: que essa entidade tinha tentáculos, não apresentava face alguma e era poderosa, aparecendo somente para poucas pessoas por vez, mas causando sempre um estrago colossal.

O final da história na vila era bastante previsível, e trágica também: a vila toda foi atrás do tal Der Großmann (que era o nome da tal entidade, só que em alemão), e o autor se recusou veementemente a ir junto. Foi repreendido e vexado pelos moradores e ficou tomando conta das crianças e idosos que restaram, em uma casinha, todos reunidos, esperando a volta dos corajosos. Durante dias, o pessoal que também não foi à caça ficaram presos na casa, ouvindo gritos desesperados advindos da floresta. E, no terceiro dia de espera, a vila inteira pegou fogo do nada. Aparentemente todas as crianças morreram, exceto uma, que fugiu com o autor para a Suíça. E, de acordo com os relatos, ele e a criança, juntamente com um velho sueco, criaram uma sociedade secreta para estudar casos sobrenaturais. Os capítulos seguintes eram referentes a estudos de criaturas e entidades que os dois encontraram ao longo da vida.

Supostamente, eles se dedicaram de verdade a esse trabalho: saíram à caça de criaturas, recorrendo inclusive a magia, ocultismo, invocações e pactos para dominar os monstros. Naquele momento, eu já estava abismada; li vorazmente as páginas seguintes com uma rapidez que eu nem sabia ser possível. Devo ter passado duas horas lendo, sem parar sequer para beber água ou ir ao banheiro. Nem mesmo fui avisar Matt sobre minha nova descoberta. Metade de mim estava morrendo de medo do rumo que minha tarde estava tomando, a outra metade estava completamente seduzida pelos conhecimentos daquele livro. De uma forma ou de outra, fiquei totalmente voltada para a história até seu final, durante a tarde inteira.  

Ali tinha informação de todo tipo de monstro que se podia imaginar; o livro fazia referência a várias lendas urbanas de diversos países ao redor do mundo inteiro! Bolívia, Brasil, Chile, Canadá, México, Nigéria, Congo, Moçambique, Índia, Rússia, Japão...  Esses eram só alguns dos principais exemplos de países com lendas cujas referências estavam presentes no livro. Cuca, Saci, Rake, Homem do saco, Habit, O sentinela, Der Großmann... todas eram lendas que, ao que tudo indicava, não eram só lendas.

Pisquei várias vezes, sem conseguir parar. O ar fora tirado dos meus pulmões, eu me sentia ao mesmo tempo extasiada e trêmula, confiante, invencível e exposta. Mas aí chegou o fim da história do cara, e impressionantemente não era um final ruim: ele encontrara uma outra sociedade secreta que também caçava coisas sobrenaturais e as estudava. Além disso, essa tal sociedade era mágica, viva meio oculta do resto do mundo, fazia uns feitiços, tinha uns poderes incríveis e conhecimentos anciãos que os tornava mais fortes perante essas entidades do mal. E isso possibilitava que eles convivessem, estudasse e até intervissem nos assuntos escusos. Eles não estavam tão à mercê das entidades quanto humanos comuns, eram poderosos e coesos. Eram, supostamente, tão notáveis, que até mesmo as entidades tinham certo receio de topar com eles, ou, no mínimo, os desprezavam o suficiente para evita-los.

Por isso, o autor e seu pupilo, agora adulto, se uniram a essa galera mágica e partilharam seus conhecimentos. Tornaram-se mágicos e badass. E ficaram até o fim da vida se dedicando aos estudos dessas entidades; e, quando o autor morreu, faleceu de velhice, dentro de sua biblioteca, em cima de um livro que estudava. Concluí que, por mais que a maior parte dos feiticeiros não morresse de maneira tão pacífica, para uma história que tinha começado com uns ruins até que havia tido um final feliz.

Ao mesmo tempo revigorada e cansada, fechei o livro com determinação. Ergui-me, trôpega e exasperada, empurrando a cadeira com vigor, e fui em direção à estante. Cacei livros próximos de onde eu derrubara aquele ali, mexendo em cada um deles, um por um. Olhava uma capa, folheava rapidamente, punha-o no lugar de novo. Nenhum deles tinha qualquer relação com o tal Der Großmann.

