T R Y I N G

“It’s hard to see the people we knew ever since we were little kids taking a different direction than ours”

LYNX BELLE CORDOVA

Lynx sorria de orelha a orelha, afinal, era primeiro de setembro, e ela estava indo á Hogwarts após longas férias. Não que não tivesse gostado dos últimos meses, na verdade, foram incríveis, sua família, ou seja seus pais e suas tias levaram ela e Perseus para a França. Fazia quatro dias que estavam de volta para a casa e desde lá, estava contando as horas para rever seus amigos.

— Desce, filha. — ouviu a voz da mãe, Margot, no andar de baixo.

Ela sufocou um gritinho, céus, como estava ansiosa! Pegou, aos apuros, Fedegoso, seu sapo de estimação, o qual era incrivelmente nojento para todos, menos para ela.

Checou, novamente, se não estava esquecendo nada, e desceu, correndo pelas escadas de sua casa, dando de cara com Perseus.

Perseus, estava quieto como sempre, não era novidade, sua prima sabia que ele não fazia por mal, era apenas um pouco retraído, porém, lá dentro, era gentil e se importava demais com os outros. Lynx esperava, de todo coração, que Percy se abrisse mais naquele ano, visto que era o último dele.

A família aparatou para a estação e despediram-se dos menores amorosamente. O garoto recebeu um "aproveite seu último ano" de suas mães e ambas sorriram, assim como os pais da garota, ao vê-los se afastando com os braços dados.

Os primos Cordova caminharam em direção á um vagão específico, onde sabiam que encontrariam seus amigos. Caminhar pelos corredores do trem lotado era difícil e eles lutavam para não se perderem, reconheceram que haviam chegado no tal vagão ao escutarem uma risada, que logo reconheceram como a gargalhada de ganso de Louis Weasley. Lynx já estava vibrando ao abrir a porta e se deparar com Giordan Otto, Sasha Burke, David Walters, Paislee Reed Holcomb, Nicolas Fargallo, Dominique e claro, Louis. Naquele grupo, todos sorriam e riam e não havia um dia em que estariam de cara fechada, era por isso que todos gostavam tanto deles.

— Olha quem chegou! Minhas estrelinhas! — O Delacour-Weasley gritou, puxando os dois para um abraço apertado, depois de deixá-los sem ar, soltou, sorrindo ainda mais abertamente — Como estão?

— Ótimos — Lynx respondeu mais feliz impossível e logo voltou-se a Giordan, que a encarava com seus olhos castanhos e segurava um violão — Eu não sabia que você tocava, Dan.

Louis gargalhou e respondeu antes que o Otto abrisse a boca:
  — Dan acha que o violão vai ajudar ele á pegar alguém.

Todos riram, e Lynx sentiu uma pontada de dó do amigo. Sabia que os dois garotos se zoavam além do saudável, porém ali todos pareciam ser assim.

Giordan, por fim, mostrou uma carranca e tentou se explicar:

— Eu já peguei a Lily!

Ixi. Aquilo complicava ainda mais ele.

— Até eu já peguei Lily, e eu sou o primo dela e gay, se duvidar até o Nick já pegou ela.

E de novo, todos riram, Sasha que se recompôs antes, confessou para Dan em um sussurro alto para que os amigos também pudessem ouvir:

— Eu até ficaria com você, se não fosse por essa sua atitude de fofinho.

— Fofinho? — David arqueou as sobrancelhas, descrente.
  Paislee permanecia de boca fechada, a não ser pela vezes em que sorrira ou rira, zombou parecendo se divertir muito com a situação:

"O que a querida Burke está querendo dizer meu caro Otto é que você é o tipo de pessoa que os pais adorariam conhecer e que pergunta se está machucando durante o sexo e–"

Giordan murmurou "chega, chega" enquanto todos ali zombavam dele, estava acostumado, afinal. Contudo, não gostava de quando o envergonhavam na frente de Dominique, Lynx entendia e sabia, assim como o resto dos amigos, que ele era totalmente apaixonado e a loira só faltava colocar fraldas nele e sair dizendo que era seu irmãozinho.

— E então, como foram as férias? — Lynx Belle indagou quando viu que Nicolas e Louis já estavam preparando para fazer graça de Dan, o qual a mandou olhares agradecidos.

Eles continuaram conversando enquanto o trem não saía, algumas piadas e comentários sarcásticos iam e voltavam.

Assim que o trem saiu, a porta do vagão escancarou-se revelando um grupo de Slytherin, eram feições conhecidas. Scorpius e Condessa Malfoy, Albus Severus Potter, Romeo Blishwick e principalmente, Samantha Rookwood. Aquele era um grupo de amigos que pertencia somente a Slytherin, e Louis costumava a chamá-los de cascavéis, o que era irônico, considerando que ele, além de ser Slytherin era uma cobra fofoqueira e linguaruda.

