Rafael P.O.V

Me pergunto se ele se resolveu com a Andressa... estou realmente curioso. Ele estava conversando com duas meninas, eu senti que deveria eu mesmo ir falar alguma coisa com ele.

— Já volto. – Eu disse para o Pedro

Não pensei nem no que eu falaria, apenas me levantei e fui na direção do Luan.

— Oi Luan! – Falei tentando parecer não estar nervoso.

— Fala Rafic, já faz um tempo. – Disse Luan

— Depois a gente conversa mais. – Disse uma das garotas.

Elas enfim saíram. Ô glória.

— Por que você faltou esses últimos dias? – Ele perguntou

— Não estava me sentindo muito bem, mas pelo menos estou de volta. – Falei sorrindo.

— Que bom. – Ele disse.

— Se não for problema... será que você poderia me ajudar a pegar as matérias? – Eu pedi envergonhado. Tentei desviar o olhar. – Sou meio lerdo e ainda não peguei toda a matéria.

— Claro, se, problema cara. – Disse Luan

— Beleza, então a gente pode marcar direito depois. – Eu falei tentando esconder a felicidade.

— Perfeito, então nos falamos depois. – Ele disse saindo para ir falar com outros colegas.

Voltei a me sentar na minha cadeira sem acreditar no quão fácil foi.

— Foi falar com aquele cara de novo? – Pedro me perguntou

— Foi só um negócio. – Eu disse, logo em seguida bocejei de sono.

— Rafa eu comecei a jogar aquele jogo que você me recomendou. Inclusive comprei um novo. – Pedro disse

— Que foda, depois a gente marca de jogar.

— Ainda não sei onde é sua casa, você tem que me falar onde fica cara.

— Depois, estou com preguiça agora.

— Pô, fala aí. – Ele disse pegando

— Tá bom. Mas não é para ficar aparecendo lá quando te der e vier. – Falei

Espero que eu não me arrependa disso mais tarde.

Fim do Rafael P.O.V

Eu peguei minha mochila, eu e Thomas corremos para fora da sala de aula. Eu já sabia que iriamos cabular aula, sabia que iria dar ruim para a gente, sabia que iria dar ruim para elas também pelas brigas. Mas também sabia que era a oportunidade perfeita de dizer logo para ele e acabar logo com isso...

Começamos a correr entre os corredores para sair da escola. Ficou ruim pelo porteiro ter nos visto e chamado a nossa atenção, mesmo assim ignoramos e continuamos a correr.

Foi tão divertido, eu nunca tinha feito algo assim antes.

Quando nos afastamos um pouco da escola, paramos para respirar.

— Thomas, por que você fez isso? Podemos acabar sendo punidos depois. – Eu disse, enquanto respirava ofegantemente.

— Eu não sei. Só fiz. – Thomas respondeu

— Talvez seja melhor voltar... – Eu disse preocupada.

— Voltar para quê? Eles vão ferrar com suas amigas, se você ficasse iria se ferrar também. – Thomas disse

— Vou me ferrar por ter fugido da escola também. Nós dois vamos, e você viu que nos viram fugindo.

— Deixa de ser besta.  Já que estamos aqui vamos cabular.

— Tá bom senhor sabe tudo, e vamos para onde até a aula acabar? – Perguntei

— Não sei. – Thomas respondeu brevemente

Ficamos em silêncio por alguns segundos. Eu não fazia ideia do que dizer, nem ideia de onde ir. Na verdade eu nem estava acreditando que tudo isso está acontecendo. Me pergunto o que está acontecendo com as garotas lá na escola.

— Quer ir comer alguma coisa? – Ele perguntou

Não estava conseguindo olhar nos olhos dele. Mordi os lábios e apenas segui o clima.

— Vamos. Tem um lugar que eu gostaria de ir com você. – Eu disse

 Apenas comecei a caminhar e ele veio atrás de mim. Muitos pensamentos vieram em minha mente. “Será que eu deveria dizer hoje?“, “Como ele vai reagir?”, “Vai me achar uma idiota.”, coisas assim.

Durante o caminho inteiro falamos poucas palavras. Eu o queria levar até aquela cafeteria com vibe francesa que eu sempre esqueço o nome.

Ao chegarmos, foi refrescante sentir o ar-condicionado de dentro após essa caminhada no sol quente.

— Você já veio aqui? – Eu perguntei

— Não. – Ele respondeu de forma seca.

