A lógica do amor escrita por lovestories


Capítulo 5
Pony


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do capítulo, pessoal! E aos que estão gostando, por favor, deixe a sua opinião nos comentários, assim saberei se estão aproveitando a história.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/751771/chapter/5

Durante as semanas seguintes, Heather e Stan seguiram o que combinaram, eles se encontrariam na casa dela à noite, ninguém saberia o que estava acontecendo e não teriam nenhum contato no colégio, fingiam que não se conheciam, mas a verdade era que não se desgrudavam. Eles começaram a ter uma relação de respeito e amizade que poucas pessoas teriam em tão pouco tempo, o fato era que não tinham segredos um com o outro, isso foi um trato que fizeram para ajudar nos estudos: se estivesse mal, contaria ao outro o motivo, assim o estudo não ficaria tão pesado. 

Heather percebeu que Stan não era aquilo que mostrava no colégio, o cara bruto, ignorante e preconceituoso não existia quando estavam juntos e ela ficava em dúvida se existia dois Stan diferentes ou se ele só mostrava quem realmente era para ela. 

Stan entrou na sala de aula dando uma rápida olhada na turma e encontrou os olhos de Heather no canto direito da sala, não sabia se a luz que emanava da janela a estava iluminando, mas de alguma forma - sobrenatural, talvez - ela brilhava. Sua pele estava uniforme e com a aparência de macia, seus cabelos longos brilhavam e seus lábios pareciam ser...

— Senhor Ford? - ouviu uma voz no fundo de sua mente. - Senhor Ford, queira sentar, por favor! 

Ele desviou o olhar ao professor Alfonso e concordou com a cabeça se sentando, em seguida. Stan não conseguiu se concentrar naquela aula porque ficou lembrando da imagem de sua tutora. Caralho, o que está acontecendo? Ele sentiu um olhar lhe queimar as bochechas e quando olhou para o lado, Hannah lhe fitava com uma expressão confusa. " Tudo bem?" moveu os lábios e Stan apenas confirmou com a cabeça. 

O sinal tocou indicando o intervalo e todos correram para fora da sala como se estivessem em uma espécie de prisão. Stan ia andando no corredor quando viu uma cabeleira loira no outro lado, ele avisou aos amigos que tinha que fazer uma coisa e saiu em direção aos cabelos. 

Ele caminhou um tempo pelo corredor vago, mas não havia nenhum sinal de Heather, andou mais um pouco e sentiu mãos puxarem a sua jaqueta. 

— Oi. - Heather sorriu após puxá-lo à uma sala vazia. 

— Oi...não estamos quebrando um protocolo? 

— Sim, mas eu tenho motivos. - ela brincou com o zíper da jaqueta. - Não poderei dar aula hoje. 

— O que? Por que não? - indagou buscando uma das mãos dela. 

— Meus pais irão fazer uma pequena festa de aniversário para mim hoje e...

— Espera, o seu aniversário é hoje? - ela concordou com a cabeça. - Por que não me disse antes? 

— Não é tão importante assim. - abaixou o olhar à camisa cinza dele.

— Hey. - chamou levantando o queixo dela. - É importante sim. - ela sorriu. 

— Como eu estava dizendo, não poderei hoje, mas...amanhã tirarei o atraso. 

— Estou esperando. 

— Esperando o que? 

— Você me convidar. 

— Eu até pensei, só que... - brincou com a gola da jaqueta. - Sei lá! Talvez você quisesse ir curtir com os seus amigos nessa noite de folga.

— Nah. Eles vão estar numa festa em outra cidade esta noite.

— Bom, neste caso, você está convidado para a minha festa de aniversário. - sorriu sem graça. 

— Estarei lá. - sorriu. 

Eles ficaram ali parados na sala vazia sem mover um músculo sequer. Heather continuava se amparando no peito de Stan enquanto ele segurava a mão dela e o queixo, percebeu naquele momento que ela tinha uma beleza diferente das que já tinha visto, era algo simples, normal que somente com bastante atenção poderia encontrar os pontos de luz. 

