”Nunca pensei que a chata viria a minha amiga, ainda bem que ela não sabe que eu tenho um diário, fico imaginando o que ela diria quando ela lesse que eu chamo ela de chata.

Roberta pode ser totalmente esquentada, e super protetora em relação a avó dela, mas o jeito dela ser, é isso que faz ela totalmente ser diferente.”

O dia havia mal começado, quando eu escutei a voz dela me chamando.

— Acorda. Acorda. Acorda.

Ela foi puxando os meus cobertores e segurando para ela não ver de cueca.

— Por que tanta agitação logo cedo. Eu ainda nem acordei direito e você já está me infernizando.

— Você precisa se arrumar, logo.

Desde dia que ela começou a frequentar a minha casa, ela sempre me acorda de surpresa com alguma ideia louca para gente passar o dia juntos.

— Tudo bem, só espera eu me arrumar.

Os meus pais estão felizes que finalmente alguém da minha idade estava frequentando a minha casa, eles estavam preocupados que eu não tivesse fazendo novos amigos e já peguei umas duas vezes a minha mãe ligando para o meu antigo psicólogo pedindo conselho para ver o que deveria fazer comigo.

Quando eu desci na sala, minha mãe e Roberta já estavam naquela conversar super amigável que elas tem uma com outra, tem hora que eu tenha medo que elas estejam planejando alguma coisa pelas minhas costas.

Mas do jeito que conheço a minha mãe, ela deve estar tendo aquela conversar de como eu sou pessoa delicado e insensível para o mundo.

— Onde nós vamos hoje?

— Você vai adorar.

— Já arrumei suas coisas dentro da mochila meu filho, eu espero que você se divirta muito.

— Obrigado mãe.

— Qualquer coisa ligue para mim.

— Pode deixar. Te amo mãe.

— Também te amo.

Entrei no carro do pai da Roberta.

— Sua mãe é super legal, ela é como uma super mãe.

“Quando entrei naquele carro, nunca pensei que no que aconteceria naquela tarde, o universo parecia estar conspirando naquele momento, aquele instante que as coisas mudariam para mim”

— Você não vai entrar não, a agua está gostosa?

— Eu não sei nadar.

— É só entrar na parte mais rasa.

— Não vai que você tenta me puxar para fundo.

— Vem Henrique para de ser bobo.

Por alguns minutos fiquei pensando se deveria entrar na piscina, eu não queria falar para ela, que eu tenho medo de nadar, cheguei perto da borda da piscina e fiquei um tempo olhando para agua.

— Vai entrar ou não?

— Não sei.

— Para de ser bobo, sua mãe falou que você tem medo de nadar, mas pode ficar calmo que nada vai acontecer com você prometo segurar você.

— Tudo bem.

Entrei na parte mais rasa da piscina e ela ficou me segurando, eu tentava ficar calmo, estava muito agitado.

— Ei tudo bem?

— Sim.

— E ai você tá vivo?

— Parece que sim.

“ Deite em um canto afastado da piscina e fiquei ali um tempo ouvindo música, eu queria ficar sozinho um pouco e pensar em tudo o que estava acontecendo, foi quando ele apareceu de repente”

— O que você está ouvindo?

Eu tirei o fone e disse educadamente:

— Você disse alguma coisa?

— O que você está escutando?

— Legião Urbana.

— Legal, eu gosto de Legião Urbana, umas das melhores bandas brasileiro.

— Verdade, eu amo Legião Urbana.

— Eu sou Lucas, sou primo da Roberta. Você deve ser o novo namoradinho dela?

— Não, sou amigo dela.

— Eu achei que você estava namorando, estavam muito juntos na piscina.

— Eu não sei nadar.

Ele deu uma risadinha, não sei porque, mas aquele sorriso dele pareceu tão encantado por alguns minutos.

— Por que eu não mostro a chácara para você. Você gosta de cavalos, os meus pais gostam de criar cavalos.

— Eu nunca andei de cavalo.

— Vamos lá, eu te mostro.

“ Cada passo que ele dava parecia que eu estava sendo atraído por ele, toda vez que ele puxava a minha mão, eu senti alguma coisa que não conseguia controlar, um choque passava pelo meu corpo.”

— Pode chegar perto.

— Acho que eu estou seguro aqui, nunca cheguei tão perto de cavalo.

— Só fazer um carinho nele e nada mais.

