Mesmo com o sol batendo em sua cara, a garota de cabelos castanhos, que já foram loiros, ruivos e até mesmo rosa, continuava deitada em sua cama, se recusando a levantar e viver mais um dia entediante na sua escola.

Aguenta Malu, falta pouco, logo estará livre da escola. Repetiu tanto aquela frase nos últimos meses que ela estava até perdendo o sentindo. 

Depois de vários gritos de sua mãe, Maria Luiza se levantou e começou a se arrumar. Pelo menos não estaria sozinha, sua melhor amiga, Alice, sofreria junto com ela. 

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Alice:

Malu?

Por favor não esteja dormindo 

Não estou

Gostaria muito de estar, porém minha mãe não colabora

Bem, tenho uma novidade que você vai amar 

Vai ter uma festa hoje a noite na casa de uma menina no segundo ano 

Não me lembro do nome dela, mas acho que começa com L

Alice e sua terrível mania de não se lembrar de nada.

Não devíamos ir em uma festa de uma desconhecida 

Sério? 

Não seja chata Maria Luiza 

Desde quando deixamos de fazer algo porque não devemos? 

                                ***

   Ele realmente não deveria estar ali. Deveria estar em sua cama, assistindo alguma série, rindo de How I Met Your Mother, ou chorando por Grey’s Anatomy. Não importa, qualquer lugar seria melhor que aquele. 

Qual a graça em festas? É apenas um lugar fechado, onde pessoas bebem demais, beijam desconhecidos, transam com desconhecidos (esse tinha sido seu maior erro), e se arrependem no dia seguinte (Enzo sabia perfeitamente disso). 

Que droga, Bianca. Como me convenceu a vir até aqui? O garoto resmungava internamente. Ele mataria a amiga no dia seguinte, como ela tinha convencido ele a vir até aquele fim de mundo, pra largá-lo em um canto e ir se pegar com um garoto qualquer. Ou garota. 

O garoto estava pronto pra ir embora quando esbarrou em uma garota totalmente bebada, com um vestido curto e um decote grande até demais.

—Olá estranho, como se chama? 

—Não vou te dizer meu nome, você pode ser uma assassina. - A morena revirou os olhos com o comentário do garoto super lindo de olhos azuis e cabelos loiros à sua frente.

—Não sou uma assassina, sou apenas uma garota bebada em uma festa tentando ser simpática com um cara que está totalmente deslocado. - O garoto riu.

—Por que acha que estou deslocado?

—Porque está bebendo refrigerante em uma festa de adolescentes. - disse olhando o copo na mão do rapaz.

—Coisas ruins acontecem quando bebemos. - ele não gostava de pensar naquilo, não era saudável, não era bom. Mas não podia evitar, o garoto estava quebrado e não podia fazer nada a respeito. 

É louco não é? Malu se quebrará por amor, ele se quebrou por causa de álcool. 

—Coisas ruins acontecem todos os dias. - Malu disse antes de pegar uma garrafa qualquer que viu pela frente e beber. - Quer saber? Estou cansada de ficar esperando por um homem, talvez eu vire lésbica, quero dizer, todos os homens são babacas, acha que mulheres são melhores pra se relacionar? 

—Acho que existem mulheres ruins assim como existem homens ruins, mas também existem pessoas boas, pessoas que valem a pena. Não desista do amor, sua alma gêmea pode estar ao seu lado e você não está vendo. - Enzo disse entediado, sempre fora bom com as palavras, mas nunca em seguir seus próprios conselhos. 

—Talvez você seja minha alma gêmea. - Malu disse rindo e logo depois pegou na mão do rapaz, o puxando para a pista de dança. - Vem, vamos dançar, talvez assim se sinta menos deslocado. 

E eles dançaram a noite toda. Músicas de todos os tipos, agitadas e divertidas como Malu, ou calmas e românticas como Enzo. 

Na hora de ir embora, Enzo a acompanhou até sua casa, passaram o caminho todo conversando sobre assuntos banais, a especialidade da garota de olhos verdes. 

—Chegamos. - ela disse, se despedindo do garoto com um beijo na bochecha. 

—Enzo. Meu nome. Enzo Garcia. - o garoto disse quando viu Malu abrir a porta, pronta pra entrar. 

—Talvez te procure no Facebook, se eu lembrar de você. Sabe como é né? Bebi demais. 

—Espero que se lembre. - Enzo disse. A menina deu um sorriso e entrou dentro de casa, enquanto ele ia embora, torcendo para que ela se lembrasse dele no dia seguinte.