Lágrimas de Fogo escrita por TopsyKreets


Capítulo 1
The Burger King Battle




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Lágrimas de Fogo

 

Irredutível, Star estava de tocaia nos arbustos em frente ao Burger King local há mais de três dias. Tempo o bastante para Marco se entediar e tentar convence-la a ir embora. Contudo, ela estava decidida. Ficaria até encontrar Tom e descobrir quem era a nova namorada dele.

 

Era um trabalho de espionagem de alta classe. Star temia por olheiras, noites mal dormidas e perda de parte da sanidade; ainda assim, se você perguntasse, ela diria que valeria a pena.

— Como você pode ter tanta certeza que ele vai aparecer aqui com ela? – Perguntou Marco.

— Eu tenho minhas fontes – Ela respondeu, com um largo sorriso no rosto.

 

Um sorriso muito, muito largo e destorcido. Para Marco, já era indício da perda de sanidade, ou do excesso de cafeína que ela estava ingerindo para se manter acordada, durante a vigia.

— E isso significa...?

— Que eu instalei uma escuta em um dos molares do Tom.

Só por segurança.

— Você fez o que?!

 

Ela gargalhou e deu de ombros.

— Ele estava dormindo, não pareceu se importar.

Não que eu não tenha instalado um em você também.

Só que no seu caso, instalei um GPS também.

 

Marco parou um segundo, respirou fundo e tentou não surtar com a informação, mas Star não estava facilitando.

— Tem uma escuta.... E um GPS instalados no meu corpo?!

— Claro – Afirmou Star.

Você é meu namorado, pelo amor de Deus.

Tenho que te monitorar. Saber se você está bem, ver qual tipo de pornografia você está pesquisando na internet. Essas coisas.

 

....

 

— Não sei se quero mais namorar com você – Ele disse, com um tom de voz fúnebre.

— Opa, eles chegaram. Finalmente.

Se abaixa!

 

A princesa agarrou o namorado e o lançou para dentro dos arbustos bem na hora em que Tom chegara com seu novo amor.

O demônio estava bem arrumado, de camisa branca, colete e gravata pretos, além dos chifres polidos e devidamente afiados.

 

Alinhado, elegante e maliciosamente assustador, como sempre.

A “namorada”, por outro lado, estava se escondendo com ajuda de um manto negro.

 

Seja quem quer que fosse, estava claro que queria manter a identidade oculta, a todo custo.

— Pode ser a Janna – Sugeriu Marco.

— Não, já chequei. Mas ela queria que fosse.

— Hekapoo?

— Sem chance.

— Starfan, talvez. Jackie?

— Nem pensar. Ele tem bom gosto.

 

Marco já tinha namorado com a Jackie – e a princesa sabia claramente – mas preferiu deixar essa passar.

— Por que você simplesmente não pergunta pra ele? Seria bem mais fácil....

— Amor, eu sou uma princesa. Nasci na realeza. Eu não preciso perguntar pra saber como cuidar dos meu súditos, amigos e....

— Ah, entendi – Interrompeu o rapaz – Você já perguntou. Mas ele não te contou.

E isso está te consumindo, né?

 

A princesa deu um longo suspiro. Odiava quando o namorado acertava.

E isso acontecia quase que diariamente.

— Sou tão transparente assim?

 

Marco coçou o queixo antes de continuar a conversa. Ainda tinha uma opção viável, ainda que pouco provável – mas terrivelmente imaginável.

— Pode ser a Eclipsa.

 

....

 

Não precisou dizer mais nada para que Star se pusesse de pé e arrastasse Marco consigo para a entrada do Burger King.

— Espera, Star! A gente não pode simplesmente invadir e atrapalhar o encontro deles!

— Claro que podemos! Todo mundo sabe que, se é amigo meu, namorado (ou ex), você perde direito à privacidade!

A gente vai, e vai AGORA!!!!!

 

....

 

E assim, o casal invadiu a lanchonete, com a princesa gentilmente derrubando a porta com um chute.

Os funcionários do estabelecimento bem que tentaram impedi-la de entrar.

Em parte, pela porta destruída, em parte, pela sujeira que ambos apresentavam.