— Eu...preciso ir. - Stan confessou se libertando de seus pensamentos. - Te encontro à noite. 

— Ok, a festa começa... - mas Stan já havia saído. - Às oito. 

O garoto loiro adentrou o refeitório do colégio procurando a sua namorada, a encontrando no fim do local em uma mesa repleta de pessoas. Ele se aproximou da morena e a beijou firmemente por trás, deixando Hannah sem fôlego. 

— O que foi isso? - indagou sorrindo. 

— Só algo que demonstra o quanto gosto de você. 

— Own, Stan. - beijou a sua bochecha. 

Todos começaram a conversar aleatoriamente, mas Stan ficou calado a maior parte do tempo. Aquele beijo em Hannah era para ter mexido com suas pernas, embolado sua cabeça como fazia antes, mas ficou intrigado ao perceber que não sentiu absolutamente nada com aquilo.

Durante a noite, Stan se olhava no espelho um pouco manchado do seu quarto, usava uma camisa xadrez na cor azul, calças jeans e tênis azul já surrado, seus cabelos estavam como sempre, um pouco assanhados e sedosos. Lançou um sorriso a si mesmo e saiu do quarto, descendo as escadas em seguida. 

— Aonde vai tão arrumado? - Jonas perguntou deitado no sofá. 

— Não é da sua conta! 

— Stan! Hey! - chamou se levantando do sofá. - Volta aqui. 

O garoto estacionou na porta, se virando com a expressão fechada em direção ao padrasto que parecia mais chapado do que nunca. 

— Você tem saído toda noite...não pode deixar a sua mãe sozinha. 

— O que faço ou deixo de fazer não é da sua conta! - gruniu.

— Stan, meu filho...

— Eu não sou seu filho! 

— Enfim...sabe da nossa condição, não é? Não estou conseguindo arcar com todas as despesas. 

— Claro que não! A sua "banda" fracassada não rende nada!

— Hey! Eu vou relevar esse comentário por causa de sua mãe. - deu uma breve pausa. - Natasha precisa de dinheiro para os remédios. 

— E o aposento dela não deveria cobrir isso? 

— Os remédios são muito caros, Stan. O dinheiro que ela recebe não cobre tudo. 

— Merda! - praguejou chutando uma lata de cerveja no chão. - O que quer que eu faça? 

— Quero que arranje um emprego...pode até largar a escola se quiser. 

— O que? Não vou sair do Hayden! - bradou. 

— A sua mãe não vai melhorar sozinha, Stan.

O garoto abriu a boca para praguejar mais uma vez, mas um grito cortou o vento naquela sala suja. Os dois se assustaram e correram em direção a voz.

— Mãe? - Stan chamou não vendo sua mãe na cama. - Mãe! 

— Estou aqui. - respondeu com a voz abafada. 

Stan encontrou sua mãe caída no chão do banheiro, o seu pé estava em uma posição estranha e o garoto ficou alarmado. 

— Não fique aí olhando! - Jonas bradou. - Ajude a sua mãe! 

Stan se apressou para tirá-la do chão e a cobriu com um roupão amarelado. O seu coração parecia que ia sair pela boca, parecia que ele próprio havia torcido o pé. Ele a posicionou sobre a cama tocando no pé dela com cuidado. 

— Ai! - gemeu.

— Precisamos levá-la ao hospital. - Jonas informou. 

— Eu sei, gênio! - ironizou. - Consegue vestir uma roupa, mãe? 

A mulher concordou com a cabeça e pediu um vestido ao seu filho que obedeceu rapidamente. Logo eles estavam no andar de baixo, carregando Natasha nos braços e Jonas pegou as chaves sobre a mesa de centro. 

— O que pensa que está fazendo? - Stan indagou incrédulo. 

— Como iremos sem um transporte? 

— Você não vai! 

— Por que não? - esfregou o nariz.

— Olha o seu estado! Não vou chegar no hospital com você assim... me dê as chaves. 

— Ok. - concordou depois de alguns minutos de relutância. 

Stan pôs delicadamente sua mãe no banco da caminhonete e partiu veloz em direção ao hospital. 