Vendo a expressão séria que ele estava, acho que não deve ter gostado muito do lugar. Estou começando a me arrepender de não ter ficado na escola.

— Eu vim aqui algumas vezes, esse lugar é incrível. Eu gosto muito do cappuccino gelado. – Falei, enquanto procurava um lugar para sentar.

Avistei o lugar perto do vidro da vitrine, o mesmo que havia sentado na primeira vez em que vim.

— Vamos sentar ali. – Eu apontei.

Ele não respondeu e apenas me seguiu até lá.

— Vamos pedir o que então? – Ele me perguntou, olhando o cardápio.

— Não aguento, preciso pedir um capu gelado. Experimenta também, se você nunca provou vai gostar.

— Pode ser então. Nunca tomei.

Acenei para a garçonete vir anotar os pedidos.

— Dois cappuccinos gelados por favor. – Eu disse

— Certo, vocês estão com sorte. Hoje estamos com promoção para casais, vamos fazer um preço bem mais em conta. – A garçonete disse sorrindo.

— Ai meu Deus. Ela acha que somos um casal? – Pensei

Olhei envergonhada para o Thomas, ele também parecia estar sem ter o que dizer. Mas apenas sorriu.

— Vamos querer essa promoção então. – Ele disse

— Certo, já vou trazer para vocês, aguardem só um pouquinho. – A garçonete disse, logo em seguida se virando de costas para ir buscar.

Antes que eu pudesse dizer alguma coisa ele me cortou.

— É uma promoção. Pegar ou largar. – Disse Thomas

— Claro... imaginei.

Thomas estava na minha frente, mas parecia estar tão distante. Olhando para fora. Eu estava na frente dele, eu queria que ele prestasse atenção apenas em mim. A coragem que eu estava de me confessar para ele, estava aos poucos desaparecendo.

— Parece que está começando a chover. – Disse Thomas sem tirar os olhos do vidro.

Olhei para fora, pingos fracos de chuva começaram a cair. Embora o sol ainda estava ali, brilhando.

— Pois é. Talvez assim refresque um pouco desse calor todo. – Falei, admirando a paisagem.

— Aqui está o pedido de vocês. – A garçonete disse, trazendo dois copos grandes de cappuccino gelado. Eles estavam lindamente enfeitados com chantilly no topo.

— Eu adoro esse lugar. – Eu falei olhando para o copo que estava logo na minha frente.

— O canudo é meio diferente, né? – Ele disse.

O canudo na ponta de baixo era diferente, ele tinha um formato de colher, um canudo mexedor.

— Sim, que massa. – Falei, enfiando o canudo dentro do copo e começando a tomar.

Me senti nas nuvens por alguns minutos enquanto tomava.

— Caralho! Isso aqui é incrível. – Thomas disse após dar uma golada.

— Não é? Haha, tudo que eu provei desse lugar é bom. Da vontade de morar aqui. – Falei rindo

Ele riu também.

— O que aconteceu que deu aquela treta toda lá na sala? – Ele perguntou

— Meio complicada essa história. É porque a Lanna, aquela que entrou na sala nos odeia. Na verdade odeia a Nádia para ser mais direta. – Falei, tentando explicar.

— Entendi. Acha que vai dar merda com elas?

— Eu não sei, mas espero que não. Se der merda com elas vai dar com a gente também. – Falei, dei uma pausa para tomar mais. – Mas sinceramente, está sendo bem divertido cabular a aula de hoje.

Olhamos para fora e a chuva pareceu ter apertado mais.

— Não trouxe guarda-chuva. – Eu disse, enquanto observava a chuva ficando mais forte.

— Nem eu. – Thomas disse

Voltei a olhar para o meu copo, já havia tomado mais da metade. Ficamos em silêncio por alguns segundo, me pergunto se esse é o momento certo...

— Sem querer me intrometer nas suas coisas. Mas você traz qualquer um para cá? – Thomas perguntou

— Qualquer um? Como assim? – Perguntei sem entender

— Uma vez eu passei por aqui e vi você com aquele cara lá.

Já tinha esquecido completamente daquilo. Não consegui pensar em outra coisa a não ser esclarecer aquilo.

— Foi a primeira vez que eu vim aqui. Ele me apresentou a esse lugar. Depois eu sempre voltei aqui sozinha. – Eu respondi, disfarcei que estava ficando nervosa e voltei a tomar.

— Você gosta daquele cara? – Ouvi Thomas perguntar e quase me engasguei.