— Olá, vocês. — Samantha saudou com os olhos negros fixos em Sasha, que se levantara na hora para abraçá-la.

As duas se abraçaram e os dois grupinhos pareciam estranhamente desconfortáveis por estar no mesmo ambiente que pessoas tão diferentes. Era óbvio que o grupo de Samantha não se dava bem com o de Sasha, mas elas, ah, elas eram as melhores amigas do mundo e era raro quando se desgrudavam.

Elas acenaram para Lynx e seus amigos enquanto se afastavam com os Slytherin, eles bem sabiam que Sasha preferia ter ficado com Sammie ali naquele vagão.

— Sou só eu que senti um climão?
Nicholas indagou ao ver que os outros já estavam longe o suficiente.

"Eu também senti" murmuraram Paislee, Louis, David, Giordan e Dominique ao mesmo tempo.

Os primos Corcova franziram o cenho, não entendendo absolutamente nada.

— Exato. — O Weasley disse ácido, olhando para eles — Se vocês não tivessem ido para o caralho da França nas férias saberiam o que a gente tá falando, idiotas.

Percy sorriu sem jeito, mas na verdade, não estava ligando, sua cabeça estava bem longe dali. Lynx apenas estreitou os olhos, esperando que alguém os explicasse.

— Sentimos falta de vocês — Começou David, que olhou sugestivo para Perseus, mas ninguém pareceu perceber. Antes de que Louis começasse a xingá-los novamente, continuou: — Ok, é que como vocês sabem, Condessa e Albus terminaram, e Al está tentando ficar com outra pessoa e pelo que parece, Potter cobra macho quer a Samantha.

“A questão é quem não quer a Samantha", Nicolas cochichou baixinho para Giordan arrancando risadinhas do mesmo.

Enquanto eles discutiam os casais que provavelmente acabariam namorando esse ano, Lynx pegou-se pensando em algo fútil, porém que a deixava meio confusa. Sua sexualidade.

ADELIA GALE TRUSLOW

Adelia acenava para sua mãe adotiva enquanto o trem saía da plataforma, assim que Charlotte Truslow estava pequenina como uma formiga ao longe, virou-se para fitar Lucy Weasley, sua melhor amiga, que segurava em uma das mãos um papel que lia silenciosamente e em outra uma garrafa de água que ela bebericava aos pouquinhos. Lia gostava de observá-la, tudo que Lucy fazia era interessante.

Ao perceber os olhares da amiga, a ruiva sardenta a olhou de volta, elas sustentaram um olhar amigável por um segundo antes de começarem a conversar.

— Você soube do Scamander? — O olhar da Weasley perdeu o brilho, Adelia sabia da grande paixonite que sua amiga tinha em um dos gêmeos e da amizade que tinha com o outro, e portanto, não entendia o porquê de tal olhar.

— Hmm, acho que não. Aliás, qual deles?

Lucy suspirou e com o canto de olho checou se a porta estava bem fechada antes de cochichar:

— Lorcan. Ele assumiu para todos que é a favor da causa puro sangue.

A boca da Truslow abriu em um perfeito "O", não acreditava que alguém como Lorcan Scamander, que era filho de uma das melhores amigas do Trio de Ouro, podia ser preconceituoso. Lucy ignorou e continuou a explicar.

— Sabe, Lia, eu sempre desconfiei, mas eu gostava dele e quando Lysander contou que nas férias ele tinha ido se encontrar com os líderes da causa, todo mundo ficou muito puto. A gente teve que vigiar o Hugo para ele não sair de noite e ir até a casa dos Scamanders, dar uma "lição" em Lorcan. Af, e a Lily então, ela mandou um berrador pra ele, falando que se ele quisesse toca-lá novamente teria que nascer de novo. Eu, particularmente, fiquei brava mas aguentei quieta, apesar de ser extremamente difícil ver alguém que eu conheço desde que eu nasci, ir para o famigerado lado negro da força.

  Adelia sabia que por vezes Lucy falava demais, o que era bom, pois garantia a participação de ela nos discursos no começo do ano sobre temas polêmicos na frente de toda a escola, mas isso sempre fazia a amiga só escutar metade e começar a pensar em sua própria experiência.

Afinal, os Weasley e muito menos os Scamander entendiam o que era ter algum parente nascido-trouxa, Lia entendia. E se preocupava com a sua mãe, a pessoa que  mais confiava.

Era um bebê quando seus pais biológicos, o casal Gale havia morrido e Adelia e sua irmã gêmea Lola tinham ficado órfãs. Por sorte, as duas tinham sido adotadas, mas por pessoas diferentes.