 

— Olha para a câmera, Heather. - seu pai ordenou gentilmente. 

Ela estava atrás do seu bolo consideravelmente grande que tinha uma foto sua estampada. A decoração estava bem simples, alguns balões coloridos em volta das mesas, enfeites de ondas do mar, pois Heather amava tudo que fosse relacionado a água e uma cama-elástica no jardim para as crianças brincarem. Heather achou um pouco infantil, mas não reclamou porque seus pais se esforçaram muito para montar tudo aquilo. 

A maioria de seus familiares estava lá, alguns vizinhos com quem Heather não falava muito, mas os seus pais insistiram em convidá-los. Ela sabia que o motivo era que não possuía amigos na cidade e queriam preencher o buraco. Sarah fez uma vídeo-chamada lhe desejando feliz aniversário, bem como sua irmã, Helen, que morava em Nova York com seu marido, Paul. Mas apesar de toda aquela festança ainda sentia que algo faltava e sabia muito bem o que era.

 

— Verônica Natasha Ford. - Stan ditava os dados de sua mãe à atendente. 

— Certo, ela pode esperar naquela sala que o doutor Giles irá atendê-la. - disse sem ao menos olhar para ele.

— Ele vem logo? 

— Naquela sala ali. - apontou ignorando a pergunta. 

Stan franziu o cenho em raiva e quando abriu a boca para xingar a mulher, sua mãe o impediu. Ele a conduziu até uma sala no canto direito onde outras pessoas também aguardavam em sofrimento. 

— Você ia sair? - Natasha perguntou. 

— Sim, tinha uma festa de aniversário para ir. 

— Ela é especial? 

— Como sabe que é uma garota? - levantou uma sobrancelha. 

— Eu te conheço, Stany. - sorriu. - Não se arrumaria assim para se encontrar com garotos.

— Huh. - sorriu fracamente. - Ela é...diferente, mas não de um jeito estranho. Não sei explicar. 

— É bonita? 

— Eu a acho. - brincou com os próprios dedos. - Ela está me ajudando com o negócio da bolsa e tals.

— Oh! Então é muito especial mesmo. Qual o nome dela?

— Heather. 

— Eu lembro de você falar sobre uma Hannah.

— Hannah é minha namorada. Heather é minha amiga.

— Humm... - deu uma pausa. - Desculpe por fazer você perder a festa. Espero que ela não fique chateada.

— Não foi sua culpa, mãe. - afagou a mão dela e deu uma pausa dramática. - Também espero que ela não fique chateada. 

Passada uma hora de espera, Stan já estava impaciente com a demora e gritou à atendente reclamando. Por fim, um médico de meia idade veio receber Natasha e cuidou do seu ferimento. 

— Ela precisará passar um mês com o gesso ou você prefere uma bota? - indagou à mulher. 

— Não temos dinheiro para uma bota no momento. - respondeu. 

— Pois bem, irei transcrever alguns cuidados para a senhora e poderá ir para casa.

Após meia hora, eles se encontravam na caminhonete velha de volta à estrada. Stan passou em frente a casa de Heather que ainda se encontrava iluminada, mas parecia ter desmontado toda a decoração e um caminhão colocava as mesas de volta.

— Pronto. Se sente melhor? - perguntou pondo sua mãe sobre a cama.

— Um pouco. Obrigada, filho, nem sei o que faria sem você. - sorriu fracamente. 

— Se precisar de mim, estarei no meu quarto. 

— No quarto? - indagou incrédula. - Você não vai falar com a garota? 

— Já acabou a festa, mãe. - choramingou. 

— Mas ela ainda está lá, essas coisas levam horas para terminar de arrumar. 

— Acho melhor ligar para ela. - pegou o celular. 

— Não! A garota está esperando você! Abra aquela gaveta na cômoda. - ordenou e Stan obedeceu. - Pegue uma gargantilha que tem aí. 

— Por que a senhora tem uma gargantilha? - indagou sorrindo. 

— Foi do tempo em que tentei enganar a minha idade. - 

respondeu envergonhada. 