 

É sério, os dois estava um lixo.

 

No entanto, dada a experiências anteriores, havia uma regra no Burger King que dizia:

“Não mexa com a loira maluca que carrega uma varinha mágica”.

 

Com isso, eles não tiveram dificuldades de alcançarem o segundo andar do estabelecimento, o qual estava reservado previamente apenas para um casal.

 

....

 

No instante em que viu Star chegando, Tom cuspiu o refrigerante da boca e se deixou tomar por puro pânico.

Sua acompanhante não se comportou de firma diferente, cobrindo o rosto com seu manto.

 

O demônio se levantou e colocou-se à frente da namorada e do casal, quase como uma muralha humana.

— Star! Marco! Que.... Surpresa, ver vocês aqui, hoje – Gaguejou Tom, afrouxando o nó da gravata de seda.

— Sabe como é? A gente estava por aí, escondidos nos arbustos, sem fazer nada....

De repente (quase que ao acaso), vimos vocês dois entrando e pensamos:

“Por que não ir lá dar um oi”?

— Então, tá – Interrompeu o príncipe do Submundo – Agora já podem ir. Agradecemos a visita.

Vão pela sombra, não se esqueçam de ligar....

 

 

Ele tentou sutilmente lava-los até a saída, mas Star se virou, empurrou Tom na direção de Marco e se sentou à frente da misteriosa jovem.

 

A garota, na presença da princesa de Mewni, se encolheu ainda mais e abaixou a cabeça, deixando que seu mato negro cobrisse o rosto por completo.

— Olha, só quero dizer que não tenho nada a ver com isso – Disse Marco, para Tom.

— Eu sei – Ela respondeu – Devia ter desconfiado quando ela reativou a escuta no meu molar.

— Você sabia da escuta?!

— Ué, você não?

 

....

 

Star e Marco estavam cobertos de grama, terra e o que pareciam ser manchas de café, mas ainda assim a princesa emanava uma atmosfera de ódio e curiosidade profunda em cima da namorada de Tom, que já estava sem saídas para recuar.

— Será que você pode, por gentileza tirar o véu, querida? – Indagou Star.

Ainda de cabeça baixa, a jovem apenas sussurrava num tom quase inaudível.

— Acho melhor não....

— Só quero ver o seu rosto.

Depois eu e meu namorado vamos embora, prometo.

— Não é uma boa ideia – Comentou Tom.

Star virou-se para os dois rapazes e piscou.

— Nunca é.

 

Aproveitando-se do momento, ela puxou as vestes da moça, revelando seu rosto para todos.

Em seguida, perdeu a voz – coisa que poucas pessoas conseguiam fazer com a princesae futura rainha de Mewni.

 

....

 

Não era Janna.

 Não era Starfan. Jackie, ou mesmo Eclipsa.

 

 

 Debaixo do manto, surgiu uma segunda Star Buterfly.

 

 

Esta segunda Star (ao qual apelidaremos graciosamente de Star2, para facilitar a vida do escritor) estava bem arrumada, com um vestido longo e vermelho, maquiagem escura e cabelo configurado num coque.

 

Muito bem trajada para uma lanchonete, mas fazendo um enorme contraste à primeira Star (nossa Star), que estava desgrenhada e imunda.

— Huuummmmm.... Surpresa? – Disse Star2.

 

....

 

Ahá!

Você não esperava por essa, leitor(a)!

 

Os quatro se sentaram e Tom começou a contar.

Star mal piscava. Marco não tirava os olhos de cima de Star2.

Star2 estava corada, tentando esconder a vergonha da descoberta através de pequenas mordidas em seu enorme hambúrguer.

 

O jovem demônio passou a mão pelo rosto, antes de começar.

— Eu te amo, Star.

 

A princesa olhou para sua “clone”, e depois de volta para Tom.

— Percebi.

— Enfim.... Você me deu um fora. Não superei.

Daí eu pensei: “Espera, não existe apenas uma Star Buterfly”.

“Existe um universo (literalmente) delas, por aí”.

Então, pedi um favor da Hekapoo e ela me levou num universo paralelo.

