Guilda Do Alvorecer: O Reino Caído escrita por Mandy, TenshiAkumaNoLink


Capítulo 20
Capítulo 19 - Lágrimas Do Passado - Goro




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Já faz um mês desde o exame, e embora as coisas estejam calmas, minha vida passou a ser ainda mais agitada, não que isso fosse um problema, pelo contrário, era muito bom, agora eu era um dos guardiões da base, uma das pessoas responsáveis por manter a proteção do local, bem como a segurança daqueles que nele habitavam, pelas manhãs eu treinava com meus colegas de aliança, entre o horário de almoço trabalhava na taverna e a tarde fazia minha ronda pelo território, e geralmente a noite eu descanso para o dia seguinte, contudo, nesta noite era diferente, hoje eu me reuniria com as pessoas da guilda que estão a par de remover minha maldição, e embora já tenhamos feito várias sessões, por alguma razão eu não consigo sentir algum progresso, enquanto me perguntava se minha maldição podia de fato ser quebrada, eu prosseguia até a sala, contudo ao chegar, somente Alice estava presente, então lhe olhei e disse:

— Boa noite Alice, sozinha hoje? - Perguntei.

— Ah, sim. Por enquanto sim. Lorelai e Samuel estão ocupados com uma série de acordos comerciais com mercadores na região a Aisha está em seu turno na biblioteca. - Explicou ela, enquanto lia algo em algum pergaminho. - Um dos exploradores é especialista em maldições e retornou para a base recentemente. Pedi para Volken designá-lo para esse trabalho também, e ele acabou concordando. Ele já deveria ter chegado… 

— Olá, perdão pelo atraso. - Nesse momento entrou na sala um simpático rapaz, de pele clara, e cabelos e olhos castanhos, carregando uma enorme pilha de livros com dificuldade. 

— Olá Aldrah. Deixe que eu o ajudo. - Disse a pequena Alice, pegando os livros de cima da pilha que ele carregava. 

— Obrigado Alice. - Após largar a pilha na mesa, voltou-se para mim e apertou minha mão. - Você deve ser Goro. É um prazer conhecê-lo, me chamo Aldrah, e venho de Yarzeth. 

— Muito prazer Aldrah, se vem de Yarzeth, provavelmente deve conhecer o Caneco dos Gigantes, minha humilde taverna. - Falei entusiasmado. - Fico feliz por vir até aqui para me ajudar a romper a maldição.

— Espera… você é o taverneiro de lá? Eu sabia que o seu rosto me era familiar. Meus pais iam ao menos uma vez por estação lá para uma refeição em família. Mas enfim… Alice me falou do seu caso, e andei pesquisando sobre isso, mas queria fazer algumas perguntas primeiro. Qual foi o motivo para lançarem a magia? Algum tipo de punição pela lei local, rancor, ou você mexeu com algum item amaldiçoado? 

— Bom, acredito que um dos motivos possa ter sido por conta de eu ter algum conhecimento sobre o reino de Eltharia que os governantes temiam que vazasse, talvez inveja por conta de minha antiga posição no reino, mas nenhum item amaldiçoado ou punição pela lei. - Respondi.

— Essa maldição tem algum outro efeito colateral além do encolhimento? - Perguntou Aldrah, anotando tudo o que eu dizia. - Não faz muito sentido te banirem se você tem informações, você poderia simplesmente espalhar elas por aí.

— Grande parte de minhas memórias foi apagada no processo, tudo o que me restam são recordações dos últimos 50 anos, e alguns fragmentos turvos de memória. - Comentei. - Acredito que essas informações estejam perdidas nisso tudo.

— Como Alice conseguiu acessar as memórias? Quero dizer, se foi apagado… 

— São só fragmentos confusos. - Explicou ela. - Por conta disso, foi bem mais difícil analisar, mas achei o que procurava. 

— Entendo. Encolhimento, perda de memória… Não acho que exista uma maldição para as duas coisas, devem ter sido mais de uma coisa. 

— Poderiam ter transferido a memória dele para algum receptáculo? - Sugeriu a pequena Alice.  

— É a coisa mais provável. - Concordou Aldrah. - Se for isso, a única forma dele se lembrar de tudo é encontrando o receptáculo para um mago recolocar as lembranças dele. 

— Como ele é um ser que vive muito tempo, faz sentido ele ter ficado com resquícios de memória, pois é mais difícil para qualquer mago fazer uma limpeza total na memória de uma pessoa com memórias demais. - Observou a garota, se sentando diante da mesa e pegando um dos livros trazidos por Aldrah. - Magia de sangue para veteranos? - Perguntou ela, mostrando a capa para Aldrah. 

— Você disse que achava que se tratava de algum tipo de magia de sangue, então achei que pudesse servir. Não cheguei a terminar a parte das maldições. 

— Parece que minha maldição é bem complexa de ser removida. - Falei em tom de desânimo.

— Há alguns meios de quebrar uma magia de sangue: Matar o lançador, caso ele tiver pagado a magia com o próprio sangue; feitiços de remover maldição; com o próprio lançador ou a pessoa que teve o sangue usado na magia quebrando a maldição; recuperar o que foi usado para vincular a maldição a você. Além disso, algumas magias sagradas de nível avançado usadas apenas por templários responsáveis pelas escolas e prisões de magia também podem servir em alguns casos. - Explicou Aldrah, sério. - Tendo isso em mente, acho que deveríamos estabelecer um plano de ação. Alice, o que você acha? 

— Goro, você se importaria se eu tentasse entrar na sua mente outra vez? Na outra vez fui meio brusca, mas posso ser mais cuidadosa nas próximas vezes, então não deve doer tanto. Se você concordar, eu acho que poderia analisar as lembranças que ainda estão pra tentar descobrir algo útil sobre o lançador. Se descobrirmos quem ele é, poderemos talvez descobrir como anular a magia e encontrar o receptáculo pro qual a sua memória foi passada. 