As gêmeas Gale não eram amigas, meramente conhecidas. Uma era Gryffindor e outra Ravenclaw, exibindo a diferença entre suas personalidades. A, agora, Truslow apenas imaginava como sua irmã vivia fora de Hogwarts.

— Está me ouvindo?

Lucy a tirou de seus devaneios rapidamente, fazendo-a assentir para não parecer-se mais desinteressada do que já estava.

Elas ouviram uma batida na porta e a rouca voz de Molly Weasley ressonou em seus ouvidos: "Tem alguém aí?"

— N-não
Adelia viu o rosto da amiga tornar-se ainda mais pálido ao responder a irmã, e se preocupou, segurando a mão dela.

"Oi, irmã"

— Vocês podem ficar com o vagão. Já estávamos indo para o vagão dos monitores.

Ao que parecia, o suporte de Lia tinha encorajado a Weasley. Elas abriram a porta e depararam-se com duas loiras sorridentes, Molly e Eve Hopkins. As duas monitoras seguiram de mãos dadas até o vagão dos monitores.

— Eu te amo muito, Lia. Sem você eu estaria sozinha.

— Eu também te amo, Lucy.

MORGAUSE NIMUE STAMOS

Morgause estava conversando com seus amigos e sendo corrompida pela culpa aos pouquinhos. Estava com seus amigos, James Potter, Eve Hopkins, Fred Weasley, Alexander Minue, seu primo, e Molly. Há meses atrás estaria incrivelmente feliz e sem filtros falando o que quisesse e acreditando que estava livre de culpa. Mas agora tudo tinha voltado às origens. Observou Lex dividir uma garrafa de firewhisky com sua namorada, Molly e isso fez todo seu café da manhã remexer-se no estômago.

Por quê tinha quer ser tão fodidamente doente? Pensou consigo mesma e o primo, como se lesse sua mente, a mandou uma piscadela. E por um momento, tentou sentir nojo dele, contudo sabia que nunca conseguiria.
Desviou atenção dele e virou-se para James, Fred e Eve que discutiam qual seria a pegadinha de despedida no final do ano.

— Vocês já estão falando disso? — Molly perguntou, rolando os olhos e chamando as atenções para si — Vocês sabem que eu vou começar a bolar a minha na última semana e vai ser melhor que a de vocês.

Houve muxoxos e sussurros, mas ninguém realmente respondera. A Weasley era insana e suas pegadinhas já fizeram-a ser quase expulsa da escola, o que tirava pontos da sua casa que eram acrescentados em sua reputação de fodona.

— Vou sentir sua falta, Mols — O Minue murmurou baixinho, mas alto o suficiente para Morgause o escutar.

— Oh, eu sei que não vai, no ano que vem vai ser diferente, não vamos nos ver todos os dias e você vai arrumar uma vadia para fazer o que eu faço. — Molly respondeu, com um sorrisinho safado posicionando sua mão na coxa do namorado — Se é que já não arrumou.

A Stamos engoliu em seco e sentiu-se esquentar, se não fosse por James e suas perguntas toscas teria explodido.

"E você, Morgause" O Potter se direcionou a ela "Quem que é o primeiro alvo?"

Sorriu, tentando relaxar, e então falou o primeiro nome que veio à cabeça:

— A Pollard.

— Dahlia? A slytherin? Sem ofensas, Molly e Lex. A que parece que o nariz tá cheirando a lua de tão empinado que é? Que quando fala, só fala com a Condessa? — Fred indagou, as sobrancelha arqueada e os olhos descrentes. — Tá, ela até que é bonitinha, mas nada demais.

— Frederico, ela é muito bonita. — Morgause exclamou sentindo o olhar de seu primo queimarem nela — E eu não quero namorar com ela, idiota.

Fred e Morgause continuaram discutindo, até o moreno levantar-se com a desculpa de ir procurar Ramon. Após alguns segundos quem se levantara fora James:

— Falando em pegar, eu estou indo, perdedores!

E com uma piscadela para Lex abriu a porta, no mesmo segundo, Eve se pôs de pé:

— Vamos procurar Lysander, Mols.

— Molly e a Hopkins vão fazer uma suruba com o Scamander do bem. — Zoou Potter que parecia ter surgido novamente apenas para gozar da garota.

— Não enche, Potter.

Saíram. Deixando os primos Minue sozinhos, Alexander trancou a porta do vagão com um feitiço não-verbal e voltando-se a ela.

— E então, corujinha?

O apelido infantil a acendeu na mesma hora em que quis muito subitamente sumir da face da terra, viu-se corar e lembrou Morgause Nimue Stamos não cora e tentou fingir que não dava a mínima para ele:

— Eu estou bem e você, Alexander?

— Ah, eu? Estou bem melhor agora. — Esboçou um sorriso galanteador e começou a beija-lá no pescoço, o que a deixava louca.