Suspirei e curvei-me entre os ombros, entristecida. Antes que eu pudesse lamentar, contudo, ouvi um barulho curioso atrás de mim. Arregalei os olhos, virando rapidamente; não tinha ninguém ali, mas eu ouvira passos! Inspecionei melhor o lugar, direita, esquerda... por perto só havia eu, os livros, e as estantes de mais de quatro metros. E um negocinho claro em cima da mesa. Alarmada, afastei-me até bater levemente contra a estante de metal atrás de mim. Uma voz rouca falou no meu ouvido:

“Pode abrir, é ‘pra você mesmo”

Girei, esperando encontrar alguém do outro lado da estante, mas não tinha ninguém lá também. Abri tanto meus olhos que achei que talvez pudessem saltar para fora do meu rosto. Hesitante, esperei alguns minutos. Nada ocorreu. Fitei o objeto que fora deixado para mim: era pequenino e claro, contrastava, por isso, com a mesa escura de madeira encerada. Peguei com cuidado o negocinho: era um biscoitinho da sorte.

—Que fofo...

Não achei que fosse uma boa ideia comer aquilo, então só o quebrei, coletei o papelzinho de dentro dele e deixei o biscoito na mesa brilhante.

Perguntar para o bibliotecário sobre a sessão secreta poderia te ajudar”

—Mas... ué.

Outro barulho. Virei; outro objeto na mesa, dessa vez um diminuto envelope branco. Também abri:

PROVAVELMENTE UMA BUSCA DE VERDADE NA INTERNET TE AJUDARIA. CHAMA AQUILO DE PESQUISA??”

—Er, okay. Isso ‘ta meio estranho... –Dei de ombros; talvez fosse algum tipo de ajuda, exceto pelo caráter ligeiramente ofensivo da mensagem em caixa alta. De qualquer maneira, era provável que a primeira fosse realmente útil, então decidi dar ouvidos ao menos a ela.

Guardei no bolso as mensagens e peguei o livro vermelho. Rumei os degraus da escadaria e desci rapidamente o primeiro lance até o primeiro andar. Todavia, no caminho para o térreo, senti um puxão súbito no meu braço, atrás de mim. Virei, espantada, para não ver ninguém. Nada que já não tivesse ocorrido há alguns minutos.

A surpresa veio depois, quando voltei a seguir meu rumo: assim que fui para frente, dei de cara com um homem. A poucos centímetros de mim, a figura era só uma silhueta negra com um sorriso branco ofuscante e olhar feroz. Soltou um riso carregado de desprezo e agarrou minha gola e meu braço. Ele girou-me ao seu redor enquanto gargalhava sem parar, e eu, pávida nem resisti. Só consegui encará-lo espavorida, enquanto era lançada violentamente escada a baixo.

Despenquei pelos degraus; minha sorte era que não faltava muito para o térreo. Mesmo assim, foi o suficiente para eu me machucar bastante. Ralei o cotovelo, bati o braço e a canela, e trombei com a cabeça duas vezes, uma contra a parede e outra contra o chão do térreo. Mas como a adrenalina estava a mil por hora nas minhas veias, mal toquei o chão e já me levantei, pronta para atirar o livro naquele ser repugnante. No entanto, só pude vê-lo de relance, uma fração de segundo, porque ele logo sumiu com seu sorriso maníaco e um risinho debochado.

Tremi; meu Deus, eu não sabia quem era aquele, mas seu riso, seu olhar perverso e cruel ainda me beliscava na memória. Ele me detestava, eu sabia, eu sentia. Sentia sua força impiedosa e devastadora me erguendo do chão, sentia que ele queria acabar comigo. Só que, por algum motivo, não o fez. Talvez não quisesse, talvez só desejasse aterrorizar-me, por algum motivo. Ou me aterrorizar e depois me matar. Eu não entendia o que poderia impedi-lo de me estraçalhar, mas de um jeito ou de outro, não o fizera.

Tiritei mais uma vez, respirando fundo, e recuei lentamente, sem tirar os olhos das escadas. Quando achei que estava longe o suficiente para virar as costas, girei e corri como se não houvesse amanhã.