— Claro, sem problemas, estou pronto. - Respondi assentindo.

— Sendo assim, eu irei continuar pesquisando maldições que possam causar encolhimento e também irei contatar a Torre de Mytra pra ver se algum dos templários pode nos ajudar. - Falou Aldrah. - Vocês deveriam fazer isso em um lugar onde ele possa ficar confortável e sem muito barulho. Talvez Myra permita que vocês usem a clínica para isso. 

— Uma boa ideia, Aldrah. Goro, vamos lá. 

—________________________________________________

Então, como sugerido por Aldrah, eu e Alice fomos até a clínica de Myra para iniciarmos a sessão, ao chegarmos, fomos recebidos por Myra, que perguntou:

— Como posso ajudar? Algum de vocês se machucou ou está doente? 

— Na verdade, precisamos de um lugar calmo para que Alice possa procurar em minhas memórias o possível motivo da existência de minha maldição, e Aldrah nos sugeriu que viéssemos até aqui perguntar se há como usarmos algum quarto vazio. - Expliquei.

Myra olhou para trás e depois para Goro e disse: 

— Não há “quartos”, mas há uma cortina separando os leitos. Terão alguma privacidade, mas volta e meia pode ter algum ruído no ambiente se aparecer algum paciente. Mas hoje as coisas estão tranquilas, não deve ser um problema. Só peço que fiquem mais para o fundo da clínica, se chegar algum paciente em emergência, será melhor termos um leito mais próximo da entrada disponível.  

— Ah, sim. Obrigada Myra. - Agradeceu Alice. 

— Disponha. 

— Venha Goro. 

— Ok. - Respondi assentindo enquanto seguia Alice para o leito mais ao fundo da clínica. - Creio que aqui não iremos incomodar ninguém.

Então deitei-me no leito e lentamente fechei meus olhos, e ao terminar de fechar respirei fundo e relaxei, tudo o que pude ouvir foram algumas palavras sendo murmuradas por Alice num idioma o qual desconhecia, e senti que aos poucos eu voltava no tempo, um tempo muito distante, do qual nem mesmo eu tinha ciência de que o próprio existia, até algo simplesmente surgir em minha cabeça, uma imagem do topo do vale de Eltharia e nessa imagem eu me via sentado numa das bordas do vale, junto de outros dois gigantes, quando um deles começou a falar:

— Hey Goro, até quando você vai ficar sentado aí olhando pro nada? - Disse o gigante de pé de cabelos ruivos. - Seu pai odeia quando você fica na borda do vale olhando pro nada.

— Deixa que do meu pai cuido eu, e além do mais, para um aprendiz de mago, você está muito chato ultimamente Aelderon. - Respondi. - Só vou voltar quando Kageshima quiser voltar.

— Você e a filha do rei, sorte sua que seu pai faz parte do esquadrão de elite do rei, senão sua cabeça já tinha rolado faz tempo. - Falou Aelderon levando um murro na cabeça. - Hey Kageshima, isso dói tá legal?

— Então pare de falar asneiras seu mago estúpido! - Falou Kageshima, a gigante de cabelos prateados e olhos de cristal. - Papai jamais cortaria a cabeça do meu Goro, você só está com inveja do fato do Goro ter a mulher mais bela de Eltharia aos seus pés! - E ela concluiu empinando o nariz.

— Bela!? Você!? Os mastodontes Eltharianos são mais bonitos e simpáticos que você sua ogra agressora de magos. - Falou Aelderon, em tom de deboche, enfurecendo Kageshima. 

— REPETE ISSO QUE VOCÊ FALOU SE VOCÊ TIVER CORAGEM!

— OGRA AGRESSORA DE MAGOS!

— MAGUINHO PUXA-SACO INVEJOSO!

— Hey, hey, se acalmem vocês dois ok? - Falei tentando apartar a briga. - Por que ao invés de ficar discutindo sem sentido, não aproveitam para apreciar o dia lindo que temos no vale de Eltharia hoje?

— Ainda acho que você deveria ir para casa, mas, talvez aproveitar um pouco da borda do vale não seja uma má ideia. - Respondeu Aelderon, sentando-se ao meu lado.

— É, temos que ser muito gratos a grande mãe Eltharia por nos proporcionar um maravilhoso dia! - Disse Kageshima sorrindo.

Então, tudo ficou turvo novamente, quando me dei por conta, Alice estava tentando me acordar, com uma certa preocupação ela me olhou e perguntou:

— GORO! GORO! ACORDA! VOCÊ ESTÁ BEM? 

— Algo deu errado, Alice? - Perguntou uma voz que parecia ser de Myra. 

— E...eu não sei. Ele começou a chorar e me pergunto se eu exagerei ou algo do tipo… 

— Não se preocupe Alice, minhas lágrimas não são de tristeza ou dor, mas sim de saudade, saudade de uma época que eu nem tinha certeza se eu tinha vivido. - Respondi enquanto esfregava meus olhos e sentava na cama. - Bom, não acredito que tenha ajudado muito, foi apenas uma memória da minha juventude. O que me diz Alice?

— Essa Kageshima é filha do rei, se eu entendi bem, e você era noivo dela. Eu me pergunto...o que poderia levá-los a puni-lo de tal forma, tendo em vista sua posição? - Disse ela, pensativa, com a mão no queixo. - Eu irei contatar a Lorelai. Ela é a líder dos diplomatas, ninguém melhor que ela deve saber de acontecimentos importantes a nível mundial. Talvez ela consiga descobrir alguma coisa com o que conseguimos descobrir hoje. 

 

FIM DO CAPÍTULO 19  

 

 

 


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