Gemeu baixinho enquanto ele deixava várias marcas roxas em seu pescoço, estava pegando fogo. A deitou no banco, ficando encima dela.

Os beijos foram descendo para seu abdómen, ela ainda estava vestida, mas desejava que não estivesse, Alexander colocou os dedos dentro de sua calcinha e a masturbou do jeito que tanto a fazia prazer. Estava gemendo cada vez mais alto, ele então parou e beijou-a nos lábios a calando.

— Corujinha, ás vezes você perde o controle, estamos no trem, sua pervertida. — Morgause bufou alto e quis dar um tapa naquela sua cara que a fazia perder o controle toda vez que olhava profundamente em seus olhos marrons. — Depois do jantar, banheiro masculino do segundo andar.

Ela queria negar, gritar que não estava nem um pouco interessada em fazer sexo com ele. Porém, seria mentira. E, Merlin sabia como Morgause odiava mentir.

CONDESSA MALFOY

Condessa parecia a rainha do mundo, com seu nariz empinado e com a pose de quem diz ser melhor que todos. No seu vagão estavam Romeo, Scorpius, Albus, Sasha e Samantha, e ela nunca desejara tanto não estar lá. Estava tendo um dia ruim do caralho e a porra do seu ex estava ali, trocando sorrisinho e conversinhas com as duas outras garotas.

Apesar de estar completamente triste e desamparada, mostrava uma expressão cínica. Odiava ver seu ex namorado flertando com outra, principalmente se a outra fosse Samantha Rookwood, famosa por ter todos os garotos na palma da mão.

— Para de encarar eles, Dess. — Scorpius sussurrou em seu ouvido.

A Malfoy não tinha percebido, mas estava com os olhos vidrados nos três fazia um tempo. Ela só imaginava se os dois já tinham se beijado, e não manteve aquele pensamento somente em sua cabeça, pois viu em Scorpius sua chance perfeita de tirar a dúvida:

— Potter e Rookwood já estão ficando?

Murmurou baixo o suficiente para apenas o irmão escutar, e o sorriso dele murchou, odiava ver a irmã daquele jeito.

— Pelo que eu sei, ele quer investir nela, mas não rolou nada. E se você quer a minha humilde opinião, eles podem até dar uns pegas, mas só isso, duvido que Sammie aceite namorar com ele.

Isso deixou a cabeça dela ainda mais cheia de perguntas. Será que Albus pediria Rookwood em namoro? Como Scorpius poderia ter tanta certeza? Lembrou de quando ele a pediu em namoro, fora rápido, mas os dois estavam apaixonados fazia tempo. Será que eles também estavam apaixonados?

— Como é que você sabe? — perguntou novamente aos sussurros ao irmão gêmeo.

— Sasha me contou.

Franziu a testa e de canto de olho avistou a garota de longos cabelos castanhos claros, novamente não se conteve:

— Agora você está ficando com a melhor amiga da puta que quer ficar com meu namorado? Ah, eu entendi, vai ter encontros duplos! Toda Hogwarts vai ficar shippando! Dois melhores amigos, e duas melhores amigas! Ah, vai tomar no meio do seu cu! Mas que merda, hein, maninho? Eu te odeio, sério.

Havia tanto sarcasmo na sua voz que Scorpius até encolheu os ombros.

— Sabe, Condessa, elas são legais e simpáticas, Sasha sempre foi minha amiga! E eu nunca vi Albus tão feliz quanto nessas férias! Você deveria estar feliz por ele, mas você é mimada demais! E, se você quer saber, eu tentei de tudo para o Al voltar com você.

Lá dentro sentiu-se culpada, odiava brigar com o irmão, eles normalmente não se desgrudavam e nunca tinham discussões. Todo o seu orgulho e sua falta de vontade de pedir desculpas se esvaíram ao encarar o garoto loiro platinado. Ele era seu irmão, afinal.

— Desculpa.

Sua voz saiu ainda mais baixa do que os sussurros nos quais estavam brigando, estava desgostosa mas realmente sentia-se culpada.

A sobrancelha direita de Scorpius ergueu-se e um sorriso irônico surgiu em seus lábios, antes de respondê-la divertido:

— Tudo bem. Mas, eu acho que você deveria sair com alguém pra esquecer Al. Hm, deixa eu ver. Romeo, ele parece gostar de você.

Um risinho saiu da boca rosada de Dess que mirou Romeo Blishwick. Ele era bonito, além de ser extremamente cavalheiro e parecer prestar atenção particularmente nela. Voltou á olhar o irmão e assentiu, sorrindo.

Sentou-se do lado de Romeo e começou a puxar assunto.

Talvez não fosse tão difícil esquecer Albus, afinal. No fim, apenas o tempo diria.