Ele puxou para mais perto do cavalo e segurou a minha mão para passar a mão no cavalo, a mão dele é quente e macia, eu senti algo percorrer por todo meu corpo com um simples toque.

— Não morreu cowboy, você ainda está vivo?

— Parece que sim.

— Ele é tão macio.

— São orgulhos do meu pais, eles tratam bem os cavalos.

— Acho melhor a gente voltar, antes que alguém perceba que sumimos.

— Vamos então, daqui pouco minha prima vem correndo desesperada atrás de você.

— Do jeito que ela é. Capaz de chamar o exército.

— Bem a cara dela.

A caminhada até de volta parecia uma tortura sabendo que ele estava ali ao meu lado, eu não queria voltar, queria ter ficado mais um pouco com ele, quando voltamos para onde todos estavam Roberta já veio correndo na minha direção perguntando onde estávamos.

— Eu levei seu namoradinho para ver os cavalos.

— Ele não é meu namorado.

— Não estava parecendo.

— Lucas, eu vou te molhar todos.

— Vocês parem com essa briga.

Roberta me molhou.

— Droga Roberta.

— Desculpa, foi sem querer.

— Você é má.

Eu não sei como passei a tarde inteira com esses dois, a tia da Roberta, sugeriu que a nós passasse a noite na chácara, eu liguei para mãe perguntando se poderia, e ela disse tudo bem.

“ Deitado no mesmo quarto que o Lucas fiquei pensando no que estava acontecendo comigo, eu nunca tinha sentindo aquilo na minha vida, eu fiquei imaginando tantas coisas que minha mente estava vagando em tanto pensando e tantas, quando ele começou a conversar comigo no meio da noite, não pensei que aconteceria e foi quando aconteceu...”

— Está acordando.

— Sim.

— Você está ouvindo música?

— Não, estou pensando um pouco.

Ele ficou em silencio, e eu fechei os meus olhos e voltei para o meu mundo de fantasia, eu estava lembrando dos meus amigos e quando eu senti saudade um pouco da minha vida anterior, as coisas eram totalmente aqui, quando eu cheguei aqui me sentia um estranho e agora eu estou me sentindo vivo novamente.

No meio da noite, senti alguém deitado do meu lado.

— Eu posso deitar um pouco com você, estou com pouco de frio.

A noite estava um pouco frio, eu não estava com muito frio, eu não sou uma pessoa muito calorenta, minha mãe vive brigando comigo para usar blusa, quando dia está frio.

— Você está quentinho.

Senti um arrepio passar pelo meu corpo, puxei um pouco cobertor achando que era frio, a mesma sensação que eu senti mais cedo estava acontecendo comigo.

— Você é Roberta são muito amigos, achei que você fosse o namorado dela.

— Somos somente amigos.

Virei para pode conversar melhor com ele.

— Você é muito bonito.

Ainda bem que estava escuro, quando ele disse isso para mim, acho que eu corei um pouco.

— Obrigado.

O silêncio de novo, ninguém falava nada, no meio do escuro, os seus olhos pareciam olhos de gato brilhando no escuro, ele passou a mão do meu rosto, a mão dele tão macia, uma sensação de afeto e carinho passava todo em meu corpo.

O rosto dele se aproximou de mim e seus lábios tocaram o meu, me senti um pouco estranho, nunca tinha beijado um homem antes, eu retribuo o beijo.

“Não sei o que dizer sobre aquela noite, eu não estava acreditando no que eu estava fazendo, nunca imaginei na minha vida que eu beijaria um homem, apesar que uma parte mim sempre soube que eu gostava de homem, mas estava lutando para aceita, mas aquela noite, eu queria sentir um pouco livre de tudo o que estava lutando contra, quando eu fui percebi nós estávamos tirando a nossa roupa e...

No dia seguinte quando eu acordei, estava me sentindo como se tivesse tirando um peso da minha costa, Lucas não estava no quarto, eu levantei e fui no banheiro tomar um banho, quando voltei para o quarto ele estava vestindo uma camiseta.

— Acordou cedo?

Ele terminou de vestir a camiseta e veio na minha direção e me encostou na parede e me beijou novamente.

— Bom dia Henrique.

Eu não sei porque eu me sentia um bobo todas as vezes que ele me beijava.

— Bom dia.

Alguém bateu na porta e ele se afastou de mim, Roberta entrou no quarto igual à furação.

— Bom dia Henrique hora de ir tomar café.

Roberta me puxou pelo braço, em direção da cozinha, Lucas olhava enciumado com atitude da prima dele.