Abri os olhos para uma imagem borrada de árvores secas e um céu pálido.

A superfície gelada em que eu me encontrava deitada, me causava calafrios dolorosos por todo o meu corpo.

Pisquei algumas vezes lentamente. Os flocos de neve caiam incessantemente por todo os lados.

Me senti em uma redoma de vidro. Não estava conseguindo respirar direito. Me sentia sufocada.

Abri a boca algumas vezes, numa tentativa de gritar por ajuda mas, o que saiu foi um sussurro indecifrável.

Estava tão frio. Eu queria me levantar, mas não conseguia. Meu corpo parecia não responder aos comandos do meu cérebro.

Eu amo o frio - e tudo que é úmido, nublado ou gelado.

Mas ali, desprotegida, com medo e sozinha, eu sentia falta do céu claro e azul de Los Angeles, e do calor.

Fechei os olhos, tentando convencer minha mente que estava em um lugar lindo e quente. Talvez, uma praia com areia morna debaixo de meus pés e o Sol aquecendo todo o meu corpo.

Sorri minimamente com os olhos fechados.

Não estava mais sentindo o frio quase insuportável, o que não era um bom sinal. Eu precisava de ajuda. Eu não queria morrer em uma estrada qualquer, no frio e sozinha. Quem iria querer isso?

Abri os olhos e ao olhar para cima eu me deparei com o céu azul sem uma nuvem sequer.

Reprimi um soluço e fechei os olhos com força.

Minha garganta ardeu. Meus olhos umedeceram. Senti vontade de chorar sabendo que nada daquilo era real. Eu não estava em uma praia quente, onde tinha um céu claro e azul. Eu estava morrendo. Estava alucinando.

Retornei a abrir meus olhos e, para minha surpresa, o azul continuava ali. Mas não era o céu. Eram olhos expressivos e preocupados. Eram lindos olhos azul celeste.

Pisquei, e de repente, senti o asfalto coberto pela neve, desaparecer debaixo do meu corpo. Senti um latejar forte na cabeça e apaguei com a imagem daqueles olhos cravada em minha mente.