—Maaatt! –Exclamei, chamando meu amigo aos berros. Eu certamente não teria gritado na biblioteca em condições normais, mas depois de três hematomas, uma pista incrível e diversos sustos, eu provavelmente merecia uma indulgência. –Acheeei!!

⌘⌘⌘

 

—E agora, o que fazemos? –Matt indagou, olhos arregalados, curvado sobre o livro vermelho em cima da mesa de ferro da biblioteca.

—Não acredito que achamos algo de verdade! –Nathalie sorriu, batendo de leve as mãozinhas, ansiosamente.

—Eu acredito, depois de duas horas... –Reclamei baixinho.

—Nós achamos coisas também, Milla –A menina de olhos verde-acastanhados falou subitamente, com um pequeno pulo da cadeira –Não ficamos vendo pornô, não...

Matt soltou um grunhido indignado, jurando que nunca tinham visto pornô juntos. Nathalie riu e ele avermelhou muito.

—Não ‘to julgando nada, não –Sorri com o canto do lábio, achando graça naquela brincadeira boba. Matt ficava fofinho corado, era estupidamente adorável. –O que acharam?

—Ticci Toby, The Rake, Slenderman...  –Mostrou-me as histórias, e eu as li rapidamente, por cima –E uma creppypasta envolvendo o Bob esponja também. –Acrescentou.

—Hã? –As primeiras histórias eu compreendia porque estavam nos artigos de terror, mas o que o Bobo Esponja fazia no meio de creppypastas?

—A internet tem muita coisa útil. –Ela olhou-me por cima do ombro –Mas também tem muita coisa inútil –Constatou, e agora provavelmente se referia ao artigo do Bob Esponja. Dei de ombros.

À primeira vista, todos os artigos pareciam relacionar-se com a nossa situação, tendo em vista que todos eram histórias sobrenaturais. Porém uma delas se encaixava direitinho.

—Slenderman –Repeti –É o cara do seu sonho, Matt –Pela cara de Matthew, era o tal homem gigantesco mesmo. Aproximei-me do laptop para ler melhor.

—É... parece que sim. –Ele falou com um misto de satisfação e temor em seus olhos –Acho que isso é bom...O que vamos fazer agora?

—Bom, está ficando escuro –Apontei para a porta gigantesca de vidro, na entrada do local –Melhor voltarmos, Matt. Podemos continuar a pesquisa em casa mesmo.

Ele pareceu surpreso com alguma coisa, mas eu não saberia dizer com o que exatamente.

—Pode ser, parece uma boa. Comida viria bem a calhar, também.

—Bem, então melhor irmos—Nathalie começou a recolher as coisas. Enfiou-as dentro de sua mochila e prendeu os cabelos em um rabo de cavalo no topo da cabeça. Ficamos, eu e Matt, olhando-a em cada movimento. Ela se mexia de maneira fluída, leve. Mas por algum motivo, me parecia uma fluidez maquinada... E seus cabelos, lisos e castanhos, diferentemente dos meus, que eram marrons e cacheados, caíam em cascatas fluidas pelos ombros e costas; brilhavam e se esgueiravam em cada curva de seu corpo. Por algum motivo, eu não conseguia tirar os olhos dela; era como se aquela garota fosse hipnotizante. Sacudi a cabeça.

—Parece que temos um nome ‘pra nossa criatura, então. –Exclamei ao conseguir desgrudar meu olhar dela. Começamos a andar de vagar em direção à saída –Isso é bom. Digo, no mínimo, não estamos mais vendados.

—Mas ainda estamos atados. –Afirmou Nathalie subitamente, perante minha constatação. Olhou-me diretamente com sua única órbe verde, mas senti como se o tapa-olho também pudesse me ver –Melhor sermos mais ágeis antes que nosso tempo acabe.

Matt engoliu em seco, assustado, mas até que disfarçou bem com um sorriso. Eu não podia mentir, estava preocupada também. Entretanto, pelo menos tínhamos feito um progresso, e um baita progresso! E ainda que algumas –várias –coisas permanecessem sem explicação, eu ia saber explica-las, cedo ou tarde. E não seria nenhum homenzinho de óculos e sorriso macabro que ia me parar.


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Notas finais do capítulo

Não, os bilhetes não foram escritos pela mesma "pessoa" =P

Beijinhos!



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