O amor pode te quebrar? escrita por Leh


Capítulo 7
Já foi muito magoada, por isso magoa sem dó


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura❤️



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Tão gata e ao mesmo tempo tão louca

O homem que já teve sua companhia jamais se satisfaz com outra

Troca de roupa mil vezes até decidir a melhor

Já foi muito magoada, por isso magoa sem dó

 

O garoto de cabelos loiros cantava uma música que passava no som de seu carro. Enzo sempre havia gostado de músicas que o lembrassem de algo, momentos ou pessoas, independente do gênero, e algo naquela letra o fazia lembrar da garota que havia conhecido em um festa na qual Bianca o obrigou a ir, e passou a conversar com ela no Facebook. 

 

Pra ter sua companhia só se ela simpatizar

Tem seu carro, tem sua casa, seu dinheiro pra pagar

Tem uma frase que repete, segue que a faz flutuar

Não importa onde estamos, nossa mente é nosso lar

 

Parou de cantar ao perceber que o pneu do carro havia furado. Droga — pensou. 

Agora teria que encontrar uma borracharia ou ir empurrando o carro até em casa. 

Saiu dali em busca de alguém que pudesse dizer onde encontraria uma borracharia por perto, mas as ruas pareciam desertas. Andou por alguns minutos até ver uma cena que o aterrorizou.

Uma garota gritava pedindo socorro enquanto um homem que parecia ter o dobro de sua idade a agarrava. 

Ficou imóvel por alguns segundos, se perguntando o que deveria fazer, mas algo dentro dele dizia que deveria fazer o certo, ele poderia impedir que aquela menina fosse molestada. E foi o que fez. 

Separou aquele homem da menina que chorava desesperadamente, recebendo socos dele. Ele tentava se defender, mas parecia impossível, Gael era muito mais forte que ele. Parou quando viu o homem caído no chão. 

Foi muito rápido, em questão de segundos, viu a garota que havia salvado jogar uma garrafa na cabeça do homem, que caiu no chão, desacordado. 

Rapidamente, foi ver se  ele estava vivo, chegando seu pulso e descobrindo que sim. 

—Você está bem? - perguntou à garota que permanecia em choque. - Podemos denunciá-lo se você quiser. 

—Não. Ele é meu pai. É um monstro, mas eu não posso fazer isso. Bom ou ruim ele ainda é meu pai. - Enzo pensava em como alguém poderia ser tão ruim, ao ponto de tentar estuprar a própria filha. Aquele homem deveria ser um monstro mesmo. 

—Precisa de alguma coisa? Uma água, sei lá? 

—Não. - respondeu. - A propósito, obrigada. 

—Estou procurando uma borracharia, sabe de alguma próxima? -  perguntou, após alguns minutos. - O pneu do meu carro estourou aqui perto. 

—Sim, fica duas ruas daqui. Meu nome é Alice. - a garota disse, e Enzo apenas deu uma leve risada. - Não estou te paquerando, estou dizendo meu nome, não é flertar, é ser educada.

 

—Okay, então. - disse. - Prazer, Enzo.

 

***

 

Algo dentro de Alice dizia que aquele nome deveria significar algo, só não sabia o que.

Mesmo passando horas ouvindo Malu falar sobre um tal de Enzo que havia conhecido na festa em que foram, e que era muito gato e divertido, não se lembrou naquela hora.

—Então, pode me mostrar onde é? -  a garota pareceu acordar de um transe e fez uma cara de quem não estava entendendo nada. - A borracharia.

—Ah, sim, claro, vamos. - disse se atropelando nas palavras e o levando até a borracharia.

Se despediu do garoto, agradeceu novamente e foi pra casa de Malu. Não conseguiria voltar pra casa e ficar sozinha com seu pai, acordado ou desacordado, o medo falava mais alto, e não tinha outro lugar para ir. 

Contou tudo à amiga, chorando em meio às palavras e parando algumas vezes. 

—Não acredito nisso. Lice, pode ficar aqui por quanto tempo quiser, você não vai ficar sozinha com esse monstro nunca mais. - Malu disse, abraçando a amiga. 

—Ele é meu pai, Maria Luiza, não é justo. - Alice gritou, chorando cada vez mais. - Ele bate na minha mãe quase todo dia, e agora tenta... - parou por um tempo tentando dizer aquilo em voz alto. - me estuprar. Não deveria ser assim, que espécie de pai ele é?

Malu olhou para Alice tentando pensar em algo para lhe dizer, mas nada parecia certo. Novamente. Mais uma vez falhou em consolar a melhor amiga. 

 

***

 

O garoto chegou em casa sendo abraçado pela irmã mais nova, de apenas 7 anos, que tinha um pedaço de papel em mãos. 

—Pe, olha o que eu fiz. - disse a garotinha com um sorriso que faria qualquer um se derreter. - Sou eu, você, a mamãe e o papai. 

—Você não deveria ficar desenhando o papai, ele não merece isso, entendeu? Você tem a mim e a mamãe, não precisa desse homem. - Pedro falou entristecendo a irmã. 

—Pedro, já te falei para não implicar com a sua irmã. - disse Vivian, mãe do garoto. - são só desenhos, não a culpe por querer uma família. 

—Ela tem uma família, eu e você. - disse, pegando Isabella no colo. - Você tem uma família, ouviu, Isa? Uma família que te ama muito. 

—Mas eu tenho um pai, Pe. Ele só está viajando por um tempo, ele vai voltar, eu sei disso. 

O pai deles sumiu no mundo assim que descobriu que sua filha havia nascido com síndrome de down. A síndrome da garota não era tão avançada e com o tempo foi aprendendo coisas que outras crianças na sua condição não conseguiam, mas mesmo assim tinha suas dificuldades. 

—Vou tomar um banho, okay? - disse, colocando a irmã no chão e subindo as escadas. 

Quando terminou o banho, se jogou em sua cama e ficou olhando para o teto, pensando em seu pai, onde ele estava e se havia algo errada com ele próprio, afinal, o havia abandonado também. 

Foi tirado de seus pensamentos, quando ouviu um grito vindo do lado de fora, provavelmente da casa de Malu, que era sua vizinha. Quando olhou pela janela, viu a garota abraçada a Alice, que chorava muito. 

Pedro pegou seu celular e discou o número de Marina, que após alguns segundos atendeu. 

—Você não quer que te achem covarde por não ter cumprido um desafio, é isso? - disse. - Pois bem, te desafio a pedir desculpas à Alice amanhã. - dizendo isso, o garoto desligou, deixando Marina em choque.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, comentem e continuem acompanhando❤️



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