Stan pegou uma gargantilha fina na cor caramelo encravada com bolinhas douradas. Era até fofo, pensou, como a Heather. 

— Quero que dê isso para ela.

— Não sei se ela usaria isso.

— Ela tem um estilo mais recatado? - concordou com a cabeça. - Mas entregue mesmo assim, talvez ela goste. 

— Obrigado, mãe. - sorriu e beijou sua testa. - Volto daqui a pouco. 

— Ok...hey! - chamou quando ele estava na porta. - Não a decepcione. Nunca.

— Não faria isso.

Stan parou a caminhonete na entrada da casa de Heather e desceu sentindo uma ansiedade. Ou seria medo? Ele tocou a campainha e ninguém apareceu, olhou para cima a fim de saber se as luzes estavam acesas, mas nenhuma estava. Voltou a andar em direção a sua caminhonete. 

— Que espécie de ser humano toca a campainha e não espera ser atendido? - uma voz doce perguntou. 

Stan parou de andar, se virando em seguida, encontrou Heather segurando a porta branca usando um vestido solto sem manga na cor pérola, uma sapatilha lilás, os seus cabelos presos em um coque frouxo e lá estavam eles, os óculos que a deixavam com uma beleza angelical. Ela sorriu largamente, mostrando os seus dentes perfeitamente brancos. 

— Me desculpe... - começou sem jeito. - Minha mãe torceu o pé e eu tive que levá-la ao hospital. 

— Tudo bem, pelo menos, está aqui agora.

Stan sorriu lentamente. Como ela podia ser tão empática daquele jeito? Qualquer um de seus muitos amigos ficaria furioso por ele perder a festa. Ela desceu o degrau da entrada, se aproximando e ele fez o mesmo, tirando a gargantilha do bolso da calça. 

— Trouxe um presente para você. - a entregou. 

— É linda! - exclamou animada. - Mas não precisava se preocupar...

— Claro que precisava! Você é minha amiga. 

— Me considera como sua amiga? - indagou sorrindo.

— Sim, já pode substituir a idosa indiana da sua lista. - ela riu alto.

— Você é um bobo... pode me ajudar a colocar? 

— Claro. - ele prendeu a gargantilha no pescoço dela. - Ficou legal, combinou com você. 

— Não sei com que roupa irei combinar isso, mas vou descobrir. - sorriu passando os dedos pela peça. 

— Feliz aniversário, Pony. 

— Já disse que esse apelido é horrível! - repreendeu, mas com um sorriso.

Stan a chamava daquele jeito desde que achou um pônei de pelúcia no seu quarto, ela explicou que tinha um valor sentimental muito grande, mas Stan continuou rindo. O pônei era albino, com o pelo meio bagunçado e indeciso quanto a sua forma, lembrando ao garoto os cabelos de Heather, então decidiu chamá-la de Pony.

— Eu gosto. 

A garota sorriu mais abertamente e o abraçou sem aviso. Stan não soube o que fazer, até aquele momento ainda não haviam se tocado daquele jeito, mas aos poucos ele sentiu a pele macia lhe circundando e arriscou pôr os seus braços em volta dela. O que aconteceu depois ambos não compreenderam de imediato, mas aquele simples toque se tornou algo que não queriam parar, não queriam desfazer aquele laço. Stan a apertava de um modo leve, mas preciso e Heather acariciava os cabelos da nuca dele vagarosamente. Ele sentiu o cheiro do pescoço dela, uma mistura de rosas que inebriou o seu cérebro fazendo-o querer chegar mais perto, mas Heather encerrou o abraço lentamente. 

— Eu tenho que entrar. - informou sem graça. - Diga a sua mãe que desejo melhores. 

— Sim...eu direi. - disse ainda consternado. - Até segunda, Pony. 

— Até. Obrigada por ter vindo. 

Eles ficaram se olhando por um tempo até que Heather se encaminhou à porta da casa. Stan voltou a sua caminhonete e deu a partida se perguntando porque aquele abraço foi tão bom. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Kisses!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A lógica do amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.