Um que você estava solteira e..... Aconteceu.

— Você decidiu namorar com uma versão MINHA do universo alternativo?!

— Colocando dessa forma, faz soar estranho....

— E é estranho! – Disse Marco – Até para os nossos padrões. Isso é ao menos legal? Quero dizer, não vai trazer nenhuma consequência futura bizarra?

— Não que eu saiba – Respondeu o demônio, com um perceptível tom de dúvida na fala.

 

....

 

Star2 largou o sanduíche, ainda na metade.

Limpou o rosto com um guardanapo e decidiu entrar na conversa.

 

Já era hora de ouvirem o seu lado na história.

— Sei que parece esquisito. E não digo que não seja.

Mas no meu mundo, o Tom me deu um fora.

Aí, quando esse “segundo” Tom apareceu, tive que aproveitar a oportunidade!

Eu sou apaixonada por ele, de coração!!!

— E eu por ela – Completou Tom – A gente se dá muito bem.

Até bem demais....

 

Eles fizeram um olhar malicioso um para o outro, que já dizia muita coisa, na verdade.

— Espera, não existe uma versão minha no seu universo? – Perguntou Marco.

— Não que eu saiba – Respondeu Star2.

 

Ele continuaria as perguntas (estava realmente interessado no assunto), mas Star deu um soco na mesa e todos se calaram.

Séria, ela se levantou e apontou para a segunda princesa de Mewni.

— Há quanto tempo isso vem acontecendo?

 

Star2 precisou de um segundo para refletir o assunto.

 

— Uns dois meses, creio eu.

— Tempo demais. Você tem que ir embora. Agora.

— Não! – Gritou Tom.

Ela tem que ficar! Ela me ama!

Se você não pode aceitar isso, Star, pode ir se ferrar!

— Você não entende, Tom! Ela está fora tempo demais! Ela tem que voltar, já!

— E pra que eu vou voltar?! – Berrou Star2, em tom de fúria.

Pra ficar sem o Tom? Sem amor?

E fazer o que? Namorar com um qualquer?

Fala sério, você pode ser parecida comigo, mas seu namorado humano é patético!

— Wow! – Disse Marco – Qual o problema comigo?

 

A segunda princesa balançou a cabeça.

— Você não é ninguém. Não é rico, não tem um exército.

Sabe fazer milk-shake de chocolate?

— Só de baunilha.

— Vu só? Patético.

— Melhor retirar o que disse – Grunhiu Star – Ou vai se arrepender....

— É mesmo? – Respondeu Star2 – Como?

 

Nesse tom provocativo, a princesa do universo alternativo jogou batatas fritas em Star.

Em resposta, nossa princesa fez o mesmo.

Começaram com batatas.

Hambúrgueres.

milk-shakes.

 

Em seguida, sacaram suas varinhas e uma terrível batalha no Burger King teve início.

 

Quando elas começaram a lançar raios e filhotes de gatos uma na outra, os rapazes acharam prudente se esconderem debaixo de uma das mesas.

— Isso descaralhou muito rápido! – Comentou Tom.

— Pode crer! – Concordou Marco – E o que a gente faz?

— Não sei, saímos de fininho e deixamos as duas se matarem?

— Não!

— Achei que você não ia topar....

 

Star2 á estava prestes a lançar um novo feitiço para lançamento de filhotes de gatos quando, de repente, decidiu parar.

— Podemos fazer isso o dia todo, princesa! – Ela disse – Mas nada vai me fazer ir embora! Eu AMO o Tom! Mais do que você jamais amou! E não vou embora! Nunca!

NUNCA!!!!!!!!!!

 

....

 

Em seguida, desmaiou.

 

Os tiros e os gatinhos voadores cessaram.

Star, Tom e Marco correram até a segunda princesa.

Ela estava entrando em choque. Convulsões.

 

Os rapazes se horrorizaram quando viram um filete de sangue frio escorrer da boca de Star2.

— Não, não, NÃO! ­– Gritou Tom, em desespero.

O que está acontecendo?!?!?!?!

— Tentei avisar –  Disse Star.

Ela está morrendo.

 


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